Híbrido escrita por Musa, Moon and Stars


Capítulo 69
We are one


Notas iniciais do capítulo

Gente, novamente peço desculpas pela demora e faço questão de culpar a escola. Outra vez. MAS, para compensar vocês, é claro, eu consegui me superar e fiz um capítulo ENOOOORMEEE. Com esse aí vocês não tem do que reclamar. Agora uma parada séria. A Musa tava meio tarada quando fez o capítulo. Ficou pesado. Eu censurei MUITA COISA. Mas não ficou a desejar, prometo. Peço desculpas aos tarados de plantão (não divulgarei nomes), mas precisei fazer isso por motivos óbvios: Não faço ideia da faixa etária dos leitores, então decidi não arriscar. A fic está classificada como +16, então seria errado exceder, mesmo que fosse só esse capítulo. E também por respeito a alguns que não gostam desse tipo de leitura explícita. Então é isso, galera. Era só isso mesmo que eu tinha pra falar até aqui. Façam uma boa leitura, e vejo vocês lá em baixo. (Ah, Kathowen shippers, tem cena especial pra vocês.)



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Encarei Jared bem nos olhos. De repente eu estava dentro de sua mente outra vez. Em seus pensamentos, eu vi a imagem de mim mesma. Eu estava exaltada, com o cabelo desgrenhado, as bochechas coradas, pupilas dilatadas. Era uma de minhas brigas que tive com Jared. Meu coração se contraiu com a lembrança dessa briga e então saí de sua mente com um suspiro. Ele me olhou confuso e balancei a cabeça para que meus pensamentos se reordenassem.

"Jared, escuta." Comecei a dizer. "Eu já perdi a conta de quantas vezes eu te mandei pro inferno." Fiz uma pausa para dar um risinho nervoso. "Mas eu não quis dizer isso literalmente."

Jared semicerrou os olhos e manteve sua expressão séria.

"Você está ficando louco?" esbravejei. "Não! Você não vai!"

"Eu não pedi sua permissão." Ele disse friamente.

"Isso é perigoso!" persisti. "Não posso deixar você ir."

"Você não tem que deixar nada. Não é como se eu corresse algum perigo real por lá." Ele disse ainda com a expressão séria. "Tecnicamente, eu estarei indo pra casa."

"Por favor, Jared. Não." Meus olhos imploravam. "Eu não consigo nem imaginar o que poderia acontecer lá. Você poderia se perder, queimar, ser espetado pelo tridente do capeta...!"

"Kate se controla!" gritou ele segurando-me pelos ombros. "Calma."

Fiquei em silêncio depois de perceber como eu estava tagarelando feito uma maluca.

"Você pode morrer." Eu disse num sussurro e então ele me soltou. Recostou-se na cabeceira da cama e soltou um longo suspiro passando uma das mãos pelo cabelo.

"E daí? Eu sou um desgraçado. Meu lugar é no inferno e você sabe disso tanto quanto eu."

"O que?" eu o interrompi. "Mas que merda você está falando, Jared? Como eu posso estar feliz? Seu lugar é aqui! Com Isaac! Comigo!"

Jared olhou para mim, sua expressão ficando cada vez mais carregada. Então ele se levantou da cama e fez um gesto amplo e agitado com as mãos.

"Foda-se Kate! Foda-se vocês! Guarde essas merdas pro Owen!" ele caminhou em direção ao meu armário e deu um chute forte na madeira fazendo a porta rachar.

Peguei um dos travesseiros e joguei nele com toda a força para chamar sua atenção.

"Pare com isso!" gritei.

"Com o que, porra?" ele berrou de volta.

"Com isso!" fiz um gesto exasperado com as mãos, assim como ele fazia. "Com toda essa palhaçada!"

"Palhaçada?" perguntou ele, incrédulo. "Estou fazendo isso por Harahel. Pela primeira vez eu faço alguma coisa por alguém e você chama de palhaçada? Vá se foder, Katherine."

Levantei da cama num sobressalto e caminhei pesadamente até ele, mas me detive na metade do caminho. Minha vontade naquele momento era de partir pra agressão física, mas eu sabia que não era uma boa ideia. Jared não era nenhum cavalheiro e se ele tivesse que revidar, ele faria. E sem hesitar. Ele me encarou com uma carranca. Seu rosto pálido, agora estava vermelho. Minha postura se espelhava na dele, pronta para o ataque. Com um único movimento ele estalou todos os dedos e uma mão e depois da outra, fechando-as em punho. Ele me desafiava com o olhar, como se dissesse 'não se atreva a dar mais um passo'.

Respirei fundo para me acalmar, mas não deu certo. Minha garganta ardia com a pressão de todas as palavras que eu me forcei a engolir. Balancei a cabeça para ela com desgosto e desaprovação e depois bufei em desistência, voltando para a cama. Sentei-me ali na beirada, afundando o rosto entre as mãos, lamentando. Eu não estava olhando para Jared, mas de alguma forma eu pude senti-lo relaxar. Ouvi Jared suspirar e então ficamos em silêncio. Ele se aproximou de mim e vi seus pés parados bem na minha frente, mas ele se manteve quieto.

"Não quero perder você." Sussurrei levantando meus olhos para ele.

Jared trincou os dentes e abaixou a cabeça, cerrando os olhos. Quando ele os reabriu, olhou bem dentro dos meus, provocando-me medo e enfrentando o seu. De repente, eu me vi na mente de Jared. Um turbilhão de imagens, sons e sensações que fizeram meu coração acelerar e a adrenalina subir. Gargantas cortadas, cabeças decapitadas, pessoas mortas e outras gargalhando de um jeito extremamente maligno. Ouvi clamores por misericórdia, gritos apavorados que não demoraram a se silenciar.

Eu fechei meus olhos, cobri meus ouvidos e balancei a cabeça soltando um grito desesperado. Eu não queria aquelas imagens na minha cabeça. Não! Era perturbador de mais. Empurrei Jared para longe de mim e quando ele cambaleou para trás, eu me levantei rapidamente querendo correr em direção à porta e fugir daquele cenário de horror que estava na minha mente. Quando meus pés firmaram no chão, percebi o quanto eu estava tonta e não consegui chegar até a porta. Pouco antes de tocar a maçaneta, minha mente girou e meu corpo cedeu.

