Vida Marcada escrita por Daenerys MS


Capítulo 13
Lições


Notas iniciais do capítulo

Hey gente,desculpa mesmo, eu não menti pra vcs KKK eu realmente ia postar um cap por semana desde o ultimo, mas o meu pc teve alguns problemas tecnicos :c Mas estamos aqui e espero que gostem ^^ Até o final, e... não esqueçam de ler a nota do final do capitulo! ;)



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As negras e vorazes ondas investiam furiosas e incessantes contra as paredes do casco do Perola. A boa e velha tripulação reunia-se abaixo do convés principal protegendo-se dos respingos de agua do mar.

Entretiam-se com bebida, histórias e jogos, mas, apesar de algumas feições despreocupadas, em todos os íntimos pairava um silêncio mórbido.

Logo a frente, uma densa massa negra formava-se ameaçadora, mortífera, e, ao contrário de qualquer navio ou tripulação nessa situação, as ordens não eram de amarrar as cordas, fechar as velas, recolher os mastros.

Não haviam ordens.

–Não te incomoda senhor? Quer dizer, navegar em direção a uma tempestade?

Gibbs bebia enquanto lutava para esquecer as próprias dúvidas. O jovem tripulante, no navio a poucos dias, era inexperiente, mas inteligente o suficiente para entender que algo estranho acontecia.

– Não meu rapaz. – Deixou que a voz cansada o alcançasse- ele sempre sabe o que fazer, e, bem, eu não sei ao certo, mas esta embarcação nunca enfrentou uma tempestade.

Não com Jack Sparrow a bordo.

As palavras que deixara de completar, rodearam sua mente, e dispensando o menino, entrou na cabine de Jack.

Tripular para ele era uma honra, mas também era cômodo. Tinham aventuras, muito descanso, regalias, iam em busca de tesouros, mas também...da morte. Era o que pensara na primeira vez que vira o capitão em dias de tempestades.

Jack enegrecia, dispensando todo o humor. Regalava-se de bebida e, em silencio, sempre ordenava o curso em direção ao mortífero fenômeno. Uma palavra sobre tal atitude nunca havia sido mencionada, mas Gibbs receava que a misteriosa infância de Jack tivesse algo a ver.

Como sempre, assim que o Pérola se aproximou da densa massa tempestiva, a mesma desfez-se imediata e misteriosamente, como se temesse a aproximação do barco.

Ou de alguém que lá estivesse.

Dispensando Gibbs, Jack levantou-se de sua cadeira e com uma garrafa de Rum na mão, caminhou lentamente até o fundo do cômodo, onde por um estreito buraco, espiou a mais nova tripulante.

Encolhida em um canto da pequena prisão escondida, Arya jazia em silêncio. Após semanas em confinamento, havia ordenado ao barquinho de sua consciência que mudasse o curso, migrando da tristeza, para a raiva. Apesar de determinada, sentia que agua entrava em sua pequena embarcação, águas que determinavam sua confusão, as incessantes perguntas sem respostas.

Com espanto, foi tirada de seus devaneios pelo ranger da pequena porta. Imaginou logo que seria apenas mais uma refeição. Talvez fosse Rato com uma sopa, o magro e atrofiado pirata sempre puxava assunto com algumas piadinhas infames. Ou talvez fosse Zafar, um velho lobo do mar responsável e durão, extremamente forte e carrancudo, mas que sempre a trazia a mais farta refeição, com até alguns doces. Ou ainda qualquer outro tripulante que havia se aproximado da garota, tentando fazer algum contato. Arya começava a reconhecer a todos por nome, e sempre sabia o que cada um trazia. Nessas ocasiões forçava sempre a memória, tentando identificar o pirata que avistara no torneio. Fracassando em todas as tentativas começava a apreciar um pouco de conversa com os piratas.

Suspeitava que a levavam suas próprias refeições, e concluiu que o faziam por conta própria e que para Jack, tanto importava se ela se alimentasse ou não. Na verdade não se espantaria se soubesse que ele não havia sequer lembrado desse detalhe.

Porém foi surpreendida quando um jovem tripulante entrou com uma tocha e pediu que o acompanhasse, guiando-a através de estreitas escadinhas empoeiradas.

Ele não me parece grande coisa. Pensou, olhando de soslaio seu jovem guia. Aposto que poderia chuta-lo e assim teria tempo para correr e... refletiu rapidamente dando uma leve e insana risada. Fugir, me parece uma boa ideia, desde que eu tivesse guelras.

Sentiu uma explosão de luz a cegar e sofreu em silencio, piscando várias vezes, até que seus olhos se acostumassem com a claridade. Seguiu sob o olhar atento de alguns de seus novos conhecidos marinheiros até que o jovem parou em frente a duas portas adernadas de entalhos de variadas figuras marinhas. Entendeu a deixa do garoto e hesitante adentrou a cabine do capitão.

–Sente-se - indicou Jack - Sabe, eu geralmente pulo as apresentações, eu...- sentou-se atrás de uma mesa cheia de mapas, em frente a jovem, e fez um gesto para si mesmo.costumo ser inesquecível.

– Sei quem é, e sei o que fez seu...

– Hey, hey, quanta agressividade. Não faz bem para uma garotinha sabia, além do mais, porque não esquecer o passado e começar do ze...aliás o que foi mesmo que eu te fiz?

– Não se faça de inocente... você, você - lutou contra as lagrimas, amaldiçoando-se por parecer tão fraca, diante do momento que aguardara tão ansiosa e odiosamente. - No torneio, aqueles piratas, O SEUS PIRATAS, eles fizeram alguma coisa que deixou a família real irritada ou... não sei, roubaram alguma coisa, e ai o Rei decidiu descontar nos portuenses, e minha família... Ruy...

