Pov. Milene

- Eu ainda não entendi por que a gente não pode roubar um carro... – Charlotte reclamava pela quinta vez

- Charlotte, eu já disse, só o Josh tem carteira e eu não to a fim de sofrer nenhum acidente. – Felícia a respondia também pela quinta vez

Já fazia mais de uma hora que estávamos em Manhattan, por sorte, Argos havia nos dado uma carona, mas daí nos deveríamos seguir sozinhos. Durante o caminho inteiro eu tive que aturar Samantha e Rachel brigando, Charlotte reclamando e aquele garoto, o Harry, rindo de tudo como se fosse a maior piada do mundo, sério, isso é irritante. Sem falar, é claro, que eu estava dividindo a van com outros treze semideuses, dois gatos, uma jaguatirica e uma coruja que por acaso estava com sério risco de vida.

Dílis, a jaguatirica de Felícia caminhava lentamente ao lado da dona e parece bem interessada nos humanos que passavam na rua, Luna a gata de Mary dormia feliz em cima da mala bege de Alana enquanto Charlotte carregava a mala preta e com sua mochila converse nas costas, esta, secretamente guardava um guaxinim muito irritado. Perseu, o meu gato de estimação, caminhava lentamente ao meu lado, seu pelo negro brilhando a luz da lua. Sim, ainda era noite, estávamos procurando um lugar para ficar. A Névoa que Colin criava nos protegia de mortais curiosos, era fraca, não funcionava com monstros, mas pelo menos evitava que os mortais vissem nossos animais de estimação. Felícia parecia que estava com algum problema na mandíbula, seus olhos estavam arregalados e a boca formava um grande “ohhhh”, parecia que ela nunca tinha vindo em Nova York durante toda a sua vida!

- Amiga... Acho melhor você fechar a boca... Tá parecendo uma turista. – Charlotte parecia um pouco incomoda ao ver os rostos das pessoas que passavam na rua.

Felícia rapidamente fechou a boca.

- Olhem! – Alana apontava para um hotel com fachada prata.

- Ufa! Meus pés estão me matando! – Mary andou (leia-se correu) para a entrada do hotel.

Revirei os olhos e segui a garota, assim como todo o grupo. A entrada do hotel era bem luxuosa, o que me preocupou um pouco, e se não tivéssemos dinheiro o bastante?

- Queremos dois quartos, cada um para sete pessoas, por favor. – Mary já estava falando com o recepcionista – Quanto vai custar?

- Deixe-me ver senhorita... Hã 179 dólares por quarto. – o cara do balcão, um homem alto e com o rosto cheio de espinhas respondeu com desanimo depois de consultar o computador.

Mary caminhou até nós com uma expressão raivosa.

- Quanto vocês têm? Só tenho 39 dólares, o resto são só dracmas de ouro.

- Eu tenho 120, sorte que eu tinha esquecido esses na calça... – Felícia disse checando os bolsos

- Eu tenho a carteira do Harry. Serve? – Charlotte respondeu, sacudindo uma carteira de couro na mão direita.

- Ei! – Harry arrancou a carteira da mão da loira e olhou seu conteúdo – Estão faltando três dólares!

- E você acha que EU roubei!?

- Sim! – todos seguraram o riso

- Tá, toma. – Charlotte entregou os três dólares e tirou mais cinco do bolso – Só tenho isso.

- Isso dá um total de 162 dólares, alguém tem mais? – Rachel parecia desanimada – Vamos lá! Precisamos de mais 196 dólares!

- Olha, eu só tenho mais 34... – Thomas entregou o dinheiro

- Posso dar os meus 13 que eu tenho na carteira... – Harry deu o que tinha

- Treze!? Treze não! Treze não!! – Felícia ficou atônita – Não basta gato preto!? Agora treze?!

Aí ela desmaiou. Ficamos observando durante alguns segundos enquanto Dílis lambia as bochechas da dona desacordada.

- O que foi isso!? – Colin parecia confuso

- Nada demais, desde que eu conheço a Fê ela tem pânico de coisas que dão azar. – Charlotte moveu as mãos num movimento inconfundível de “Esquece.”.

