“Você sabe? Têm coisas no mundo em que ninguém pode explicar, por mais que tentem. E Natsu, o que eu sinto por você, não há explicação.”

Natsu colocou a mão no rosto de Lucy e acariciou de leve, depois afastou o cabelo loiro — um pouco mais longo que o normal — que caia sobre seu rosto. Ele podia sentir o cheiro almiscarado e único dos fios que ele tanto amava, os olhos castanhos o encaravam de forma tão intensa, que ele se sentiu encabulado.

Os lábios femininos vieram de encontro aos seus e quando se encontraram, um arrepio percorreu todo o corpo de ambos. Lucy enroscou as pernas em volta do quadril de Natsu, puxando-o ainda mais para si.

Naquele momento, tudo que Lucy sentia era calor, enquanto o dragon slayer a beijava de forma gentil e intensa, tudo que ela queria era arrancar suas roupas e as dele. Sabia que isso tinha haver com a gravidez, porque ela jamais se sentira tão fogosa!

Natsu girou os corpos, deixando que Lucy ficasse por cima. Deslizou a mão da nuca até o final das costas da maga estelar apalpando toda a carne macia de sua esposa. Os dois se separaram por um instante e se encararam de forma carente e apaixonada.

— Você está maravilhosa — ele murmurou perto do ouvido de Lucy, soprando seu hálito quente, arrancando um gemido baixo da maga. — Como jamais esteve.

— Oh, eu amo você, Natsu! — soltou com a voz arrastada, beijando-o novamente de uma forma quase pecaminosa.

Ela afundou as unhas nos braços musculosos de Natsu com vontade, colou seu corpo ao dele, fazendo-o sentir cada curva de seu corpo, cada detalhe. Quase sorriu quando o sentiu apertar suas nádegas com força e deslizar os lábios por seu pescoço, fazendo-a gemer como nunca. Enfiou a mão por debaixo da blusa dele, arranhando o tórax masculino com força.

O dragon slayer grunhiu e pressionou o seu quadril contra o dela, fazendo-a sentir sua excitação latente. Lucy soltou um gemido alto, estava tão excitada! Começou a tirar a blusa de Natsu apressadamente e quando conseguiu, atirou-a para qualquer canto. Depois, ele desceu a alça do vestido simples que ela usava, e sem paciência, arrancou a peça fora, deixando-a em pedaços.

— Eu gostava desse! — lamuriou-se, encarando o resto do vestido no chão.

— Tsc. — Estalou a língua com desdém, os dedos percorrendo entre os fios dourados dela. — A culpa é sua.

A maga pôde ver como as pupilas de Natsu estavam dilatadas, seus orbes estavam tão negros que parecia que a engoliriam a qualquer instante. Entrou em um transe profundo e sentiu como se Natsu estivesse a sugando. Aos poucos ela voltou a se aproximar, quase timidamente.

Porém, toda a magia foi quebrada quando alguém começou a bater forte na porta.

— Merda! — Natsu praguejou, fazendo Lucy sair de cima de si e depois a ajudou levantar.

— Natsu! Lucy! — Era Mira. — Eles estão demorando, será que estão em casa? — perguntou com sua voz suave e inocente.

— Estão! — quem dizia era Happy dessa vez. — Devem estar se agarrando em algum canto, aye! — declarou sem um pingo de vergonha.

— Ha...ppy! — Lucy resmungou possessa, vestindo a camisa de Natsu, já que seu vestido não existia mais.

— Vá se vestir, Lucy. Deixa que eu atendo — resmungou em um tom ciumento.

— É só a Mira! Não tem problema, Natsu — disse e foi na direção da porta. — E você não pode... Eér... Atender a porta... Desse jeito — desviou o olhar e apontou para as partes baixas de Natsu.

— Ah! — exclamou, finalmente entendendo. — Eu vou sentar ali no sofá.

Apesar da frustração de não poder ter seguido em frente em seu pequeno jogo com Natsu, Lucy tentou colocar um sorriso no rosto ao abrir a porta.

— Boa noite, Mira! — desejou alegremente.

— Oh, boa noite! — exclamou surpresa, olhando para Lucy — Interrompemos alguma coisa? — terminou, corando adoravelmente.

— Bem... — a loira começou e desviou o olhar para Natsu, que mantinha uma expressão emburrada. — Nada demais! — E soltou uma risada sem graça.

— Tem certeza? — insistiu com o rosto ainda vermelho. — Porque suas coxas estão marcadas — comentou maldosamente e o rosto de Lucy ficou em chamas. — Ora, ora.

— Ah, Mira! — murmurou, escondendo o rosto com as mãos. — Apenas entre.

— Hum, Natsu e Lucy estavam de safadeza! — E lá estava Happy, soltando seu comentário infame.

— Apenas cale a boca, Happy! — Lucy ameaçou, segurando o gato e puxando seus bigodes.

— Olha o que eu trouxe pra você, Lucy! — Mirajane anunciou, alegre ao estender uma travessa para ela.

— O que é? O que é? — perguntou, esquecendo-se totalmente do aborrecimento anterior. Ela descobriu com o tempo, que era uma grávida gulosa e que não hesitava em comer nada.

— Eu ouvi você dizendo que estava com vontade de comer torta de frango, então eu preparei pra você! — respondeu, e em nenhum momento tirou o sorriso do rosto.

