- “Ei garoto...”- Disse o homem de cabelos castanhos após ter derrotado os outros rapazes.
- “Marchiori você não pode se mexer muito senão...”- Foi interrompido.
O moço aproximou do garoto e com as duas mãos tampou cada ouvido do guri, pronunciou algumas palavras que não foram escutadas, as asas das orelhas do homem desapareceram.
- “Thea, se aproxime minha pequena.”- A menina correu diretamente para os braços do irmão.
Ele se abaixou e pegou no colar da irmã, encostou os lábios no pingente e parecia ter sussurrado algo mas novamente ninguém conseguiu escutar, exceto o Anyo. O menino olhou assustado para o rapaz.
- “Você não...”- As lágrimas desceram e o homem pronunciou.
- “Vivam vocês são fortes, eu não tenho mais como sobreviver, o poder que eu usei hoje vai acabar com meu corpo.”- Sorria enquanto falava não parecia preocupado.
- “Idiota! Você não vai morrer não!”- Chorava que até seu nariz escorria.
- “Bobinho. - Bagunçou o cabelo do garoto. - Eu não vou tão cedo, mas não será muito tempo que ficarei aqui.”
Foram algumas semanas de treinamento e a jovem Chloe terminou participando também, detestava ver o menino ficando mais forte e protegendo ela e os outros sozinho. E no final daquelas semanas com uma reunião ele se despediu de todos.
- “Chloe, você é uma menina doce e esforçada, não tire este teu sorriso por nada.”- E continuou a falar. –“ Pequena Thea você vai crescer e pelo apego que a Chloe tem por você não terá com que se preocupar, e Anyo...”-Respirou fundo e continuou. – “Obrigado por seu meu discípulo.”
A Thea saiu e deixou apenas os maiores no quarto.
-“Menino ,meus poderes foi selado na Thea e em você, ela terá dificuldades de se adaptar mas eu sinto que você terá mais capacidade de aguentar porque desde que te vi sabia que tinha forças compatíveis com meus poderes.”
- “Mas como?”- Ele ficou confuso.
A garota olhou para a cabeça do guri e gritou assustada.
- “Suas orelhas!”
- “O que?”- Tocou no local onde estaria os possíveis ouvidos foi quando sentiu penas no lugar das cavidades .- “Elas sumiram!”
O homem riu olhando para os dois que pareciam realmente espantados naquele momento.
- “Se lembra das minhas asas? Elas foram transferidas também.”
- “Por que a sua irmã não tem?”
- “Eu passei para o colar dela e não diretamente para ela.”- Suspirou e disse.- “Fale com o Dante quando achar que deve, ele talvez saiba explicar.”
A menina chorava tanto que respirava com dificuldade, o moleque se aproximou e abraçou ela.
- “Eu te amo ,Marchiori...”- Falou tão baixo que quase não foi escutada.
- “Desculpa guria mas o seu amor não será correspondido por mim e sim pelo futuro rapaz que lhe abraça.”- O menino ficou vermelho e surpreso.
- “Cala boca seu...”
- “Não se acanhe.” -Ele abraçou as duas crianças.- “Chamem a Felicia e o Dante, eu quero conversar com eles dois.”
Eles chamaram os mais velhos para conversar com rapaz e depois foram conversar com a caçula.
- “Por que choras pequena?”- Falou o garoto.
- “O que vai acontecer com meu irmão?”- A garota estava encolhida chorando tanto que soluçava.
O menino se aproximou e abraçou a menininha.
- “Não se preocupe nanica, eu vou te proteger.”
Ela ficou surpresa mas não demonstrou qualquer reação, o irmão chamou a pequena e sem se despedir foi embora com ela. Passaram alguns dias e eles não voltaram às duas crianças foram no reino de Frelse atrás dos seus amigos, mas ao chegar no castelo receberam a noticia que o rapaz já tinha falecido.
- “Não pode ser! Isso é uma farsa!”- Gritou o menino olhando para os guardas que protegiam a morada.
- “Garoto queira se retirar, está causando tumulto aqui.”
As portas do reino se abriram e a garotinha avançou nos braços dos meninos.
- “Pequena!”- Falou surpresa agarrando a mais nova.
