Um Amor Arranjado escrita por Summer Deschanel


Capítulo 22
A Dor dos Dias


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, devo mil deeeesculpas a vocês. Me perdoem, de verdade. Passei meses sem postar, porém, nunca serei capaz de abandonar essa fic. Me desculpem de verdade. Eu andei muito ocupada com os estudos. Aqui está. Boa leitura!



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Yukito caminhara por entre as arvores. Admirava-se com o esplendor do sol a se pôr, assim como se sentia hipnotizado com o canto dos pássaros. Porém, nada se compararia a queda de seu coração ao lembrar-se de gigantescos olhos esmeraldinos, de um leve sorriso frouxo e a delicada voz de uma flor de cerejeira. Todo este sentimento preenchia cada canto de seu corpo a cada passo dado pelos seus pés.

O sol entregava os últimos resquícios de luz, dando origem a uma completa escuridão. Apesar de não se deparar consigo mesmo distante da cidade, o jovem jardineiro sentia-se incomodado com a solidão. O que de certa forma lhe parecia um estranho sentimento. Já pisara sobre o solo desta floresta em noites escuras. Contudo, sentia-se incomodado, perseguido. Dera uma leve pausa em seus passos, volvendo o seu corpo para um lado e para o outro. Não fora capaz de ver nada além das sombras de arvores. Continuara então o seu percurso. Fechando os olhos por alguns segundos, deixara-se levar pelos barulhos que estavam ao seu redor. Ouvira uma coruja, sapos a se entreterem, e morcegos.

Rapidamente abrira os seus olhos ao ouvir um tímido barulho de um graveto a se quebrar ao meio. Permanecera quieto, reparando em seguida em passos que foram cessados. Retomara ao seu caminho, porém, com passos largos e rápidos. Sua respiração encontrava-se a um fio, enquanto buscava pela luz que tinha a sua origem na cidadezinha. Logo a avistara, pisando sobre os azulejos das ruas e respirando fundo ao observar a movimentação. Ainda incerto, olhando para trás e para os lados, caminhou de volta para casa.

Sakura entrara em sua mansão com passos oscilantes. Observara a calmaria que se encontrava, e estranhara tudo aquilo. Os seus tímpanos sentiam a falta da leve melodia das teclas de um piano tocado pelo seu marido.

Caminhara pela sala, com pensamentos além do que se encontrava na Terra, até esbarrar em algo macio e sentir a sua cintura ser puxada levemente para cima.

– Fye?- questionou ao arregalar os olhos, deparando-se com olhos cristalinos. O rapaz sorriu de forma gentil. – O que faz aqui?

Fye olhara para um lado e para o outro, abrira a sua boca e voltara a fechar. Por fim, decidiu ser sincero em suas palavras.

– Vim com o tio do senhor Shaoran Li. – disse baixo.

Sakura sentira os seus olhos quase saírem de órbita. – Fei Reed? Mas o que ele faz aqui?- antes que o jovem loiro pudesse responder, o tio do jovem Li logo aparecera sobre o alto da escada, sorrindo cinicamente.

– Olá, minha jovem Sakura. Não achou que se livraria tão facilmente de mim, não é mesmo? – perguntou retoricamente.

Sakura subira as escadas com passos firmes, parara em frente ao velho, fitando-o em seus olhos. – Saia da minha frente. Verei o meu marido. – a jovem cerejeira observara Reed jogar a sua cabeça para trás, acompanhado de uma enorme e seca gargalhada. O observou com a confusão estampada em sua expressão.

– Saia!- ordenou, batendo o seu pé com força sobre o chão. Fei Reed dera mais um riso, saindo do campo de visão da Kinomoto. Sakura ainda confusa, caminhara pelo corredor que dava em os inúmeros quartos da mansão.

Tocara na maçaneta do quarto. Quarto que a acolheu durante longas e duras noites. Suspirando fundo, abrira a porta, encontrando um chinês a observar a noite iluminada por uma lua cheia, pela janela.

– Shaoran-kun. – sussurrou, porém, soube que ele chegara a ouvir. O rapaz não ousou mover um músculo. Continuou de costas para a sua esposa, observando a paisagem.

A bela moça encurtara a distância entre o seu pequeno corpo e o marido, reparando em pequenos movimentos vindos do chinês. O rapaz encontrava-se um pouco encurvada, com o cotovelo sobre a parede e a mão em sua testa, enquanto a sua respiração encontrava-se ofegante, não de cansaço, mas de uma dor que fincara bem fundo em seu peito.

– Shaoran. – disse em um tom mais elevado, contudo, sem reação alguma.

Apoiara a sua mão levemente sobre o ombro do rapaz, que logo desviara, ainda de costas para a sua mulher. – O que há? – perguntou Sakura sentindo os seus olhos serem preenchidos por lágrimas.

Li balbuciara algumas palavras incertas, porém suspirando fundo, reformulou os seus pensamentos.

– Não me dirija à palavra. – dissera embargado, saindo do quarto enquanto batia a porta brutalmente.

A cerejeira desmoronara ali sobre o chão. Caíra de joelhos, com as mãos sobre o rosto. Suas lágrimas jorravam como uma grande e turbulenta tempestade. Deitara sobre o chão, ainda sobre lágrimas, e deixara-se cair em sono profundo.

Shaoran rumou até ao único local que afugentava as suas mágoas naquela mansão. Abrira a porta e a fechara com um estrondo. Encostou-se sobre a mesma já fechada e se entregara as lágrimas.

