Contos Inacabados escrita por Ghefrentte


Capítulo 2
Capítulo 2 - O Necromante ressurge.


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, acompanharemos a história d'O Necromante, que teve uma breve aparição em Mochileiros em Misericórdia.



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Conto: “O Necromante ressurge”

Protagonista: O Necromante.

Ocorrido em: Misericórdia, poucos anos antes dos eventos de Mochileiros em Misericórdia.

As pessoas sempre me perguntam se conheço o Necromante.

Sim, conheço. Mas bem que gostaria de não conhecer.

Eu era um pinguim normal, é verdade. Ganhava minha vida honestamente no Club Penguin como entregador de pizza. O dinheiro era pouco, é verdade, mas dava pra sustentar minha esposa e meu filho. Minha vida estava correndo bem até... até o desastre acontecer.

Explico: O sol se expandiu. Milhares de pinguins morreram vaporizados ou queimados no processo, incluindo minha mulher e filho. Tive o azar de sobreviver. Então, tive que levar a vida no antigo Club Penguin, agora chamado de “Misericórdia”.

Foi ai que comecei a frequentar constantes grupos de terapia. Oh, sim. Ninjas Anônimos, Agentes da EPF Anônimos, Dançarinos de Salão Anônimos, Chatos Anônimos... eu nem me enquadrava na maioria dos grupos pra onde eu ia, mas eu precisava pular de grupo em grupo, pois eu não tinha onde morar. Eu tinha pouco dinheiro, e precisava economizar. A pizzaria aonde eu trabalhava havia explodido na expansão do sol, e tinham poucas opções de emprego pra mim agora. Acabou que fui tentar ganhar a sorte minerando ouro na mina. O problema é que aquela mina já estava toda esgotada e eu não achava nada. Mas tinha que tentar.

Os dias minerando e morando na mina foram terríveis. Era deserta, pois ninguém ia numa mina esgotada, e escura. Eu tinha que dormir na terra e me alimentar da umidade da mesma, chupar água de buracos no encanamento (que ficava no teto) e caçar por pequenos vermes, fungos e vagens na terra que eu minerava.

Foi ai que conheci o Necromante.

Um dia, após meses minerando na mina e só encontrando o suficiente pra comprar uma garrafa de bebida barata, surgiu uma figura na mina. Um pinguim comum, de cor escura, com um manto mais escuro ainda, que, com um capuz, cobria seus olhos. Não lembro de ter visto-o entrar.

- Olá. – Disse o Pinguim. – O que está fazendo?

Acho que ele não havia reparado que eu estava batendo fortemente uma picape no chão.

- Descascando batatas. – Falei, irônico. – Minerando. Quem é você?

- Sou o Necromante. – Apresentou-se o pinguim. – Por que está minerando afinal?

- Preciso de dinheiro pra tocar minha vida. Casa, comida... essas coisas. – Expliquei.

- Pode morar comigo, se quiser. – Disse o Necromante. – A moradia não é das melhores, mas serve.

Como eu não tinha nada melhor, aceitei o convite. Achei estranho o fato do Necromante sequer ter perguntado meu nome.

Eu acompanhava-o em direção a sua moradia, mas, estranhamente, ele me levou para uma área desabitada, longe da cidade, para um velho casarão abandonado e cheio de buracos no assoalho das paredes e do telhado.

- É aqui. – Apresentou o Necromante.

- Puxa... não sei o que dizer... – Murmurei, direcionando minha nadadeira à maçaneta da porta. Porta essa que despencou no chão e se quebrou em dois pedaços ao meu toque.

- Tem um quarto com beliche ao fim do corredor. Podemos dormir lá. – Sugeriu o Necromante.

Fiz “sim” com a cabeça.

- Então... por que te chamam de O Necromante? – Perguntei, curioso.

- Pois sou o Mestre da Magia Proibida. – Disse o Necromante, soturno. – Se quiser, posso te ensinar...

- Acho que não... – Falei, sem graça.

- Já mencionei que posso trazer familiares de volta dos mortos? – Murmurou o Necromante.

Gelei.

- Ensine-me. – Conclui.

