Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 53
Capítulo 53




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/370435/chapter/53

Uma risada ecoou no prédio inteiro. Não porque a risada era muito alta, mas talvez porque o prédio estava praticamente vazio.

Lucy encolheu os ombros quando ouviu a risada, ainda sem poder controlar seu corpo tendo de ser pressionada contra a parede por Gajeel para não atacá-lo. Então, ela lembrou-se da outra vez que ficara desse jeito com Gajeel. De seu quase beijo. Da saída dele, de suas costas quando ele andava para longe. Do pedido charmoso de Yoshiaki para um passeio em sua guilda que terminou em desastre.

Yoshiaki... Aquele traíra duas caras que sempre queria apenas uma coisa desde o começo. Então tudo o que ele falara era uma mentira? Tudo apenas com o único propósito de trazê-la para cá e tomá-la para si? Como ela pode ser tão tonta de acreditar em cada uma das palavras que saíra de sua boca. E as lições de mágica que ele supostamente a ensinara, eram mentira também?

Não. Não eram mentiras. Ele realmente a ensinara uma coisa. E ela testaria aquilo verdadeiramente dessa vez. Então fechara os olhos, lembrando da voz traiçoeira de

Yoshiaki ensinando-a como fazer.

"Concentre-se". Ela respirou fundo e limpou sua mente, ignorando as palavras de Gajeel em desespero, ignorando seu corpo se movendo contra sua própria vontade. "Você precisa ter sua mente livre de qualquer pensamento. Você deve se concentrar somente no que você quer fazer." O vento rodeou seu corpo novamente, seu cabelo levantara. "Cancelar".

Quase com a mesma eficiência de uma explosão, Gajeel pôde sentir o vento rodear seu corpo e então expandir-se com violência, mandando-o longe. Quase da mesma forma que fizera da primeira vez, quando mandara Yoshiaki voando. Mas dessa vez, não tinha uma luz branca. Apenas vento.

E leveza.

Lucy pela primeira vez sentiu-se leve como uma pluma, ela pôde levantar seus braços e pular enquanto aplaudia-se a si mesma por conseguir ter feito aquilo. Gajeel a olhara em completa surpresa, atônito, perguntando-se a si mesmo o que tinha acontecido com ela e o que ela tinha acabado de fazer. Sabendo que não havia tempo para responder essas perguntas, ele voltou sua atenção à Lucy que caminhava em direção à Lisanna, para pará-la e cancelar a magia que Zafron jogou nela.

—O que foi isso? — Zafron perguntou furioso. Ele estava em seu escritório e apontava para a bola de cristal, onde podia se ver Lucy o impacto que Lucy causou, quebrando uma de suas bolas de cristal encima da mesa. O vidro espalhado, a água derramada. Zafron olhou para Yoshiaki que mantinha seus olhos fixos em Lucy, tentando não pensar em palavras encorajadoras para Lucy, mas mantendo sua esperança. — De onde ela aprendeu isso?

—Eu não sei. — Yoshiaki disse para não deixar Zafron no vácuo. Responder uma mentira era melhor do que não dizer nada.

Zafron sabia que havia alguma coisa errada nessa história. Mas sabendo que não haveria motivo em continuar insistindo. Ele podia ver em sua terceira bola de cristal, guardada longe dos olhos de Yoshiaki, os sentimentos que ele tinha por Lucy. Então apenas manteve-se quieto e mordeu a boca, pensando no que ia fazer.

—Desculpe, Lucy! — Lisanna disse logo após ter atacado-a novamente. A cada golpe ferido em Lucy, Lisanna pedia perdão. Ela se sentia horrível por fazer aquelas coisas, por ter caído numa armadilha que não era para ela e por estar atacando seus preciosos nakamas.

—Se você... — Lucy disse, desviando de mais um soco. Droga, ela era forte. — Ficasse quieta... — Algo impossível, sabendo o que estava acontecendo com o corpo dela.

Gajeel estava atônito. Ele ia ajudá-la, mas ele resolveu parar e ver Lucy se defendendo dos golpes rápidos da tigresa branca. Natsu tentou ir para ajudá-la, mas Gajeel o impediu.

—O que está fazendo? Não acha que deveria ajudá-la? — Natsu disse, contrariado. Embora soubesse que mesmo que fosse lá, tudo que ele faria seria se defender. Ele não teria coragem de bater em Lisanna.