"Kate!" ouvi a voz de Jared chamando meu nome, mas o som não tinha vazão, como se eu estivesse debaixo d’água. Eu estava no chão e a última coisa que meus olhos viram no meio de toda a confusão na minha cabeça foi um vulto do rosto de Jared. Então eu apaguei.

Acordei ofegante e assustada. Olhei para todos os lados procurando por algum vestígio de meus pesadelos. O quarto estava escuro e eu estava sozinha. Encolhi-me e senti meu estômago se revirar. As imagens ainda estavam recentes e nítidas na minha mente e a cada vez que eu me lembrava daqueles gritos... Ah! Que agonia! Faça isso parar!

Meu estômago se revirou ainda mais e eu corri trôpega no escuro, seguindo meu instinto em direção ao banheiro. Ajoelhei-me ao lado da privada e segurei o cabelo para vomitar. Minha garganta ardia, a pressão fazia minha visão escurecer, mas eu sabia que aquele pesadelo iria acabar. De pouco a pouco, as imagens foram se desfazendo, ficando cada vez mais distantes e eu dei um tempo a mim mesma para relaxar. Eu estava sentada no chão do banheiro, respirando pesadamente e com um gosto amargo no fundo da garganta. Fiz um esforço para levantar e escovar os dentes, lavar o rosto.

Olhei para o meu reflexo no espelho. Minha expressão, a pele pálida, as olheiras ao redor dos olhos me lembravam de meu estado na época em que eu soube que minha mãe havia morrido. Permiti-me pensar um pouco nela. A dor da perda ainda estava ali, mas no fundo do meu coração, eu ainda a sentia. Não sabia o que aquilo significava, mas eu chamava de esperança. A saudade, a vontade de vê-la outra vez era absurdamente grande. Joguei um pouco de água no rosto mais uma vez e suspirei para abafar o início de um choro.

Saí do banheiro meio sem rumo. Acendi a luz do quarto, pois ainda estava muito escuro, mas a apaguei em seguida, porque ficou claro demais e fez meus olhos doerem. Minha cabeça latejava, era como uma ressaca. Caminhei a esmo pelo corredor, em silêncio, e pela luz fraca e azulada que entrava pela pequena janela, deduzi que fossem umas quatro da manhã. Isso significava que todo mundo estaria dormindo. Pensei em acordar Emma, mas me detive quando lembrei que ela ainda estava em recuperação e precisava descansar. Pensei em ir até Jared e surrar ele enquanto ele estivesse dormindo, mas também não fiz isso. Eu não estava forte ainda pra aguentar sua vingança. Tia Jenna? Não. Eu não queria preocupa-la. Owen? Hm, não. Simplesmente não. Ele ia acabar confundindo as coisas e eu não queria dar falsas esperanças a ele.

Bufei e decidi ir até a Sarcinulis Locus. Toda vez que eu não sabia o que fazer, eu ia pra lá. Era um bom lugar pra passar o tempo e botar as coisas em ordem. Eu podia me distrair com leitura e aprender mais sobre minhas capacidades como bruxa. De qualquer forma, me fazia bem. Abri a porta e me deparei com a familiar biblioteca. As luminárias nas estreitas colunas entre as estantes de madeira, a parede do fundo feita de sólida pedra cinzenta, os livros empoeirados e cuidadosamente organizados, tudo era simplesmente confortável. Fui até uma pequena mesa redonda em um dos cantos da sala e peguei alguns livros que eu havia deixado ali no dia anterior, em minha última visita. Eu havia estudado pactos e a história das Veneficas. Como minha mãe e tia Jen poderiam não gostar daquilo? Deixei os livros de volta na mesa e fui até o vitral colorido que enfeitava uma das paredes. A lua ainda brilhava, embora sua luz se ofuscasse aos poucos pela chegada lenta do sol. Ainda assim, ela estava lá e uma sensação boa me preencheu. Recoloquei os livros no lugar e resolvi pegar outros para estudar, talvez um pouco de feitiços e comandos.

"Iterum Vadis." Murmurei. De volta às prateleiras. Encarei as vastas estantes e comecei a caçar alguns livros para ler.

***

"Kate, querida." Senti um par de mãos de balançando, puxando-me para fora do meu sono e de volta para a realidade. "Acorde, minha flor."

Abri os olhos e vi Jenna sorrindo carinhosamente para mim.

"Jen?" eu disse com a voz rouca. Franzi o rosto e olhei em volta, tentando me localizar. Onde eu estava? Ah. Na Sarcinulis. Certo.

"Querida, o Positivo está aqui e você perdeu mais um dia de aula." Disse Jenna lançando-me um olhar de ligeira reprovação.

"Ah. Diga ao Owen que eu..." bocejei. "Já vou falar com ele."

Jenna ficou ereta, olhou em volta e murmurou In suis aguntar. Os livros voltaram para seus devidos lugares sob influência do feitiço de tia Jen e eu senti uma pontada de inveja. Argh. Esse feitiço teria me poupado muito tempo. Ela sorriu para mim, deu uma rápida piscadela e saiu da sala. Eu fui logo atrás dela. Fechei a porta atrás de mim e quando me virei dei de cara com um peitoral firme que me pegou de surpresa.

"Oi." Disse Owen sorrindo para mim, tanto com os lábios quanto com os olhos, verdes e dóceis.

"Ei." Sorri de volta.

"Jenna disse que você estava dormindo ali dentro. Eu estava indo te por na cama." Ele disse e deixou a cabeça tombar um pouco para o lado. Eu tinha que confessar: ele tinha muito charme.

"Owen, você é muito gentil." Sorri, agradecida. "Mas como pode ver, já estou acordada."

"Pois é." Ele riu. "Mas me diga uma coisa. O que estava fazendo ali dentro?" perguntou ele.

"Ah... Eu costumo vir pra cá quando não consigo dormir." Dei de ombros.

"Anda tendo dificuldades com o sono?" perguntou dele franzindo de leve as sobrancelhas.

"É, de vez em quando isso acontece." Menti.

