The Best Of Both Worlds escrita por Carol Howard Stark, Liran Rabbit


Capítulo 9
Gaiola




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/371701/chapter/9

Carmen

 

Era óbvio na cara de minha irmã que parecia incrédula com o que César explicou. Para mim foi o mesmo, mas atraiu também a minha desconfiança. Também foi um erro meu fazer uma experiência tão perigosa e volátil, mas minha curiosidade por resultados foi maior, afinal, a invenções dos dias atuais foram acidentes, mas comigo não seria o caso.

— Mas não é ele, não é? — Elena perguntou, descrente e a voz falha — Não pode ser... — Olhou para o chão e negando veemente.

— Elena... — Rex a chamou num sussurro e encarei desconfiada o garoto.

— Sei que antes eu falei que acreditava ela estava viva, mas surgir assim? Naquela coisa? — Falou com escárnio.

Ela estava sendo levada pelo lado emotivo das coisas e aquilo não era nada bom, nem um pouco. Se ela ficar rancorosa com a máquina, poderia ela não falar comigo direito, o que não precisávamos no momento, o que ninguém precisava era eu ver minha irmã sumir na minha frente por um erro meu.

— Ainda não sei se é a mamãe, Elena — Tentei falar e ela negou novamente — Isso vai além do que estudei, não pela nossa mãe ou pelo pai.

— Então aquilo serve para quê? Para mostrar que não temos aquilo que queríamos ao nosso lado? — Agora via as lágrimas em seus olhos — Só falta aquela droga ter um nome... — Resmungou e César riu ao meu lado, mas parou com a cotovelada que dei nele.

— Gaiola, a máquina se chama Gaiola — Contei e Elena riu no lugar de César, mas com escárnio.

Respirei fundo, ela não entendia a gravidade da situação e não conseguiria faze-la entender, não agora.

— Nome criativo — Rex zombou, tentando tirar o clima ruim — Apenas querendo ajudar — Ergue as mãos em rendição — Mas por que nós trouxe até aqui no fim do mundo? — Perguntou e olhei de soslaio para César.

Essa era a parte complicada de explicar.

— Não tem os testes com nanites na pele transmitidas por vocês? — César falou e ambos concordaram, Elena concordou com uma carranca, limpando as lágrimas — Achamos que elas podem afeta-los quando perto de grande movimento de pessoas e como a máquina portátil também é um prototipo que pode explodir como certa máquina — Olhou para mim no meio da explicação — Preferíamos não colocar ninguém em perigo, vocês dois principalmente.

— O que aconteceria? — Rex voltou a perguntar, sério.

— Vocês seriam sugados e deixariam as pessoas ao redor com sequelas e danos como exposição de radiação — Expliquei e os dois arregalaram o olhar para mim.

— Você é louca em criar uma merda dessas? — Elena se exaltou com raiva.

— É uma teoria do que poderia acontecer, não a culpe — César se colocou entre nós — Talvez afetasse vocês apenas — Essa explicação os deixou ainda mais alterados pela raiva.

Não tinha como me defender, eu era mesmo a culpada. Apenas afastei César e neguei com a cabeça, me colocando a frente e respirando fundo.

— Eu gostaria de pedir a sua ajudar, Rex — Pedi — Não estou forçando a nada, mas se recusar, poderei continuar com uma forma de reverter esse efeito que afetou vocês dois — Contei — Mas se puder ajudar, seus nanites estão ativos para poderem dar continuidade ao que quero descobrir, não para saber se esse recado é mesmo de minha mãe, mas para expandir uma descoberta incrível — Expliquei.

— Às vezes é melhor nunca saber de algo do que se lamentar pela descoberta — Elena falou séria, os braços cruzados — Carmen, você é minha irmã... Você criou algo que pode ou poderia ter matado alguém sem nem mesmo saber os resultados.

— Sei disso — Respondi tranquila — Agora, você estudou a história da criação da vacina? — Perguntei e Rex tinha a cara confusa e Elena apenas fechou os olhos, massageando a têmpora — Sabe o que aconteceu, não é? Nem sempre saberemos o resultado de algo sem nem ao menos tentarmos.

— Mas fazer sem saber seu resultado é uma grande e idiota desculpa — Rebateu — Você ainda é idiota pelo que fez...

— Não sabia que poderia lhe afetar depois de ter feito os testes e busca-la correndo — Contei, engolindo em seco e a minha voz falhando em alguns momentos — Me desculpa...

— Não sei se posso desculpa-la, não agora... — Respondeu e concordei fracamente.

Da van, tivemos de voltar e checar a parte de trás, a máquina portátil ainda era possível ver que faltavam algumas peças, não estava completa e César me auxiliava apenas com a parte teórica enquanto eu montava e mexia nos cabos, sentando no banquinho. Rex e Elena estavam do lado de fora e minhas mãos estavam tremulas pela conversa com minha irmã.

Parabéns, Camen, você não acerta uma vez sequer na vida e agora até pode perder sua irmã, como sou genial.

Mantinha o foco, sentindo o estresse da atenção que César tentava atrair para me manter focada, algumas vezes considerei jogar a máquina na cabeça dele e chuta-lo para longe, poderia ter uma antiga queda por ele, mas César sabia ser idiota.

— Você não me contou o porque chamar essa coisa de gaiola — César parou de falar a parte teórica e eu parei de mexer nos pequenos cabinhos, batendo as mãos levemente.

— É complicado — Falei — Seria abriu um vórtex próprio, dentro de uma cadeia sem alterar o próprio fluxo dimensional, apenas usando o que a espiral oferece ou o que pode lhe trazer.

— Fluxo? Como um fluxo temporal? — Indagou.

— Quase isso, a gaiola mantém o portador fixo, mas não totalmente, ele apenas o segura o portador dele — Expliquei.

— Como um cabo de força? — Perguntou e apenas concordei — Isso é perigoso, e se alguém quiser usar isso para tentar como um portal para outro mundo?

— Você diz isso por conta do portal com aquele garoto chamado Ben? — Indaguei descrente, achando graça — O meu não faz isso, ele não vai para a dimensão onde está aquela sua criação desumana que você fez — Falei, jogando na car de César o que ele fez.

— Ele não era humano para isso ser desumano — Rebateu, sério.

— Ele tinha uma consciência, César — Rosnei — Ele criou o que se assemelha mais perto de uma consistência humana da qual você colocou a sua na dele, o que é horrível.

— Já adicionei que ele quase destruiu nosso mundo? — Complementou.

— Você é impossível... — Bati na testa, resmungando com isso — Sua culpa ainda não foi retirada por conta disso — Adicionei.

Cruzei os braços, sorrindo fracamente com malícia e César virou o rosto, nem me importei para voltar a debater por conta de algo, um puxão no meu cabelo, quase me fazendo cair do banquinho.

César se virou apenas no final quando me recuperei e não tinha mais nada puxando meu cabelo, o susto foi tão grande que nem notamos a Gaiola apresentar atividade fracamente, como se algo a tivesse afetado.

Olhei para trás e não havia ninguém ali.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Best Of Both Worlds" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.