Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 16
De poeira a poeira.


Notas iniciais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=yJbmXvBJhCs de novo essa música, dessa vez pro início do capítulo.

Espero que gostem, me desculpem pela demora.



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Estava nos braços dele novamente, como se nada tivesse mudado. A mesma explosão de sentimentos e de sensações, afogando-se em lembranças vívidas e em sonhos reais... Beijava-o como se nada tivesse passado e como se revivesse seus momentos mais felizes. A parte boa, a parte muito boa. Entre o ser e o não ser haviam beijos de sal que espantavam as más memórias. Beijá-lo era como voltar à vida. Estava se afogando e não sabia. E voltava à superfície, voltava a respirar à medida em que se afogava nos beijos de Adriano. Esteve só por muito tempo. A pele de Dinho contra a sua, seus braços envolto em seu corpo, beijos apaixonados marcando o ritmo do reencontro de duas almas perdidas há um ano. Cada músculo, cada pelo, cada olhar, cada sorriso. Sentira falta de todo seu ser. Da poeira que havia sobrado de cada um, voltaram a formar um corpo, dois, mil. Amavam-se e não cabiam em si. A explosão emocional os partia em mil para ser suportável e voltavam a ser apenas dois corpos para que pudessem sentir tudo e mais ainda. Haviam estado separados por uma eternidade e sequer um segundo.

–x-

– Opa! Foi mal, casal, eu vou... Eu já to saindo... – Orelha anunciou sem jeito ao se deparar com a dupla em sua cama.

Dinho rapidamente puxou as cobertas para esconder o corpo da roqueira do nerd. Ainda abraçada ao corpo do ex, Lia enterrou o rosto contra o ombro do garoto, querendo sumir. Orelha desistiu de deixar o quarto e sorriu.

– Orelha, por favor, não conta pra ninguém! – Lia reagiu temerosa. – Dá pra fechar a porta, por favor?

– Relaxa, marrentinha, acho que todo mundo já entendeu o sumiço de vocês. Eu só... Eu só queria dizer que vocês fazem um belo casal, e que eu me sinto honrado de ter proporcionado aos pombinhos o ninho para a reconciliação.

– Se eu te conheço bem, você tá feliz que finalmente conseguiu a marrentinha nua na sua cama. – Dinho zombou.

– Dinho! – Lia repreendeu enojada.

– Antes com você do que nada. – O nerd sorriu. – Viu o que você perdeu, marrentinha? Se tivesse ficado com o Orelha aqui, podia dormir nessa cama enorme, confortável...

– Chega, Orelha!

– Você é muito ciumento! – O nerd riu. – Mesmo sabendo que eu nunca teria chance, mesmo tendo começado a piada, você ainda tem ciúme da Lia comigo? Certas coisas nunca mudam... Que bom. – Comentou sincero.

– É... Orelha... A gente agradece o apoio, mas será que dá pra nos deixar sozinhos, por favor? Tá meio constrangedor, sabe? – Lia ironizou.

Dinho riu e beijou a cabeça da roqueira. Orelha tinha razão. Certas coisas não mudavam, nem deveriam. Tinha Lia em seus braços novamente, sorria como antes. Não precisava que mudasse. Ouviram a porta ser fechada.

– Pronto, agora o Quadrante inteiro vai saber.

– Relaxa, Lia, ele não vai contar.

– É o Orelha!

– E o meu melhor amigo. – Dinho respondeu sério.

– Ele adora falar da gente.

– É, mas ele sabe o quanto isso é importante pra mim e não vai querer atrapalhar. – Respondeu entre beijos.

– Sexo? – Lia arriscou. Não queria se entregar tão fácil.

– Você, nós, uma reconciliação. Não adianta querer ser ignorada, marrentinha, você sabe que eu te amo.

– Sei? – Perguntou cética.

– Agora não. Vamos aproveitar só por hoje? Depois você me acusa do que quiser. – Dinho respondeu tentando beijá-la.

– Só porque... eu não... consigo... Esquece! – Falou entre beijos. Estavam próximos demais para resistir.

