A New Way escrita por RoTTeS


Capítulo 2
Faíscas


Notas iniciais do capítulo

Typh se aproxima cada vez mais de seus amigos, mas esses tem segredos que, se revelados causariam grande confusão. Que segredos serão esses?



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            Duas semanas se passaram, e a cada dia Typh se sentia mais à vontade com seus amigos, apesar de tentar não mostrar isso ao Dubas, temendo uma nova aproximação exagerada. Durante a tarde, todos iam à casa dele, o que estava se tornando tão rotineiro, que Rintarou até começou a trazer seu matéria de laboratório para o porão de Typh, antes um grande espaço vazio. Ao descobrir que todos praticavam alguma atividade em lutas, começaram a praticar juntos, Ezio geralmente treinava com Tsu, e Typh com Dubas.

            Os duelos entre o casal eram muito empolgantes de se assistir, Ezio com adagas e Tsu com sabres gêmeos, ambos de treino (sem corte), logicamente. As armas mais pareciam extensões de seu corpo do que coisas externas, tão fluidos os movimentos eram. Tsu preparava a posição de defesa e Ezio avançava contra ela, uma série de faíscas e sons de metal batendo com metal se seguiam, então eles se afastavam e iniciavam novas sequencias de golpes. Depois de algo perto de 40 minutos de faíscas, ambos pareciam exaustos. Desta vez, Tsu tomou a iniciativa ao se aproximar. Com um movimento rápido, ameaçou um corte com o sabre esquerdo e fincou o direito no chão, aproveitando a abertura na defesa de Ezio, lhe deu um sorriso, fazendo-o hesitar. Logo depois, usou o sabre do chão como apoio e se arremessou, passando as pernas pelo pescoço dele e, num rápido impulso jogou seu corpo para traz, derrubando-o e pousando levemente no chão para agradecer à plateia enquanto Ezio se levantava, limpando as roupas com a cara fechada e diz “Foi sorte, hmpf!”, fazendo todos rirem.

            Dubas e Typh, que formavam a plateia junto de Madara, passaram os potes de pipoca para Ezio e Tsu e se prepararam para seu embate. Typh gostava de lutar com luvas e sapatos com “garras” de plástico nas pontas dos dedos. No primeiro treino, todos estranharam, mas já haviam se acostumado com essa escolha estranha, dada a habilidade que este possuía com elas. Dubas lutava com as mãos nuas. Após assumirem posições, ambos avançaram e começaram o confronto. Typh investia contra o rosto, tentando arranha-lo, mas Dubas desviava seus golpes com pequenos toques nos cotovelos dele. Dubas então começou a desferir socos e chutes com grande velocidade, que Typh tentava evitar e defender com dificuldade. Um chute acertou seu rosto, e, pela primeira vez estava escorrendo sangue de um deles em um treino. Alguns segundos de tensão se seguiam, enquanto ele limpava seu nariz e cheirava o ar, sentindo o cheiro metálico intoxicante. Typh então avançou novamente, com energia renovada e um estilo mais selvagem, avançando como se estivesse em quatro patas. Dubas não estava preparado para algo assim, e mal teve tempo de se defender do chute em direção a seu rosto. Se as garras das botas fossem reais, agora estaria desfigurado. Typh continuou com sua sequencia selvagem, como se estivesse descontrolado, desferindo golpes cada vez mais rápidos, até que o sangue voltou a escorrer e atingiu sua boca. Typh começou a mudar. Seus olhos adquiriram um tom mais sombrio e profundo, seus dentes ficaram pontiagudos e seu cabelo começou a se eriçar. Dubas, percebendo a mudança, tentou acabar com a luta com um soco forte no queixo de Typh, que desviou para o lado e mordeu seu punho, se preparando para soca-lo no rosto, mas, ao ouvir o grito de Dubas, Typh voltou a si. Percebeu a carne entre seus dentes, com um gosto férreo estimulante de sangue e lutou com todas as forças contra seu instinto. Abriu sua boca e se afastou dele com um olhar molhado, arrependido e assustado, pedindo desculpas. Todos correram para cima de Dubas e olharam para Typh, com olhares questionadores. Typh deixou uma lagrima escorrer e correu para seu quarto, com nojo de si mesmo.

