O Elmo Roubado escrita por Jota a


Capítulo 24
Uma visita rápida ao mundo inferior


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!



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No dia seguinte, tomamos um café reforçado e nos despedimos de minha mãe. Essa foi a pior parte do dia. Ela me abraçava e chorava. Quando eu entrava no táxi, ela me puxava, me abraçava e chorava de novo. Isso durou uns quinze minutos. Até que entrei no táxi e tranquei a porta.

Fiz uma oração silenciosa para meu pai proteger minha mãe. Não suportaria se alguma coisa de ruim acontecesse à ela.

Fomos até o aeroporto e em algumas horas desembarcávamos em San Francisco. Seguimos até um túnel de serviço, próximo ao Túnel Caldecott onde chegaríamos ao Acampamento Júpiter.

Eu usava o adjetivo “gigante” para descrever o Acampamento Meio-Sangue, mas o Acampamento Júpiter deveria ter três vezes o tamanho do acampamento grego.

Reyna, a protetora do acampamento, nos recebeu muito bem. Guiou-nos pessoalmente até a coorte cinco. Descansamos e no dia seguinte ela me levou para andar por uma trilha em um morro e foi me explicando algumas coisas sobre o acampamento. Hazel e Frank já haviam me falado muito sobre as regras, punições, restrições e etc. O Acampamento Júpiter era dez vezes mais rigoroso que o Meio-Sangue.

Reyna me explicou que não aceita semideuses gregos em seu acampamento, mas Hazel e Nico haviam conversado com ela com antecedência e, depois que os dois “encheram muito a paciência dela”, ela cedeu. Disse que estava confiando em mim e que não era para eu decepciona-la, nem a Nico.

A última parte eu não havia entendido muito bem. Fiz uma careta e Reyna riu.

- Ele gosta muito de você, Jully Alvim. Espero que ele não esteja se iludindo.

Ela saiu andando e foi até um grande prédio que eu não sabia o nome, é algo como principia. Desci a ladeira sozinha refletindo sobre o que Reyna dissera.

Nico me esperava na porta da quinta coorte junto com Frank, Hazel e um cara chamado Dakota, que era o centurião da coorte.

Enquanto comíamos no refeitório, Lares, que eram algo como fantasmas, ficavam andando (flutuando) pelo lugar.

Eu via algumas comidas voares de vez enquanto, Nico disse que era normal.

Quando o sol estava se pondo, Nico me levou para uma caminhada pelo lugar.

Quase não entramos em uma parte dali porque uma estátua estava gritando conosco dizendo que tínhamos que tirar todos os objetos que poderiam, por acidente ou não, machucar alguma pessoa.

Términus era seu nome, o deus das fronteiras.

Nico me mostrou boa parte da pequena cidade. A faculdade, um galpão abandonado onde eu poderia abrir minha escola de dança – mesmo que não fosse devidamente formada – e uma casa que poderia vir a ser nossa um dia. Tremi ao lembrar do que Reyna disse. Nico realmente planejava um futuro comigo. E eu não sabia se era merecedora de tanto. Mas estava feliz com ele e, enquanto estivéssemos felizes, continuaríamos juntos.

Pedi baixinho para nunca chegasse o dia em que um de nós dois olharia para o outro e diria “acho que não dá mais”.

JULLY

Assim se passou o tempo. Eu demorei mais para me adaptar aqui do que no acampamento Meio-Sangue. Mas acho que estou indo bem. Participo das batalhas/treinamento, ajudo nas tarefas e tenho me empenhado muito para ser uma “boa romana”, mesmo que não seja de fato.

Em uma tarde, eu estava sentada lendo um livro na praça dentro das fronteiras de Términus. Nico se aproximou de mim, abaixou meu livro e me deu um beijo.

- Você ainda deve uma visita a uma pessoa. – ele fechou o livro que estava eu lendo e o colocou de lado.

- Quem?

- O seu... sogro. Já se esqueceu?

A ideia de que o deus dos mortos, Hades, era realmente meu sogro fez meu estômago embrulhar.

- Eu vou ter que ir Mundo Inferior mesmo?

- Obviamente sim. – ele sorriu.

- E... Como se faz para chegar lá?

Eu não queria me mostrar uma ignorante, mas Hazel me disse que eles foram para lá pegando uma carona com um cão infernal e, no acampamento Júpiter, tudo o que tinham era um elefante chamado Hannibal – e eu acredito que ele não faça viagens assim.

