Wanted You More escrita por Rocker


Capítulo 7
Capítulo 7 - Sad Songs


Notas iniciais do capítulo

Resolvi tentar retomar essa fic. Provavelmente não serão muitos capítulos e a maioria se passará com a Lena recuperando as memórias aos poucos. WYM está no bloco de postagem a cada duas semanas, mas espero que vocês contribuam com os comentários ;)



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"I lost her in 1978"

He tells me then looks away

It's simple he loved her so

A tenderness you can't let go

He said

"Son you don't forget your first true love

She won't forget you too"

Capítulo 7 - Sad Songs

Droga.

Droga...

Droga!

Foi nisso que Lena pensava enquanto se deitava naquele dia e se levantava no outro. E nos dias que se seguiram também. Era sempre a mesma rotina. Levantar se lamentando por sua falta de sorte, fazer o que fosse preciso para ajeitar com o reino que teria de aprender a governar com os outros, treinar, fazer suas refeições, treinar, forçar sua memória a ter mais flashes, treinar, tentar descobrir quem fez isso a si, treinar e depois se deitar, lamentando não ter tido qualquer progresso.

Várias emoções a rodeavam nos últimos dias, mas os mais presentes eram sempre a desconfiança e a frustração. Poxa, o que eles tanto escondiam dela? Por quê estavam todos em Cair Paravel medindo cada sílaba dita a ela, como se a qualquer palavra mal falada ela pudesse se despedaçar como vidro? Ela não era feita de vidro, ou porcelana, que apenas uma queda o deixasse com consequências desastrosas e irreparáveis! Ela nunca fora feita de vidro e agora ainda menos. Não porque perdera memórias recentes e aparentemente importantes, que ela se tornara frágil e vulnerável.

Mas sua maior frustração era Edmundo.

Ela sempre o via afastado e cabisbaixo, sem nem mesmo se esforçar para não transparecer o quanto a estava evitando. De todas as pessoas, ela pensara que ele - pela reação que tivera na floresta - seria o mais presente e o mais disposto a ajudá-la nos pequenos flashes de memória. Mas parece que ela se enganara nisso. E não sabia porque doía tanto essa aparente indiferença dele. Os flashes tornaram-se apenas pequenos borrões e pequenos pensamentos, mas nenhum mais fora tão concreto quanto os dois que tivera no dia que a acharam na floresta.

Lena queria poder dizer que tudo corria bem. Mas ela não podia mentir.

– Lena, está tudo bem? - perguntou Lúcia, arrancando-a de seus pensamentos.

Lena estava prestes a dizer que sim, mas sabia que não podia mentir.

– Não, Lu, eu não estou. - suspirou, frustrada, enquanto se sentava em um dos bancos que tinha nos jardins.

Lúcia se sentou ao lado dela e tocou seu ombro delicadamente, mas nada disse.

– Lúcia, eu preciso que me diga. - Lena implorou. - Me diga o que vocês tanto estão escondendo de mim!

Lúcia mordeu o lábio, esperando, assim, evitar que algo que não devia saísse de sua boca. Mas então ela olhou para os olhos de Lena. Aqueles olhos castanho-esverdeados que a observavam com uma súplica explícita. Olhos inocentes pela falta de memória, mas que escondiam toda a dureza pela vida que passara. Não, Lúcia não podia continuar com aquela mentira que seu irmão lhe pedira.

– Lena, eu adoraria lhe ajudar. - ela começou, segurando as mãos da amiga entre as suas pequenas. Lembrava-se bem de como ela dera-lhe dicas sobre Caspian pouco antes da saída que resultara em sua falta de memória. Nada mais justo do que ajudá-la de volta. - Você não se lembra, mas antes de você perder a memória, você me ajudara com Caspian.

– Caspian? - Lena inclinou a cabeça de lado, perguntando-se o que Lúcia teria a ver com Caspian.

– É... É que eu gosto dele. - a mais nova admitiu, envergonhada.

– Eu o quê? – perguntou ela, fingindo não saber sobre o que a mais velha se referia.

– Ninguém ainda?

Ela balançou a cabeça negativamente, sabendo que fingir de nada adiantaria.

– Nem um pretendente? – insistiu Lena.

– Bom... – começou a Pevensie, mas se interrompeu rapidamente, sem saber como dizer aquilo. Afinal, ele era amigo de Lena; senão o melhor amigo.

– Pode começar! – ordenou Lena, animando-se imediatamente.

– Eu acho que estou começando a ter sentimentos, digamos... – começou a pequena, mas de alguma forma, não conseguiu continuar.

– Não precisa admitir a mim que está apaixonada, isso deve ser feito a você mesma. – disse Lena. – Estou curiosa apenas para saber quem.

