Capitulo VIII

-COMO ASSIM EU JÁ A BEIJEI? – Freddie exaltara-se, saltando da cama e sentindo a cabeça girar. Sentia raiva mas não do gordinho. Sentia raiva de si.

Como pudera esquecer aquele rosto angelical? Como não lembrara daqueles lábios rosados que aparentavam ser tão doces? Ele a esquecera. Era isso. Foi mais do que apenas uma visita. Freddie não tivera nenhuma namorada então acreditava que aquele devia ser seu primeiro e ultimo beijo. Com ela.

 -Você me contou, eufórico, quando aconteceu. Me lembro de te ver suando por que você tinha correndo vir me contar. Só que estava triste por que estava prometido a “outra”. E a outra era ela.

 -Por que você não me contou antes? – Freddie sentara-se numa cadeira disposta ao lado da janela, sentindo que a noticia tinha sugado suas forças. Ela devia odiá-lo por esquecer algo tão importante. Seu primeiro beijo.

 -Eu fui chamado as pressas para seu casamento. Não sabia quem era nem do que se tratava. Quando soube, você já tinha partido. Quis contar antes a você por cartas , mas ao que parece, cheguei primeiro do que elas. Me desculpe, irmão.

Freddie ficou assimilando a noticia por alguns segundos. As recusas, as respostas curtas, o ódio, tudo fazia sentido agora. Ele a amara antes e não sabia. Amaldiçoou-se e amaldiçoou seu acidente por ter tirado dele as melhores memórias que talvez já teve. Teria que se redimir. E iria. Conquistara-a uma vez e poderia conquista-la de novo.

Sam estava pronta. Embora a distância fosse curta, uma carruagem fora convocada. Os sapatos incomodavam e os cabelos pareciam que estavam quase sendo arrancados de seu couro cabeludo além do fato de que o perfume que usava agora lhe dava náuseas, mas nada disse. Estava com um sorriso congelado enquanto sangrava por dentro. Em pensar que deixara-se ser tocada  por alguém que hoje finge que nada aconteceu. Pelo seu povo.

A carruagem deu uma pequena volta de uns cinco minutos e estacionou no Grande Jardim. Seu coração palpitava a um ritmo estranhamente acelerado, contudo não deixou transparecer. Quando abriu a porta, lá estava seu pai. Ele estava radiante. Sabia que pelo menos alguém estaria feliz. “É só um casamento Sam” , tentava convencer-se, “ E ele nem é tão feio assim”. Então começou a pensar nele.

No seu sorriso branco e perfeito. Nos seus cabelos castanhos e brilhantes e como eles se bagunçavam graciosamente ao vento. Como apenas a maneira de como ele passava as mãos para arrumar tirava seu fôlego. De como o seu amor que sentia por ele superava o ódio que nutrira por todo este tempo. Por apenas alguns segundos encontrava se apaixonada novamente.

Agarrou-se a este sentimento e rumou a ao altar. Das dezenas de cadeiras dispostas, Sam reconheceu apenas os de seus irmãos, sua irmã gêmea, sua mãe, e sua amiga que já dava sinal de lagrimas, agarrada fortemente ao braço do namorado, lhe mandando forças por pensamento. Focou-se  no caminho a frente. Lá estava ele. Seu traje azul escuro com preto e com uma tulipa lilás na lapela fazia-o mais do que um príncipe naquela noite.

Sam mal ouvira o que o padre falava. Conseguira discernir algumas palavras como amor  e para sempre , mais algumas coisas sobre morte e separação, contudo não elas pareciam não ter sentido algum. De relance, conseguiu ver Carly dividindo um lenço com Melanie e sua mãe. Isso fez brotar um pequeno sorriso em seus lábios. Enfim, quando ela pronunciara Aceito da maneira mais fervorosa que pode, virou-se para ele e esperou sua sentença.

Pode. Beijar. A. Noiva.

Freddie virou-se para ela e gentilmente retirou o véu que cobria seu rosto. A luz das tochas deixavam os castanhos olhos tão escuros e penetrantes como a própria noite. Ele a encarou por alguns segundos que pareceram séculos e com avidez, beijou-a.

Freddie conseguia lembrar.