Supernatural Tears escrita por Angels Cherry


Capítulo 9
The Stokesy (Parte I)




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Estiquei os braços para cima, me espreguiçando. O calor do sol me fez dispensar o casaco pesado que tinha trazido comigo. Sam estava sentado no banco do Impala com as pernas para fora. Dean, que tinha estacionado o carro na estrada, estava distraído tentando consertá-lo. 

 

Sam olhou para mim, mas imediatamente abaixou a cabeça. Eu parecia bem melhor... Bem melhor do que na noite anterior. Eu sorri discretamente quando me percebi perdida em meus devaneios. 

 

Me aproximei dele devagar, Dean quase não notou nossa proximidade. Encostada no Impala, estiquei a mão em direção a Sam, que entrelaçou seus dedos nos meus sem demora. 

 

- Sam, pode me ajudar aqui? – Dean chamou do capô. 

 

- Claro! 

 

Eu só queria agradecê-lo... Agradecê-lo por ficar comigo quando me senti insegura e com medo, por ter prometido estar comigo sempre. 

 

- Vocês acham que vai demorar muito? – Perguntei me aproximando dos Winchester. 

 

- Não. Já estamos acabando – Dean comunicou.

 

A música que tocava no carro me distraía. O vento que jogava meus cabelos para trás também. Eu estava pensando na vida mais uma vez. Às vezes o silêncio incomodava, mas agora estava sendo conveniente não ter assuntos para tratar. 

 

- Já chega! Não agüento mais esse silêncio. – Dean disse desligando a música. – O que houve com vocês dois? 

 

Eu encarei seus olhos através do retrovisor. Sam apenas se virou para o irmão. 

 

- Não houve nada – me adiantei. – Só não temos assuntos. 

 

- Sei. – Dean disse um pouco desconfiado. 

 

Eu desci do Impala e fiquei estática encarando o edifício à minha frente. Aquela escola não tinha mudado nada, nem as flores dos canteiros ao lado da porta. 

 

- Tudo bem? – Sam quis certificar-se. 

 

- O suficiente. – Respondi. 

 

Aquela lenda já era contada quando eu estava no colegial, mas parecia que dessa vez ela passava de só um mito. 

 

Estávamos os três no corredor indo em direção ao que eu me lembrava ser a secretaria quando o sinal tocou e de todas as salas começaram a sair adolescentes estudantes. No momento eu tinha voltado à sete anos atrás. 

 

Tudo aquilo me parecia tão igual, e na verdade era quase isso. Eu podia ver os garotos do time de futebol, as líderes de torcida, os nerds, a banda da escola... De alguma forma senti saudade daquilo tudo. 

 

Todos pareciam nos olhar curiosos, como quem pergunta “O que eles fazem aqui?”, ou “Será que serão professores substitutos”. Pelo menos eu pensaria isso se estivesse no lugar deles. 

 

- Bom dia! - O diretor nos indicou o interior de seu escritório – A minha secretária disse que viriam, detetives. 

 

Dean e Sam deram o mesmo sorriso ao diretor. Eu, por outro lado, não expressei nenhum tipo de sentimento ou emoção. 

 

- Só precisamos fazer algumas perguntas ao senhor, e se pudermos gostaríamos de falar com alguns de seus alunos – Dean comunicou. 

 

- Oh! Não sei se seria uma boa idéia vocês conversarem com Mark O’Connell. – O diretor explicou – ele não tem passado muito bem desde o acontecimento e eu e seus pais sofremos para fazê-lo voltar a freqüentar a escola. 

 

- Prometemos tentar ser sutis – eu argumentei.

 

- Nesse caso, - o diretor se entregou. 

 

Depois de uma série de perguntas padrão que Sam e Dean fizeram ao diretor, seguimos em direção à sala indicada pelo mesmo para nos encontrarmos com Mark O’Connell. 

 

O rapaz não aparentava ter mais do que 16 anos e tinha um rosto angelical que me fazia sentir pena por ele ter presenciado a morte do melhor amigo. 

 

- Mark? – Sam chamou – Somos os detetives Spencer, Williams e Saint. Se não se incomodar, gostaríamos que respondesse algumas perguntas? 

 

- É sobre Derek, não é? – Mark perguntou tímido. Sam afirmou com um olhar e um aceno da cabeça. 

 

Mark nos seguiu até a biblioteca que à esse horário estava vazia. Ele tinha uma feição preocupada. 

 

- Por que precisam de três detetives pra anotar minhas perguntas? – O rapaz perguntou em uma forma inocente. 

 

Sam não sabia o que responder, Dean muito menos. 

 

- Só responda as perguntas, ok garoto? – Eu disse me apoiando na mesa. 

 

- Ok – ele respondeu meio assustado. 

 

- Ótimo Mark, comece nos contando o que viu no dia em que Derek morreu – Sam pediu. 

 

- Eu tinha acabado de sair da aula de matemática e tinha que correr até o banheiro porque não tinha muito tempo até a próxima aula. Fui até o banheiro e aparentemente estava normal, vazio... Quando fui lavar minhas mãos, vi no espelho o reflexo de um das cabines e Derek estava lá, com a cabeça dentro do vaso e com o corpo todo arranhado, como se ele tivesse sido arrastado. Eu não sabia quem era na verdade... Só depois que a polícia chegou é que eu fiquei sabendo que era Derek que estava lá. 

 

- Você não viu nada estranho? Como alguém no banheiro ou coisa do tipo? – Perguntei um pouco grosseira demais.

 

- Não, mas... 

 

- Você tem alguma idéia de quem pode ter feito aquilo? – Eu o interrompi. 

 

- Eu não sei... Derek não tinha muitos amigos e por conseqüência não tinha inimigos. Eu e ele éramos invisíveis nesse colégio até duas semanas atrás, mas... Estão dizendo por aí que foi a loira do banheiro. Eu não acredito nessas coisas, mas eu pesquisei sobre o assunto durante o tempo que fiquei fora do colégio e, bem, as descrições correspondem... 

 

Eu, Sam e Dean trocamos olhares confusos. A Loira do Banheiro era só uma lenda... Ou não. 

 

Como sempre, Sam aproveitou para pesquisar. 

 

- Aparentemente existem aproximadamente 154 variações da lenda da Loira do Banheiro, que surgiu inicialmente nos países sul americanos. A mais comum fala que a loira era uma garota que matava aula no banheiro e um dia ela acidentalmente escorregou e bateu a cabeça no vaso sanitário. Desde então ela assombra os banheiros femininos das escolas...

 

- Mas Derek morreu no banheiro masculino – Dean comentou. 

 

- Eu sei, por isso acho que não estamos a lidar com uma simples Loira do Banheiro... 

 

Sem entender nada, olhei confusa para Sam que logo preocupou-se em explicar melhor. 

 

- Eu pesquisei os arquivos do colégio também... Em 1999 uma garota chamada Rebecca Wood se matou no banheiro feminino. A maioria acha que a causa principal do suicídio foi porque ela era apaixonada por alguém que foi embora da cidade e deixou-a sozinha... E adivinhem a cor dos cabelos dela? 

 

- Loiros?! – Dean perguntou confiante. 

 

- Não! – Eu interrompi, assustada comigo mesma – Na verdade os cabelos dela eram castanhos claros... Tão claros que a maioria achava que era loira. 

 

- É. – Sam confirmou num misto de confusão e medo – Como você sabia disso? 

 

Os pêlos dos meus braços e de minha nuca se arrepiaram. Me senti culpada e com medo. 

 

- Porque eu fui embora e deixei Rebecca Wood sozinha.


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Notas finais do capítulo

Continua...