Um ruivo sentava-se à lareira na sala de sua casa, tinha em suas mãos um gigantesco pergaminho e ao seu lado encontravam-se penas e tinta.

Estava há horas pensando em como escreveria uma carta para sua amada.

Então, de repente lhe surgiu uma breve ideia de começo.

Pensou novamente e deu inicio à sua carta.

Minha querida Hermione

Eu realmente não sei como começar isso, aliás, morro de medo da sua reação ao ler esta carta, porque sei os diversos sermões que levarei por escrever algumas palavras erradas, mas você sabe querida, nunca gostei muito de escrever, então, por favor, dê um desconto.

Bom, vamos ao que interessa.

Tudo começou naquele dia em que eu e Harry lhe salvamos do trasgo, você lembra querida?

Eu havia dito que você era um pesadelo, me arrependi ao extremo depois de tê-lo dito, porém não podemos voltar ao tempo — exceto você, com seu vira-tempo, claro —, mas de uma coisa eu tive certeza naquele dia, jamais deixaria algo ou alguém machucar você, você era minha prioridade a partir dali.

Porém no segundo ano, lembro-me muito bem quando Malfoy lhe chamou de “sangue-ruim”, lembro-me também das horas que passei vomitando lesmas, mas eu não o deixaria falar assim de você. Mas quando você foi petrificada, me senti péssimo, pois não estava mais cumprindo com meus deveres, eu deveria cuidar de você, eu deveria estar lá para cuidá-la, mas eu não estava.

E quando você foi ao baile com Krum? Aquele ano foi terrível, confesso.

Jamais me perdoei por não ter sido homem o suficiente e tê-la convidado para ir comigo primeiro do que aquele paspalhão, até hoje você sabe que eu não gosto dele.

Vai querida, confesse, você deu seu primeiro beijo nele, não foi?

Claro que foi! Isso me deixa com tanto ciúme Hermione, você não faz ideia, se eu não estive escrevendo para você, provavelmente já teria amaçado este papel, pois quando me lembro de você com aquele Krum bobão, fico irado, você sabe.

E, aliás, você estava perfeita naquele vestido, ou melhor, você é perfeita com todos os vestidos, sapatos, roupas, mas eu ainda prefiro você sem elas meu amor...

Mas então, lembro-me também do quão irritada você ficou comigo aquela noite, logo após o baile, você me xingou, o que era de se esperar, considerando minhas atitudes.

Ah, se eu tivesse lhe convidado primeiro...

Então no quinto ano, as coisas começaram a mudar entre nós, você não era mais uma garotinha, lembro-me quando me chamava de legume insensível — praticamente todos os instantes — já lhe contei que sempre adorei esse apelido?

Lembro também, quando você só dava atenção para aquele loiro exibido do McLaggen. Nunca entendi o que viu nele.

Mas eu também pisei na bola, mas quando se está com ciúme, a gente não raciocina muito bem, então comecei a namorar com a Lilá. Você não falava mais comigo, me ignorava completamente.

Lembro quando você chorou ao nos ver, senti que meu coração iria quebrar em minúsculos pedacinhos naquele momento, ver você chorando é a pior coisa para mim.

Mas então você cuidou de mim, eu fingi não lembrar do motivo pelo qual meu namoro por Lilá acabou, mas eu me lembro perfeitamente, eu preferi você a ficar ao meu lado na enfermaria, na verdade, eu sempre preferi você, mas a minha coragem nunca foi das maiores, você sabe...

E quando saímos em busca das Horcrux?

Sempre tive um pouco de ciúme de Harry, mas eu sei que não tenho motivos para isso, porém não gosto de dividir você, nunca gostei.

Lembro do nosso primeiro beijo minha querida, você lembra? Quando você se jogou em meus braços e me beijou, foi um dos melhores momentos de minha vida.

E quando eu lhe pedi em namoro? E em casamento?

Confesso que tive muito medo da sua reação ao meu pedido de namoro, você hesitou e me deixou apavorado! Então você me beijou, achei que nunca mais me soltaria naquele dia, queria que não tivesse soltado.

Nossa lua-de-mel também foi inesquecível meu amor, sabe que eu sempre me senti orgulhoso por ter sido seu primeiro amante, ainda mais quando você confessou isso, sussurrando envergonhada em meu ouvido.

Nossa primeira vez juntos foi maravilhosa, você sempre foi maravilhosa na cama, sempre surpreendendo. Sou apaixonado nisso em você.

Quando você engravidou, me senti o homem mais feliz do mundo.

Lembro também quando Rose nasceu, ou melhor, lembro em partes, pois eu havia desmaiado quando você entrou em trabalho de parto — belo marido você foi arranjar — mas eu me senti ainda mais completo quando segurei nossa menininha no colo, as duas mulheres da minha vida.

Mas quando chegou a hora de Hugo vir ao mundo, eu não desmaiei, você lembra? Aguentei firme do seu lado, observando tudo, embora não estivesse muito empolgado com a situação, ver você sentindo dor nunca foi uma boa para mim. Mas você me pediu para ficar, pediu para que eu segurasse sua mão, e eu fiquei.

E hoje, minha querida, ainda me sinto aquele jovem Ronald Weasley, há anos atrás, aquele bobo que ficava lhe torrando a paciência. Aquele completo insensível pelo qual você se apaixonou.

Após ler esta carta, quero vá lá embaixo, seu café quente, aquele que você adora daquele lugar trouxa que você sempre vai, comprei para você, eu já não estarei mais aqui, pois tenho um longo dia de trabalho pela frente, então quero que você leia aquele livro que eu lhe comprei, sei que você já deve ter lido, mas foi com a melhor das intenções.

Mas então querida, me despeço aqui.

Com todo o amor do mundo, Ron.

P.S. Eu te amo.

P.S. Não risque as palavras erradas!

P.S. Meu coração pertence a você, Hermione.

P.S. Prometo que depois desse, acabo esta carta, só quero deixar claro que você é tudo para mim. Amo você querida.

Quando Hermione percebeu o pergaminho sobre o móvel da sala, não hesitou em ler.

Ao término, estava com os olhos cheios de lágrimas e uma certeza.

Ronald Weasley era, é, e sempre seria, o seu grande e único amor.