Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 37
Capítulo 37


Notas iniciais do capítulo

There you go.

O maior capítulo que eu já escrevi nessa história. E, bom, sinceramente, meu capítulo favorito. *-*.

Espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/370435/chapter/37

A ideia de possuir uma outra voz em sua cabeça, não era exatamente agradável. Não é como se ele pudesse ler seus pensamentos e saber que estava o incomodando, era como o mago tinha dito. Somente o que ele via e o que ele fazia.

E por causa disso, Yoshiaki agora se encontrava fazendo o caminho que ele esperava nunca ter de fazer, para a casa de Haruta, guiando-se pela corrente invisível entre os dois. Seu plano era de confrontá-lo enquanto o mago ditava as palavras em sua mente, e, se acontecesse como o que Yoshiaki previa, teria de matá-lo.

Nessa difícil decisão de ter de escolher entre uma vida, a dele e a de Haruta, dessa vez, Yoshiaki o mataria.

E ali... No meio do caminho à casa de Haruta, cinco minutos atrasado para salvar a vida de Yoshiaki, Haruta avisa ter encontrado a tal loira tatuada.

Yoshiaki suspirou aliviado, mesmo tendo ouvido duas vozes — a sua e a do mado — em sua cabeça dizendo algo que ele já sabia.

— Tarde demais.

— E porque deveríamos ir à sua casa? — Perguntou Gajeel, receoso, dando um passo à frente como um desafio, enquanto empurrava Lucy para trás com o braço. Ele ainda sentia como se precisasse defendê-la. E enquanto Lucy estivesse naquela situação, ela realmente precisava de proteção.

— Eu tenho informações sobre o cavaleiro de armadura dela. — Haruta disse, repetindo o que Gajeel já tinha ouvido. Mas não era isso o que Gajeel queria ouvir.

— E quem seria esse? — Gajeel perguntou. Haruta deu uma olhada em sua volta, seus olhos direcionados à um único e específico local. Algumas pessoas já estavam começando a ficar curiosas sobre a cena que Gajeel estava causando. Haruta não podia se dar ao luxo de chamar a atenção, se bem que seu visual gótico já fazia isso muito bem.

— Precisamos ir à minha casa, aqui não é seguro. — Ele disse, sabendo muito bem que a casa dele também não seria segura o suficiente.

— E novamente eu te pergunto, porque vamos à sua casa? — Gajeel repetiu.

— Aqui não é seguro. — Haruta disse entredentes. Quem o conhecia, sabia o quão difícil era para ele ficar irritado, para o sorriso que vivia em seu rosto desmanchar. Mas alguns minutos falando com Gajeel e seu lado obscuro veio à tona.

— Porque aqui não é seguro? — Gajeel perguntou, ainda querendo ouvir uma resposta melhor.

Foi então que Lucy percebeu que Haruta estava ficando nervoso demais apenas por falar com Gajeel. Então ela começou a olhar para os lados, para procurar o que será que ele tanto procurava. Então, uma sensação de temor a possuiu, um perigo iminente estava chegando. Ela entendeu porque ali não era seguro. Entendeu também porque ele não poderia falar sobre isso.

— Gajeel, eu acho que a gente deveria ir com ele.

— Eu só vou quando ele resolver... — Gajeel começou a falar, se preparando para um discurso irritado, quando virou-se para olhar para Lucy. Ela não tinha percebido, mas seus olhos estavam arregalados de medo, vidrados, na mesma direção que Haruta tanto espiava. Sua mão tremia e suava. Suas pernas ameaçavam falhar.

— Por favor, vamos logo. — Ele disse, amassando a mão de Gajeel.

— Para esse lado. — Haruta disse, indo na frente. Começou uma pequena garoa, uma chuva leve e fraca. O tempo escureceu, esfriou de repente. E Lisanna e Natsu apareceu de repente na frente deles.

— Lucy! — Exclamou Natsu.

— Vamos logo! — Haruta disse, apressado, puxando Lucy pela mão. Mas Natsu não gostou daquilo e puxou o pulso dele com tamanha força a ponto de jogá-lo no chão molhado. O chapéu pontudo caiu de sua cabeça, revelando seus olhos azuis. Ele tinha um rosto bem normal, uma pele tão branca que parecia doente. — Ora, seu...

— Lucy, o que está fazendo aqui? — Natsu perguntou, ignorando Haruta no chão. Começou a confrontá-la pelo que tinha ouvido mais cedo de Kiichi.

