Edgar precisa encontrar uma maneira de se reaproximar de Laura. Ele se preocupa com a esposa porque sabe que ela não jantou. Edgar pede para Matilde preparar uma bandeja com o jantar de Laura e ele mesmo leva ao quarto da moça. Na bandeja tem um ramo de flores brancas com um perfume inigualável: Alecrim! Ele se aproxima da porta e chama pela mulher.

Edgar: Laura....

Ele espera uma resposta, mas Laura não se manifesta! Ele fala da porta do quarto!

Edgar: Eu trouxe o seu jantar! A Matilde fez aquele ensopado que você gosta!

Ele tenta de todas as formas puxar assunto com Laura, mas ela não o responde. Ele insiste.

Edgar: O Guerra estava aí!

Edgar sorri! Ele continua.

Edgar: Praticamente tive que tirar a travessa da frente dele, mas consegui guardar um pouco para você!

Edgar fica desanimado. Nem sinal de Laura. Neste momento, ela abre a porta do quarto.

Edgar tenta puxar assunto. Laura está com uma cara muito zangada! Edgar amolece e fala gentil.

Edgar: Achei que você nunca mais fosse falar comigo...

Laura abre a porta. Ela pega a bandeja com raiva. Edgar tenta puxar assunto.

Edgar: Achei que você ainda estava...

Laura não espera Edgar terminar a frase e bate a porta na cara dele. Edgar termina a frase.

Edgar: .......zangada...

Laura bastante irritada coloca a bandeja na mesinha do quarto. Ela senta-se na ponta da cama e pega a foto de Catarina. Laura lê mais uma vez a dedicatória que a cantora escreveu para Edgar. Num momento de raiva, Laura joga a foto para cima. Ela recosta no travesseiro, coloca a mão na testa e tira o cabelo do rosto.

Amanhece. Laura está descendo as escadas de sua casa e encontra Edgar sentado no sofá azul lendo o mesmo livro que folheava no dia anterior. Ela fala com hostilidade com o marido.

Laura: Você devia estar na fábrica!

Eles se encaram. Edgar fecha o livro e o coloca ao seu lado. Ele cruza as mãos. Edgar é direto.

Edgar: Eu não saio daqui enquanto eu não falar com você. Ou melhor, enquanto você não falar comigo!

Os dois se olham e Edgar se levanta do sofá e recomeça a falar.

Edgar: Eu não vou sair daqui enquanto a gente não conversar.

Laura dá as costas para o marido e diz num tom ríspido.

Laura: Então você não vai ver a rua hoje!

Edgar chama o seu nome. Laura já ia subir as escadas e Edgar continua falando.

Edgar: Ontem eu achei que você não ia abrir a porta do seu quarto, mas você abriu!

Laura está virada em direção à escada. Ela para e vira o rosto na direção de Edgar. Ele continua.

Edgar: E não venha me dizer que foi por causa do ensopado da Matilde  porque eu não acredito.

Enquanto Edgar fala isso, sorri e aponta para si próprio. Laura resolve responder.

Laura: Eu queria te ver, Edgar.

Edgar suspira.

Laura: Por isso abri a porta.

Edgar fica aliviado e diz.

Edgar: Então, Laura! Eu não estou entendendo!

Laura: Eu queria te ver, mas quando eu te olho....eu...eu....não consi...eu não tô consegui..

Laura coloca as mãos no rosto e fica alterada como se quisesse esconder o rosto e evitar ver Edgar.

Laura: Eu não tô conseguindo, não consegui ontem e não tô conseguindo agora.

Edgar: Você não pode ficar o dia inteiro trancada no seu quarto!

Laura é irônica enquanto responde.

Laura: Ah, não tem problema! Eu já estou acostumada. Era como eu ficava na casa da minha mãe.

Ela fala e sobe as escadas ao mesmo tempo. Edgar responde irritado!

Edgar: Mas essa não é a casa da sua mãe! Laura, essa aqui é a sua casa! É diferente!

Quando Edgar fala, Laura fica irritada, vira-se para o marido e começa a descer as escadas falando.

Laura : É diferente como? É diferente como se já começamos com mentiras?

Laura se aproxima de Edgar.

Laura: Sabe o que eu imaginava Edgar? Que morando com você eu ia ter um amigo.

Edgar fica comovido com o que Laura fala e sorri. Laura continua. Ela desabafa. Edgar fica em silêncio e ouve com atenção o que Laura tem a dizer.

Laura: Alguém que entendesse o meu jeito. Jeito que a minha mãe diariamente, desde que eu sou pequena, diz que é errado! E pior! Que vai me fazer infeliz! Pior ainda! Que eu sou minha própria desgraça! Eu não me importo, eu faço de tudo para não me importar, mas sabe o que é crescer ouvindo isso? O que é se sentir lutando o tempo todo dentro da própria casa?

Edgar a interrompe, diz seu nome, mas ela continua falando.

Laura: Sabe o que é se sentir ameaçada dentro da própria casa? O que é não ter paz? Eu achava que com você, eu ia ter paz!

Laura respira fundo, seu queixo treme um pouco e ela faz uma expressão de alguém que se decepcionou! Ela levanta as mãos!

Laura: Mas eu me enganei! E é por isso que eu não consigo te olhar, Edgar! Muito menos conversar com você.

A voz de Laura está visivelmente embargada. Ela vira de costas para Edgar e começa a tomar a direção da escada. Neste momento é interrompida por Edgar.

Edgar: Laura! Espera!.... Espera!

Ela dá um forte suspiro. Está parada de costas, mas não olha para Edgar, enquanto escuta o que ele tem pra dizer.

Edgar: Eu sinto muito por tudo isso!

Começa a tocar a música Sei...

Edgar: Mas me escuta, por favor! Eu entendo o seu jeito sim! Mais do que isso! Eu adoro o seu jeito! Você não estava enganada! Comigo você vai ter paz! Vai ter sim!

Agora é a vez de Edgar desabafar. Falar o que está preso no coração! Ele suspira e recomeça.

Edgar: Eu sei que...que a Catarina foi um erro. Mas também....pelas circunstâncias...

Laura se irrita e vira em direção a Edgar.

Laura: Você fala como se isso justificasse tudo! Edgar, as circunstâncias não eram claras como agora! Nós éramos noivos! Tínhamos um compromisso!

Laura enfatiza bastante as duas últimas frases! Edgar retruca

Edgar: Eu sei, Laura! Mas acontece que você...

Laura corta o assunto!

Laura: Edgar, eu vou para o meu quarto. Por favor, não insista!

Laura se dirige novamente em direção à escada!

É a vez de Edgar falar irritado! Laura começa a subir as escadas!

Edgar: Tudo bem! Mas eu vou ficar aqui! Não saio daqui enquanto a gente não conversar! E se entender!