"Entendo." Ele assentiu. "Bom, acho que nesse caso, você não vai se importar em vir tomar um café bem forte comigo. Também não consegui dormir noite passada."

"Por que não?" perguntei.

"Jared é um pouco esquisito. Fica grunhindo, se mexendo, e ainda por cima fala enquanto dorme." Disse ele revirando os olhos.

Eu ri com aquela observação, porque eu sabia que era verdade. Jared andou tendo pesadelos. Isso me fez um pouco melhor, já que eu não fui a única perturbada essa noite. Ele mereceu sofrer um pouquinho depois daquela ideia maluca de ir para o inferno e me falar todas aquelas merdas.

"Então, vamos?" perguntou Owen apontando com o polegar por cima do ombro.

Assenti sorrindo e o acompanhei.

***

Achei que nós íamos tomar café em casa, mas Owen sugeriu que fôssemos dar uma volta. Isso nos levou a uma longa caminhada preenchida por uma conversa amigável que se estendeu durante todo o percurso até a Starbucks Coffee da Gastón Avenue.

Owen me avaliava por cima da xícara de expresso que ele bebericava enquanto eu tagarelava sem parar.

"E é por isso que eu sou louca pelo Peter Parker." Eu disse, rindo. Owen se manteve atento a tudo o que eu dizia e me deixava falar abertamente sem parecer se incomodar, mas eu já estava cansada de falar, por incrível que pareça. Se ele me dissesse fale mais outra vez, acho que eu jogaria meu cappuccino na cara dele.

Ao invés disso, ele mordiscou um pedaço de seu Cheese Muffin e revirou os olhos de prazer.

"Hmmm! Isso aqui é incrível!" ele disse com a boca cheia. Eu ri porque seu sotaque ficou ainda mais carregado.

"Eu nunca comi um muffin de queijo. É bom mesmo?" perguntei.

Ele cortou um pedaço de seu muffin com o garfo e levou até minha boca. Encarei o garfo na frente do meu rosto e depois olhei para ele. Owen ergueu as sobrancelhas.

"Prove." Ele deu um meio sorriso para me encorajar. Cedi e deixei que ele colocasse o garfo na minha boca.

Saboreei o muffin e fiquei espantada com o gosto que tinha. Era maravilhoso! Ele riu da minha reação e me ofereceu mais um pedaço, que eu prontamente aceitei. Depois de dividir o dele comigo, Owen pediu mais dois, um para ele e o outro para mim. Comemos em um silêncio confortável e depois fomos embora. Owen, como sempre, um perfeito cavalheiro abriu a porta para mim e fomos andando de volta para a casa da tia Jen. Não houve tanta conversa como na nossa primeira caminhada e eu dei um longo bocejo.

"Ainda está com sono, não é?" perguntou ele.

"Muito." Sorri. "Acho que vou dormir de novo quando chegarmos."

"Se quiser, eu posso te fazer companhia." Ele disse. Aquilo me pegou muito de surpresa.

Olhei para ele com um olhar inquisitivo. Era o tipo de coisa que eu esperava ouvir de Jared. Owen estava mesmo se oferecendo para me levar pra cama? Ele me encarou, confuso pela minha reação e só depois de alguns segundos ele entendeu o duplo sentido que ele havia colocado em sua frase.

"Não! Ah, não foi isso o que eu quis dizer!" ele se apressou a dizer com um olhar assustado. Não havia malícia em seus olhos e então relaxei e ri. "Kate me desculpe. Isso soou tão rude."

"Owen, relaxa." Eu disse para ele, tranquilizando-o com um sorriso brincalhão. "Tudo bem."

Ele soltou o ar pela boca e passou a mão pelo cabelo, assim como Jared fazia. Estremeci. A semelhança dos dois, em pequenas coisas como essa, ainda me assustava muito. Depois do mal entendido, Owen pareceu ficar distante e desconcertado. Para relaxá-lo, sorri e encaixei meu braço no dele e ele pareceu gostar. Manteve meu braço ali e me guiou pelo nosso caminho de volta.

Eu estava distraída com meus pensamentos quando Owen parou de andar de repente. Nossos braços ainda estavam enlaçados, e por isso, parei também. Olhei para ele, confusa, e vi que ele encarava alguma coisa à frente. Quando segui seu olhar, entendi. Jared e Isaac caminhavam lado a lado, vindo em nossa direção. Isaac estava vestido como um verdadeiro CEO, e Jared estava sexy usando uma camisa social, com os primeiros botões abertos exibindo um pouco da sua pele do peito, a gravata frouxa em seu pescoço e ele segurava o terno por cima do ombro. Seu cabelo branco estava desgrenhado, como sempre, ao contrário de Isaac que mantinha o seu perfeitamente penteado para trás.

"Kate, Owen." Isaac nos cumprimentou com um sorriso.

"Oi Isaac." Cumprimentei-o de volta. Olhei para Jared, mas ele nem sequer olhou para mim, mantendo sua atenção em seu celular. Isaac deu lhe uma cotovelada e ele fez um careta.

Ele olhou para nós, como se estivesse só agora estivesse percebendo nossa presença, o que duvidei muito. Passou seus olhos por mim, depois pelo Owen e de volta para mim.

"Sorte sua eu ter um gêmeo." Disse ele para mim, sorrindo debochadamente. "Pelo visto você já pegou meu estepe."

Grunhi e senti Owen apertar meu braço com força, mas ele pareceu não perceber.

"Vamos, Owen." Eu disse e com um último olhar para Isaac, estimulei Owen a continuar andando e deixar Jared para trás.

"Na verdade...!" disse Isaac. Nos viramos para lhe dar atenção. "Owen, eu preciso muito falar com você." Ele disse e se voltou para mim. "Kate, você se importa em me emprestar o Owen por alguns minutos?"

"Ah, eu..." comecei a falar.

"Quero falar com você." Disse Jared me interrompendo.

"Morra querendo." Respondi. "Não quero falar com você."

Owen abafou uma risada e Isaac fez uma careta que dizia 'agora a porra ficou séria'. Jared estreitou os olhos perigosamente para mim, mas não me encolhi sob seu olhar. Na verdade, ergui um pouco mais o queixo.

"Eu quero e vou falar com você. Não é um pedido." Disse ele. Owen no mesmo instante se colocou na minha frente em um gesto protetor.

