"Ela está inconsciente"

As palavras ecoavam na mente de Natsu e no quarto branco parecido com hospital, como se Wendy ainda estivesse ali, repetindo isso para Natsu quantas vezes forem necessário. E a cada vez que essas palavras voavam na sua frente, ele se sentia mais culpado ainda.

No momento em que Natsu viu seu semblante ferido, deitada naquela cama, ele se acalmou completamente. Toda sua raiva dissipara-se por um momento, neutralizados pela sensação de alívio ao ver Lucy viva.

Viva, mas sofrendo.

Seu rosto estava com alguns curativos, seu braço enfaixado. Por debaixo das cobertas que lhe cobriam até o pescoço, mais faixas e curativos. Mas Natsu não precisava saber disso. O que lhe preocupava mais eram as feridas que lhe marcaram seu rosto, seu rosto branco. Pálido.

Apenas seu braço direito estava para fora, como se mostrasse a marca da guilda para Natsu. Estava claro para ele, que ela estava dizendo "Como que você deixou sua nakama nesse estado?". Esse pensamento já estava na mente de Natsu antes de ver a mensagem e se fortaleceu quando viu a marca rosa na mão de Lucy.

Seu rosto branco... A mão de Natsu acariciou a bochecha de Lucy. Uma bochecha que antes era rosada, agora parecia ter perdido a cor. Ela tinha ficado mais branca ainda. Mas sua pele ainda era macia. Natsu esfregara o polegar no canto direito do olho dela, como se limpasse uma sujeirinha.

Natsu olhara mais uma vez para a marca da guilda em sua mão direita. Ele segurou sua mão e levou para si, cheirando-a, procurando aquele seu cheiro delicioso de baunilha. Mas a baunilha tinha sido ofuscada pelo cheiro irritante de ferro em sua mão. Fechando os olhos, Natsu suspirou agradecendo à Gajeel por ter salvo ela. Em meio ao cheiro de baunilha misturada com ferro, Natsu finalmente admitira que tinha se esquecido dela e se sentia extremamente culpado por isso.

Ele era o culpado por tudo aquilo.

Abrindo novamente seus olhos, Natsu olhara mais uma vez para Lucy. Para seus lábios rosados, para ser mais preciso. Ele queria saber se seus lábios também eram macios. Apertando sua mão direita, Natsu inclinou-se, levemente, sem pressa. Ele pôde sentir sua respiração fraca, seu calor irradiando de sua pele pálida. Seus olhos tremendo por debaixo das pálpebras. Seu lábio parecia cada vez mais perto.

Uma lágrima caíra na bochecha de Lucy.

A primeira lágrima que ele derramara, caíra sobre Lucy. A primeira, e a segunda, e a terceira... Ele não poderia fazer isso, como se nada tivesse acontecido. Mesmo que ele não se importasse o que Lisanna diria, mesmo que ela não o visse ali naquele momento, não era justo fazer isso com ela. Não agora. Não daquele jeito.

Então, Natsu percebera mais uma vez o estado de Lucy. Ela estava ali, deitada, vulnerável e quebrada, como uma boneca de porcelana. E era tudo culpa dele.

Tudo culpa dele.

E ele sabia disso.

–Desculpe... - Natsu soluçou, ainda à alguns centímetros de seus lábios rosados e carnudos, derramando mais algumas lágrimas, que pareciam não parar mais. Sua respiração ainda colidia com a dela.

"Desculpe..." As palavras ecoaram pelo quarto branco. Mas já era tarde demais para desculpas.