- “Ainda bem que vocês chegaram achei que nunca veria vocês dois!”- Estava emocionada e completou.- “Muita coisa aconteceu nesse pequeno período! Entrem no palácio que nós vamos explicar tudo.”
- “Nós?”-Disse Anyo confuso.
- “Eu e a corte real.”
Seguiram para um salão onde havia um palco e naquele lugar dava para ver os andares que eram cheios de pessoas, provavelmente faziam parte da corte, um homem de cabelo grisalho que aparentava ter uns sessenta anos se levantou e anunciou.
- “Todos saúdam a sacerdotisa Thea e o sacerdote Anyo.”
O menino entrou em choque, como assim ele era sacerdote? Estava confuso não entendia o por quê do título recebido.
- “O que ele quis dizer com isso?” –Falou o garoto um pouco assustado.
- “Majestade, tenho permissão para esclarecer tal dúvida?”
- “Não precisava nem perguntar!”- Respondeu a garotinha.
- “O Mestre Marchiori ao transferir suas magias também passou uma parte essencial do sangue real para ti.”- O velhaco suspirou e continuou.-“Vossa Alteza herdou o trono de Sylverim.”
Tudo estava fazendo sentindo, sua face estava pálida parecia que tinha acabado de acordar de um pesadelo.
- “Quer dizer que ele já...”- As palavras não conseguiam sair direito de sua boca, suas pernas e braços tremiam mas continuava de pé escondendo suas emoções.
- “Isso mesmo pequeno rapaz, ele já não está mais neste mundo.”
Estava chocado mas já era algo previsto e dito pelo próprio falecido, porém não era algo tão fácil para ele, além da Chloe, ninguém teve tantas esperanças nele como aquele homem. Por um lado era um presente, pois significava que tinha confiança no miúdo.
- “Espera!”- Gritou o menino. - “Se eu e a Thea somos sacerdotes, o que será da Chloe?”
Todos voltaram seus olhares para a jovem que não aparentava ter alguma preocupação com a pergunta.
- “É mais que óbvio que voltarei para a casa do Dante, não se preocupe vai ficar tudo bem.”
- “Eu não vou deixar você voltar para lá enquanto a gente fica no palácio! –O menino se virou para os indivíduos que estava na audiência. -Senhores ela pode vir com um de nós dois?!”
Um outro homem se levantou e exclamou.
- “Isso é um absurdo! Uma plebeia qualquer não deve ficar entre a realeza!”
- “Ela será minha empregada!”- Falou a pequena.- “Ela deve fazer parte da realeza pois ela também foi treinada pelo meu irmão, sendo assim ela talvez tenha herdado o sangue real.”
Todos estavam perplexos.
- “Sendo assim acho que é mais que obrigado a presença dela no meu reino, já que ela estava envolvida com meu irmão.”
Ocorreu um debate no momento e o convite de vinda da jovem aceito por quase todos que votaram na hora.
- “Vamos mandar duas carruagens pegar suas malas enquanto outra levará apenas o senhor Anyo para o seu reino.”- Falou um dos homens.
A reunião chegou ao fim e depois de uns trinta minutos a carruagem chegou e logo veio a grande despedida.
- “Nanica, você crescerá e algum dia vai me derrotar numa boa luta, mas até lá quero que se esforce muito e não apronte certo?”- A menina olhou para o pequeno rapaz que ali havia e balançou a cabeça com os olhos cheios de lágrimas.
O menino se aproximou da Chloe e abraçou fortemente a garota que correspondeu o gesto, foi quando ele sussurrou algo bem perto do ouvido da moça, não foi escutado por mais ninguém além dela, algo que tinha abalado o suficiente os dois para deixar os dois com os rostos corados. O menino correu para o veículo que lhe aguardava e de dentro acenou para as duas meninas.
- “Estarei ansiosa para a sua volta.”- Disse a mais velha.
Os dias passaram serem longos e alguns muitos chatos para o trio que estava parcialmente desfeito e foi apenas antes da missão de domesticação das bestas que os sacerdotes se encontraram, apesar de que todos deveriam ficar num mesmo palácio, muito tinha sido feito e ainda faltava bastante, mas foi quando o Voya chegou que todos voltaram a ser uma família.