Pov. Felícia

Depois de ser expulsa da enfermaria tomei o caminho para o meu chalé, porém, assim que passei pelo chalé de Hades eu tive um arrepio na espinha. Meus instintos diziam que alguém me observava, apressei o passo, mas a sensação continuou. Desisti e dei meia volta um pouco depois de passar do chalé 16, pousado, é, pousado em cima do chalé 15 estava um garoto que parecia um ter uns dezessete anos.

Ele tinha sorriso irônico no rosto e os olhos azuis como o céu noturno me encaravam, ele era um pouco medonho, principalmente por que tinha asas negras que deviam ter mais de três metros de envergadura. Perguntei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

– Seu nome não é Daniel, é?

– Não, não é, sou Miguel, Miguel Alves da Silva e você é...

– Felícia Luckyheart, você é daqui?

– Daqui? Dos Estados Unidos? Não, sou de São Paulo, Brasil.

– Eu sou de Dublin, Irlanda. - Miguel pulou do telhado, planou um pouco e pousou ao meu lado, ainda com aquele sorriso irônico. Percebi que estava olhando novamente para os olhos dele, tinha algo mórbido neles então desviei o olhar. O cabelo de Miguel tinha um corte que não era muito comum, pelo menos não na Irlanda, ia até os ombros e era bem escuro - Você deve ser novo aqui, certo?

– Ahã, cheguei ontem.

– Ótimo, se você me der licença eu tenho que voltar para o meu chalé. - empurrei Miguel para o lado.

– Tá, pode ir, só pode me dizer onde eu posso ficar?

– Ainda não foi reclamado?

– Não, eu fui, só não sei onde é o chalé de Thanatos. Tive que dormir na Casa Grande já que cheguei tarde ontem á noite.

Outro arrepio percorreu a minha espinha, não bastava uma filha de Nyx, agora Thanatos?

– Felícia! Felícia! - Milena interrompeu meus pensamentos, ela vinha correndo - Quíron quer falar com você!

– Já estou indo! - gritei de volta - Ah, e Miguel, acho que o Nico não vai se importar de dividir o chalé com você até o Quíron resolver isso, é o chalé 13, de Hades. – falei para Miguel enquanto apontava para o chalé do deus do mundo inferior.

Miguel levantou voo e eu segui em direção a Casa Grande.

Pov. Charlotte

Entrei escancarando a porta do chalé de Hermes. Minha irmã Alana tinha me seguido desde que saí da enfermaria.

– O que ela disse? Poxa Char me fala logo!

– Eu já disse a garota estava com um parafuso a menos, nada demais!

– Char, você sabe que eu ainda tenho aquela foto?

– Que foto?

– Ah, nada demais... – disse Alana dando um sorriso travesso

Acabei contando tudo para ela, no final ela tinha os olhos tão arregalados que chegavam quase ao tamanho de ameixas.

– E você sabe alguma coisa sobre o irmão dela?

– Não, o máximo é que ele se chama Daniel.

– Que droga, hein? - de repente alguém bateu na porta. Michela, minha meia-irmã de nove anos foi atender e voltou correndo.

– Quíron quer falar com você, Charlotte, e diz que é urgente. Você fez alguma pegadinha e esqueceu de me chamar? - a garotinha estava prestes a chorar, sim ela chora por causa disso.

– Deixa disso Michela! Você sabe que eu sempre te chamo para essas coisas, se quiser pode ir até criando um plano.

Michela deu um pulo de alegria e foi "trabalhar" em sua escrivaninha improvisada. Seu cabelo castanho-avermelhado estava preso em uma trança e seus olhos azul-celestes brilhavam de alegria.

– Parece você Alana.

– Como assim?

– Acho que ela é bipolar como você. - depois dessa eu tive que desviar de uns dez travesseiros voadores antes de sair conseguir pela porta do chalé rumo à Casa Grande.

Tive que aturar os outros campistas perguntando da garota, sério, tá ficando irritante.

Quíron, Felícia, as duas garotas do chalé de Afrodite (1 e 2) que eu não sei o nome e Sam (eu só sei o nome dela por que eu tentei fazer uma pegadinha que envolveu uma panela de pressão e peixe congelado, não deu certo) me esperavam em frente à sede do acampamento (eu não sei outro jeito de chamar a Casa Grande a não ser Casa Grande então chutei).

– Demorou, hein? - sussurrou Felícia ao entrarmos

– Tive um probleminha com a minha meia-irmã. - respondi também sussurrando

Quíron fez um gesto para quê sentássemos. Acomodei-me (saca só a cultura) ao lado de Felícia num sofá pequeno enquanto as filhas de Afrodite sentavam em poltronas e Sam ficava em pé.

– Soube que entraram no leito de uma "enferma" sem permissão. Podem me dizer a razão disso? - Quíron nos encarou com seus olhos de cem mil anos, ele dá muito medo quando faz isso.

– Ficamos curiosas, só queríamos saber o que se passava, a pobrezinha parecia tão abatida ontem... - disse uma das filhas de Afrodite, mas falsa que isso só uma nota de três dólares...

– Senhorita Breakinglaw?

– Sim?

– Pode me dar a sua versão deste fato?

– Hã... Eu...

– Senhorita? - Quíron me encarava como se tivesse tirando um raio-x do meu cérebro, não é nada divertido.

– Desculpe Quíron estou interrompendo? - Rachel E. Dare entrou na sala, ela parecia sem fôlego.

– Não, não está, fale. - Uhu! Salva pelo gongo!

De repente, os olhos de Rachel tomaram um brilho verde e uma névoa da mesma cor começou a sair de sua boca. Uma voz muito antiga saiu desta, o oráculo de Delfos.