            A ferida no punho de Dubas era profunda: várias marcas de dentes e um sangramento que não queria parar. Todos estavam desesperados por não saber o que fazer, até que ouviram o grito de Madara “Silêncio! Ficar fazendo zona aqui não vai ajudar em nada. Ezio, feche as cortinas.” “Em que isso vai ajudar?” “AGORA! Tsu, vai falar com o Typh e descubra o que aconteceu.” Tsu saiu e Rintarou chegou à sala. “Que barulheira é essa? Criatividade precisa de silênc... O que aconteceu?” “Depois, Rintarou. Agora, me façam um favor você e o Ezio: prometam, jurem por suas vidas que o que vai acontecer não sairá desta sala.” “Por quê?” “Só prometam, por favor.” “Prometemos.” Com isso, Madara mostra uma expressão um pouco mais aliviada, quando seus olhos mudam de escuros para um vermelho vivo com três pontos, semelhantes a vírgulas, neles além da pupila. Ele então começa a analisar o corpo de Dubas. O sangramento é generalizado e qualquer possível infecção já estava sendo combatida. Madara, então, fica envolto numa aura azulada e seus cabelos começam a flutuar, como que ignorando a gravidade. Runas surgem à frente de suas palmas e formam um círculo mágico enquanto ele diz palavras que, mesmo que desconhecidas, pareciam transbordar de sentido, de modo que todos entenderam que estas eram as palavras originais, a linguagem proibida e esquecida para ‘cure-se’. “Waise Heil!” Disse Madara, sentindo sua energia se esvair enquanto a ferida de seu amigo se fechava sobre sua palma.

            Enquanto isso, Tsu subira as escadas e começou a bater a porta, chamando por Typh. Ao ouvir este gemendo e chorando, resolveu entrar, Ao entrar, deparou-se com uma cena que partiu seu coração. Seu amigo, sempre alegre e brincalhão encolhido sob as cobertas e chorando no travesseiro. Quando este percebeu a presença dela, se encolheu mais ainda, e pediu para ela sair, Mas Tsu fechou a porte. “Typh, não sei o que aconteceu, mas aquele no treino não era você, e nem é esse chorando. Se você quiser conversar, estou aqui.” E, ao dizer isso, se sentou e esperou. 15 minutos se passaram e Typh parara de chorar, mas se recusava a conversar. Tsu então levantou e se dirigiu à porta. “Bom, amigos servem pra isso, mas se você não quer falar, tudo bem.” Porém, quando estava saindo, ouviu uma voz bem baixa pedindo para ficar.

            “Tsu, vou te contar e mostrar tudo, só não conte para ninguém, eu te imploro!” Dito isso, ela fechou a porta e voltou à cadeira ao lado da cama e jurou silêncio, mesmo com receio do que fosse ouvir. Uma pata coberta de pelos bege-amarelado suave, que contrastava com o tom do cabelo dele saiu de baixo do cobertor e, pedindo para ela se acalmar, começou a se descobrir. O que Tsu viu, a deixou ao mesmo tempo desconcertada e maravilhada. O corpo que se mostrou estava completamente coberto em pelos. As formas humanas foram substituídas por algo próximo de uma união mustelo-humano-canina. Em seu rosto, não havia mais um nariz ferido, mas um focinho. Seus dentes estavam substituídos em presas e suas orelhas com pelos mais compridos que habitualmente. Nas suas costas, jaziam algumas manchas vermelhas em sua pelugem na altura dos ombros, e sua calda estava mais curta, coberta entre vários pelos eriçados. O corpo era azulado, como o cabelo de Typh, do focinho para cima de seu rosto, passando pelos olhos e cobrindo toda as suas costas, com exceção das manchas avermelhadas. O resto de seu corpo era totalmente coberto na mesma tonalidade da pata, cobrindo seus membros, barriga, peitoral e a parte inferior do rosto. Pelos mais estavam sobre seus peito e barriga, formando um tufo no peitoral, escondendo qualquer parte do corpo que ali poderia estar exposta.

            Typh se sentiu envergonhado com o olhar fixo de Tsu sobre seu corpo, mas se obrigou a começar a falar. “Tsu, esse é o legado que minha família carrega, por isso, fomos caçados e odiados por todas as partes, pois podíamos mudar nossa forma entre furry e humano à nossa livre vontade. Meus pais desapareceram a alguns anos por causa disso, e fiquei só, tendo que me mudar para a cidade sem o treino adequado para controlar-me totalmente nessa forma e viver da herança deles, apesar  de não achar que estejam mortos. Entende agora por que me descontrolei? Sangue estimula essa parte de mim que não consigo dominar. É algo novo para mim, por isso eu a temo ainda mais, após hoje. Por favor, Tsu, isso pode ser muito para você absorver de uma só vez, mas não conte para ninguém!” Tsu, meio abalada, se levantou e disse “Claro. Vou levar um tempo para digerir isso tudo – dizia, apontando para o corpo de Typh – mas não vou contar para ninguém. Leve seu tempo, mas conte isso aos outros, eles vão entender. Do mesmo jeito que você confiou em mim, eles confiarão em você, mas ficar quieto vai deixar eles desconfiados. Conte a eles, e conte logo.” E saiu do quarto, deixando-o sozinho novamente, mas pensando, dessa vez, ao invés de chorar.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse capítulo teve beeemmmm menos descrições, pois todos ja foram apresentados no anterior. Nos próximos 2 vai se iniciar a verdadeira trama. Aguarder. :3


Por favor, comentem caso lerem, sobre o que gostaram e o que deixou à desejar. Isso ajudará em muito, para tornar a fic em algo que todos gostem cada vez mais, alem de me ajudar a escrever melhor também. :)



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