Sentado na areia branca e fina daquela praia quase deserta Grissom admirava a imensidão azul do mar a sua frente, enquanto sentia a brisa suave de um típico inicio de manha de verão.

O sorriso bonito nos lábios que o deixavam com um ar de garoto, o brilho intenso de seus olhos que se assemelhava a brilho emitido por um farol guiando um barco no meio da noite, a expressão leve, serena e... Feliz que exibia seu rosto barbudo eram provas irrefutáveis de que ele era a visão clara da felicidade plena. E isso qualquer um podia ver bastava olhá-lo.

Fechou seus olhos cor de mar.

Depois de anos de solidão, vivendo apenas para o trabalho e se privando de ser feliz com quem ama, ele agora estava com ela tendo uma vida fora do laboratório e que vida!

Só que pra estar onde está agora, sendo feliz como era não fora fácil. Ele teve que enfrentar um enorme entrave pra isso, seu medo de se entregar ao sentimento que gritava dentro dele com a força de um furacão.

Quantas vezes ele quis fugir ou ate mesmo esquecer o que sentia por sua subordina que anos atrás fora sua aluna em São Francisco e que anos depois ele trouxe pra Las Vegas a fim de fazer parte de sua equipe sem sequer imaginar que o sentimento que nutria por ele ainda perdurava dentro de si. A cada novo dia em que a tinha ali perto dele, trabalhando junto a ele, sentia crescer em seu peito um forte e incondicional sentimento.

Muitas foram às tentativas dele de afastá-la de sua vida, mas quanto mais fazia isso mais seu coração a queria perto. Disse-lhe tantos nãos, porem queria era ter coragem pra lhe dizer o contrario... Sim!

Tolo ele foi durante o tempo em que tentou mantê-la longe da vida metódica e sem graça que levava, onde só o trabalho tinha importância e relacionamentos eram algo que há tempos não faziam parte de sua vida.

Que grande idiota ele também foi!

A fez sofrer ao invés de fazê-la feliz.

Várias vezes sua cabeça lhe dizia que ela não podia ser dele, porque merecia alguém mais novo que pudesse lhe dá uma vida, coisa que ele por ser mais velho talvez não pudesse. Só que se coração também revidava dizendo que só ele seria capaz de fazê-la feliz já que a amava mais que sua própria vida.

Travou essa batalha entre razão e a emoção, entre a cabeça e o coração por longos anos ate se decidir em abrir a guarda e deixar aquela mulher que por noites e mais noite lhe fez perder o sono, entrar em sua vida como um feixe de luz clareando seu caminho e lhe dando uma nova perspectiva e um novo sentido em sua vida.

Ela de mansinho foi lhe mostrando o que é ser feliz e sentir-se vivo de novo. Mudou seus hábitos e seus costumes. Mostrou-lhe o paraíso que era ter alguém ao seu lado compartilhando momentos, confidencias e coisas de casais.

Depois que já estavam juntos, por muitas vezes, ele se questionou quando estava sozinho ou quando a admirava enquanto dormia em seus braços, em como podia ter tido coragem de não se entregar logo aquela preciosidade que era ela e aquele sentimento que pulsava forte dentro dele.

Suspirou.

Ainda doía lembrar o quão mal fez aos dois por não render logo o que sentia. Só que aquilo felizmente havia ficado pra trás!

Então ele sorriu.

Não havia nada melhor do que estava vivendo nos últimos seis anos com ela. Era feliz e muito.

Abriu os olhos fitando de novo o mar azul a sua frente.

Pode ver alguns pássaros voando e as ondas do mar quebrando na beira da praia. Aquele lugar era um paraíso privado.

Uma casa que ficava de frente para uma praia privada e quase deserta. Um lugar onde ele pudesse curtir uns dias de paz e descanso com duas pessoas que eram tudo pra ele.

Um novo suspiro e ele ouviu uma voz doce e suave chamar seu nome. Virou um pouco seu tronco e se deparou com a visão daquela que era a mulher da sua vida. Seus cabelos soltos e ao vento, em seu rosto um sorriso ainda sonolento que demonstrava que havia acordado há pouco. Usava um vestidinho florido e os pés estavam descalços. Sem duvida nenhuma ela era a visão mais linda e perfeita que seus olhos podiam ter.

Se fosse um pintor, naquele momento eternizava aquela visão que estava tendo dela, em um quadro tão lindo quanto os de pintores famosos. E tinha certeza que sua pintura seria a obra de arte mais esplendida que poderia existir na fase da terra.

Ele esticou a mão em sua direção e ela se aproximou sentando ao seu lado pousando a cabeça em seu ombro direito. Ele lhe beijou os cabelos que tinha cheiro de flores e logo em seguida abraçou sua cintura fina e por longos segundos ficaram assim calados olhando o horizonte azul.

Alguns segundos depois ela quebrou aquele silencio entre eles.

_Por que não me acordou quando levantou?

_Você dormia tão linda que não quis fazer isso.

_Hum... Fiquei te observando um tempinho lá da varanda. Você me parecia tão distante e pensativo. Posso saber no que pensava?

Ele lhe olhou e sorriu do jeito que ela adorava. Depois a puxou pra seu colo, encaixando-a entre suas pernas a abraçando por trás, fazendo ficarem bem agarrados.

_Pensava na vida. – beijou seu ombro.

_Na sua vida?

_Na nossa vida! Na vida que você vem me proporcionando desde que estamos juntos e no fato de eu ter sido um idiota por não ter te deixado fazer parte da minha vida antes.

_Não gosto quando fala do passado. Esqueça-o, ele deve ficar pra trás.

_Eu sei, só às vezes ele vem sem querer... – suspirou. _ Mas esquecendo esse assunto, e nosso pequeno terremoto? – riu após perguntar.

_Dormindo igual a você, todo esparramado na cama.

_Eu não durmo assim querida. – ele riu de novo.

_Dorme sim senhor!

Agora ele gargalhou e a apertou mais nos braços.

_Alem de dormir igual a você, ele ainda é sua copia!

_Mas com o seu gênio!

_Meu gênio?

_Exatamente. Noah com seus quatro anos é tão genioso quanto você.

_Isso não é verdade Grissom! – ela rindo tentou negar o fato que era a mais pura verdade. Noah, o filho deles era mesmo genioso como Sara.

_ É sim senhora Grissom!

Ela riu mais. Não podia ir contra o obvio.

Eles se calaram após a fala de Grissom. Instantes depois Sara ouviu seu marido suspirar enquanto entrelaçava seus dedos no dela.

Do nada a palavra FELICIDADE se pintou no horizonte pra ele. E ele sorriu. Aquela palavra fazia seis anos que não saia de sua vida e de seu vocabulário. E pensar que ele achou que ela – a felicidade-  não existia, mas ela existia e quem lhe mostrara ela fora sua agora esposa e mãe do seu filho.

_Sabe Sara, eu não pensei que ela existisse. – questionou ainda vendo a palavra mais ao longe.

_Ela? Ela quem Gil?

_A felicidade plena!