Quando a manhã chegou, Olivia parecia que estava morta porém viva. Não falou uma palavra. Não comia nem bebia nada. Era como se ela estivesse prestes a morrer.

E esse comportamento preocupava a Don e Nick, que permaneceram no hospital. Com Lewis a solta, não arriscariam deixá-la sozinha. Já tinham tentando de tudo para fazê-la comer ou ao menos beber algo, mas não conseguiram.

"Para quem você está ligando?" Nick perguntou.

"Nosso antigo psicólogo, George Huang" respondeu o capitão.

"Você acha que ele a ajudará?"

"Honestamente, sim. Ele a conhece, e bem, conhecendo Olivia, sei que tem mais chances dela falar com alguém conhecido a um terapeuta qualquer"

Algumas horas depois, Huang chega às pressas no hospital. "Capitão, ela está bem?"

"Não, ela não está" confessou e disse-lhe um breve resumo de tudo que acontecera nos últimos dias. George dirigiu-se para seu quarto, mas não antes de ouvir o capitão dizer: "Brace yourself"

Entrou no seu quarto. Viu-a totalmente abatida. Um de seus braços ainda estava em uma tipoia, e sua pele era de um tom pálido. O hematoma em seu rosto passara de uma cor roxa para um tom amarelado, sem mencionar nos diversos cortes, concussões e queimaduras em seus braços, sendo esta a única parte de seu corpo que estava totalmente exposta. E, havia marcas de mãos em seu pescoço quando Lewis privou-a de ar.

Olivia olhava para cima, mas George duvidava que ela estivesse realmente lá. Já trabalhara com vítimas de estupro demais para saber que sua mente estava provavelmente na noite de seu ataque.

Clamou seu nome, mas como não obteve nenhuma resposta, caminhou até seu lado e de leve apertou seu ombro. Mas sua reação foi o que o surpreendeu. Em questão de segundos, ela literalmente pulou e gritou: "Não me toque!"

Quando Olivia viu quem realmente era, começou a desculpar-se "Eu... eu sinto muito George... Eu-eu... eu pensei... eu pensei que era..."

"Está tudo bem, Olivia. O que você passou foi extremamente traumatizante e eu não esperaria que você reagisse de uma outra maneira"

Ela olhou para baixo "O que você quer?"

"Eu quero te ajudar. Quero que você fale comigo para que eu possa te ajudar"

"Eu não quero falar" sussurrou.

"Por que não?" continuou a insistir.

"Porque... porque não" cruzou os braços.

"Você sabe que não pode ficar um silêncio para sempre"

Deu ombros. "E também sei que não preciso falar necessariamente agora"

George suspirou. Não seria fácil convencer Olivia a falar, mas não poderia desistir assim simplesmente, para seu próprio bem. "Ok. O que você estava pensando antes de eu chegar aqui?"

Olivia olhou para o lado "N-nada.."

Ele levantou uma sobrancelha "Really?" indagou. "Então por que você se assustou tão facilmente?"

"Eu... eu não sei" choramingou.

"Você não sabe? Pois acho que isso não é verdade, Olivia. Você estava tendo um flashback, porém não quer admitir"

Os olhos de Olivia se encheram d'água. Não estava pronta para dizer ao mundo o que lhe aconteceu.

Lewis a forçou para dentro de seu quarto. Olivia lutava, e muito, mas ele era mais forte. E, tinha uma arma, deixando-a em desvantagem.

Jogou-se na cama e deitou seu corpo pesado sobre ela, praticamente impossiblitando-a de se mexer. Mas isso não a impediu de lutar. Contorsi-a se o máximo que podia debaixo dele, não como se conseguisse vencê-lo.

"Eu sugiro que você pare de lutar antes que eu coloque uma bala em seu crânio!" gritou em seu ouvido.

Mas ela só parou quando Lewis pegou dois pares de algemas e prendeu cada uma de suas mãos em uma das extremidades da cama. Arrancou-o o resto de suas roupas, deixando-a totalemente nua.

Olivia previu o que estava prestes a acontecer, principalmente quando o viu tirando suas próprias calças.

"Por favor, não faça isso" clamou em pânico, forçando suas pernas fechadas, enquanto Lewis montava em cima dela.

William riu, e forçou suas pernas abertas. "I'll break you" disse "Talvez não hoje a noite, nem amanhã de manhã. Mas eu lhe garanto que até amanhã a noite... I will break you"

Olivia começou a suar muito. Suas mãos estavam trêmulas e seus olhos arregalados e vermelhos. Sua respiração era pesada e acelerada. Olivia estava literalmente... quebrada.

"Olivia... Olivia, você pode me ouvir?" Huang a chamva.

Sem que ela percebesse, lágrimas em peso escorriam por suas bochechas. Olhou para o homem em seu lado, e com uma voz trêmula, falou: "eu... eu não q-quero fa-lar"

"Por que não?" continuou a insistir. Podia ver que ela estava prestes a quebrar e começar a falar. "Não acha que seria bom tirar tudo isso de seu peito?"

"Eu n-não que-ro f-falar" repetiu.

"Olivia, olhe para mim" pediu, e depois de um tempo, ela finalmente criou coragem para fazer contato visual com ele "O que você sempre diz às vítimas de ataques sexuais? Para elas falarem, tirarem o peso de seus ombros. Mas acima de tudo, para elas procurarem ajuda. E você não acha que deveria levar esse conselho para si mesma?"

Voltou a olhar para baixo. Sabia que George estava certo, mas ela não queria falar. Porque enquanto ela mantesse sua história para si mesma, enquanto o mundo não soubesse o que lhe aconteceu, ela podia fingir que não era verdade, que nada daquilo lhe tinha acontecido.

"Vamos Olivia... tire esse fardo de seu peito"

Olivia tomou algumas respirações profundas antes de começar: "Ele disse que... que iria me quebrar, me despedaçar até o final da noite. E acabou que... que ele realmente me quebrou" chorou.

George sentou ao seu lado, pegando sua mão de leve "Você não está quebrada, Liv" garantiu "Pode levar tempo, mas você vai se recuperar"

Limpou as lágrimas de suas faces com o braço "Ao menos alguém pensa assim"

"Não seja pessimista. Nós sabemos que você passará por isso. Porque você é mais forte do que pensa"

Olivia assentiu "Eu vou ficar bem" ela disse para si mesma.

George sorriu "Sim, você vai”garantiu "Agora, quer continuar a falar?"

Ela negou. "Não. Estou cansada"

"Tudo bem" disse "Nós continuaremos depois. Descanse um pouco agora" disse e então saiu de seu quarto.