Lado A Lado - O Amor E O Tempo escrita por Márcia Pelosi


Capítulo 26
Capítulo 26 - Reflexões


Notas iniciais do capítulo

Oi, meninas! Finalmente consegui postar! Espero que gostem deste capítulo. Edgar está sendo bem cuidado por Maria. Ela vai ajuda-lo a resolver uma questão que há tempos está com ele. O que será? Acompanhe também o primeiro dia de aula de Laura. Tomara que vocês curtam e comentem bastante!

Beijos.



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Capítulo 26

A primeira aula de Laura começa. Ela está entusiasmada em fazer um bom trabalho com as crianças. Para iniciar e quebrar o gelo, ela se apresenta e pede que cada criança fale um pouco sobre sua vida. Elas ainda estão um pouco ariscas, mas depois de um tempo, começam a se abrir. Uma menina chama a atenção da professora. O nome dela é Júlia e ela é muito mirradinha para a idade que tem. Ela é uma criança muito séria. Laura não conseguiu arrancar nenhum sorriso de seu rosto! Outra criança, mais levada, foi a aluna que Laura escolheu para ser a sua “ajudante” do dia, na tentativa de fazê-la participar mais da aula e não ficar tão dispersa. Ritinha era uma menininha linda! De cachinhos aloirados, rechonchudinha. Seus olhos eram de uma cor linda: cor de mel. Mas Ritinha não era fácil! Bastante comunicativa, na hora do recreio deixou Laura em uma grande saia justa. Elas estavam lanchando. Ritinha chegou perto dela e a elogiou.

Ritinha: Sua bota é linda Senhorita Laura!

A professora sorriu e olhou em direção aos seus pés.

Laura: Muito obrigada, Ritinha.

Laura deu um gole no café que estava tomando e Ritinha, por sua vez, deu uma dentada no biscoito que trouxe de merenda! A menina não parava de olhar para a sua nova professora. Depois de alguns segundos assim, a menina mais uma vez puxou assunto.

Ritinha: A senhorita é tão linda! Parece com a princesa da história! A senhorita também tem um príncipe?

Laura foi pega de surpresa! Ela sabia que as crianças eram muito espontâneas, e poderia esperar vários tipos de perguntas. Mas aquela foi muito engraçada. Laura se lembrou de Edgar e pensou: Tenho sim! Um lindo príncipe ao meu lado! Mas a professora tentou tirar o foco da pergunta da menina. Naquela época, as professoras eram praticamente castas. Pouquíssimas eram casadas, aliás, na maioria das vezes, as professoras eram solteiras e acabavam se “casando” com o magistério. Laura pensou em seu casamento, seu divórcio, sua reaproximação com Edgar e chegou à conclusão de que seria impossível para ela não ter Edgar em sua vida. Ela sorriu quando responder. Ou melhor, quando argumentou.

Laura: Que bom Ritinha! Quer dizer que você gosta que leiam para você? De qual princesa você está falando?

Ritinha: Da Gata Borralheira!

A professora deu uma risada.

Laura: Mas... a Gata Borralheira é loira, Ritinha! Eu sou morena!

Ritinha: Mas a minha Gata Borralheira é morena! Ela tem os seus cabelos!

Diante deste argumento, só restou a Laura sorrir. Era hora de voltar para a sala de aula e as crianças foram entrando às pressas. Júlia ficou para trás. Laura observou que ela ficava sempre muito isolada! As outras crianças nem chegavam perto dela. A professora se dirigiu à menina, falando carinhosamente.

Laura: Vamos voltar para a sala, Júlia?

A menina abaixou a cabeça e respondeu tão baixinho que quase Laura não escutou.

Júlia: Sim!

Laura veio atrás de Júlia e fez um carinho em seus cabelos. Os cabelos da menina eram lisos, castanhos. Seus olhos eram negros. Sua feição era delicada. Todas as crianças já estavam em sala. Pelo fato de terem voltado do recreio, ainda estavam bem agitadas. Laura entrou, foi até a frente e falou.

Laura: Bem, agora vam...

Quando ela ia continuar a aula, viu que Ritinha estava com o seu dedinho levantado, pedindo para falar.

Laura: Pode falar Ritinha! O que foi?

Ritinha: Senhorita Laura, a senhorita pode contar a sua história?

Mais uma vez a professora se assustou com as perguntas da menina.

Laura: A minha história?

Ritinha: Sim! A história da Gata Borralheira!

Uma das meninas, a Paula, corrigiu a coleguinha o que deixou Ritinha bastante contrariada.

Paula: Mas a Gata Borralheira não é morena, ela é loira!

Ritinha: A minha princesa é que nem a nossa professora! Morena!

