Edgar para o carro. A lembrança do beijo de Laura no corredor faz com que ele tome uma decisão! Não vai deixar aquele “lobo” tomar a sua mulher. Ele faz uma manobra no carro e ruma à Petrópolis novamente. Durante o trajeto Edgar se lembra da noite maravilhosa que teve ao lado de Laura. Ele pensa no perfume de seus cabelos, no sorriso que o deixa sem ar. Esse sorriso de Laura o tira do sério! E foi só se lembrar desse sorriso que Edgar estava sorrindo também. Quando ele vai entrar na cidade, freia bruscamente o carro. Outro carro chama a sua atenção. Não pode ser! Pensa Edgar. Aquele homem novamente! Será que ele esperou o meu carro sair para voltar à casa de Laura? E porque ela ficou tão surpresa pelo fato de eu dizer que ficaria uns dias com ela? Por mais triste que pareça, acho que Laura se deixou levar pela situação! Ela estava carente! Sozinha no dia de seu aniversário e deve ter sido por isso que cedeu. Edgar dá ré e volta em direção ao Rio de Janeiro! Ele fala desanimado.

Edgar: Acabou, Edgar! Seu casamento acabou!

Enquanto isso, Laura que ouviu com atenção tudo o que Maria falou, conseguiu ficar um pouco mais calma. Ela tira os sapatos e as meias e recosta na cabeceira de sua cama e fica recordando os momentos maravilhosos que passou ao lado de Edgar. Maria aproveitou para pegar a mala de Laura e desfazê-la. Ela entra no quarto da professora.

Laura: Oi minha menina! Vou guardar suas roupas! Está pensando no Dr. Edgar, filha?

Laura começa a mexer no lindo anel que recebeu de presente.

Laura: Sim, Maria! Passamos por momentos tão lindos! Por que será que com o Edgar tudo é tão difícil?

Maria vai em direção à Laura, que agora senta na cama.

Maria: Sabe, filha! Jesus quando esteve entre nós não nos prometeu que a vida seria fácil, mas que sempre estaria conosco! Laura, assim é com você! Deus nos deu o dom da vida e também a capacidade de acreditar. Isso se chama fé! Não perca a sua nunca, Laura! Tenho certeza de que Deus vai juntar você e o Dr. Edgar de novo! Vocês se amam tanto!

Laura dá um suspiro quando fala: Será, Maria ...?

Neste momento, como que para tirar as duas da conversa, elas escutam no andar de baixo batidas na porta. Laura olha para Maria, com olhinhos brilhando! Ela sorri e diz.

Laura: Será...? O Edgar...?

Ela levanta-se e corre em direção à porta de seu quarto. Ela nem percebe que Maria a alerta sobre estar descalça.

Maria: Laura...seu sapato...

Laura desce as escadas apressada e com um sorriso nos lábios vai abrir a porta. Quando ela abre a porta sua feição se modifica imediatamente.

Laura: Ricardo...? É você...?

Ricardo percebe que Laura estava esperando outra pessoa e tenta se desculpar.

Ricardo: Esperava outra pessoa, não é? Desculpe se te decepcionei.

Ele olha para os pés de Laura e vê que ela está sem os seus sapatos. A moça fala não conseguindo esconder seu desapontamento. Por um momento acreditou ser Edgar voltando. Ela fala, aponta o sofá e sorri.

Laura: Imagine, é que...bem, entre! Sente-se, por favor!

Ricardo começa a falar.

Ricardo: Laura, não é de hoje que me sinto diferente quando estou ao seu lado. Você é uma linda mulher e despertou em mim interesses que há muito não sentia! Mas, depois da sua negativa ao meu convite de jantar e à presença inusitada de um homem aqui...

Laura tem Ricardo como um amigo. Não quer magoá-lo, mas ao mesmo tempo não quer iludi-lo! Seu coração já tem dono e ele é de um só homem, o homem a quem prometeu fidelidade, amor e de quem agora estava afastada.

Laura: Ricardo! Gosto muito de você, mas como um bom amigo! O homem que estava aqui é o meu ex-marido! Nós nos reencontramos e estávamos tentando reatar...

Ricardo dá um sorriso meio sem jeito.

Ricardo: ... e eu atrapalhei tudo, não é? Sinto muito, Laura! Não sabia que era apaixonada pelo seu ex-marido. Vai desistir da vaga de professora?

Laura: Imagina, Ricardo! A vaga é minha! Na verdade atrapalhou um pouco sim...desculpa falar isso, mas estávamos nos entendendo e ele ficou com ciúmes de você!

Ricardo: Laura, mais uma vez, sinto muito! Mesmo me sentindo atraído por você, não tive a intenção de te prejudicar!

Laura sorri um pouco envergonhada.

Laura: Eu sei, eu sei meu amigo! O que posso te oferecer é isso! A minha amizade!

Ricardo dá um sorriso.

Ricardo: Claro, amigos?

O rapaz fala apontando sua mão para Laura apertá-la.

Laura: Amigos!