Com o tempo, o Necromante foi me mostrando os diversos manuscritos e livros empoeirados sobre a magia proibida que estavam naquela casa. Aliás, os livros pareciam tão velhos quanto a casa – Empoeirados, rasgados, com páginas faltando, e alguns estavam escritos em idiomas tão antigos que, sabe-se lá como, só o Necromante conseguia traduzir.

Depois de um tempo, ele até me deu um  manto com capuz preto igual ao dele. Vestindo o manto, ficava-mos praticamente gêmeos.

Em minha última lição, o Necromante me ensinou o feitiço de trazer entes queridos de volta à vida. Eu mal esperava pra ver minha mulher e meu filho de novo.

Pronunciei as palavras escritas num manuscrito muito velho e de repente os fantasmas de minha família apareceram.

- Querida! Filhão! Que bom ver vocês! – Falei, trunfante.

Porém eles estavam com uma expressão facial triste.

- Oh, meu bem... como você pode não perceber? – Perguntou o fantasma de minha esposa.

- Como assim? – Perguntei, confuso.

- Você não percebeu que, a cada lição de magia que você aprende, O Necromante começa a ficar mais claro, como se estivesse desaparecendo? – Perguntou meu filho.

Olhei para o Necromante, e realmente, ele estava quase desaparecendo do meu lado, tão nítido quanto os espíritos de minha família. Como eu podia não ter percebido aquilo antes? Estava na cara!

- Cara, por que você está sumindo?! – Perguntei ao Necromante.

- Como você é burro... – Murmurou ele, com um sorriso sádico.

Tentei der um tapa na cara dele, porém a nadadeira atravessou sua presença e o tapa doeu NO MEU rosto!

- Ai! – Gritei. – Mas que...

- Como você não percebeu? Eu não existo, criatura burra! – Gargalhou o Necromante. – Sou fruto da sua imaginação.

- Mas... essa casa, os livros... como? – Perguntei.

- Sou um antepassado seu, e eu realmente existi. Mas eu precisava de um hospedeiro para voltar para o mundo dos vivos, e por isso, escolhi você. Consegui materializar minha presença o suficiente para durar os 3 primeiros dias, mas depois, tive que começar a te ensinar a magia proibida para você ir absorvendo meu espírito. E agora, como te ensinei a última lição... você me absorveu inteiramente. – Disse o Necromante, soturno.

De repente, ele desapareceu em fade totalmente e meu coração começou a pesar como chumbo.

Visões do passado do Necromante dançavam na minha mente, e, de repente, meu cérebro estava lutando numa dualidade entre quem estava no comando: Eu ou o Necromante.

- Mas... mas... – Murmurei.

De repente, parece que o Necromante se fundiu a minha mente. Eu estava lá, porém mais maligno, mais... perverso.

- Perdão, família. – Disse eu. – Mas agora... eu sou o Necromante.

Os fantasmas de meus familiares sumiram.

- Então, é isso! Estou de volta. – Eu, ou melhor, o Necromante, ou seja, eu... falei. – Finalmente de volta à vida. Mas agora, meus poderes precisam de um tempo para carregar meus poderes, isso deve levar uma horinha ou duas. Até lá, o que farei?

O espirito de minha mulher surgiu em fade.

- Por que não dá uma volta na cidade e vê o que tem de bom? – Sugeriu ela, e depois despareceu.

- Boa ideia... – Murmurei e sai da casa, indo em direção à cidade.

Tinham várias coisas, mas poucas me interessavam. Um saloon, uma igreja e... um circo.

- Oh, um circo. Faz séculos que não tenho uma diversão! – Exclamei. – Vai ser bom pra entreter enquanto espero carregar os poderes por uma horinha ou duas.

Foi ai que entrei no circo. O Necromante estava de volta. Ah, é.

Próximo Conto: Jelly Babies. (A história de Dente Doce e o que aconteceu no circo)


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Notas finais do capítulo

Referências usadas no texto:
— A relação do personagem sem nome e o Necromante foi baseada no Narrador e Tyler Durden, no livro / filme Clube da Luta. De onde, aliás, foi baseada a primeira frase do conto.



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