"Katherine não vai fazer nada que não queira. E não vai ser você quem vai força-la." Owen disse.

"Cala a boca, princesa Diana." Jared olhou para o irmão rapidamente e depois voltou a olhar para mim. "Kate, eu não me importo nem um pouco em fazer uma cena. Pra mim, receber atenção de uma plateia nunca é demais. Só aumenta o meu fã clube."

Vi Isaac revirar os olhos e checar o relógio. Olhei para Jared, que estava com os braços cruzados e as sobrancelhas arqueadas, depois olhei para Owen, que me encarava com expectativa. Ele balançou a cabeça para mim, pedindo-me silenciosamente para não dar ouvidos a Jared. Mas eu sabia que seria inútil ignorá-lo. Ele realmente faria uma cena.

"A gente se vê mais tarde." Falei para o Owen, pedindo desculpas com o olhar. Dei-lhe um beijo no rosto e ele deu uma bufadela. Então soltou meu braço para ir ao encontro de Isaac, que o aguardava.

Ao passar por Jared, Owen parou e os dois trocaram olhares desafiadores. Em seguida, Owen e Isaac foram se afastando indo em direção à Starbucks. Por pura birra, dei de costas para Jared e continuei meu caminho, como se ele não estivesse lá. Em poucos segundos, ele apressou o passo e me alcançou, mas não fez nada para me parar. Ele simplesmente me seguiu, acompanhando-me em silêncio, o que só me fez ficar ainda mais irritada com ele.

Jared chamou um táxi para nós e então fomos até o nosso antigo apartamento. No elevador, Jared desfez o nó de sua gravata por completo, puxou suas mangas até os cotovelos e abriu todos os botões de sua camisa, expondo seu peito e sua barriga definida. Meus olhos vagaram pelas curvas de seu corpo, até suas entradinhas. Umedeci os lábios e percebi que Jared me encarava com um olhar lascivo. Um sorriso torto e cheio de orgulho próprio tocou seus lábios e então desviei rapidamente o olhar, grunhindo para mim mesma.

Chegamos em nosso andar, saímos do elevar e Jared tirou do bolso da calça a cópia de suas chaves. Assim que ele abriu a porta, entrei logo no apartamento e fui andando apressadamente em direção ao meu quarto para me trancar lá dentro. Eu não estava com humor para aturar Jared. Assim que abri a porta do meu quarto, Jared me segurou pela cintura e me puxou para junto do seu corpo, me encoxando. Tentei me soltar, mas seus braços estavam firmes ao redor de mim.

"Não vou deixar você fugir. Você vai me ouvir." Ele disse em um tom de voz tranquilo e bem humorado.

"Não vou ouvir porra nenhuma se você não me soltar." Grunhi para ele.

"E eu não vou te soltar sabendo que você vai fugir." Ele disse. "Sabe, eu também não me importo de ficar se segurando desse jeito. Eu só preferia que estivéssemos sem roupas."

Continuei tentando me soltar e grunhindo, arranhando seu braço, inutilmente. Jared deu uma risada baixa e rouca contra minha orelha e aquilo me arrepiou.

"Kate..." ele sussurrou meu nome. "Quanto mais você luta e se mexe, mais excitado eu fico. Mais um pouco e eu perco o controle."

Parei de me mexer. Era verdade o que ele estava dizendo, eu podia senti-lo. O pior de tudo é que eu também estava ficando muito excitada. Eu não tinha escolha se não ouvir o que ele tinha para dizer. Suspirei e relaxei o corpo.

"Tudo bem. Eu não vou fugir." Eu disse por fim.

"Eu não acredito em você." Disse ele.

"Jared! Quer ficar assim pra sempre?" perguntei revirando os olhos.

"Hm... Pra sempre não. Me amarro em meter por trás, mas curto outras posições também. Talvez eu troque mais tarde." Deu de ombros.

"Argh. Jared, eu prometo que não vou fugir." Falei.

Ele ficou em silêncio por um tempo e então me soltou lentamente. Pensei muito em fugir pra dentro do meu quarto, mas ele facilmente me alcançaria e voltaria tudo de novo. Então, simplesmente me virei de frente pra ele, para encara-lo.

"Então." Eu disse. "O que você quer tanto me falar?" cruzei os braços como uma criança contrariada.

"Meus planos." Ele disse. "Quero te contar meus planos."

"Foda-se!" vociferei franzindo o cenho para ele. "Não me interessa de que jeito você está escolhendo morrer. O destino é o mesmo."

Abri a porta do quarto para entrar, mas ele me segurou pelo cotovelo bruscamente.

"Volta aqui..." ele me puxou de volta e fechou a porta. "Eu ainda não terminei de falar." Trinquei os dentes e o encarei com desagrado quando ele me prendeu contra a parede. "Astaroth está procurando a localização exata de Harahel."

"E daí?" desviei o olhar, frustrada.

"E daí..." ele segurou meu rosto e me fez olhar para ele. "...que isso facilita nossa busca. Quando eu e o Owen formos pra lá, nós vamos..."

"O que?" eu o interrompi. "Owen vai com você?"

"É claro que ele vai." Jared franziu o cenho, como se fosse óbvio. "Por que não iria? Com ele eu posso entrar e sair intacto lá de baixo."

"Sim, mas e quanto ao Owen?" perguntei.

"O que tem ele?" estreitou os olhos pra mim.

"Você vai entrar e sair intacto, mas e o seu irmão?" repeti. Jared bufou, irritado e deu de ombros.

"Sei lá, ele que se foda."

"Jared!" gritei e o empurrei para longe. Como Jared conseguia ser tão absurdo? Afastei-me dele e saí andando em direção à cozinha para beber um pouco de água e como era de se esperar, ele me seguiu.

"Deixa de ser escrota, Kate! Você sabe que nenhum de nós dois vai morrer facilmente no inferno. Principalmente eu." Gritou ele.

Fui até a geladeira, peguei uma garrafa e Jared se apoiou contra a bancada da ilha que separava a cozinha da sala. Servi-me com bastante água e bebi diversas goladas. E nem aquilo foi capaz de me relaxar. Coloquei o copo de vidro com força na pia, fazendo um ruído alto. Por muito pouco o copo não quebrou.

