A mulher observava sua pequena criança brincar e tatear os carrinhos, sentado no tapete da sala. Perdida em pensamentos, começava a lacrimejar...

-- Querido... - começou, chamando seu filho. - ... você queria ver as coisas, não é?

-- Eu queria, mas não tem problema. - a criança buscou o sofá com as mãos sorriu para a mãe. - É legal imaginar as coisas.

-- Você...sofre por isso?

-- Não, mamãe. - as lágrimas começavam a descer pelo rosto da mulher, e o garotinho ainda sorria para a mãe.

-- Você sofre não é? Não minta para a mamãe!

-- Não. - mesmo com o pequeno sorrindo sinceramente, ela sentia que era mentira. Começava a soluçar.

Desceu e se sentou no tapete. Abraçou a criança.

-- Você não vai mais sofrer, meu filho... - as mãos dela deslizaram até o pescoço fino. Ela começou a fazer pressão. - Você vai poder ver lá, querido... - e as mãos foram se juntando, esmagando a garganta do menino.

-- Ma-mamãe... - e ele não conseguia falar. Tossia, tentando escapar, sem ar.

Não demorou tanto para a vida do pequeno garoto deixar o corpo, mas foi mais difícil do que ela imaginara.

Deu um último abraço no corpo do filho e cambaleou soluçante até o quarto, com o corpo morto no colo. Tirou um revólver de dentro de uma caixa, escondida entre os casacos, no armário.

Apontou-o para a própia cabeça.

-- Você vai poder ver a mamãe, querido... vou estar com você agora... - disparou a arma.

O corpo caiu com um baque. Uma poça de sangue se formou no assoalho.

Mãe e filho, ambos mortos.

Mas, mesmo assim, o garoto jamais viu sua mãe, pois ele foi para o que chamamos de céu...