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Capítulo 1
Sexta-feira.




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Minha vida é confusa. Não sei se devo me sentir mal ou ótima. Segura ou insegura. É tudo tão tenso. Mas, devo lhes confessar, jamais me sentiria entediada. Definitivamente.

Meu nome é Melanie. Tenho 16 anos e moro em Michigan, uma cidadezinha pequena. Estou no segundo ano do ensino médio, então, significa que o mar de tormentos começa por aqui. Não tenho muitos amigos. Na verdade, posso contá-los nos dedos. Porém, procuro preservá-los o máximo que posso, são incríveis.

Namoro, por sinal. Deve fazer um ano e meio, ou dois anos (não sou do tipo que guarda as datas ao certo, como aquelas garotas que, quando chegam no primeiro aniversário de namoro, cobram o rapaz para comprarem presentes). O nome dele é John. Foi o primeiro que me acolheu desde que cheguei aqui. Somos melhores amigos, também. Ás vezes me surpreendo como tem a facilidade de me fazer sorrir nos momentos em que mais temo, tirar risadas escandalosas quando quero chorar. Eu o amo com todo o meu coração, e poderia passar minha vida inteira tentando fazê-lo ter a certeza disso.

Desde que cheguei aqui, em Michigan, tive dificuldades em me enturmar. Talvez sejam os novos ares, ou só a magoa ainda pairando por saber que deixei tudo para trás. Passei minha infância inteira no Colorado, o que significa que minhas raízes estão lá. Espero que ainda intactas. Quero que sempre se lembrem de mim.


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Hoje é sexta-feira. Para alguns, é o dia em que podem se embebedar até não poderem mais. Para mim, é só mais um dia comum.



Desço as escadas correndo para tomar meu café, o ônibus já deve estar a caminho.



— Bom dia, mãe. — digo.


— Bom dia, querida. — ela abre um enorme sorriso. — Com fome?

— Faminta. — passo a mão na barriga. — Ás vezes acho que como tanto que vou explodir.

— Não duvido disso. — ela ri.

— Ei! Você está consciente disso, certo? Se algo me ocorrer, meus advogados comem você viva. — seguro para não rir.

— Está bem, mocinha. — sorri. — Vamos, se apresse. O ônibus passa a qualquer momento.

— Preciso mesmo ir hoje?

— Se quer suas notas em dia e entrar numa boa faculdade, sim. — responde ela.

— Certo. — bufei.


Tomo meu café em menos de 5 minutos. Coloco minha mochila nas costas e, no mesmo segundo, a buzina do ônibus da tia Ellen quase me faz ter um ataque cardíaco.


Tento me mover o mais rápido que posso e corro até o ônibus. Dou bom dia para a tia Ellen e logo avisto Anne. Anne é minha melhor amiga desde que chegamos aqui.


— Olá, Ann. — sorrio e me sento ao seu lado.


— Olá, raio de sol. — retribui o sorriso. — Pronta para o último dia de aula?

— Claro que sim, sempre estou! E você, parceira?

— Parceira? — levanta a sobrancelha.

— Minha parceirona.

— Cale a boca.

— Wow, Ann. — rio alto. — Acordou com o pé esquerdo hoje?

— Vou enfaixar sua boca se não ficar quieta. — ela me dá um leve soco no braço.

— Só me enfrenta porque sou menor que você. — cruzo as pernas. — Se não fosse, estaria perdida. Mesmo.

— Certo, anãzinha.

— Não!

— Sim! — ela se acaba de rir.

— Pare agora.

— Chata. — mostrou a língua. — Falou com John hoje?

— Ainda não. — fecho a cara.

— O que houve?

— Ele anda meio esquisito, estou preocupada.

— Está tudo bem, tenho certeza.

— Espero que sim.


Leva mais ou menos 20 minutos até chegarmos á escola. Quando, enfim, chegamos, sou a primeira a descer. Não porque sou louca por escola nem nada do tipo. Preciso imprimir imagens para o meu trabalho, e a fila é enorme.


Vou até a biblioteca, onde fica a impressora. A fila não está tão grande como de costume. De qualquer maneira, coloco meus fones de ouvido e entro na fila.

A música está quase acabando quando sinto mãos em minha cintura. Quase grito, mas vejo que é John.

— Comprei dois ingressos para o jogo de hoje. — ele sorri. — Vamos, por favor.

— Não posso, me desculpe. Preciso trabalhar. — digo. — Hora extra.

— Sério mesmo, Melanie?

— Por que está bravo? — procuro me afastar um pouco.

— Por que estou bravo? Tem a coragem de me perguntar?

— Não sei nem metade das coisas que passam pela sua cabeça.

— Ultimamente você anda me evitando. Não podemos ficar nem cinco minutos assistindo um filme que precisa comprar algo para o seu chefe, ou simplesmente trabalhar.

— Não tenho tempo, precisa entender. Tenho de juntar dinheiro para a faculdade, sabe disso.

— Sei que está ausente. — ele dá as costas.

— Não acredito que está bravo por isso.

— Conversamos depois, certo?


Estava tão bravo que podia sentir a raiva em sua voz. O que posso fazer? Tenho andado com mil coisas na cabeça, o trabalho anda se dificultando aos poucos, e não sei se vou conseguir o dinheiro que preciso até final do ano que vem.


Durante o período na escola, o tempo pareceu congelar para mim. Os minutos eram como uma eternidade. As aulas eram cansativas e, pela primeira vez, o recreio foi o auge do dia horrível para mim. Procurei ficar sozinha, lendo um livro que o professor nos mandou ler. Quase o devorei para não pensar na pequena discussão que tive hoje.

Logo após o recreio, mais três aulas. Confesso que passaram-se mais depressa, já que pude focar meus pensamentos no que realmente me importa agora. As aulas se acabaram, e eu finalmente pude ir para casa.

Chegando em casa, corro para o banheiro e tomo um banho demorado. Posso até parecer esquisita dizendo o que vou dizer, mas acho que esse é o momento que mais penso. Essa hora é uma boa hora para se pensar.

Saio do banho, vou para o meu quarto e coloco uma roupa quente. Pego meu cachecol e minha bicicleta e saio naquele frio interminável.

Chego ao meu destino. Bato na porta da casa e quem abre é John. Está com as bochechas coradas, enrolado numa coberta. Meu coração quase sai pela boca ao ver aquela cena. Cada mínimo detalhe seu é perfeito ao extremo.


— Sinto muito. — digo.


— Não quero que se desculpe por nada. Fui meio precipitado hoje.

— Mas tenho de fazer isso. — rebato. — Sei que ando distante ultimamente, mas prometo me esforçar para estar com você. É a pessoa mais importante para mim, nunca foi minha intenção machucar você. Sinto muito, mesmo.


Ele fica em silêncio. Posso ouvir seus batimentos acelerados. Sua boca se meche a cada cinco segundos, na tentativa de dizer algo, mas desiste.



— Fale alguma coisa. — insisto.


— Sabe o quanto amo você?


As palavras soem de minha cabeça. Apenas sorrio.



— Eu amo você. — ele diz, e logo me abraça.



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