"Quer saber?" vociferei. "Que se dane você e o seu plano suicida!"

"Kate, Owen viveu lá sua vida inteira! Ele conhece cada canto sórdido daquele lugar!" ele disse. “Tudo o que eu preciso fazer é encontrar Harahel e descobrir um jeito de trazê-lo de volta.”

Baixei os olhos e balancei a cabeça, em extrema discordância. Aquela ideia simplesmente não entrava na minha cabeça.

"Ta!" falei com um gesto largo com as mãos. "Mas por que está me contanto isso?"

"Por que eu vou precisar de mais uma coisa..." disse ele baixando a voz. Seu rosto de suavizou e se tornou mais sério.

"Ah. Ótimo." Revirei os olhos e cruzei os braços de um jeito hostil. "E o que é?"

Jared fez uma breve pausa e me encarou nos olhos.

"Você." Ele disse. Meu queixo caiu.

"Como é que é?" estourei. Peguei o copo que estava sobre a pia e o joguei no chão fazendo-o se quebrar em mil pedaços. "Não! Sem chance! Esquece!"

"Kate, para!" gritou ele quando eu saí andando em direção à sala, murmurando tudo quanto é palavrão que me veio à cabeça.

Comecei a andar de um lado para o outro, pensando no nível em que aquilo havia chegado. Ele só podia estar maluco. Eu seria a primeira a morrer naquela porra! Aquilo era insano! Ele realmente não se importava. Agora eu tinha certeza.

"Katherine!" ele me segurou pelos ombros e me sacudiu. Quando fiquei em silêncio, nos encaramos, ambos com a respiração arfante, pesada e arrastada. "Eu preciso de você pra..."

"Pra que, Jared?" perguntei, irritada. "Precisa de mim pra que?"

"Se você não for, o plano inteiro vai desabar." Ele disse com seriedade.

"Por que?" balancei a cabeça. "Eu não consigo entender!"

O aperto das mãos de Jared no meu braço se afrouxou e ele engoliu em seco com um olhar meio nervoso. Ele se afastou lentamente de mim, virou de costas e suspirou passando as mãos pelo cabelo, deixando-as ali no pescoço. Depois de três segundos ele voltou até mim.

"Eu vou estar no inferno!" ele disse. "Meu lado demoníaco é predominante e você sabe como eu fico descontrolado. Eu tenho... Eu tenho medo de perder a cabeça e me aliar aos demônios e esquecer completamente da missão." Ele respirava com dificuldade e estava incomodado com suas palavras. "Ou pior. Se eu perder a cabeça, é bem provável que eu tente matar o Owen e Harahel. Não é como se eu não quisesse matar o Owen, mas seria pior."

Revirei os olhos com sua última observação. Ele não perdia uma.

"Olha, a ideia de queimar no inferno nunca me pareceu muito agradável. Principalmente depois de descobrir que eu sou uma bruxa e naturalmente intolerante à fogo demoníaco!" berrei para ele e comecei a bater o pé nervosamente.

"Kate, sem você, eu não vou ser mais eu." Ele disse aquilo de um jeito tão sincero que me assustou. Olhei para ele, para ver se havia algum indício de que ele estava brincando. Não estava.

Avancei dois passos em sua direção até estar a meros centímetros de distância. Seus olhos dançavam pelo meu rosto, cheios de expectativa.

"Jared, você me queimou. Lembra?" Eu disse a ele suavizando a voz o máximo que eu pude. "O que me garante que você não vai me matar assim que tiver a chance?"

Ele umedeceu os lábios e encarou minha boca, mas não se manteve ali. Jared cerrou os olhos com força e por um segundo ele parecia estar à beira de lágrimas, o que era impossível. Ele estava controlando a dor. Meu coração se contraiu porque eu soube que ele se machucava toda vez que pensava em mim com afeto. Ele estava sendo sincero, eu sabia. Mas eu não podia confiar nele.

"Eu quero..." ele começou a dizer, mas uma crise de tosse seca o dominou e eu vi o sangue pingar em nosso assoalho. Tentei tocá-lo, mas ele me afastou. Claro.

Peguei sua mão à força e o levei até o sofá para se sentar. Sentei-me ao lado dele e tentei não fazer nenhum tipo de contato afetivo, mantendo-me séria e impassível. Dei um tempo a ele para que se recuperasse sozinho, já que não havia nada que eu pudesse fazer. Quando ele pareceu suficientemente bem, resolvi arriscar.

"Jared, o que você quer?" perguntei com suavidade. Ele olhou para mim, o nariz manchado de sangue seco e os cantos da boca e o queixo respingado. Tomou um longo suspiro entrecortado.

"Eu quero me unir a você." Ele disse. Suas palavras fizeram meu sangue gelar. O que? Abri a boca para falar e ele fez um gesto para que eu ficasse calada. "Quero me ligar a você da mesma forma como você está ligada a mim."

Eu estava chocada e demorei algum tempo para encontrar minha voz.

"Por quê?" gaguejei. "Por que quer se unir a mim?"

"Porque você a única que pode me controlar." Ele falava com muita dificuldade, com o corpo exausto. "Eu posso te proteger, mas pra isso eu tenho que estar são."

"E eu sou seu ponto fraco." Eu disse. Mais para mim mesma do que para ele. Jared riu.

"Você pode chamar assim se quiser." Ele disse e jogou a cabeça para trás, no encosto do sofá.

"Jared?" eu o chamei.

"Hm."

"Você pensa em nós?" a pergunta me escapou sem que eu percebesse. Minha cabeça estava a mil. Jared olhou para mim de repente, com o maxilar rígido.

"Não começa com isso. É ridículo." Murmurou ele. Continuei encarando-o, dizendo a ele com o olhar que aquilo não respondia minha pergunta. Ele suspirou novamente. "Eu tenho pesadelos com você. Você me assombra quase todas as noites. Toda vez que penso em você, na gente, mesmo que por um segundo, é como se estivessem dilacerando meu corpo de dentro pra fora. Como está acontecendo agora."

