Steve Harper

Estávamos todos dentro da pequena casa, estacionamos o carro ao lado para ficar mais fácil sair dali. Minha mãe e minha avó foram fazer alguma coisa para comer na cozinha, Charlie estava dormindo em um colchão de ar na sala. Eu estava na varanda olhando as coisas, não sabia onde Steve estava. Também não importava, contando que ele não fizesse nenhuma merda.

-Oi. – disse alguém atrás de mim. Mas não sei por que eu já reconhecia aquela voz e até gostava dela.

-Oi Steve. – eu disse encostando a cabeça nos joelhos.

-Você está bem? – perguntou ele sentando ao meu lado.

-To. Só um pouco cansada. – porque eu estou falando com ele mesmo? Por algum fato que eu não sei, me sentia bem ao lado dele.

-Tem certeza? Você parece meio triste.

-Ta tudo bem, eu já disse.

-Nossa, desculpa. Eu só estava preocupado com você.

-Desculpa, mas é que tenho muito que fazer. E eu só sou uma. Eu não quero decepcioná-los.

-Você não precisa fazer tudo sozinha Elizabeth. Eu posso ajudar você, mas para isso você precisa me aceitar.

- Eu sei, mas eu tenho problemas de confiança. Não é fácil confiar em alguém sabia? – eu perguntei levantando a cabeça para olhá-lo.

-Eu sei muito bem disso, mas a gente precisa se ajudar não acha? Afinal, está acontecendo um Apocalipse. – disse ele me encarando. – Então? Trégua? – ele estendeu a mão para mim. Olhei para a mão dele e pensei que era a melhor oferta que irei ter naquele Apocalipse.

-Trégua. Bem vindo á equipe senhor Harper. – eu disse apertando a mão dele.

-Obrigado. Na verdade eu tenho que lhe agradecer por outra coisa. – ele disse.

-Pelo o que?- perguntei

-Você salvou minha vida lá naquele mercado. Não quando entrei no carro. Quando você entrou naquele corredor. – disse ele abaixando a cabeça.

-Como assim? Não entendi. – eu realmente não tinha entendido o que ele quis dizer.

-Eu ia me suicidar naquela hora. Eu não tenho orgulho disso, mas é que eu não tinha mais nada. Eu iria morrer de qualquer jeito.

Então foi por isso que ele fez aquela cara de surpresa quando eu entrei lá? Meu Deus.

- Nossa... Eu. Eu não sei o que dizer.

-Você não precisa dizer nada.

-Sabe. Fico feliz por você não ter se matado. – ele olhou para mim e sorriu. Meu Deus! Eu juro. Juro, que essa saiu sem querer.

-Você é imprevisível sabia? – perguntou ele rindo.

-Fico feliz porque agora tenho alguém para me ajudar. – eu falei quase gaguejando.

- Sei. – disse ele rindo de mim.

-Você é um idiota sabia? Babaca. – eu disse me levantando para entrar na casa. Ele veio atrás de mim.

-O jantar está pronto. – minha avó disse vindo em nossa direção.

-Ainda bem, estou faminta. – eu disse pegando a mão dela e puxando-a para a cozinha. – O que a senhora preparou vó?

-Como tem gás ainda, nos fizemos macarrão com queijo.

-Isso parece bom. – fui até a mesa, tinha comida suficiente para todos. – Vou acordar o Charlie.

- Deixa que eu faço isso. – falou Steve.

-O que você estava conversando com Steve lá fora, Liz? – minha mãe perguntou com malicia.

-O que? Nada de mais. Se você acha que estou interessada nele, você está muito enganada. Não tenho tempo para isso. – falei já mal-humorada.

-Liz, você nuca teve tempo. Essa sempre foi sua resposta. Mesmo o mundo era normal. – ela disse

-Esquece isso ta bom?

-Ta. – ela se sentou também. Na mesma hora Steve chegou junto com Charlie.

Todos comemos calados. Uma vez ou outra eu pegar o Steve olhando para mim. Eu devia estar com o rosto sujo, só pode. Depois de terminarmos o jantar, coloquei os colchões no chão para minha mãe e minha avó. E fui para fora, na varanda. Onde o Steve estava sentado.

-Eai. – eu disse me sentando ao seu lado.

-Eai, Elizabeth.

-Pode me chamar de Liza ou Liz. Elizabeth é muito grande.

-Eu gosto de Elizabeth, mas vou chamá-la de Liz porque é mais fácil. – ele riu

-Você não vai dormir? – perguntei mudando de assunto.

-Não. Você deveria ir dormir. Parece muito cansada.

-Verdade. Então eu vou entrar e dormir um pouco. – eu me levantei. – Boa noite, Steve Harper.

-Boa noite Elizabeth. Bela Elizabeth. – ele disse baixinho.

Entrei e fui dormir. Com um sorriso no rosto. Mas o que estava acontecendo comigo?