—Deixa. Vamos ver do que ela é capaz. — Gajeel disse, praticamente cruzando os braços. Ambos sabiam que Lisanna não era tão forte assim e que se eles segurassem os braços dela, Lucy conseguiria chegar mais fácil e assim cancelar a magia imposta nela. Mas Gajeel preferia ver o quanto o treinamento rendera.

Lucy era capaz de se defender a cada golpe de Lisanna, a cada patada e a cada chute. Seu ataque poderia melhorar. Assim como Natsu, ela não queria machucá-la.

—Pode me atacar, Lucy. — Lisanna disse. Uma ironia já que os golpes rápidos dela não deixavam Lucy chegar muito perto. Mas Lucy não queria, ela não atacaria. — Eu sei que se você não fizer isso, eu não vou parar.

—Tem que ter outra maneira. — Lucy disse, tentando encontrar uma brecha. Havia várias, mas ela não queria usá-las.

—Lucy... — Lisanna disse, emocionada com a dedicação que Lucy demonstrava em seu olhar. Era mais uma concentração em observar onde que cada golpe viria e se defender a tempo. Então, Lisanna pensou e descobriu uma maneira de fazê-la atacá-la. — Lucy, eu tenho uma coisa para te contar.

—Agora não é hora!

—Mas é importante e você precisa ouvir. — Lisanna disse, engolindo o ar, preparando as palavras. Lisanna sabia que Natsu gostava dela, por isso se sentia um tanto culpada por ter que dizer aquilo. Mas naquela situação, se ela dissesse, talvez Lucy queria bater nela. — Eu e Natsu estamos namorando.

Gajeel encarou Natsu. O olhar mortal que Natsu dera em direção à Gajeel significou algo como "não quero falar sobre isso, não vou falar sobre isso".

Lucy continuou tentando atacá-la, visivelmente não se sentindo incomodada com isso.

—Lucy, você não me ouviu? Eu e Natsu estamos namorando! Você não tem nada a dizer? — Lisanna disse, um tanto incomodada. Não era ela quem estava profundamente apaixonada por Natsu? Não eram os dois o casal que a guilda sempre achava que ia acontecer?

—Não me importo.

—Como assim? — Lisanna mal conseguiu dizer. Sua tática inverteu-se. Ela deveria chocar Lucy e fazê-la querer bater nela, mas tudo o que conseguiu foi chocar a si mesma.

—Porque eu e Gajeel também estamos namorando.

Natsu encarou Gajeel e este soltou um sorrisinho de vitória.

Então, Lucy finalmente conseguiu encurralar Lisanna, levando-a contra a parede, imobilizando-a por um segundo, o suficiente para tocá-la sem ter de ferir um golpe e se concentrar na magia familiar ao redor do corpo dela. Concentrou-se e tentou. O conceito era o mesmo mas não tinha feito nada disso antes. Então, torceu os dedos.

A magia de Zafron dissipou-se, mas Lisanna caiu no chão, desmaiada, exausta, sua magia foi drenada também. Ao menos Lucy conseguiu se livrar das linhas que as controlavam como marionetes.

Natsu correu até Lisanna caída no chão e a abraçou, olhando diretamente para Lucy de uma forma nunca esperada. Um sentimento controverso, um olhar inesperado. Um "obrigado" e "o que você fez?". Lucy abaixou o olhar e então virou-se para Gajeel.

Se tem alguma coisa que Lucy aprendeu nessas oito semanas, tirando alguns truques de mágica e técnicas de defesa, foi isso.

A ausência pode fazer duas coisas para o amor: fortalecê-lo, ou fazê-lo acreditar que esse amor nunca existiu.

Então, Yoshiaki surge do nada. Aparentemente, as linhas de marionete dele não foram cortadas. Ele ainda trabalhava para Zafron, quer ele gostasse disso ou não. Zafron surgiu atrás de Gajeel e o prendeu com suas correntes mágicas, dessa vez mais fortes do que quando prendera Lucy. Essas correntes pareciam mais pesadas, grossas e negras. Envolvendo o torso de Gajeel e Natsu. Uma faca apareceu debaixo do pescoço deles. Uma voz ecoou por todo o prédio.

—Se você não quiser que esse homem morra, — Ele disse — Entre em minha guilda. Junte-se à mim, e este homem e sua querida Fairy Tail não sofrerá os riscos do seu "não""


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!