Eu estava atordoada. Era tão grave assim? A imagem de Jared sendo dilacerado me deixou enjoada. E ainda mais sabendo que a responsável por isso era eu. Não era culpa minha. Nem dele. Aquela era a sua natureza. Mas por que tinha que ser assim? Isso não acontecia quando ele era pequeno. Eu não conseguia compreender.

"Você aceita?" ele perguntou tirando-me do meu devaneio. Olhei para ele.

"O que?" perguntei.

"Vai me deixar me unir a você?" perguntou. Seus olhos estavam vívidos e atentos sobre mim, seus lábios manchados de vermelho estavam entreabertos.

Eu não tinha uma resposta. Eu mal sabia interpretar o que eu estava sentindo naquele momento. Ao olhar pra ele, eu sentia uma vontade insana de tocá-lo, beijá-lo, fazer dele meu. Era isso o que ele queria, tornar-se meu, mas não do jeito que eu queria. E eu sabia que querer Jared da forma como eu queria só iria machuca-lo. Fiquei presa em seus olhos, sem ter o que dizer. Por isso, eu simplesmente não disse nada, apenas movi a cabeça, assentindo. Dizendo que sim. Seus olhos brilharam e o lampejo de um sorriso apareceu em seu rosto. Então ele ficou sério outra vez e olhou para algum ponto além de mim, para a cozinha. Olhei para trás e não vi nada.

"Então, como vai ser?" perguntei, meio rouca e olhei para trás, em direção à cozinha. "Eu devo pegar uma faca para...?"

"Não." Ele me interrompeu. Quando virei o rosto para olhar pra ele outra vez, ele estava extremamente perto de mim. Seu nariz quase tocava o meu e eu podia sentir seu hálito quente contra minha boca. "Eu tenho um jeito melhor de fazer isso."

Ao dizer isso, Jared avançou em mim, atacando minha boca com sua boca faminta. Empurrou-me para trás com o peso de seu corpo até que eu estivesse deitada no sofá e ele sobre mim. Jared me beijou com luxúria e movia seu corpo rígido contra o meu. Uma de suas mãos servia de apoio para que ele não me esmagasse com seu peso e a outra vagava pelo meu corpo, subindo. Sua mão passou pelo meu pescoço e me segurou ali como se ele fosse me asfixiar, mas ele não fez qualquer tipo de força ou pressão. Então me segurou pelo maxilar mantendo meu rosto exatamente onde ele queria que estivesse enquanto ele fazia sua dança lenta e voraz com a língua.

Chupou meu lábio inferior e depois mordiscou, fazendo-me sorrir. Correspondi, mordiscando o lábio dele também e ele retribuiu mordiscando-me outra vez, só que mais forte e puxando. Eu achei que ele queria fazer daquilo um jogo, mas ele não me soltou e sua mordida ficou ainda mais forte. Senti uma dor crescente, cada vez mais aguda. Jared me olhava nos olhos com uma expressão divertida. Gritei quando sua mordida ficou insuportável e eu senti um gosto de sangue. Tentei me soltar, mas ele chupou meu lábio outra vez e só então me libertou. Pus a mão rapidamente sobre meu lábio inchado e cortado por seus dentes e o encarei incrédula. Ele sorriu para mim, meu sangue ainda coloria seus dentes e ele passou a língua tranquilamente sobre os próprios lábios, saboreando. Meu Deus. Como eu podia achar aquilo erótico?

Ele chegou perto de mim outra vez e eu recuei um pouco. Seu sorriso se alargou e ele me deu um casto selinho. Relaxei e ele me deu outro beijo casto, porém mais demorado. Sua língua abriu caminho através de minha boca ferida. Agarrei seu cabelo e o afastei. Ele me encarou, suas pupilas dilatadas.

"O que foi?" perguntou.

"Eu tenho uma ideia melhor." Respondi, arfando.

Empurrei-o para o outro lado do sofá e corri para o fim do corredor. Encarei a parede vazia.

"O que vai fazer?" perguntou Jared atrás de mim. Olhei para ele, por cima do ombro. "O que as bruxas fazem. Feitiços." Sorri.

Aproximei-me da parede e espalmei minha mão na superfície fria. Fechei os olhos e tentei me concentrar, deixando a magia de Luna fluir em meu corpo. Uma sensação arrepiante tomou conta de mim, fez meu coração palpitar mais forte e meus pelos se arrepiarem. "Sarcinulis Locus Hic Motus" murmurei. Quando abri os olhos, a parede tremia, assim como o chão sob meus pés. Jared disse um palavrão quando a parede começou a rachar desde a base até pouco acima de nossas cabeças. As rachaduras seguiram profundas e formaram um retângulo perfeito que logo de materializou em veios de madeira com desenhos galhos espinhosos. Uma maçaneta dourada saltou para fora da madeira e eu sorri orgulhosa quando a vi.

Abri a porta, hesitante, e entrei. Era a mesma Sarcinulis que eu evocava na casa de tia Jen. A diferença, notei, era a ausência de alguns itens da coleção pessoal de Jenna. Fui até a mesa mais longa e observei as prateleiras em volta, caçando com os olhos cada volume. Jared ainda estava ali atrás de mim. Ele não me tocava, mas eu sentia sua presença, assim como o calor de seu corpo.

"Librarian Livro Pacta." Eu disse em voz alta. Os livros começaram a tremer e alguns caíram das prateleiras. Dei um gritinho assustado e um passo para trás, colidindo com o peito de Jared. Ele segurou meus ombros e ergueu uma sobrancelha. Esbocei um sorriso sem graça.

Pigarreei e murmurei outra vez o feitiço e dessa vez, somente os volumes que eu queria flutuaram desengonçadamente em minha direção. Eu precisava praticar meus feitiços. Aquilo era realmente difícil. Peguei um dos livros no ar enquanto os outros se empilhavam sozinhos num canto sobre a mesa. Folheei o livro em minhas mãos, procurando algum tipo de pacto. Vasculhei todas as páginas, e quando não encontrei nada, tentei o próximo livro.

Eu já estava desanimada quando cheguei ao quarto livro e Jared bufava de impaciência ao meu lado. Por fim, exclamei quando encontrei algo que poderia servir.

“Encontrou alguma coisa?” Perguntou Jared com o olhar curioso e exasperado.

