Há doze anos as ilhas viviam em conflitos e a miséria predominava.
- “Menino saia do meu caminho!”- Gritou uma mulher qualquer empurrando o garoto.
O menino devia ter apenas sete para oito anos,  sem rumo aquele pequeno peregrino andava. Descalço , com apenas uma roupa rasgada e imunda, sem nenhum sapato no pé, não tinha comida nem água, apenas um corpo e uma alma perambulante. Já desidratado e desnutrido o menino caiu no chão, não tinha forças para erguer seu pequeno corpo fraco, fechou os seus olhos lentamente até que sentiu sendo puxado por alguém, não era um homem ou uma mulher era uma criança assim como ele.
- “Onde que vocês acha que vai me levar?”- Disse o menino.
Ele não conseguia ver o rosto da pessoa mas ela responder.
- “Está tudo bem.”
O menino foi arrastado até atrás de um estabelecimento onde havia algumas caixas de madeira e alguns panos.
- “Se eu te deixasse lá você iria morrer.”- Sorriu.
Era uma miúda de cabelos lisos, seu sorriso era visivelmente mais largo de todas as crianças.
- “Quem é você?”- Perguntou o garoto.
-“Eu sou... “

O homem foi puxado do lugar que estava pela garota.
- Vai dormir Anyo?
O homem parecia realmente está profundamente pensativo mas por causa da menina tinha despertado.
- Não me puxe sua inútil, eu tenho pernas.
A Thea como sempre reclamava das ações do rapaz e ele retrucava com mais insultos.
- Pessoal! Por favor sentem.- Disse a Chloe.
Todos sentaram na mesa e dava ainda pra sentir que o homem não estava normal, parecia que algo lhe incomodava e mexia com sua cabeça, era difícil de fazer alguma dedução mas era com toda certeza algo relacionado a empregada.
- Senhor?- Falou o menino.
- O que foi garoto?
- Você e aquela mulher se conhecem?
O homem apenas sorriu alisou a cabeça do garoto e não falou nada. Depois do jantar todos foram para cômodos diferentes, exceto mulher e a garota.
- Princesa, ele parece está bem mudado não é?
- Sim, mas continua sendo aquele menino disposto a mostrar que pode proteger todos.
- Será que ele...
- Não vamos pensar besteiras!-Trocou de assunto.- Que tal amanhã irmos em Valácia?
- Não me diga que...
- Isso mesmo!
- Vamos fazer um piquenique na cachoeira!- Falaram as duas juntas.
- Eu vou acordar cedo para costurar nossas roupas princesa!- Disse animada.
Enquanto isso o Voya não conseguia dormir, sua curiosidade falava mais alto do que suas ações, seus pés mexiam de um lado para o outro, estava realmente inquieto.  No quarto do homem seus pensamentos ainda não deixava ele dormir.
- “... Chloe!”- Riu.-“ E o seu menino?”
- “ É Anyo.”
Suas lembranças ecoava na cabeça do rapaz.
- Tinha que ser coisa da Thea...- Sorriu.
No outro dia, em cada quarto tinha uma roupa e carta.
“   Meninos,
Pensamos hoje em sair para Valácia, a terra dos resorts, a viagem será um pouquinho longa mas devemos chegar antes do almoço! Vistam-se logo e peguem apenas o necessário!
 Assinado:  T + C   ”
Parecia que ambos tinham acordados simultaneamente e assim que leram vestiram as roupas e seguiram descendo as escadas.
- Bom dia senhoras.- Disse a menina com os braços cruzados rindo esperando na porta do salão.- E como foram seus sonos-de-belezas?
- Bom dia para você também, ridícula.
- Cala boca!- Tentou dar um soco.
- Idiota, vamos logo para carruagem.- Desviou.
- Por favor não briguem!- Disse a empregada.
O menino ria da situação, na posição que ele estava, realmente não tinha como não rir. No caminho todos ficaram interagindo e se divertindo, exceto o Anyo que ficou apenas dormindo.
- Estamos quase lá.- Disse a mulher.
- Nossa!- O menino colocando a cabeça para o lado de fora da carruagem.- Que lindo!
- É de se esperar da minhas terras e...
Antes que ela terminasse de falar o menino saiu de dentro do automóvel e de alguma forma sentou do lado do cocheiro.
- Consigo sentir o cheiro da relva fresca.- O menino sorria, fazia tempo que não sentia tão feliz.
- Ei pirralho escute pelo menos o que eu digo! Idiota!- Gritava irritada.
Não prestou atenção, era agradável sentir uma doce brisa bagunçando seu cabelo lilás que já era despenteado.
Em alguns minutos eles pararam na frente de uma casa simples, não era grande nem muito pequena, não parecia que era da sacerdotisa.
- A casa é pequena, mas tem tudo que a gente precisa.- Disse a garota.
- Eu vou mostrar os cômodos para vocês dois.
Aquela mulher nunca parecia triste, sempre estampava o sorriso doce que contagiava todos. O menino olhou para o mais velho que parecia um pouco mais normal do que antes.
- Vocês dois podem dividir um único quarto? Só temos três quartos.
- Não tem problema.- Falaram os dois.
Estava dando duas horas da tarde quando as garotas chamaram.
- Vamos fazer o um piquenique na cachoeira!
Os rapazes pegaram suas roupas e seguiram as meninas.
- Vamos brincar de quicar a bola!- Disse a guria.
- Como a gente faz isso?- Perguntou o garoto.
- Temos que ficar jogando a bola para o alto e depois não podemos deixar ela cair e temos que ficar jogando na direção da outra pessoa.
- Parece fácil!- Sorriu.
- O difícil é manter o controle.
Começaram o jogo, o Anyo mais uma vez não queria participar daquelas coisas e ficou debaixo da cachoeira meditando , a empregada observava o Pin que ,mais uma vez estava com o Voya. Deixou o animal que estava entretido com o jogo dos mais novos e foi falar com homem.
- Você não mudou nada.- Sorriu.
- Vou considerar isso como um elogio.
- Não se agarre no passado, todos nós fazemos besteiras...
- Chloe, está tudo bem.
- Vou confiar em você!- Sorriu alisando seus cabelos.
Depois de algumas partidas de jogo os dois estavam com a pele corada e ardida por causa do sol forte.
- Vamos entrar na água!- Falou o menino puxando a outra.
- Espera! A Chloe fez roupas de banho!
Quem disse que adiantou ela falar aquilo? Os dois caíram direto nas águas frescas.
- Que delícia!- Disse a menina.
- Sim! A água está muito boa!- O menino estava cada vez mais alegre.
- Pare de trabalhar e vem rápido.
- Já estou indo princesa!
Fizeram uma guerra de água, até o homem não resistiu também foi participar da brincadeira, aquele dia tinha sido acima de tudo relaxante e divertido para todos. Depois do banho foram comer a comida que tinha sido pela serva e como esperado, era boa até demais. Já escurecendo voltaram para a morada e se despediram.
- Boa noite garotas. - Disseram os homens.
- Até amanhã donzelas!- Disse Thea naquele mesmo tom arrogante de sempre.
- Durmam bem rapazes!
O menino já estava bastante exausto mas era uma sensação boa, assim que entrou no quarto se jogou na cama, o outro se sentou calmamente no leito e disse.
- Se lembra da pergunta que você fez ontem?
Se levantou e respondeu.
- Sim, lembro.
- Acho que posso confiar em você...- Apenas sorriu.-... o suficiente para lhe contar a história.
O menino ficou surpreso e naquele momento ficou esperto para prestar atenção no moço.