Laura percebeu que os ânimos ficaram exaltados e tentou contornar a situação.

Laura: Calma, meninas! Não precisam brigar! Ritinha e Paula, apesar de na história da Gata Borralheira, ela aparecer loira, a leitura nos dá essa oportunidade. A gente pode imaginar, não é legal! Se a Ritinha imagina a princesa morena tudo bem!

Enquanto Laura dava a sua aula e resolvia a questão da cor de cabelo da princesa, Edgar estava em casa, na sala, lendo. Achou melhor sair do quarto e respirar outros ares. A história de Eça de Queiroz o instigava. Ele havia dado um mal passo com Laura, é verdade! Por causa disso, se divorciou e teve que sofrer todos esses meses, a ausência da mulher que tanto ama! Mas só de pensar na possibilidade de ser traído por Laura, seu sangue fervia! Ele franziu o rosto só de imaginar a cena. Enquanto ele estava sofrendo pelo pensamento de uma traição, Maria entrou na sala. Ela combinou com Laura de cuidar dele e faria isso de muito grado! Maria estranhou o semblante carregado de Edgar e foi ao seu encontro.

Maria: Dr. Edgar? O senhor está sentindo alguma dor?

O rapaz levou um susto! Ele estava sofrendo sim! De uma dor terrível! Da dor da traição! Aliás, da possibilidade da traição. Mas como explicar isso para Maria? Ela iria achar que ele era maluco. Ele limitou-se a dizer.

Edgar: Senti um mal estar, mas já passou! Obrigado Maria.

A senhora olhou para as mãos dele e viu o livro. Ela sorriu e praticamente tinha a certeza da origem do mal estar. Laura recentemente pegou este livro para reler. Maria via que a moça não desgrudava do livro e resolveu perguntar do que se tratava. Laura contou que o livro contava a história da traição de Luísa e do sofrimento de Jorge, seu marido. Ela havia sido enganada pelo primo, Basílio, que chegara do exterior e se entregou a ele. Maria balançou a cabeça e falou.

Maria: Dr. Edgar! Não precisa se preocupar! A minha menina sempre lhe foi fiel, viu?

Quando o rapaz ouviu essas palavras, foram como setas em seu coração. Como ele pode? Por que se envolvera levianamente com outra mulher? E principalmente uma mulher como Catarina Ribeiro! Uma cantora! Mesmo que não estivesse próximo de sua noiva, eles tinham firmado um compromisso! Ele passou as mãos pelos cabelos. Maria percebeu que falara demais. Ela se ajoelhou em frente a ele, encarou aquele rapaz e disse ternamente.

Maria: Filho! Posso chama-lo assim? Tem idade para ser meu filho também!

Ele a olhou comovido. De seus lindos olhos verdes, lágrimas brotaram; ele só conseguiu dizer.

Edgar: Sim...

A senhora continuou.

Maria: Não pense mais nisso, filho! Não se martirize pelo que já foi! Você errou, errou!... Reconheço! Mas se a minha menina está com você é porque, de certa forma, ela já te perdoou. Edgar, quando Jesus encontrou uma mulher adúltera, todos os homens que haviam se deitado com ela a julgaram! Não tiveram coragem de reconhecer que eram tão culpados quanto ela. Ou até mais, porque aos homens nada acontecia, mas as mulheres eram apedrejadas até a morte. Eles estavam contribuindo para a morte dessas mulheres! Física e Espiritual!

O rapaz estava prestando atenção, mas ainda estava com lágrimas nos olhos. Ela prosseguiu.

Maria: Quando ela chegou aos prantos até Ele, sendo levada por fariseus e escribas, uma multidão pedia para apedrejá-la! Eles diziam, enfurecidos que ela merecia morrer. Jesus estava escrevendo no chão. Enquanto falavam, ele continuava na mesma posição! Queriam que Jesus seguisse a lei de Moisés que apedrejava as adúlteras! Ele continuava escrevendo até que falou: Aquele que estiver sem pecados que atire a primeira pedra! Sabe o que aconteceu, meu filho? Todos os que haviam gritado contra ela foram embora! Porque eles também tinham pecados. Todos nós temos. Aquela mulher foi até Jesus porque via Nele o perdão de seus pecados. Ele era Homem Santo! Jesus olhou no fundo de seus olhos e perguntou: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Ela respondeu: Ninguém, Senhor! Jesus então olhou para ela e disse: Nem eu te condeno; vai-te e não peques mais!

Maria: Edgar! É isso que Jesus está te falando nessa manhã! Ela já perdoou o seu pecado! Você se arrependeu, não foi?

O rapaz suspirou e disse.

Edgar: Muito! Paguei um alto preço pelo meu erro! Ficar longe da mulher que eu amo! Foi uma tortura, Maria!