Ignorei-o e dei total atenção ao livro. Letras Wiccas indicavam Link: Elo. A linguagem era bem diferente da que eu estava acostumada e parecia bem mais antiga. Eu apenas compreendi as palavras básicas e tracei uma linha lógica com aquilo que eu podia entender. União, Ligação, Casal, Morte. A última palavra arrepiou os pelos de minha nuca. Limpei a garganta e continuei a leitura. Virei-me para Jared e pedi para que ele pegasse uma faca ou uma adaga.

"E agora?" perguntou ele pondo uma faca sobre a mesa.

"Precisamos fazer um corte em nossos anelares da mão esquerda, depois entrelaçar nossos dedos enquanto eu entoo o feitiço." Falei. Ele me encarou com o cenho franzido e depois encarou a faca. Pegou o objeto e colocou a lâmina sobre a palma de sua mão traçando um longo corte.

"Não, Jared. O dedo anelar." Falei. Ele sibilou para mim, mandando-me ficar calada. Uma linha de sangue se formou em sua palma e ele a estendeu em minha direção para que eu olhasse. Em poucos segundos a linha se fechou até se tornar nada além de uma camada fina de pele pálida.

"Isso pode ser um problema." Ele disse erguendo uma das sobrancelhas enfaticamente. "Precisamos fazer isso rápido.” Encarei sua palma mais uma vez e assenti. “Você primeiro."

Engoli em seco e estendi minha mão para ele. Jared segurou minha mão, pequena em comparação à sua, com a palma para cima e fez um corte superficial ao redor do meu dedo anelar. Não pude deixar de estremecer.

"Minha vez." Disse ele em voz baixa e me olhou por debaixo dos cílios longos e loiros. "Vou fazer um corte profundo para demorar um pouco mais, mas ainda assim teremos só alguns segundos."

Quando ele estava prestes a começar seu corte, eu o impedi para dizer algo antes. Ele me olhou.

"Jared, eu..." comecei a dizer. "Não sei o que o feitiço diz completamente. Você tem certeza de que quer fazer isso?" perguntei, claramente insegura.

"Vai nos unir?" perguntou ele.

"Acredito que sim." Encolhi os ombros.

"Então sim. Desde que eu não vire um sapo ou tenha problemas de impotência, não me importo em arriscar."

Sorri nervosamente.

"Podemos continuar?" perguntou ele. Afirmei com um gesto único de cabeça. Ele começou a fazer seu corte com impassibilidade no rosto.

No instante em que ele terminou, enlaçou seu dedo no meu e comecei a entoar:

"Anima um et cor unum vita tua vincula tim vivit, cum Luna benedicite mihi. Mora hic protegir et sanat, ad mortem, rumpit nexum." As palavras de repente fluíram em minha boca e eu senti o sangue em meu dedo gelar, subindo pelas minhas veias através de meu corpo. Eu mantive meus olhos nas páginas do livro, mas senti que Jared me encarava.

Quando pronunciei as últimas palavras, encarei nossos dedos unidos e vi que o sangue formava uma linha reta ao redor de nossos anelares, como uma fita atada. O vermelho escarlate aos poucos foi clareando até de tornar uma tênue linha prateada. Olhei para Jared e vi que seus olhos estavam negros como breu. Olhei para a faca sobre a mesa e pelo reflexo do metal da lâmina, notei que meus olhos estavam naquele estado violeta incandescentes.

A sensação gelada que trilhava meu corpo, de repente ficou quente e mais quente até chegar ao meu coração, que se aqueceu rapidamente e acelerou de maneira que tive dificuldades para respirar. Senti meu dedo queimar e o puxei para junto do meu corpo, rompendo o laço. Encarei minha mão e ali havia uma pequena cicatriz que oscilava sobre minha pele.

"E agora?" perguntou Jared. Seus olhos já não estavam mais negros, mas pareciam intensos. Em sua mão também não havia mais nada.

"Acho que temos que esperar." Falei.

Jared suspirou e chegou mais perto. Ele segurou minha mão, seu toque bruto como sempre, e alisou meu dedo com seu polegar. Ele pôs sua mão esquerda ao lado da minha, comparando as marcas e eu vi que tinham padrões de desenhos iguais. Eram cicatrizes, mas pareciam alianças. Ele segurou meu queixo, fazendo com que eu olhasse para ele e desviasse a atenção de nossas mãos. Um meio sorriso tocou seus lábios e me deixou sem fôlego. Uma de suas mãos vagou ao longo do meu braço e afastou meu cabelo de cima do ombro.

Ele aproximou seu rosto de mim e enterrou seu nariz em meu pescoço deixando uma trilha de beijos na curvatura. Gemi sem perceber e o gemido soou como um ronronado. Ele mordicou minha orelha, arrepiando-me e disse num sussurro:

"Bom, parece que agora nós somos um."

Aquelas sete palavras foram o bastante para me fazer querê-lo. Mais do que eu já queria. Eu estava explodindo de desejo. Eu o puxei pela camisa aberta e assim que sua boca encontrou a minha, me deixei envolver pelo ardor do momento. Minhas mãos acariciaram a pele macia e febril de seu peito e desceram ao longo de sua barriga arranhando. Subi com as mãos novamente, cravando as unhas em seus ombros. Tirei sua camisa com facilidade e ele me segurou pela cintura prensando sua pélvis contra a minha. Ele arrastou os dentes pelo meu maxilar e desceu pelo meu pescoço fazendo-me contorcer e arfar. Sua boca voltou sua atenção para a minha e ele puxou de leve meu lábio inferior. Senti dor ali, por causa do que ele havia feito antes e gemi de dor afastando nossas bocas. Ele olhou nos meus olhos naquela breve pausa, deu um sorriso cafajeste, e seus olhos verdes estavam acesos, cheios de anseio e tesão.

Suas mãos engatavam minha cintura com firmeza e foram descendo. Sua mão segurou a parte traseira da minha coxa e a puxou para cima fazendo meu joelho ficar na altura de seu quadril. Então sua mão vagou pela minha perna, acariciando minha pele nua por baixo do meu vestido e seu toque era ardente e me provocava uma confusão de sensações, tudo ao mesmo tempo. Eu sabia que estava me entregando para ele e eu não quis parar. Afinal, nós éramos um só.

