A popularidade de Suzana só aumentava a cada ano que se passava. Sua beleza apenas aflorava ainda mais, deixando todos os rapazes devidamente interessados em conquistá-la. Suzana sempre foi a garota mais bonita, a mais inteligente, a mais aplicada na escola, a mais popular entre os rapazes, a mais enturmada e a mais divertida. Suzana despertou o interesse até mesmo do príncipe Caspian de Nárnia em nossa segunda vizita a Aslan. Nada disso me afetava, claro, eu era só uma garotinha. Porém, os anos se passaram e algumas coisas mudaram. Minha irmã acabou deixando de lado as coisas de Nárnia, e se tornando ainda mais vaidosa do que sempre foi. Notei também algumas mudanças em mim. Percebi que eu desejava algo mais além das brincadeiras de menina. Eu via as garotas da minha escola namorando rapazes mais velhos, e aquilo começou a mexer comigo de certa forma. Mas nenhum garoto da minha cidade, ou da minha idade me parecia interessante o suficiente. Então em uma bela tarde, enquanto Edmundo estava discutindo com nosso primo Eustáquio no nosso quarto, algo maravilhoso aconteceu, e nós três acabamos indo parar em Nárnia.

Para nossa surpresa fomos recebidos por Caspian, que navegava pelos mares de Nárnia com seu navio, o Peregrino da Alvorada. Imediatamente, assim que depositei meus olhos nele, senti meu coração disparar rapidamente. Era estranho sentir aquilo, mas eu soube no exato momento em que senti seus braços longos ao redor da minha cintura, que Caspian havia se tornado muito mais interessante aos meus olhos, do que costumava ser a alguns anos atrás. Fiquei feliz por Suzana não poder regressar a Nárnia. Na cabine do navio nós conversávamos:

- Então Caspian! –disse mexendo no meu cabelo. _Durante todo esse tempo ainda não encontrou uma rainha? –sorri fazendo o mesmo gesto que uma garota da minha escola fazia quando estava diante de um rapaz.

- Ainda não! –ele sorriu pra mim sendo extremamente gentil. – Nenhuma se compara a sua irmã!

- Sei...

Caspian não poderia ter dito algo pior. Claro que ele sequer notou que a minha expressão feliz, se desfez diante de tal confissão. E por mais que eu quisesse disfarçar meu descontentamento com aquelas palavras, minhas ações me denunciavam. Depois que Caspian explicou o que estava procurando naquela viagem, nós voltamos ao convés do Peregrino onde encontramos nosso primo Eustáquio dando um pití. Algum tempo depois, Caspian e Edmundo estavam duelando com suas espadas enquanto eu os observava do topo do navio. Caspian estava ainda mais bonito desde a última vez que nos vimos, e eu não conseguia tirar meus olhos de cima dele. Ele se movia rapidamente manuseando sua espada, com graça e leveza. Ao final, Edmundo e Caspian estavam ambos rendidos entre suas espadas, e sorriam satisfeitos pelo belo combate.

Caspian ergueu seus olhos na direção onde eu os via e sorriu mostrando todos os dentes que tinha na boca. E ele tinha um sorriso lindo, e uma boca perfeita que eu adoraria beijar. Quando finalmente atracamos, encontramos uma das terras de Nárnia totalmente desabitada. Acabamos sendo capturados por mercadores de escravos, que planejavam nos vender em praça pública. Mas graças a ajuda de Drinian, RipChip e os outros marujos, conseguimos nos libertar. Usei esse momento para mostrar que eu também havia aprendido a usar bem uma espada.

- Mandou bem Lucy! –disse Edmundo enquanto Caspian me olhava e sorria.

Passamos a noite na praia e no meio do meu sono, senti que alguém me carregava para longe do grupo. Não pude gritar por socorro, pois algo tapava minha boca. Então algumas criaturas invisíveis me ordenaram a entrar em um castelo oculto e procurar um livro de magia. Neste livro eu encontrei uma pagina que me daria exatamente àquilo que eu precisava. Um encanto para me transformar na garota mais bela. O guardei em meu bolso, e li o encanto que aquelas criaturas me pediram.

O senhor daquele castelo me acompanhou até a saída e lá encontramos alguns anões de uma perna só, que o chamaram de opressor. Eles foram afugentados pelo homem que se chamava Curiaquim com uma coisa parecida com plumas brancas.

- O que era aquilo? –perguntei.

- Algodão! –ele respondeu. – Mas não conte a eles... – Curiaquim sorriu.

Logo surgiu meu primo Eustáquio com sua cara confusa e perdida perguntando:

- O que eram aquelas coisas?

- São tontópodes!

- Ah claro! Tontópodes, bobeira minha... –seguiu ele.

Voltamos todos ao interior do castelo, e recebemos informações sobre para onde deveríamos ir. Quando voltamos para o peregrino, eu decidi usar o encantado que continha naquela pagina para me tornar tão bonita quanto minha irmã. Diante do espelho eu li as palavras:

- Transforme tudo direito, me torne o ser perfeito, cílios lábios sem defeito. Faça-me ela, que é a mais bela, do que eu tão singela.

Imediatamente vi meu rosto se transformar assim como meu corpo me deixando exatamente igual a minha irmã Suzana. Diante daquela imagem tão bonita, eu sorri, então rapidamente decidi sair do quarto e procurar por Caspian. Ele dormia tranquilamente junto aos demais na parte baixa do navio. Ao me aproximar em passos lentos, Caspian despertou e então me viu ao seu lado, sorrindo com aqueles lábios que não eram os meus, mas sim de Suzana. Talvez pelo sono, Caspian sequer parou para refletir sobre o que realmente estava acontecendo. Então levei meu dedo indicador a frente dos meus lábios e pedi que ele ficasse em silencio. Depois me afastei e subi as escadas. Caspian me seguiu até o lado externo do navio, e me encontrou na entrada da cabine.

- Venha Caspian! –o chamei com um sinal do meu indicador. – Quero te mostrar uma coisa! –sorri e entrei na cabine.

Esperei até que Caspian passasse por aquela porta, e então o surpreendi com um beijo. Ele pareceu surpreso, mas devia achar que estava sonhando, então enlaçou seus braços ao redor da minha cintura e nos deitamos sobre a cama. Caspian me beijou apaixonadamente com quem desejava aquilo há muito tempo. Nós nos despimos sem pressa, apenas acariciando o corpo um do outro bem devagar, sentindo os toques mais íntimos e prazerosos. Então nos entregamos à paixão, enquanto sentíamos o vai e vem das ondas que balançavam o Peregrino, fazendo também com que nossos movimentos ficassem mais intensos e extasiantes. Nossos corpos se moviam graciosamente colados um ao outro, em uma dança excitante, que apenas teve fim, quando atingimos o ápice máximo do prazer. Caspian olhava profundamente nos meus olhos, e então disse com a voz cansada:

- Você está mesmo aqui? –ele sussurrava.

- Sim! –eu menti com um sorriso de satisfação no rosto. – Vim por você!

Assim Caspian adormeceu e meus braços sem saber que tinha acabado de fazer amor comigo, e não com Suzana.

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