Maria pegou nas mãos de Edgar.

Maria: Eu sei filho! Imagino! Mas agora isso ficou no passado! Vocês têm uma vida toda pela frente! Mas, uma coisa me preocupa em você!

O advogado olha assustado para ela.

Edgar: Em mim? O que?

Maria: Você carrega essa culpa dentro de você! A Laura te perdoou, porque senão não estaria com você! Mas você mesmo não consegue se perdoar e isso prende os dois! Abra o seu coração e deixa essa culpa ir embora!

Edgar: É verdade, Maria! Sempre penso nisso!

Ela sorri.

Maria: Então vai começar um novo tempo para vocês! Sem culpas!

Ele finalmente abre um sorriso. Ele olha nos olhos daquela senhora e só consegue pedir um abraço. Ela timidamente o abraça. Nunca pensou na vida abraçar um advogado! Ele agradece.

Edgar: Muito obrigado, Maria! Por tudo! Pelas suas palavras, pela dedicação com a minha Laura! Você cuidou dela para mim esses meses e eu lhe sou muito grato!

Maria: Imagina Dr. Edgar! Tenho prazer em cuidar de minha menina! E agora do senhor também!

O rapaz a corrige.

Edgar: De você, por favor, Maria! Não precisa me chamar de doutor!

Maria: Está bem! Mas agora vou até lá fora colher umas laranjas. Um suco natural vai lhe fazer muito bem! Com licença!

Ele sorri.

Edgar: Agradeço muito, Maria.

Laura finalmente acalmou os ânimos das meninas, contando a história que tanto queriam ouvir! Quando chegou a hora de ir embora, todas as crianças queriam cumprimentar a nova professora. Elas foram até a frente da sala e a abraçaram! Neste momento, a diretora da escola apareceu e estranhou esse comportamento. Afinal não deveriam acontecer tantas manifestações de afeto entre alunas e professoras. As meninas tinham que ver a professora como uma autoridade. Laura percebeu pelo semblante da diretora que ela não havia gostado de seu gesto para com a sua nova turma. Júlia estava mais atrasada e não conseguiu se despedir de Laura porque a diretora a pegou pela mão e disse.

Diretora: Venha, Júlia! Seu pai está aguardando!

Só deu tempo de Laura dizer com a voz suave.

Laura: Até amanhã, Júlia!

A menina olhou para trás, mas foi puxada pela diretora, que a apressava.

Como a diretora saiu para levar a criança até seu pai, Laura resolveu conversar com ela depois. Já estava na sua hora de ir embora e o coche já  a aguardava. Ela ainda deveria passar no correio para mandar o telegrama para Matilde e assim o fez. Finalmente após algum tempo, chegou em casa. Como essa chegada foi diferente para Laura! Ela estava radiante! Além de chegar do seu primeiro dia de trabalho, ainda encontraria Edgar a esperando. Ela estava louca para beijá-lo, conversar, contar sobre seu dia. Ela se lembrou das perguntas de Ritinha e entrou em casa sorrindo. Quando chegou, Edgar estava recostado no sofá, lendo! Ela se aproximou dele e deu um beijo de leve em seus lábios.

Laura: Oi, meu amor! Quase morri de saudades suas!

Edgar: Não acredito!

Ela estranha. E sorri quando pergunta, fazendo uma careta.

Laura: Não acredita? Por quê?

Ele coloca o livro fechado na mesinha de canto ao lado do sofá e a puxa para sentar em seu colo. Ela senta-se. Ele começa a acariciar o rosto dela quando fala.

Edgar: Se você tivesse quase morrendo de saudades, não me daria um beijo tão insosso assim!

Ela sorri e entra na brincadeira.

Laura: Ah, então é assim, Dr. Advogado? Meu beijo agora é insosso, é?

Edgar faz cara de sonso e diz.

Edgar: Podia ser melhor...

Laura: Ah, é? Então vem aqui...

Laura o beija com vontade. Quando os dois estão se beijando, Maria sai da cozinha em direção à sala e quando vê os dois aos beijos, sorri e volta para a cozinha sem ser vista. Eles ficam ali por algum tempo! Depois de matarem a saudade dos beijos, Laura fala.

Laura: Meu amor! Já mandei o telegrama viu? No início da noite, Matilde deve estar chegando! Como está se sentindo?

Edgar: Agora, então! Com você aqui.... estou ótimo!

Ele fala e beija o pescoço de Laura. Eles ficam por um tempo ali, conversando e namorando...


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Maria é uma fofa, né? E o que vocês acham que acontece com Júlia? Será que é só timidez? Laura está só de olho! Espero que continuem comentando!

Grande beijo!