Jared apertou minha bunda e seus dedos logo engancharam o elástico da minha calcinha. Ele a puxou para baixo e eu não o detive. Terminei de retirá-la enquanto ele se ocupava em levantar meu vestido sem se preocupar com o zíper, que se abriu com um simples e único puxão. Ele me deu uma boa olhada, sorrindo com orgulho, mas não deixei que ele me admirasse por muito tempo, pois seu corpo estava longe de mim. Enrolei uma perna ao redor dele e o puxei para mim, colando seu corpo novamente no meu. Ele riu quando eu fiz isso e me segurou com força outra vez, voltando a me beijar. Em determinado momento, seu beijo foi lento e profundo para que pudéssemos saborear um ao outro. Mas não demorou muito até que ficássemos sedentos e desesperados.

Jared enrolou meu cabelo em sua mão e puxou minha cabeça para trás para que ele se deliciasse com a extensão do meu pescoço. Ele trilhou um caminho para baixo e beijou e mordeu ao longo da minha clavícula. Eu gemia e arranhava suas costas. Jared estava prolongando as preliminares. Ele mordeu meu pescoço e puxou minha pele e aquilo doeu como um forte beliscão, mas a dor só intensificou meu prazer, de forma o instiguei a continuar. Gemi alto e ele riu, claramente orgulhoso de si mesmo. Então tive uma ideia. Eu nunca fiquei no controle com Jared.

Afastei-o de mim com brutalidade, como se o rejeitasse e ele me encarou confuso. Mantive a expressão séria para intensificar meu drama e ele franziu o cenho, nervoso. Ao ver aquela expressão, não consegui conter minha risada. Aquilo o deixou mais confuso ainda. Dei dois passos até dele e quando ele fez um movimento para me tocar, não deixei. Virei-o de costas para mim. Minhas unhas desceram desde seus ombros até sua lombar e eu fui descendo junto até estar de joelhos atrás dele. Ele olhou para mim por cima do ombro e quis se virar de frente, mas eu não deixei. Meus dedos engancharam o cós de sua calça social e abaixei um pouco, expondo o elástico de sua cueca. Sorri quando vi que era Calvin Klein. Minhas mãos então contornaram o cós até alcançar o botão. Abri sua calça e tive certa dificuldade com a braguilha por causa do que estava por baixo.

Jared segurou minhas mãos e se virou de frente para mim, puxando-me de volta para cima. Ele avançou para um beijo, mas virei o rosto, negando. Eu ainda estava no controle. Passei a língua no canto de sua boca e ele fez outra tentativa vã de me beijar. Eu ri e rocei meus dentes lenta e sensualmente em seu queixo. Desci as mordidas e os chupões pelo seu peitoral e por pura ousadia arrisquei mordiscar um de deus mamilos. Jared estremeceu e eu sorri para ele. Continuei descendo passando a língua pelas curvas de sua barriga e cheguei à minha parte favorita: As entradinhas! Delineei-as com a ponta da língua, mas antes que eu chegasse lá em baixo, ele me ergueu no colo e me pôs sentada sobre a mesa. Seu olhar escurecido, cheio de prazer acumulado. Ele acariciou meu corpo com uma suavidade calculada, só para me arrepiar. Sua boca encontrou a minha, mas não se demorou lá, pois desceu e abocanhou um dos meus seios dando-me prazer. Ele deu um gemido grave que ecoou em seu peito e eu senti em minha pele. Quando ele voltou a me beijar na boca, deitou-me lentamente sobre a mesa.

Havia livros espalhados por ali que viriam a atrapalhar, então com a boca desocupada murmurei Discedite. Os livros tremeram outra vez e então se lançaram para fora da mesa e para longe de nós. Deitei minha cabeça na madeira dura e fria enquanto me entregava novamente ao comando de Jared. Ele mordeu minha barriga e depois meu esterno. Arqueei minhas costas, sem lutar contra aquilo. Suas mãos me seguravam, apertavam minhas coxas e logo ele estava sobre a mesa também. Seus olhos encontraram os meus, seus lábios estavam entreabertos, úmidos e inchados. Tão quente.

"Bruxa." Sussurrou ele. "Quero fazer isso na cama." Disse ele com a voz grave e rouca.

"Por que não aqui?" perguntei igualmente rouca. Ele riu.

"Preferência." Beijou-me um beijo molhado e desesperado, então parou. "Mas por mim," prosseguiu ele, “Eu faria isso aqui e no apartamento todo se você aguentar."

Ergui as sobrancelhas e ele riu novamente. Para sua surpresa, eu disse:

"Isso soa como um desafio, Jared..." Seus olhos brilharam e com um movimento rápido ele prendeu minhas mãos sobre a mesa, uma de cada lado de minha cabeça. Apenas por seu olhar eu soube que ele estava pronto. Chega de preliminares.

A noite se estendeu por horas e eu cheguei ao meu limite. Jared não estava brincando quando disse 'se você aguentar'. Da última vez, o vento e os trovões formaram nossa trilha sonora. Dessa vez, foram os gemidos de Jared e os meus gritos.


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Notas finais do capítulo

Eeeeita que fervor desses dois! Nosso cachorrão ataca outra vez! ;9 Eu sou Team Katered, mas não fiquem chateados, Kathowen Shippers. Queremos reviews dos nossos leitores veteranos e novatos. Queremos conhecer vocês!! Digam o que acharam do nosso capítulo MASTER! Superou as expectativas de vocês? Decepcionou? Podem falar, desabafem, xinguem. Fiquem à vontade! Gente, obrigada mesmo pelo carinho e pelo apoio de vocês. Uma leitora colocou híbrido no Skoob, gente, que linda! (http://www.skoob.com.br/livro/362252#). E mais! Híbrido está no twitter, no tumblr e agora no FACEBOOK. A página ainda é recente, não tem praticamente nada lá, mas conto com a presença de vocês (https://www.facebook.com/hibridoff)! Isso aí, gente. Falo com vocês nas reviews, responderei as dúvidas e tudo mais. Um Beijared bem gostoso pra todo mundo! ~Monique.