The Best Of Both Worlds escrita por Carol Howard Stark, Liran Rabbit
Carmen
Era óbvio na cara de minha irmã que parecia incrédula com o que César explicou. Para mim foi o mesmo, mas atraiu também a minha desconfiança. Também foi um erro meu fazer uma experiência tão perigosa e volátil, mas minha curiosidade por resultados foi maior, afinal, a invenções dos dias atuais foram acidentes, mas comigo não seria o caso.
— Mas não é ele, não é? — Elena perguntou, descrente e a voz falha — Não pode ser... — Olhou para o chão e negando veemente.
— Elena... — Rex a chamou num sussurro e encarei desconfiada o garoto.
— Sei que antes eu falei que acreditava ela estava viva, mas surgir assim? Naquela coisa? — Falou com escárnio.
Ela estava sendo levada pelo lado emotivo das coisas e aquilo não era nada bom, nem um pouco. Se ela ficar rancorosa com a máquina, poderia ela não falar comigo direito, o que não precisávamos no momento, o que ninguém precisava era eu ver minha irmã sumir na minha frente por um erro meu.
— Ainda não sei se é a mamãe, Elena — Tentei falar e ela negou novamente — Isso vai além do que estudei, não pela nossa mãe ou pelo pai.
— Então aquilo serve para quê? Para mostrar que não temos aquilo que queríamos ao nosso lado? — Agora via as lágrimas em seus olhos — Só falta aquela droga ter um nome... — Resmungou e César riu ao meu lado, mas parou com a cotovelada que dei nele.
— Gaiola, a máquina se chama Gaiola — Contei e Elena riu no lugar de César, mas com escárnio.
Respirei fundo, ela não entendia a gravidade da situação e não conseguiria faze-la entender, não agora.
— Nome criativo — Rex zombou, tentando tirar o clima ruim — Apenas querendo ajudar — Ergue as mãos em rendição — Mas por que nós trouxe até aqui no fim do mundo? — Perguntou e olhei de soslaio para César.
Essa era a parte complicada de explicar.
— Não tem os testes com nanites na pele transmitidas por vocês? — César falou e ambos concordaram, Elena concordou com uma carranca, limpando as lágrimas — Achamos que elas podem afeta-los quando perto de grande movimento de pessoas e como a máquina portátil também é um prototipo que pode explodir como certa máquina — Olhou para mim no meio da explicação — Preferíamos não colocar ninguém em perigo, vocês dois principalmente.
— O que aconteceria? — Rex voltou a perguntar, sério.
— Vocês seriam sugados e deixariam as pessoas ao redor com sequelas e danos como exposição de radiação — Expliquei e os dois arregalaram o olhar para mim.
— Você é louca em criar uma merda dessas? — Elena se exaltou com raiva.
— É uma teoria do que poderia acontecer, não a culpe — César se colocou entre nós — Talvez afetasse vocês apenas — Essa explicação os deixou ainda mais alterados pela raiva.
Não tinha como me defender, eu era mesmo a culpada. Apenas afastei César e neguei com a cabeça, me colocando a frente e respirando fundo.
— Eu gostaria de pedir a sua ajudar, Rex — Pedi — Não estou forçando a nada, mas se recusar, poderei continuar com uma forma de reverter esse efeito que afetou vocês dois — Contei — Mas se puder ajudar, seus nanites estão ativos para poderem dar continuidade ao que quero descobrir, não para saber se esse recado é mesmo de minha mãe, mas para expandir uma descoberta incrível — Expliquei.
— Às vezes é melhor nunca saber de algo do que se lamentar pela descoberta — Elena falou séria, os braços cruzados — Carmen, você é minha irmã... Você criou algo que pode ou poderia ter matado alguém sem nem mesmo saber os resultados.
— Sei disso — Respondi tranquila — Agora, você estudou a história da criação da vacina? — Perguntei e Rex tinha a cara confusa e Elena apenas fechou os olhos, massageando a têmpora — Sabe o que aconteceu, não é? Nem sempre saberemos o resultado de algo sem nem ao menos tentarmos.
— Mas fazer sem saber seu resultado é uma grande e idiota desculpa — Rebateu — Você ainda é idiota pelo que fez...
— Não sabia que poderia lhe afetar depois de ter feito os testes e busca-la correndo — Contei, engolindo em seco e a minha voz falhando em alguns momentos — Me desculpa...
— Não sei se posso desculpa-la, não agora... — Respondeu e concordei fracamente.
Da van, tivemos de voltar e checar a parte de trás, a máquina portátil ainda era possível ver que faltavam algumas peças, não estava completa e César me auxiliava apenas com a parte teórica enquanto eu montava e mexia nos cabos, sentando no banquinho. Rex e Elena estavam do lado de fora e minhas mãos estavam tremulas pela conversa com minha irmã.
Parabéns, Camen, você não acerta uma vez sequer na vida e agora até pode perder sua irmã, como sou genial.
Mantinha o foco, sentindo o estresse da atenção que César tentava atrair para me manter focada, algumas vezes considerei jogar a máquina na cabeça dele e chuta-lo para longe, poderia ter uma antiga queda por ele, mas César sabia ser idiota.
— Você não me contou o porque chamar essa coisa de gaiola — César parou de falar a parte teórica e eu parei de mexer nos pequenos cabinhos, batendo as mãos levemente.
— É complicado — Falei — Seria abriu um vórtex próprio, dentro de uma cadeia sem alterar o próprio fluxo dimensional, apenas usando o que a espiral oferece ou o que pode lhe trazer.
— Fluxo? Como um fluxo temporal? — Indagou.
— Quase isso, a gaiola mantém o portador fixo, mas não totalmente, ele apenas o segura o portador dele — Expliquei.
— Como um cabo de força? — Perguntou e apenas concordei — Isso é perigoso, e se alguém quiser usar isso para tentar como um portal para outro mundo?
— Você diz isso por conta do portal com aquele garoto chamado Ben? — Indaguei descrente, achando graça — O meu não faz isso, ele não vai para a dimensão onde está aquela sua criação desumana que você fez — Falei, jogando na car de César o que ele fez.
— Ele não era humano para isso ser desumano — Rebateu, sério.
— Ele tinha uma consciência, César — Rosnei — Ele criou o que se assemelha mais perto de uma consistência humana da qual você colocou a sua na dele, o que é horrível.
— Já adicionei que ele quase destruiu nosso mundo? — Complementou.
— Você é impossível... — Bati na testa, resmungando com isso — Sua culpa ainda não foi retirada por conta disso — Adicionei.
Cruzei os braços, sorrindo fracamente com malícia e César virou o rosto, nem me importei para voltar a debater por conta de algo, um puxão no meu cabelo, quase me fazendo cair do banquinho.
César se virou apenas no final quando me recuperei e não tinha mais nada puxando meu cabelo, o susto foi tão grande que nem notamos a Gaiola apresentar atividade fracamente, como se algo a tivesse afetado.
Olhei para trás e não havia ninguém ali.
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