O cavaleiro de armadura, aquele quem Lucy achou que fosse seu herói, apareceu. Quase que instantaneamente, a garoa começou, como se ele estivesse trazendo a chuva consigo. Yoshiaki parou à alguns metros de Lucy, ela podia sentir o perigo ficar cada vez mais perto. Ele deu um passo para trás, receando sua missão.

“O que está fazendo? Capture-a! Traga-me Lucy Heartphilia!” A voz em sua cabeça disse. A respiração de Yoshiaki parou novamente, seu coração falhou. Ele pôde sentir o sangue interrompido implodir para fora. Ele tossiu sangue.

— Ela... — Ele tossiu novamente. — Os outros membros da Fairy Tail estão com ela.

“Capture-os também! Não faça isso comigo agora, Yoshiaki. Faça o que eu estou lhe mandando!”

Yoshiaki pôde sentir seu coração ser esmagado com mais força. Ele teria de fazê-lo.

Então ele chegou mais perto.

A chuva engrossou de repente. Gotas pesadas começaram a bater violentamente nos telhados, nos ombros de Lucy e no chapéu pontudo de Haruta. Seu corpo desmaiado devido ao soco perdido de Natsu estava jogado ao lado do chapéu, os braços estendidos numa cruz.

— Lucy! Me responda! — Natsu gritou, as gotas de água evaporando ao encostar em seu corpo. O ferro das mãos de Gajeel ameaçavam derreter por causa do calor. — O que você foi fazer naquela vila?

O medo e o desespero do perigo iminente trouxeram de volta as memórias da cabana de fogo à mente de Lucy. Ela pôde ouvir gritos no fundo, ela podia reconhecer sua própria voz gritando por socorro. Então ela se via de volta ao mundo real.

— Eu fui... — Ela disse, gaguejando um pouco, sentindo sua garganta se secar. — Numa missão. — Suas pernas falharam e ela caiu de joelhos no chão molhado e sujo. Ela podia sentir seus membros perderem a força pouco a pouco. Sua cabeça parecia explodir. Num momento de desespero, ela colocou as duas mãos contra seus ouvidos tentando controlar os gritos no fundo de sua cabeça. Lisanna correu para perto dela e ajoelhou-se para ver se ela estava bem.

— Não minta para mim! O Kiichi me disse o que você estava fazendo lá! Porque não me mandou notícias? Porque estava fugindo da Fairy Tail? — Natsu gritou, fazendo cada vez mais escândalo. Razão e senso comum haviam lhe escapado e, agora, tinham se tornado apenas um lembrete de um conceito que uma vez existiu. Natsu estava fora do seu normal. Ele estava irritado e nervoso ao extremo, a ponto de existir uma camada de ar quente o envolvendo, evaporando todas as gotas d'água que chegavam a 30 cm dele.

— Cala a boca, Natsu. — Gajeel percebeu o que estava acontecendo com Lucy. Não sabia o que se passava na mente dela, mas sabia que ela estava desesperada, que algo ruim ia acontecer. Ele não podia se dar ao luxo de deixar Natsu irritá-la naquele momento. Gajeel o empurrou contra a parede.

— E você? O que foi fazer com ela lá? Hã? Estavam fugindo juntos? — Natsu disse, provocando, não fazendo ideia do que estava realmente falando.

— Natsu, fica quieto! — Dessa vez quem pediu foi Lisanna. Lucy não estava mais ouvindo, ela nem estava mais lá. Sua mente parecia ter voltado à cabana de fogo e não estava conseguindo mais voltar. As memórias perdidas no fundo de sua memória vieram à tona à medida que o cavaleiro da escuridão chegava cada vez mais perto. — Não está vendo que ela está sofrendo?

Então, Natsu olhou para Lucy. Pôde vê-la ajoelhada no chão, olhos arregalados, mãos espremendo sua cabeça, cabelo molhado, respiração fraca. Aquela imagem o matou por dentro. Porque ele estava agindo daquele jeito, enquanto Lucy sofria? Se não fosse por Lisanna, ele não teria percebido. Ele teria continuado a gritar.

A tempestade trouxe consigo um trovão. Um relâmpago. Numa claridade repentina de um segundo, Natsu perdeu Lucy de vista. Por um segundo, Lisanna parou de respirar.

Então, ao mesmo tempo em que Lucy desapareceu, uma voz culpada soou distante ao dizer num tom melancólico:

— Desculpe.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem lê essas notas finais, um aviso:
Esse arco já está para acabar.