Nico gargalhou e apertou meu nariz.

- Eu sou filho dele, bobinha. Lá é tecnicamente minha casa. Vem, vamos.

Nico caminhou pelas sombras que, ou eu estava delirando ou elas tentavam se aproximar dele. Era como se ele as atraísse.

Quando dei por mim estávamos envoltos em escuridão. Segurei firme a mão de Nico.

Tudo o que eu via era escuridão. Não importava para que lugar eu olhasse. Eu não sentia falta de ar nem nada do tipo. O ar era úmido e quente e tinha cheiro de mofo.

- Ei, pode abrir os olhos? Você vai tropeçar. – Quando abri os olhos, Nico olhava para mim contendo um riso.

A escuridão havia passado e nós estávamos em um corredor de pedras. Havia gotículas de suor na testa de Nico e ele respirava com dificuldade.

- Esse tipo de viajem cansa você, né?

- Sim, mas eu já estou acostumado. Estamos quase lá, é só seguir até o fim do corredor.

Andamos por algum tempo e eu vi coisas realmente assustadoras e atormentadoras. Sonhos, objetos que deveriam ter um imenso significado para alguém, sorrisos e sentimentos bons jogados em uma escuridão sem fim.

Entramos no castelo de Hades sem nenhum problema.

Sobre o castelo de Hades eu posso dizer três coisas: é assustador, enorme e assustador.

Ele ficava no topo de uma espécie de montanha rochosa e lembrava os castelos dos contos de fadas da Disney – tirando, é claro, as cores e a felicidade que transbordava deles.

Quando entramos no saguão de Hades prendi a respiração.

Eu estava prestes a conhecer o deus da morte. Provavelmente o deus mais temido de todos. Isso é extremamente empolgante!

Uma mulher com cabelos morenos e encaracolados estava do lado da mesa em que Hades estava sentado. Deduzi que seria Perséfone. Ela brincava com uma pequena flor que estava em sua mão. Ela parecia infeliz. Annabeth me contara sua história antes. Eu também ficaria infeliz se fosse ela.

O deus da morte parecia entretido em alguma coisa que estava em cima da mesa. Nico pigarreou e o Deus olhou para nós.

Em um impulso eu ajeitei meu cabelo. Não é todos os dias que se encontrava com alguém tão importante. Nico sorriu de lado.

- Nico! Jully! – o deus abriu os braços e sorriu como se me conhece há séculos e não nos víssemos há décadas.

Nico não se moveu. Então deduzi que não deveria abraçar Hades e apenas sorri.

- Aproximem-se crianças. Que bela filha de Ícelus temos aqui! Talvez você possa me ajudar a fazer um pequeno ajuste em meu elmo, embora eu pense que um filho de Hefesto o faria melhor. – ele ergueu uma sobrancelha, desafiando-me.

- Papai, ela não veio aqui para isso.

- Ah, claro. É um prazer conhece-la, meu bem. – o deus pegou minha mão e depositou um beijo nela.

Ouvi Perséfone bufar do outro lado da mesa

- O prazer é todo meu, lorde Hades.

- Ah, por favor. Não vamos ser antiquados, tudo bem? Sou seu sogro garota, me chame de Hades. Ou senhor Hades. Para mim está bom.

- Claro. – olhei para Nico confusa e ele apenas assentiu para mim.

Não sei bem o que ele assentiu, mas olhei para o deus novamente.

- Bom, então se era só isso, vocês podem ir. – Hades se sentou em seu “trono” novamente entrelaçando seus dedos uns nos outros.

- Pai, nós queremos sua benção...

- Ah, sim claro. Vocês têm a minha benção. Agora, por favor, saiam que tenho muita coisa para fazer. – ele fez gesto com as mãos e Nico me puxou até a porta. Perséfone nos acompanhou.

- A propósito, seu pai anda precisando de você aqui Nico. Jully poderia liberar seu namorado para vir ajudar o pai de vez enquanto, não acha?

- Ah, claro, ele pode vir aqui quando quiser, quer dizer, eu, hã, não o empeço hora nenhuma de ele...

- Eu venho assim que der Perséfone. Ando muito ocupado ultimamente e você sabe disso.

Dito isso, Nico me puxou e nós mergulhamos na escuridão novamente. Antes de partir, pude ouvir Perséfone dizer algo como “semideuses!” e seu tom não foi nada agradável.


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