Os dois sorriem e Ricardo se despede. Laura sobe novamente as escadas. Maria está aguardando a moça, mas pelo rosto de Laura já imagina a resposta. A professora entra no quarto, sem aquele sorriso de minutos antes.

Laura: Era o Ricardo! Ele veio se desculpar pela situação embaraçosa e perguntar se eu iria desistir da vaga.

Maria: E qual foi a sua resposta? Vai desistir da vaga?

Laura: Falei a verdade! Disse que amava o Edgar e que estávamos nos entendendo e que Edgar não gostou de vê-lo aqui! Que o que posso oferecê-lo é a minha amizade, e nada mais. Quanto à vaga, eu não posso desistir dela, Maria! Preciso trabalhar, me sustentar...

Maria fica um pouco desanimada com a segunda parte da resposta.

Maria: Filha, então não vai aceitar a proposta do Dr. Edgar? Vai abrir mão de seu grande amor?

Enquanto isso Edgar chega à capital. Ele vai até sua casa para ter notícias de tudo enquanto estava fora. Quando entra em casa com sua mala na mão, encontra Matilde tirando o pó da sala.

Edgar: Olá, Matilde! Correu tudo bem em minha ausência?

Matilde: Como vai Dr. Edgar? Não esperava que voltasse tão rápido! Está tudo em ordem por aqui sim!

Edgar desabafa desanimado.

Edgar: Pois é, Matilde! Para falar a verdade nem eu!

Ele se lembra daquele homem.

Edgar: As coisas não caminharam conforme previa!

Matilde balança a cabeça.

Matilde: Lamento muito, Dr. Edgar! O Sr. quer que prepare o seu almoço?

Edgar: Por favor, Matilde! Vou tomar um banho e já desço para almoçar.

Edgar sobe as escadas levando sua mala. Ele entra no quarto e olha para a sua cama. Ela está vazia. Edgar chega perto de seu leito, onde foi tão feliz com Laura e olha para o travesseiro. As fronhas, com a inicial do nome dos dois, chamam a sua atenção. Ele dá um sorriso triste. Tira a sua roupa e dirige-se ao quarto de banho. Matilde já havia preparado a água e um banho morno iria ser um alento para o rapaz. Ele deita-se na banheira e passa as mãos pelos cabelos. Edgar se banha e seu olhar está perdido. O advogado se recorda de seu reencontro com Laura. Aquele banho que tomaram juntos não sai de seu pensamento.

Na fazenda, Laura está com o pensamento longe.

Maria: Laura...? Filha...? Está me ouvindo?

Laura volta do transe.

Laura: Ahnn? Desculpa, Maria! Estava distraída...!

Maria: Pensando no seu marido, não é?

Laura: Ex-marido, Maria...Infelizmente...

Maria toma coragem e faz um convite para a sinhazinha de outrora.

Maria: Filha, essa noite vai ter um culto na minha Igreja! Por que não me acompanha? Quem sabe o pastor não fala ao seu coração e não ajuda na sua decisão?

Laura ficou dividida. Ela era católica e não tinha intenção de largar sua religião! Mas Maria era tão carinhosa com ela! Não queria de forma alguma entristecê-la. E, também? Que mal teria acompanhar sua babá e amiga que conhecia cada curva de seu corpo? Ela decidiu.

Laura: Está bem, Maria! Vou com você!

A senhora fica radiante!

Maria: Que bom, filha! Agora vai tomar um banho para se refrescar. Vou preparar seu almoço! Quero vê-la bem disposta!

Laura sorri com o zelo de Maria.

Laura: Tudo bem, Maria!

Maria deixa o quarto e Laura fica sozinha. Ela começa a despir-se e separa uma roupa limpa para usar depois do banho. Laura dirige-se até o quarto de banho e entra aos poucos na banheira. A sensação da água morna em seu corpo relaxa os seus músculos! Ela recosta na banheira e fecha seus olhos. Parece que Laura consegue sentir os lábios de Edgar procurando os seus num beijo apaixonado. Uma lágrima escorre de seu olho.

Edgar por sua vez também está deitado na banheira. Ele se lembra do toque de suas mãos no corpo de Laura e a saudade e a dúvida tomam conta da mente do rapaz...Como se combinassem anteriormente, Edgar e Laura brincam com o elo entre os dois. Edgar com a aliança e Laura com o anel. Os dois terminam de tomar banho e se preparam para almoçar.

Laura senta-se à mesa e começa a brincar com os talheres no prato, caprichosamente preparado por Maria. A fome não chega!

Maria: Minha menina, a comida está ruim?

Laura: Não! É que estou sem fome...

Maria ralha com a moça.

Maria: Nada disso! Vamos tratando de comer que saco vazio não para em pé!

Na sala de jantar dos Vieira a situação não é diferente. Matilde preparou o almoço de seu patrão e ele nem sequer provou a comida. A empregada está atrás dele em pé. Ela balança a cabeça negativamente e pensa: Como D. Laura faz falta aqui!