Sono hikari saegiru mono
(Essa luz que nos intercepta)
Furi harau kara
(Eliminará qualquer dúvida)
Koware iku sekai ga ima
(O mundo quebrado em que estamos)
Kodou no imi wo shimeshi hajimeta
(Começa a explicar agora o significado deste palpitar)
Kokoro no naka kataku chikau
(Dentro do meu coração, e solidamente sinto)
Kimi wo mamoru yo zutto...
(Que vou te proteger pra sempre...)

Vocaloid – Promise

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A escuridão o espreitava e envolvia silenciosamente. O costumeiro rosto inexpressivo demonstrava pânico e medo, sentimentos negativos que inundavam todo seu ser no momento.

As mãos delicadas tateavam às cegas tentando encontrar um apoio, mas tudo o que encontrava era o vazio. Debilmente pôs-se a correr, clamando por ajuda. Os passos eram feitos inconscientemente, não queria permanecer no lugar nem por um segundo, sentia-se pressionado, sufocado. Seu peito arfava fortemente, o ar parecia estranhamente rarefeito.

Imagens da época na Teiko surgiram à sua frente, o deixando confuso. A presença de Aomine era uma constante, seu sorriso alegre e jeito brincalhão. Características que se foram com o passar do tempo. Estendeu seus braços, chamando pelo nome daquele que um dia a amizade lhe fora tão importante. Lentamente a figura do moreno foi se tornando mais distante, até que não passasse de um resquício de luz no meio de toda a escuridão. Mais uma vez sentiu-se inútil, impotente diante da dura realidade. Aquele que costumava ser a luz que iluminava e alegrava os seus dias, agora não passava de tristes lembranças.

Lembranças essas que teimavam em permanecer vívidas em sua memória.

Levou sua mão ao peito, apertando a região fortemente. A dor o consumia lenta e impiedosamente, sentia como se facas tivessem sendo incrustadas em seu coração.

Ele sabia que tudo não passava de mais um pesadelo, mais um de vários na qual já estava habituado.

Mas a dor era tão real, tão intensa.

Seu corpo frágil sucumbiu ao cansaço. Ajoelhou-se, completamente vulnerável. Não soube dizer ao certo quanto tempo passou naquela posição, com as mãos no rosto tentando encobrir sua vergonha. Soluços rompiam o silencio mórbido, o choro baixo soava como uma triste melodia.

Ele queria acordar, abrir os olhos e ter certeza de que era apenas um sonho ruim. Foram diversas as tentativas, todas em vão. A dor ainda era latente, presente em cada fibra de seu corpo. O medo de ser deixado para trás pela segunda vez o deixava apavorado.

Não. Ele é diferente.

O garoto se surpreendeu ao notar que a escuridão cedia lugar à luz. Enxugou as lágrimas teimosas e olhou em seu torno, confuso pela mudança repentina de cenário.

Mãos pesadas lhe tocaram o topo da cabeça, acariciando as madeixas azuis. Levantou seu rosto tentando visualizar a pessoa, mas a claridade era tão intensa que ele não conseguia ver absolutamente nada. Seus olhos se habituaram depois de alguns segundos, e eles se arregalaram ao reconhecer o dono daquela carícia aconchegante.

Diferente de todo o resto.

– Kagami-kun...

Ainda não acreditava no que estava vendo, a surpresa em seu rosto era nítida. Os lábios do ruivo sorriram gentilmente, aquecendo o coração ferido de Kuroko.

Seu sorriso me salvou.

A carícia em seus cabelos se cessou, e o jogador aceitou prontamente a mão que lhe fora estendida.

E me guiou quando tudo parecia estar perdido.

Kuroko apertava a mão fortemente entre a sua, temendo que ela escapasse por entre seus dedos. A temperatura era a mesma da qual se lembrava, e ele se perguntava por que tinha se esquecido do outro durante a maioria do tempo em que permaneceu sozinho.

– Eu não vou a lugar algum. – E os lábios sorriram pela segunda vez.

Era a confirmação que precisava.

Seu corpo moveu-se rapidamente, abraçando Kagami com necessidade. Afundou o rosto corado no peito alheio, deixando que as lágrimas escorressem livremente ao ouvir um baixo ‘’Eu estarei sempre ao seu lado, é uma promessa’’ ser sussurrado em seu ouvido. Aspirando o perfume que lhe era tão familiar, sentiu-se protegido entre os braços fortes do maior, sabendo que poderia confiar naquelas palavras.

A sensação calorosa de ser abraçado foi a última coisa que sentiu, a brilho que envolvia aquela pessoa foi a última coisa que viu antes de acordar.

Minha luz.

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Os primeiros raios solares entraram pelas frestas da cortina, fazendo com que Tetsu se movesse na cama incomodado. Os olhos abriram-se sonolento, e seus lábios sorriram ao ver a pessoa que estava ao seu lado. Receoso de que o outro acordasse, arrastou-se lentamente até chegar ao seu destino. Novamente encostou sua cabeça no peito de Kagami, deixando que o sono o embalasse ao som das batidas ritmadas do coração do ruivo.

Fechou os olhos, sem medo ou insegurança. Enquanto estivesse entre aqueles braços fortes e protetores, poderia dormir tranquilamente.

– Eu acredito em suas palavras, Kagami-kun.