Um garoto de cabelos brancos esgueirava-se por dentre as pedras, segurando-se em pequeninas deformações naquela espécie de parede. Conseguira então, entrar em uma pequena caverna. 

Tinha um cheiro bom, de chuva. Era um pouco frio, e tudo que podia ver à sua frente era uma pequena abertura -na qual ele havia utilizado para entrar- e a água que caia abundantemente. Deu um suspiro calmo, apoiando-se na parte de trás da caverna. Em poucos segundos, um rapaz mais velho entrou no local.

Misaki se afastou um pouco, para que o mais velho pudesse sentar ao seu lado:

- Como foi a aula? - Perguntou o mais velho, eerguendo sua mão esquerda e fazendo um breve carinho na cabeça do menor.

- Tirei nota baixa em matemática. Obrigado por perguntar, Kaoru-kun. - O suspirou, soltando um breve sorriso em seguida.

Ao término da carícia nos cabelos do mais novo, Kaoru pôs sua mão sobre o "chão" frio. O albino corava à medida que aproximava sua mão à do maior, finalmente, pondo sua mão em cima.

Kaoru esboçou um sorriso de canto, soltando a mão do menor e se deitando, enquanto observava a água corrente à sua frente. Misaki fez o mesmo, colocando seu braço sobre seus olhos:

- Kaoru-kun... Estou confuso.

Os olhos do maior arregaralaram, de modo a fazê-lo morder o lábio inferior. - Com oque?

- Quando eu vejo alguma garota perto de você fico com raiva. - O mais velho arqueou uma sombrancelha, enquanto Misaki fechava os olhos. - E também fico com vontade de chorar. Mas não é só isso, eu também sinto vontade de te bater e na garota com quem você está falando.

O garoto fez um biquinho, sem tirar o braço sobre seus olhos.

- Só isso? - Kaoru indagou, pegando a mão livre do menor. - O que você sente quando está comigo?

- E-Etto... - O menor começara a corar, apertando a mão do maior. - E-Eu me sinto bem! Eu fico feliz. Muitas vezes, eu acho que estou sonhando. Fecho os olhos e não desejo acordar nunca mais. Eu contei pro papai e ele achou que era uma garota, mas eu também não disse que era um garoto. - Riu brevemente, fazendo o mais velho sorrir.

- Ele disse que é por que eu te amo. Mas eu não entendo muito bem, nunca senti algo parecido. - Suspirou, soltando a mão do maior, passando-a sobre os cabelos brancos. 

- É por que você é um pirralho de 14 anos. - Kaoru riu um pouco, enquanto Misaki bufava. Estava um pouco zangado por ter sido chamado de pirralho. - Mas veja bem, não temos uma diferença de idade tão grande. Ti tens apenas 14, e eu 23. Apenas nove anos de diferença.

- Por isso... Eu quero crescer logo! Pra poder ficar ao seu lado. - A expressão do menor mudou para um sorriso, enquanto retirava seu braço do rosto e se sentava. 

O maior fez o mesmo, segurando um dos lados do rosto do garoto com a mão, puxando-o para mais perto de si:

- Você não precisa crescer logo, meu pequeno. Eu te amo assim, do jeitinho que você é. - Um sorriso sincero moldou os lábios de Kaoru, enquanto puxava o garoto de cabelos brancos à sua frente, dando-lhe um calmo beijo.

Misaki retribuiu ao beijo, levando suas mãos aos cabelos do moreno. Ao término do beijo, estava com a respiração descompassada. O coração batendo em um ritmo acelerado, concentrando-se à fitar os olhos prateados do mais velho.

Então... Era aquilo que significava estar apaixonado? Aquilo era o... amor? 

Se lhe dissessem aquilo à um tempo atrás, tinha certeza de que riria. Nunca havia se interessado por uma garota, mas achava-as extremamente bonitas, tanto que gostava de coisas fofas.

Não que Kaoru fosse fofo, passava longe disso. Era egocêntrico, egoísta, possessivo, ciumento e stalker. Mas... Mas sabia ser carinhoso. 

Misaki não o amava por suas qualidades. Amava-o por seus defeitos.