A PROMESSA DE FOGO

Quinta-feira amanheceu com uma promessa de esperança. Lucy acordara com o cheiro de um delicioso café da manhã e Natsu acordara Lisanna com um beijo na bochecha.

Parecia até que tudo estava ocorrendo tudo bem. Mas aquele dia prometia.

Do lado de cá, Lucy estava louca para ir à Fairy Tail e ver o rosto de preocupação e culpa de todos os seus membros. Ela também queria ver Wendy e perguntá-la se ela sabia de alguma coisa sobre as suas pernas.

Agora, imagina a cara de todos quando Lucy chegou na Fairy Tail no colo de Gajeel, pela segunda vez. Mas Levy pareceu não se importar com aquilo. Só pareceu não se importar, porque no fundo, bem no fundinho, ela estava com ciúmes.

–-Lu-chan! -- Levy gritou, levantando-se da cadeira enquanto corria até a amiga.

Porém, Erza, que estava conversando com o Mestre, se importou com aquilo. Ela parecia transtornada. Aquela cena, Lucy no colo de Gajeel -- pela segunda vez -- era uma controvérsia à tudo que ele tinha dito. Por isso, pediu licença ao Mestre e foi em direção à Lucy.

–-Levy-chan. -- Lucy disse, vendo a alegria e alívio estampado no rosto de Levy. Era como Gajeel tinha dito. Levy tinha se preocupado, ela tinha sido uma das poucas que percebera sua ausência. -- Me desce, Gajeel.

Gajeel olhou para Lucy, como se perguntasse "tem certeza?". As pernas dela ainda doíam, não é como se tivessem curado da noite pro dia. Ele queria colocá-la na cadeira, para evitar constrangimentos. Lucy ergueu o canto dos lábios levemente, como se dissesse para confiar nela.

Eles já estavam conversando sem nem precisar dizer nada.

Então, Gajeel colocou Lucy no chão, com todo o cuidado do mundo. E, como esperado, assim que seus pés tocaram o chão, veio a dor. Sua panturrilha tremeu e as coxas não aguentaram. Quando a gravidade a puxou, seu tendão esticou, seus calcanhares arderam como se ela não andasse em muito tempo.

A dor era muita para ser suportada de pé. Com uma careta – a dor era maior que a de ontem – agachou-se rapidamente, acabando por sentar no chão, diminuindo a dor.

–-Tudo bem, Lu-chan? -- Disse Levy agachando-se para ficar na altura dos olhos de Lucy. Quando Lucy levantou o olhar, deu um sorriso enquanto mentia:

–-Sim.

Foi então que Levy se espantou. O sorriso de Lucy tinha mudado. Não era o mesmo desde a última que vira. O que mudou? O que tinha acontecido? Seu sorriso parecia mais bonito, mais espontâneo. Contrastava com seus olhos traumatizados e amedrontados.

O que tinha acontecido naquela missão, para fazer aquela mistura de sentimentos inversos e opostos?

–-O que houve? -- Perguntou Lucy. Só então, Levy percebeu que ainda estava encarando e virou o olhar, gaguejando.

–-N.... Nada.

–-Parece que você está sofrendo um pouco. -- Disse uma voz conhecida vinda do fundo da guilda. Uma voz que todos conheciam, e que, postas num lugar como aquele – a guilda mais barulhenta do mundo – fazia todos se perguntar o que ela fazia ali. Eles realmente tinham se perguntado aquilo, quando Polyuska chegara lá.

–-Polyuska-san! -- Exclamou Lucy, ainda sentada no chão. Ela não tinha forças para levantá-la.

–-Um passarinho me contou que você tinha se machucado feio numa missão. Não esperava que fosse verdade. -- Ela disse, afastando-se do Mestre um pouco, andando em direção à Lucy.

–-Você está aqui por mim?

–-Não faça parecer que eu sou gentil! Não estou aqui por você! -- Ela disse, brava, rude. Mentindo. Ela realmente estava ali por Lucy, não adiantava fingir.

–-Desculpa! -- Disse Lucy, desculpando-se por medo.

–-Gajeel, levante Lucy e traga-a até a enfermaria. -- Ela disse virando as costas, enquanto ela mesma caminhava até a enfermaria. Gajeel pegou Lucy novamente no colo e a levou até a enfermaria, sentando-a numa cama. Gajeel e Lucy trocaram mais um longo olhar, que fez até mesmo Wendy se perguntar o que tinha acontecido entre eles.

–Por falar nisso... - Disse Lucy, após dar uma boa olhada na guilda. Wendy virou seus olhos para Lucy e ela disse - Eu ainda não vi o Natsu por aqui. Ele está?

–Não sei. Não vejo ele desde ontem.

–Humm... - Lucy murmurou, encarando o chão.

Então, Polyuska começou a procurar algo no corpo de Lucy. Levantou seu cabelo, olhando a nuca, atrás da orelha. Não tinha nada. Então, puxou a camisa de Lucy para cima para olhar suas costas.

–Ch... Chotto, Polyuska-san! - Reclamou Lucy, Polyuska não tinha sido nada gentil.

–Eu não disse que você poderia falar! - Ela disse, áspera e rude, ainda mexendo no corpo de Lucy. Ela verificou cada canto do corpo de Lucy, que corava violentamente. Gajeel observa espantado, enquanto que Wendy tapava os olhos. Até que Polyuska chegou às suas pernas, puxando-as para cima, quando Lucy deixou de corar para fazer uma careta de dor.

–-Como pensei...