Lúcia respirou fundo, pronta para contar-lhe seu maior segredo.

– AchoqueestouapaixonadapeloCaspian! – disse ela rapidamente e de olhos fechados, evitando ver a reação dela, mas então ouviu uma risada.

Abriu um olho, depois o outro e viu a amiga olhando-a maliciosamente.

– Viveu aqui com ela cerca de cinquenta anos com ele e só descobriu isso agora? Jura?

– Engraçadinha. – ironizou a menor, fazendo-lhe uma careta.

– Diga isso a ele. – aconselhou Lena, fazendo uma mesura em direção à porta.

Lúcia empalideceu rapidamente.

– O quê?!

– Mais cedo ou mais tarde ele terá de saber. Posso tentar ajudar, mas quem vai dizer isso a ele deve ser você.

Lúcia virou-se apoiou as duas mãos na bancada, abaixando a cabeça e Lena se perguntou por que ela tinha cara de que poderia vomitar a qualquer instante.

– Não posso fazer isso. – anunciou a pequena, com a voz rouca e esganiçada.

– E por que não?

– Ele ainda deve amar minha irmã. – ao ouvir isso, Lena pode notar uma nota falha na voz da cunhada.

– E se não?

– Mas e se sim?

– Como pode ter tanta certeza? – insistiu Lena. Ela queria ao máximo ajudar a amiga, mas parecia ver certa relutância pela parte da pequena.

– Como você pode ter tanta certeza? – relutou a menor, tentando ao máximo se manter estável. – Edmundo passou cinquenta anos falando de você, amando você, sempre te vigiando por uma droga de desenho mágico que Aslam ajudou ele a enfeitiçar. Acompanhava você desde o seu nascimento até mesmo ao momento de sua morte, revivendo tudo o que vocês passaram ao se conhecer e a cada dia parecia estar se apaixonando mais e mais por você. Depois de décadas. Como você garante que Caspian ainda não sente o mesmo por Susana?

Lena prestava bem atenção no que a outra dizia e não sabia o que sentir ao ouvir essa declaração sobre Edmundo. Podia-se sentir envergonhada por ele ter acompanhado ate mesmo seus momentos mais cruéis e humilhantes, mas sentiu certo carinho ao saber que ele estava sempre com ela. Balançou a cabeça, sabendo que isso não era o importante agora. Ao ouvir isso, a pequena quase a deixara sem palavras. Quase.

– E como você garante que não? Ele não tinha um desenho mágico ou o que quer que fosse para ficar olhando ela. Diferente de mim, Susana continuou sua vida! Eu desisti de tudo quando voltei para o Brasil somente para seguir os rastros deixados pelo Eddie. Mas ela esqueceu o que é o amor e aposto que se apaixonou outra vez e criou uma família...

– Eddie também criou uma família. – interrompeu-a Lúcia.

– Se esse é seu argumento, você está invertendo os papéis, tanto meu e dela, quando do Eddie e do Caspian. – disse Lena e Lúcia selou os lábios em uma linha fina de tensão, para continuar a ouvir o que a mais velha tinha a dizer. – Lú, acredite em mim. Susana não o ama mais e não acredita mais em Nárnia apenas pelo simples fato de ter se esquecido das aventuras, como você mesma me disse ontem. Se ela não mais acredita, não poderá partir para essa nova Nárnia, e consequentemente não verá mais Caspian. – Lena se aproximou da pequena e tocou seu ombro em um gesto amigo. – Já pensou nessa possibilidade? Não pensou que talvez a negativa de reciprocidade que Caspian está enfrentando pode ser o que ele precisa para deixar de amá-la e para você finalmente agir? O que melhor seria nesse momento para ele além de um ombro amigo e, mais tarde, a promessa de um novo amor?

Lena se calou, sabendo que agora bastava apenas que a menina digerisse tudo que ouviu com a bastante seriedade que ele esperava.

– Você tem razão. – admitiu Lúcia, virando-se e abraçando Lena de um modo inesperado que, inicialmente, foi recebido com choque, mas depois retribuído. Quando se separam, Lúcia segurou as mãos de Lena junto às suas e lhe implorou. – Você poderia, do seu jeito, conversar sobre isso com ele? Só amenizar o terreno. Posso ser extrovertida, mas sei ser tímida perto dele. – admitiu, corando violentamente.

– Pode deixar que eu vou dar meu jeito. – prometeu Lena, não aguentando segurar as risadas.


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Notas finais do capítulo

Tentarei deixar o próximo mais emocionante e maior, já que esse foi a repetição quase total do três ou quatro, mas é necessário.