Dia-a-Dia

"Bom dia, Diário. Aqui quem fala é a sua Nami. Por acaso algum dia você se sentou nos degraus de uma escada, olhou para o horizonte e desejou ser uma nuvem? Poder viajar por aí, sem nenhum obstáculo, até ir para a terra em forma de água, apenas para voltar ao céu novamente. Ah, eu me sinto sozinha! Queria tanto alguém para conversar... Digo, queria ouvir a voz de alguém que fosse meu amigo, pois eu já converso com você, mas desejo alguém que resmungue ou me contradiga, entende? Enfim, parece que é um sonho impossível. Aliás, impossível é esse meu sobrenome que Silver inventou! Por que não podemos ter apenas um nome? Nami, meu nome é Nami, não Nami Mikan! Oh, eu realmente queria sair desse lugar! Não, meu problema nem é onde, e sim com quem. Kamakiri Nanami e Kamakiri Silver, como diriam no Japão, minha terra natal. Bem, pelo menos não fiquei com esse sobrenome... Nanami está me chamando, tenho que ir ou fico sem almoço logo no primeiro dia de mudança! Abraços de sua Nami."

– Nami! – Nami guardou rapidamente o livrinho de capa negra, correu até a porta do sótão, a abriu, saiu do cômodo e desceu a escadaria. Sim, como a casa possuía apenas dois quartos, a jovem de cabelo laranja acabou tendo que ficar no sótão, que ficava no terceiro andar da casa, logo após uma escada velha e meio carcomida que rangia a cada passo.

– Estou ouvindo, Nanami-san.

– Ótimo. Meu pai saiu para comprar alguma comida e me deixou no comando. – Nanami sorriu de modo maléfico – Agora você vai limpar toda a casa.

– Nanami-san, a casa está limpa. – A outra informou.

– É mesmo? – Kamakiri foi até um dos muitos vasos de flores cheios de terra, mas sem nenhuma flor, e o deixou cair no chão – Opa, acho que não está mais. Limpe.

– Claro, Nanami-san. – Nami foi até a cozinha, onde aviam caixas e mais caixas. Abriu uma delas onde se lia "Limpeza" e tirou de lá uma escova, uma pá pequena e uma sacola plástica. Foi até o montinho de terra, usou a escova para varrer tudo para a pequena pá e colocou no saquinho plástico. Depois, voltou à cozinha e pegou uma vassoura, que usou para varrer o resto de sujeira que ali ficara.

– Boa menina. Agora volte pro seu quarto e só saia de lá quando for chamada. – Kamakiri ordenou, e a outra ruiva só pôde obedecer.

O0o0o0o Alguns minutos depois o0o0o0O

– Por Enel, espero que dê certo. – Nami murmurou e colocou a corda feita de lençóis para fora da janela. Havia obedecido a primeira ordem, mas nunca concordaria com a primeira – Até, Nanami. – Começou a descer pela corda, tomando cuidado com seu vestido branco que ia até os joelhos e de alcinha e tentando não escorregar por causa de suas sapatilhas de mesma cor.

Ela desceu e rezou para que Nanami não estivesse na sala, pois pela janela daria para ver sua fuga. Felizmente, a tirana não estava, então a ruiva pôde respirar em paz. Assim que tocou o chão, prendeu a corda nos altos arbustos lá pero da grande janela e saiu correndo por um caminho que vira mais cedo. Correu, correu por uma estrada longa e cheia de mato. Ofegava, porém queria saciar sua curiosidade, então continuou correndo, até avistar uma cena incrível. Havia um lago cercado de plantas e flores no final da estrada de terra. Oh, como era lindo! Nami se sentiu num sonho. No entanto, tinha algo de estranho: Havia um vaso com flores perto do rio, o que significava que alguém havia passado ali antes.

A ruiva ficou ali por uma ou duas horas, não sabia ao certo, apenas observando a paisagem e aproveitando a paz do local. Infelizmente, devia sair dali logo e voltar ao "lar", pois se Silver ou Nanami dessem pela falta da empregadinha deles... Não ia ser nem perto de razoável. Levantou-se e virou para começar outra corrida, mas estacou ao ver um gato, negro de olhos azuis, parado ali, a encarando.

– Você é bonito. – Ela comentou – Tem nome? – O gato de aproximou e ela conseguiu ver a coleira com o nome "Robin" – Robin... É um bom nome. Até, Robin, eu não posso te levar para casa. – Voltou velozmente pelo mesmo caminho e refez todos os seus passos até chegar ao seu quarto, bem na hora que Silver batia na porta a chamando para o almoço.

O0o0o0o Já de noite o0o0o0O

"Nami... Venha, Nami... Fabulus precisa da princesa... Você é nossa herdeira. Acorde, Nami!"

Nami acordou exaltada. Algo sussurrara em seu ouvido, ou alguém. Esperou um pouco para poder se acalmar e pensar melhor na situação. Ora, se era de noite e ela estava cochilando, então só podia ser sonho.

– Idiota, volte a dormir. – Murmurou para si mesma, deitou novamente a cabeça no travesseiro e a última coisa que conseguiu guardar na mente foi a sensação de ter uma mão acariciando sua cabeça.

(O Jardim que Nami encontrou)