Wanted You More escrita por Rocker


Capítulo 14
Capítulo 14 - Who Are You Now?




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Sometimes you gotta fall before you fly
And sometimes you really live, you've gotta try

Capítulo 14 - Who Are You Now?

– Diga minha senhora. – perguntou, a voz um pouco suave demais para uma madeira. – Estou às ordens de Vossa Majestade.

Lena sorriu. Tentou não ficar irritada, mas lembrou-se de que não convivia muito com árvores, por isso toda a formalidade – o que seria estranho caso falasse disso com qualquer de seus amigos de deixara na Terra.

– Preciso que envie uma mensagem a Edmundo e os outros reis. – Lena viu o rosto na árvore mexer-se para cima e para baixo. Imaginou que estaria assentindo, então continuou. – Diga que os encontro amanhã no fim da tarde na Mesa de Pedra.

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Sorriu cinicamente novamente, sabendo que eles poderiam ver apenas o brilho de seus dentes e seus olhos por baixo do capuz. Modelou o ar à sua volta novamente para que passasse por eles, em direção ao portão interno do castelo.

Pousou no chão do pátio, a meio caminho do portão. Poderia simplesmente ir até a janela dos aposentos de Caspian, mas isso seria invasão de privacidade, além de que sabia que ele não estaria ali. Ele estaria na sala do trono, pensando no que fazer sobre toda a situação com a volta da Feiticeira. E era exatamente para ali que Lena se dirigia...

Caso os três guardas não tivessem acordado do transe em que estavam e um deles tocado o sino de invasão, chamando mais soldados.

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– Não deixarei que passe, senhor! – gritou.

Lena soltou uma risadinha doce, divertindo-se com a ideia de que a confundiram com um homem. Ah, claro! Mulheres não podem fazer nada demais, não é?!, pensou, irritada. Lembrou-se de como Edmundo a tratou durante a invasão dos lobos ao castelo de Cair Paravel. Simplesmente odiava machismo, mas sabia que Edmundo queria apenas protegê-la. Por isso não voou no pescoço dele quando o encontrou, apenas o salvou de um lobo que o atacava por trás.

– Sinto muito, nobre soldado, mas não sou um senhor! – respondeu, com a voz mais doce que conseguia.

Aproveitou o momento em que o garoto ficou atordoado ao ver que era uma mulher – mais propriamente uma menina, pois a voz denunciava a idade – e o empurrou de lado, abrindo finalmente os portões.

Deixou todos os soldados, atordoados, do lado de fora e entrou, vendo Caspian no trono, olhando confuso para todos. Rapidamente o garoto que a confundira apressou-se para dentro e se curvando para o rei.

– O que está acontecendo? – perguntou Caspian, levantando-se e dando alguns passos à frente.

– Esta menina... – falou o garoto, ainda um pouco atordoado. – Insistiu em uma audiência com Sua Majestade sem nem ao menos dizer quem é e o que quer com Sua Majestade.

Lena modelou o vento ao redor do rosto de Caspian para que ele a olhasse. Quando o rei viu o brilho azul pálido pelo capuz de Lena, franziu o cenho, tentando se lembrar de onde o vira antes.

– Conheço esse brilho nos olhos... – comentou para si mesmo, mas alto o suficiente para que ouvissem.

– Claro que conhece! – exclamou Lena, liberando o controle do ar (os olhos voltando ao castanho-esverdeado) e levantando as mãos sobre a aberta da capa cinza para abaixar o capuz.

Assim que viu o rosto da menina, a expressão de Caspian se suavizou e ele sorriu de orelha a orelha.

– Lena! – gritou, abrindo os braços e se aproximando.

Lena passou pelo garoto atordoado e correu até Caspian, abraçando-o apertado. Não se viam faz tempo. Lena recuou um passo. Caspian virou-se para os soldados que ainda estavam ao portão de madeira e disse, ainda abraçando a cintura da menina.

– Eis a senhora de Cair Paravel, Rainha Lena, a Guerreira.

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Fechou os olhos e respirou fundo, preparando-se pro que quer que o menino queria-lhe falar. Abriu os olhos lentamente e viu a dríade ainda ali, balançando-se à brisa e esperando se a menina iria querer ouvir ou não. A expressão estava suave, como se sorrisse.

– Pode dizer. – pediu Lena, por fim.

A dríade assentiu.

– Rei Edmundo disse que guardará a adaga até poder vê-la novamente. E disse que espera este momento ansiosamente.