– Então Rachel? De quanto precisamos? – Charlotte perguntou olhando em volta, os mortais estavam começando a perceber um movimento estranho naquele lado do salão.

- Hum... – Rachel contou as notas – Cento e quarenta e sete dólares.

Josh mexeu nos bolsos e tirou algumas notas.

- Aqui tem trinta e quatro.

Samantha, Alana, Peter, Miguel e Ethan estavam calados desde que chegamos ao hotel.

- Vocês não tem nada não? – perguntei com uma voz falsamente doce

- Hã... Eu só tenho sete dólares... Não é muito... – Alana parecia decepcionada

- Eu tenho 16 dólares. – Miguel contribuiu e depois arrancou mais 20 dólares do bolso de Ethan

- Certo, alguém tem setenta dólares? – falei enquanto tentava levantar Felícia e dava um olhar assassino para o Ethan

Peter checou todos os bolsos, e entregou mais dez dólares enquanto Sam sacudia a cabeça negativamente.

- Hum, tenho um ideia... – Mary pegou cento e oitenta dólares da mão de Rachel, deu meia-volta e caminhou, gingando, para o balcão.

- O que acha que ela vai fazer? – Josh perguntou

- Eu não acho, eu tenho certeza. – respondeu Rachel, dando um enorme sorriso ao ver que o recepcionista estava rindo bobamente de algo que Mary havia falado – Isso se chama charme.

Poucos minutos depois Mary voltou com um sorriso de orelha-a-orelha, ainda gingando.

- Boa notícia meninas, a suíte presidencial é nossa!

Pov. Miguel

Branquejei em grego assim que entrei no nosso quarto, enquanto as meninas ficaram com a suíte presidencial a nossa suíte não passava de um quarto minúsculo com sete camas jogadas de qualquer jeito. Isso sem falar da decoração

- Ugh! Parece que alguém engoliu os anos 80 e vomitou tudo aqui! – Rachel disse assim que abriu a porta do quarto e eu, Josh, Ethan, Harry, Peter, Colin e Thomas entramos – Bom proveito! – ela bateu a porta deixando não sete presos em um quarto que tinha camas demais para espaço de menos.

Pov. Alana

- Minha casa cabe só nessa sala! – dei um grito assim que abri a porta.

                A parede oposta era completamente feita de vidro e dava vista para a estátua da liberdade, havia um semicírculo de sofás de veludo vermelho, o chão e as paredes eram brancos, o que chamava ainda mais atenção para os sofás e havia uma televisão de plasma presa à parede.

                - Mary, você é demais. – disse Milene enquanto deitava Felícia em um dos sofás macios, um tapete peludo cor-de-creme jazia na frente de uma lareira enorme e do outro lado da sala haviam quatro portas.

- Eu sei. – respondeu Mary

   - Eu fico com o quarto de janelas! – gritei, eu e Charlotte corremos e entramos no primeiro quarto batendo a porta com um estrondo.

- Sério, eu morri e fui pro Elísio? – Charlotte deu um sorriso enorme e jogou-se na cama King Size assim que permitiu que Zorro saísse da mala. Observei o quarto, paredes cor-de-creme, móveis brancos, um quadro retratando um castelo acima da cama... Até que era um quarto legal, então reparei nas duas portas que ficavam na parede oposta da cama. Abri a primeira em busca de alguma coisa legal, era um banheiro. A segunda porta já era mais interessante, era um quarto, uma cama Queen Size predominava no lugar com duas mesinhas de cabeceira e um closet gigantesco, não que eu tenha roupas suficientes para enchê-lo, eu acho que nem a Drew tem.

- Nada mal... Nada mal mesmo... – sussurrei para mim mesma, tá, admito, eu estava com um pouco de inveja da cama King Size da Charlotte.

Joguei-me na cama, o cobertor era de um material parecido com veludo, era lilás, então reparei nas cores, as paredes eram brancas e o chão, cor-de-creme assim como o do quarto da Charlotte.

Em poucos minutos adormeci, ainda de roupa de viagem.