Clary não conseguia conter o choro mais, ela odiava chorar, ela odiava e sempre odiou mostrar-se fraca diante daquelas pessoas, mas agora não importava mais. Ela tinha um único objetivo, ela tinha que salvar seu filho, salvar a si mesma para que ele pudesse ser salvo. Ela não ia se entregar de bandeja para aquelas pessoas.

“O que eles querem com você?” Jocelyn perguntou a filha, ela tinha chegado na casa de seus pais, não sabia como tinha conseguido deixar sua própria casa depois de tudo o que ela tinha visto lá. “Eles não podem levá-la, você não infringiu a lei.”

Clary tomou fôlego e tentou se acalmar, ela tinha que explicar o que estava acontecendo. Ela observou ao redor, a cozinha pequena da casa de Luke parecia outro mundo pra ela, um mundo confortável e seguro.

“Alice...” Clary suspirou, só a pronúncia daquele nome, causava enjôos. “Eu a vi... Falando com Jace.”

Clary abaixou os olhos e deixou as lágrimas virem, era demais suportar tanta coisa junto. “Ela dizia que tinha que me capturar, que eu era a chave pros planos dela. Ela quer usar meu poder, mãe. Ele está junto com ela, eu vi, ele me traiu, ele vai me entregar para ela!”

Aquelas palavras não faziam sentido juntas, ela mesma não acreditaria se não fosse ela mesma que estivesse dizendo, se ela não tivesse presenciado tudo. Mesmo assim não era fácil acreditar que o homem que ela amava, o homem que seria pai do filho que ela estava esperando fosse capaz de traí-la de tal maneira. Foram muitas vezes que Jace se tornou alguém diferente do que ele era, mas ela nunca havia desistido, ela sempre sabia que não era ele. Mas agora era diferente, era ele, ele havia mudado, mas ainda era ele. Alice o tinha, ela sempre o teve.

“Não o Jace.” Jocelyn falou. “Ele pode ter todos os seus defeitos, e eu não confio nele. Mas ele te ama, ninguém duvida disso, ninguém pode.”

“Ele estava com outra!” Clary gritou, deixando toda a sua raiva escapar. “Ele estava combinando como usar meus poderes com sua amante! Eu sei o que eu vi e ouvi!”

Ninguém disse nada depois disso. Clary não podia pensar direito, parecia que havia uma névoa escura e densa em sua cabeça embaralhando seus pensamentos. Ela já estava casada havia três anos, e no último ano as coisas se tornaram estranhas, ela sabia que tinha algo errado com seu marido, mas ela não podia adivinhar o que era. Será que eles já estavam juntos a muito tempo? Ela pensou. Não importa agora. Eu tenho que salvar meu filho.  

Ela estava perdida em sua própria mente quando ouviu um barulho, ele vinha lá da frente. Foi um barulho alto, alto o suficiente para saber que não era um barulho normal de caixas de livros sendo derrubadas. Quase no mesmo instante Luke entrou na cozinha ofegante. “Precisamos sair daqui! Agora!”

Clary se levantou da cadeira que estava sentada depressa. “Eles estão aqui!” Ela ofegou. Não havia mais tempo para fugir agora. Ela podia os ouvir atravessarem a porta da frente e se encaminhando para a cozinha.

Clary se lembrou que havia pegado o punhal de Jace antes de sair de casa e apertou ele em suas mãos, foi a primeira arma que encontrou, ela só tinha o punhal e sua estela. Eles chegaram na cozinha. Alice vinha a frente deles, com seu uniforme de caçadora de sombras. E atrás dela havia outros 10 homens da clave. Alice era a Inquisidora. Ela tinha todo o contingente de caçadores de sombras a disposição.

“Bem, menina fujona. Você não pode escapar para sempre.” Alice disse divertida. Seu olhar frio, fixo em Clary. “Você me dá muito trabalho.”

Clary não respondeu. Ela viu pelo canto do olho seus pais se preparando para lutar. Ela não se moveu tão pouco.

“Mate-os. Estou cansada de problemas.” Ela ordenou aos caçadores de sombras próximos apontando para Luke e Jocelyn. Eles os alcançaram rapidamente, apunhalaram Luke antes de ele ter tempo de reagir, com precisão fatal. Clary ouviu seu próprio grito. E ouviu sua mãe se debatendo lutando contra dois caçadores de sombras.

“Clary, fuja!” Sua mãe gritou, a libertando do transe que ela se encontrava. Meu filho. Ela pensou, então avançou. Ela viu dois caçadores vindo em direção e ela. Ela acertou um com seu próprio punhal e viu o outro cair com uma faca de cozinha as costas. Clary olhou pela última vez para sua mãe e viu o caçador de sombras que a segurava cortando sua garganta. Ela não gritou, não dessa vez. Meu filho. Ela pensou de novo. Ela correu, o mais rápido que pode para longe e viu que os caçadores de sombras de Alice a seguia. Ela tirou sua estela do cinto e começou a traçar a runa rapidamente. O mais rápido que pode, eles já iam alcançar, mas não precisava muito. A runa se transformou em portal e ela atravessou, pensando no lugar mais longe que ela poderia pensar. Um beco em Paris onde ela já havia estado antes.  Ela tinha que fugir, ela tinha que salvar seu filho.