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Lena corria como nunca, a capa cinza voando ao seu redor, lembrando-a do sonho que tivera naquela noite. Só tinha um objetivo em mente: chegar a Edmundo o mais rápido possível e se jogar nos braços dele.

Seu coração acelerou fortemente, a respiração tornou-se mais irregular ainda e seu estômago deu um grande salto.

Enquanto corria pela relva que lhe lembrava a do sonho, com vários e vários metros de distância até o moreno, como se fosse um labirinto até que ela chegasse ao final tão desejado, ela finalmente percebeu.

Ela o amava.

Lena amava Edmundo. Demorou um pouco para perceber, mas ali estava a verdade que queria esconder desde que o conheceu.

Apressou o passo, se jogando para frente com a ajuda do vento, diminuindo a distância. Quando estava perto o suficiente para ver o imenso sorriso que ele tinha estampado no rosto, Lena fez algo que não imaginou que teria coragem fora dos sonhos.

Lena se jogou nos braços dele, enterrando o rosto em seu peitoral e segurando um soluço.

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Lena abriu novamente os olhos, dessa vez definitivamente. Deu-se conta que estava deitada sobre a coxa de Edmundo e o céu estava começando a clarear. Sentou-se, com cuidado para não acordar o moreno, e remexeu na memória tudo o que havia acontecido. Provavelmente tinha desmaiado por mais de doze horas com todo o turbilhão que memórias que a inundaram. Foram mais memórias do que ela imaginava que seriam. E isso era muito bom.

Olhou em volta, reparando que Edmundo estava encolhido e tremia de frio. Perguntou-se porque, até que percebeu que o casaco dele estava sobre. Balançou a cabeça, sem acreditar que o moreno preferira passar frio a deixá-la com frio. Ao menos ainda haviam cavalheiros nesse mundo, ela pensou, cobrindo Edmundo com o casaco. Felipe permanecia há alguns metros de distância, e Lena percebeu que ele apenas fingia estar dormindo. Decidiu ignorar e comer alguma coisa. Tinha medo de quando sua barriga começasse a roncar.

Quando estava terminando de comer alguns biscoitos que eles haviam pegado no castelo, sentiu dois braços a abraçando por trás, mas não se assustou.

– Bom dia, Eddie. – ela sussurrou, virando levemente a cabeça para ele e levando um pedaço de biscoito até a boca do moreno.

– Fiquei preocupado. – ele se pronunciou depois que mastigou, e enterrou o rosto na curvatura do pescoço da menina.

– Eu estou bem. – ela garantiu, cobrindo a mão de Edmundo com a sua quando sentiu-o estreitando os braços ao redor de sua cintura.

Edmundo respirou fundo, tentando se controlar. Sabia que teria que aguentar ataques como aquele de Lena todas as vezes que ela recuperasse alguma memória. Ele teria que aguentar, ao menos por enquanto.

– E quais memórias você conseguiu acessar? – ele perguntou, soltando um braço para pegar um biscoito à frente da menina.

– Eu vi apenas fragmentos dessa vez. Vários fragmentos. – explicou Lena. – Vi as cenas que você havia descrevido, mas vi também eu me encontrando com Caspian, me vi recebendo a resposta que havia te mandado pela dríade e vi quando eu havia me encontrado com você na Mesa de Pedra.

Edmundo abriu um sorriso enevoado, mergulhado na mesma lembrança.

– Eu jamais me esqueceria de quando você se jogou em meus braços por livre e espontânea vontade. – ele sussurrou ao ouvido dela, e seu sorriso se abriu ainda mais quando percebeu que ela havia se arrepiado.

Lena corou com o que ouviu, mas tentou não deixar transparecer.

– Acho que foi uma das melhores memórias até agora. – ela comentou, e se perguntou se não falara algo errado quando Edmundo deixou de abraçá-la. Ela virou-se para ele, preocupada. – O que foi, reizinho?

– Há uma lembrança melhor que essa. – ele disse, com a cabeça abaixada. – Mas eu acho melhor você não tentar recuperá-la, ao menos não hoje.

– Eddie, olha pra mim. – Lena pediu, levando sua mão até o queixo dele para levantar a cabeça dele. – Se essa lembrança é importante para você, eu quero tê-la. Não importa se vou ter algum outro ataque, mas eu quero tê-la.

Edmundo observou o rosto dela, analisando sua expressão determinada e percebeu que ela continuava a mesma garota que sempre amou. Forte e decidida, com aquele toque de teimosia. Ela não desistiria até ter tal lembrança. Suspirando e assentindo, ele afastou algumas folhas secas do chão ao seu lado. Pegou um punhado de terra e se virou novamente para Lena, que o observava atentamente.