— Eu te amo, Mira! — exclamou, abraçando a amiga com força antes de tomar a travessa de suas mãos e correr para a cozinha.

— O que ela vai fazer? — perguntou inocentemente, indo se sentar no sofá perto de Natsu.

— Provavelmente foi pegar algo pra acompanhar a torta. Ela anda comendo umas coisas estranhas — comentou entediado.

Não demorou mais que alguns segundos para Lucy voltar carregando um pote de geleia de morango e biscoitos de chocolate. Ela se sentou alegremente do outro lado de Natsu e começou a comer como se não houvesse o amanhã. Happy preferiu ficar em silêncio, para ele, Lucy nunca esteve tão assustadora. Mira apenas encarava Lucy, feliz por ela estar gostando do prato que fizera com tanto carinho e amor. Natsu, com todo fervor do restante de sua inocência, teve a coragem de cutucar a onça com vara curta.

— Hey, Luce, bem que você poderia me dar um pedaço disso! — soltou casualmente, já colocando a mão na travessa.

— NÃO. TOQUE. NA. MINHA. TORTA! — sibilou com uma aura negra a envolvendo por inteiro, uma expressão assustadora em sua face.

O dragon slayer se afastou imediatamente. Nossa! Lucy estava tão assustadora quanto Elza, e ele só ficou mais assustado quando a viu voltar a comer como se nada tivesse acontecido. Encolheu-se para perto de Mira, que soltava uma gargalhada gostosa.

— Parece que a gravidez mexeu muito com a Lucy — a maga do take over sussurrou para Natsu, que apenas assentiu se afastando da esposa.

— Oh! — Lucy gemeu de repente, largando a colher com que devorava a geleia no chão.

— Lucy? O que foi? Está tudo bem? — Happy perguntou preocupado, indo para cima da amiga.

— Não é que... Oh! — foi interrompida novamente e um sorriso preencheu seus lábios rosados. — O bebê... Ele se mexeu!

Todos os presentes primeiramente ficaram chocados. O silêncio reinou por um momento e depois gritaram de felicidade. Natsu foi o primeiro a se manifestar, encostando o ouvido na barriga de Lucy.

— Hey, Natsu! Isso não é justo, eu também quero sentir! — Happy resmungou, disputando o espaço com o amigo.

— Eu também quero! — Mira se pronunciou, praticamente dando pulinhos de felicidade.

A maga estelar estava se divertindo com a pequena briga para ver quem ia sentir seu filho se mexer primeiro. Quando os três conseguiram pousar a mão em sua barriga ao mesmo tempo, seu bebê chutou mais uma vez.

— Acho que ele já gosta de vocês — declarou com os olhos marejados.

Natsu ficou em silêncio, apreciando aquele momento. Passou os braços em volta de Lucy e fechou os olhos. Tudo aquilo parecia um sonho. Um sonho que estava sendo realizado. Sinceramente, até uns anos atrás ele não conseguia se imaginar como um homem que formaria uma família, que se casaria.

Ele era apenas um rapaz que tinha suas convicções, mas não tinha um plano a seguir além de achar Igneel. Claro que sabia que Lucy era especial em sua vida, mais especial que os outros membros da guilda, mas demorou bastante tempo para ele finalmente entender do que realmente se tratava os seus sentimentos. E mesmo depois que começou a entender o que sentia, o seu relacionamento com Lucy levou tempo para se tornar algo maior.

Ele continuava sendo Natsu no final das contas.

E há cinco anos, quando eles se casaram — apenas para fazer algo romântico para Lucy, já que para ele, o que tinham era muito mais precioso do que qualquer união que o homem nomeasse —, Natsu não poderia estar mais feliz. Ainda conseguia se lembrar das palavras de Lucy.

“Eu sinto como se fossemos destinados. Eu não posso dizer que me apaixonei por você assim que te vi, mas eu sabia, sabia que você mudaria minha vida. Para sempre. E eu não estava errada.”

Naquele instante, com Lucy entre seus braços e esperando o presente mais precioso que ela poderia lhe dar, Natsu tinha certeza que tudo que poderia querer estava justamente ali. Que não poderia viver sem Lucy, ele tinha certeza disso. E se algum dia acontecesse algo a ela, ele morreria por isso.

— Luce, você sabe... Sabe que a Fairy Tail sempre será a nossa casa — começou com os olhos ainda fechados e o rosto na curva do pescoço feminino, atraindo a atenção de Mira e de Happy juntamente com a de Lucy. — Não importa o que aconteça, nós sempre teremos um lugar para qual podemos retornar. Sempre teremos um lar. — Ele abriu os olhos e a encarou, surpreendendo-a tamanha doçura que continha naquele ato. — Mas agora, você é o meu lar.

Sem outra opção, Lucy Dragneel começou a chorar. Como chorou em seu casamento, como chorou quando descobriu que estava grávida. E com a voz ainda embargada, conseguiu dizer:

— Você também é o meu lar, Natsu!

“E eu sei, Luce, que não importa o que aconteça, eu sempre amarei você. Você sempre estará no meu coração. Esses são meus verdadeiros sentimentos.”

“Você já sabe disso, mas eu não me importaria de repetir mil vezes: Meu coração sempre será seu, Natsu. Esses também são meus verdadeiros sentimentos.”