As secou rapidamente, se dirigindo ao piano. Chegou a encostar os seus dedos sobre as teclas, provocando um pequeno e harmonioso som, contudo, balançara a sua cabeça negativamente, levantando-se em um pulo e fechando tudo o que permitisse contato com as teclas e o piano em seu todo.

As semanas passaram lentamente, servindo como um instrumento de tortura sobre o coração da jovem flor. A casa nunca fora tão silenciosa quanto nesses dias maçantes. Sakura já não via o seu marido com tamanha frequência, e ao vê-lo, encontrava-se sempre cabisbaixo, ou simplesmente evitava se dirigir a jovem Kinomoto. Isto era como espinhos cravados em seu seio. Suspirava pelos cantos para suprir a dor, ocupava-se com livros e mais livros, ou tentara distrair-se com a imensidão do jardim, mas nada viera a calhar.

Perguntava-se o porquê do seu marido encontrar-se de tal forma, porém, tudo o que conseguia formar eram suposições. Tinha em mente que lidando com Shaoran Li, não poderia estar à base das suposições.

Em uma escura noite, Sakura encontrava-se sentada sobre a cadeira próxima à janela de seu quarto. Tinha em mãos um livro, mas como de costume, os pensamentos distantes. Percebeu a imensa tempestade que se formava do lado de fora. Rapidamente, correra para fechar a janela. Deu um leve pulo ao deparar com raios e trovões a brincar sob nuvens.

Todavia, não se assustara, não tremera e o oxigênio permanecia em seus pulmões. Sorrira tristemente ao recordar-se de como pôde superar um medo tão tolo. Lembrara-se dos braços do chinês envolvendo a sua cintura, as suas palavras de compaixão, o seu cheiro extasiante, e aquelas mãos a acariciando de forma desajeitada, porém útil.

Não chorou, pois derramara tantas lágrimas por estes dias que chegara a pensar que se encontrava seca.

Ouvira a porta atrás de seu corpo a bater. Instintivamente, virou-se e visualizou um chinês acanhado.

– Desculpe, pensei que estivesse dormindo. – murmurou dirigindo-se a porta.

– Não. – pedira a Sakura em alto tom.

– Perdão?- disse o chinês.

– Fique. – sussurrou. – Preciso conversar com o senhor.

Shaoran suspirou alto, desviando o olhar. – O que quer?

A jovem o olhara sem graça, não sabia como iniciar as suas inúmeras perguntas.

– Por que está assim comigo? O que há? – perguntou com um nó em sua garganta.

Shaoran rira secamente. – Não se faça de tonta, Kinomoto. – Sakura o observara extremamente perplexa com as suas palavras.

– Não compreendo. Por que se manteve tão distante de mim?

Shaoran fechara os seus olhos por um tempo, - para não explodir sobre a senhorita. – disse os abrindo novamente.

– Por quê ? – perguntara Sakura.

– Eu a vi, Sakura. Eu a vi nos braços do jardineiro, entregando-se a ele!- dissera o rapaz aos gritos. Sakura abrira a sua boca, porém, não sabia ao certo o que dizer.

– O que a levou a ele? Diga-me, Kinomoto. – esbravejou o rapaz. – A senhorita casou-se comigo, apenas comigo. Pertence a mim, a mais ninguém. – disse aproximando-se e a pegando com força pelos ombros.

– Shaoran... - sussurrara a garota.

– O que ele possui? Eu tenho dinheiro, possuo mansões, cavalos, até a morte está em minhas mãos. O que há, então? – questionara apertando-a com mais força.

– Diga, não satisfaço os seus desejos? Não se encontra em exta-se em meus braços? Todos aqueles gemidos de amor eram farsas? – gritara alterado.

– Pare, Shaoran. Está me machucando. – pedira Sakura entre soluços.

– Você o ama, Sakura ?!- gritara o rapaz. A jovem contorceu-se da dor que o seu espírito sentia. – Me responda.

– E-e-u não sei. – falou sinceramente. Shaoran a jogara sobre a cama, com o seu corpo em cima da moça.

– A senhorita é minha. – murmurou beijando-a.

– Não, Shaoran, por favor. – disse entre lágrimas enquanto o rapaz beijava o seu pescoço.

– Pare, por favor! – implorava a moça soluçando. A mão do rapaz percorria por entre as coxas de sua esposa. Sentia as mesmas trêmulas, assim como todo o corpo tenso da moça.

– Shaoran! - gritara suplicando e debatendo-se sob o corpo do marido. As lágrimas em seu rosto passaram a arder em suas bochechas. Seria molestada, seria estuprada.

O rapaz rasgara a camisola de sua esposa, beijando todo o seu colo, enquanto a jovem ainda encontrava-se em total desespero. Beijara a sua barriga e passara a mão sobre a parte íntima da mesma. Dera uma pausa, ao sentir o corpo da cerejeira se encontrar em total derrota, imóvel, porém ainda trêmulo. Prestara atenção na respiração ofegante de sua mulher, e em suas curtas palavras.

– Eu imploro, eu imploro. – sussurrava transparecendo todo o seu medo, enquanto as lágrimas passavam das bochechas para a cama.

Shaoran abaixara a sua cabeça, dando fim a todos os seus planos. Colocara uma mão de cada lado da cama. Suspirando fundo.

– Eu a amo tanto. – disse em um fio de voz. Sakura sentira aquelas palavras como um golpe. Uma parte de seu ser sempre almejara estas palavras vindas do seu chinês, porém, não desta forma.

Shaoran saíra de cima da jovem Kinomoto, secando rapidamente as suas lágrimas. – Fuja com ele. Fuja se o ama tanto. – murmurou com a dor imensa em seu peito.


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