– Foi assim que aconteceu. – ele disse misteriosamente. Ele queria que ela descobrisse o que havia acontecido. – Faça um pequeno redemoinho com a terra dentro da minha e tente deixar a lembrança fluir.

Ainda confusa e meio sem saber o que fazer, Lena fez o que foi pedido, estendendo a mão sobre o punho fechado de Edmundo e sentindo o poder fluindo em suas veias, enquanto seus olhos escureciam. E então, sem perceber, a terra na mão de Edmundo tomou vida e sua consciência foi levada por mais uma lembrança.

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– O que viemos fazer aqui? – perguntou, enquanto a via se agachar e pegar um punhado de terra.

Lena não respondeu. Apenas jogou a terra na mão de Edmundo, que a olhou confuso. Lena fechou os dedos dele sobre a terra macia e suspendeu a sua por cima, sem tocá-la.

Edmundo estava prestes a perguntar o que era, quando Lena começou a girar a própria mão em movimentos circulares. Sentiu algo se agitar sobre sua mão e quando a abriu viu um redemoinho de terra crescendo.

Olhou espantado para Lena, mas seus olhos estavam totalmente castanhos, sem irís. Isso o assustou ainda mais, mas Lena o fitou com aqueles olhos cor de terra e sorriu, ainda com os movimentos circulares que formavam o redemoinho.

Olhou para o redemoinho formado em sua mão e sorriu.

O redemoinho se deformou, voltando a ser apenas uma pilha de terra sobre sua mão. Deixou cair no chão de novo e limpou a mão nas calças. Quando levantou o olhar novamente, Lena sorria – seus olhos já normais novamente.

Ele sorriu e, por uma fração de segundo, Lena fiquei imóvel. Então, de algum jeito, pegou a frente da camisa dele e o puxou para si. Os braços dele a envolveram, quase a levantando do chão, e logo ele estava beijando-a – ou ela o beijando, não tinha certeza e não fazia diferença. As línguas dançavam em um movimento sincronizado, dando a sensação de pertencerem um ao outro.

A sensação da boca dele na dela era elétrica; Lena agarrou os braços dele, puxando-o para mais perto, com força. A sensação do coração de Edmundo batendo através da camisa a deixou tonta. O coração de ninguém batia como o de Edmundo, e nem poderia.

Ele soltou-a e Lena arfou – tinha se esquecido de respirar. Edmundo pegou seu rosto com as mãos, traçando a curva das maças do seu rosto com os dedos. Lena perdeu-se totalmente naqueles lindos olhos castanhos. Ele se aproximou para que nossas bocas se tocassem. Pôde sentir que ele sorria.

E como não?! Edmundo sentia que acabara de ter o melhor momento de sua vida.

.

Lena abriu os olhos no momento em que o redemoinho se desfazia. Observou os olhos de Edmundo, que a olhava à espera de uma reação ante à lembrança recuperada. E ela deu-lhe a melhor reação que poderia. Aproximou-se do moreno e beijou-lhe os lábios com carinho. Edmundo sorriu sobre seus lábios e a puxou pela cintura para mais perto de si. Eles se envolveram no beijo, esquecendo-se de tudo ao seu redor e se concentrando apenas nos lábios e línguas juntos, conectando-se. Separaram-se pela maldita falta de oxigênio, mas não se afastaram muito.

– Virou minha nova lembrança favorita. – Lena sussurrou sobre os lábios dele.

Edmundo sorriu e selou-a demoradamente.

– Sempre foi a minha. – ele sussurrou de volta.

– Imagino que tenhamos mais memórias como essa... – ela sugeriu.

– Muitas outras. – ele confirmou.

Lena afastou-se de repente de Edmundo, deixando-o confuso enquanto a via ajeitando a mochila e se aproximando de Felipe.

– Vamos, Felipe, sei que está acordado. – ela o chamou.

O cavalo abriu instantaneamente os olhos e se levantou.

– Sim, Majestade. – o cavalo respondeu.

Edmundo ainda a olhava confuso e atônito.

– O que foi? – Lena riu da careta explícita na expressão de Edmundo. – Quanto mais rápido formos, mais rápido recuperamos essas memórias.

A expressão de Edmundo se iluminou quando ele decifrou tais palavras. Ele logo se levantou e seguiu-a até o cavalo. Ele também queria recuperar as memórias dela.


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