–x-

Havia sido um choque para todos a cena protagonizada por Lia e Dinho. Nunca tinham visto a roqueira dançar daquela maneira, muito menos para seduzir logo o ex que jurava odiar. Ju não acreditava no que via, desejando poder voltar no tempo. Arrependia-se de cada palavra que havia dito. Lia era mais orgulhosa do que se lembrava. Riu ao se lembrar da amiga negando que ficaria com Dinho tão pouco tempo antes de vê-la beijando passionalmente o ex na frente de todos. Vitor havia deixado a festa assim que vira a cena. Pelo que vira quando ainda estavam na sala, Juliana suspeitava do que estaria acontecendo onde quer que a dupla estivesse. Sua ausência era justificada e merecida. Precisavam assumir o que sentiam de uma vez, entregar-se ao sentimento que tanto os atormentava. Voltou ao que estava fazendo, embora com dificuldade. Ria sozinha, sendo repreendida pelos olhares austeros de Gil.

– Cadê esses dois, hein? – Ju perguntou preocupada.

– Você quer mesmo saber? – Orelha ironizou.

– Você não presta.

– Nem eles. Tudo bem, tudo bem. Igual, eu prometi que não falaria nada. Sou um túmulo!

– E desde quando você é tão discreto?

– Desde que eu vi o meu melhor amigo sofrer tanto por isso. – O nerd respondeu sério.

– Bom saber. Alguém tá evoluindo. – Ju sorriu para o garoto.

– Se eu fosse vocês, ia na frente. Eles podem não sair de lá tão cedo.

– Eles daqui a pouco aparecem, Ju. Você quer que eu chame? – Gil ofereceu.

– Aí, grafiteiro, você é muito sem noção, mesmo! Deixa eles! Tá com ciuminho da ex? – O nerd provocou.

– Eu só não quero a minha melhor amiga aparecendo no TV Orelha amanhã em uma situação comprometedora como essa. – Respondeu irritado.

– Você acha mesmo que eu faria isso com o meu amigo?

– Não mente, Orelha, você tá adorando isso! – Gil atacou.

– Estou, sim, por que?

– Você não vale nada!

– Qual foi, orfãozinho? Quer me julgar na minha casa? A saída é por ali.

Silêncio. Por um momento, talvez por uma eternidade, Orelha se sentiu um monstro. Traído pelas próprias lágrimas, buscou palavras que apagassem o que havia dito. Estava tudo bem, voltando ao normal, até que sua maldita acidez estragou tudo. Todos os presentes pareciam encará-lo, ilusão de seu próprio autojulgamento. Era desprezível. Mal sabia como lidar com a dor da perda de Marcela sendo apenas um admirador e aluno, não conseguia sequer imaginar a dor de Gil.

– Vai, antes que eu fale mais merda. – Orelha sugeriu com a voz fraca, apontando para o quarto.

Caiu onde estava, jogando-se contra a parede e levando a mão ao rosto. Chorava como Ju jamais havia visto de Orelha. Aproximou-se. Álvaro Gabriel recuou, tentando fugir do contato da it-girl.

– Ei.

Não respondeu.

– Orelha! – Dinho gritou do outro lado da sala. Havia escutado a briga do quarto e se vestira rapidamente para apartar. Lia vinha ao seu lado. A roqueira correu para onde Gil se isolava, enquanto Adriano rapidamente alcançou o nerd.

– Eu sou um lixo, cara, um lixo. – Orelha murmurou contra os braços do melhor amigo. – Eu usei o a memória da Marcela, que espécie de pessoa eu sou?

– A gente vai dar um jeito nisso, ok? Foi só o seu jeito de jogar a raiva.

Confuso, Orelha encarou o amigo.

– Eu te conheço desde moleque, lembra? – Piscou para o nerd. – Essa festa já deu. Você vem comigo levar a Lia?

– Com que cara? Dinho, eu chamei o Gil de...

– Eu sei, eu ouvi. – Adriano interrompeu preocupado.

– Vai, leva ela, eu me viro.

– E deixar meu melhor amigo sozinho numa hora dessas?

– A Lia precisa mais de você do que eu. Amanhã a gente se fala. Quer dizer, hoje.

– Orelha, eu...

– Vai, antes que ela volte a ficar tensa. – Sorriu sem graça.

Dinho observou o amigo por um momento. Não o reconhecia.

– Você cresceu.

– Você também.

Abraçou o nerd uma última vez. Orelha tinha razão, levar Lia para casa era uma tarefa delicada. Escondidos pelo numeroso grupo que deixava o prédio, alcançaram o carro de Bruno.


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Notas finais do capítulo

Comentários aqui embaixo, nem que seja pra xingar a demora auhshaushauhs