– Whol Whol espera ai, não ponha mortes nas minhas costas. Tudo bem, não ESSAS mortes, okay? Em primeiro lugar aqueles piratas não eram a MINHA tripulação, porque a MINHA tripulação – enfatizou novamente a palavra- ficou no Pérola. Mas você já deve ter perguntado a eles, não? E depois que, bem, você não entendeu direito- levantou-se e a olhou nos olhos- O rei e a rainha estão mortos, assim como todas as pessoas que um dia você conheceu. – As palavras atingiram Arya como pedradas e sentiu como se mãos frias apertassem seu coração, respirando com dificuldade.

– Aquilo que você escapou- continuou Jack como se ensaiado- eu chamo de extermínio e a tempos a cidade queria se livrar da ralé, por isso, usaram da desculpa de que o porto estava mancomunado aos piratas assassinos, para passar com um exército por cima de vocês.

A garota refletiu friamente sobre aquelas palavras, mas não a pareceu que fossem mentiras. Engoliu a seco na tentativa de limpar a garganta mas só conseguiu sentir o gosto de bile.

–Mas eu podia tê-los salvado, minha mãe, eu...

– Ah e você ia fazer o que, se jogar no chão e chorar até que um soldado bonzinho te levasse até a sua mamãe? Má noticia minha jovem ela já estaria morta de mais para te ninar.

– Como, como... pode falar assim?

– Espera que eu me desculpe? Você é que deveria estar agradecendo por estar... deixe me ver, viva!

Arya respirou fundo, mas lembrou a sim mesma que precisava daquelas respostas.

– Porque me salvou?

– É importante? - bufou perante o cenho franzido da garota- Digamos que eu devia essa a... alguém. Ouviu essa universo? - Aumentou um pouco a voz abrindo os braços e gesticulando- O capitão Jack Sparrow já pagou a sua dívida- e resmungou alguma coisa que Arya não entendeu.

Após alguns minutos de silêncio Jack deixou a garrafa na mesa e saiu da cabine.

Arya, apesar de desconfortável, sentiu que o tempo para seu pequeno barquinho da consciência havia clareado e que ele seguia seu curso um pouco menos tempestuoso.

Sem nenhuma ordem ou instrução, decidiu seguiu a passos curtos e firmes ao convés. Lá fora, vários tripulantes, secavam a madeira, enquanto outros mudavam a direção das velas. Cordas passaram por cima de sua cabeça e teve de abaixar quando marinheiros viravam um mastro em sua direção. O intenso movimento significava alguma coisa, e ela logo detectou.

Novo curso.

***

–Arrg parece uma verdadeira maruja – riu Sapo, de seu barril. Os outros tripulantes riram concordando.

Arya girava sobre si mesma, observando os novos trajes. Uma calça de couro marrom apertada, botas cano médio e um colete por cima de uma camisa de linho meio amarelada e de mangas bufantes, compunham a fantasia.

Era assim que ela se sentia, fantasiada. Porém, não pode deixar de admitir, sentir-se melhor, do que quando trajava os vestidos velhos que Dona Mocinha a dava, e sua mãe a obrigava vestir. Isso porém tinha ficado para trás, e fazia meses que tentava esquecer sua antiga vida, seu antigo lar.

– Gentileza vindo de um sapo? Você foi o que? Um príncipe? - O uivo de risadas assolou o convés, enquanto sapo ameaçava.

A palavra príncipe a fez pensar em Liam, o jovem futuro Rei que havia conhecido e tido alguma fascinação. Mesmo que os piratas a tivessem contado que a ordem de exterminar o porto possivelmente não tivesse vindo dele, mas de algum Senhor esnobe, Arya não pode deixar de sentir desprezo.

– Ela te pegou nessa – completou Marlon, um caolho, e esbelto rapaz de voz doce mas que não a enganava, era um exímio mercenário e por trás daquele sorriso branco perversos crimes se escondiam. Era de quem ela mais havia se aproximado.

– HEY SUAS LESMAS PREGUIÇOSAS- chamou Gibbs da alto, captando a atenção do grupo - Chegou a hora. Hoje é o dia. Vocês sabem o que fazer! – e sumiu por entre as amuradas.

De repente Arya sentiu uma mudança no ar. Os rostos da tripulação fecharam-se misteriosamente, e com exceção de alguns, vislumbrou expressões... tristes?!

– Vem baixinha - Marlon a pôs de baixo do braço e a levou para a cabine dos tripulantes. Arya sentia que algo estava errado e permaneceu em silêncio. Durante um tempo, que para ela transformou-se em horas, esperaram juntos, sentados em uma rede, no cômodo abaixo do convés até que no final da tarde, Gibbs apareceu e com um gesto sutil porém duro indicou que Marlon a levasse.

Caminharam até a lateral do Perola, onde alguns tripulantes esperavam junto a amurada. Um pequeno barco estava pronto para ser lançado.

– No senior, por favor, porque tiemos que faccer isso? É apenas uma garrothenha – choramingou Bartil, com seu sotaque acentuado pelas lagrimas.

Alguns marujos concordaram com murmúrios.

– Que tipo de piratas melosos são vocês? Ordens são ordens!

Marlon a levou até a embarcação, onde Arya, sem temer, entrou. Abaixando-se cochichou:

–Hey olhe ali, está vendo? É um porto, isso, aquele pontinho marrom ali. Tente alcança-lo e você pode ter uma chance. Após o belo jovem se afastar o barco foi lançado as calmas e suaves águas.

Arya manteve-se calada, enquanto perguntas assolavam a sua mente. Porém, teve seus pensamentos interrompidos, por um novo espectador.

– Ora vamos lá- gritou Jack para a menina- Tens mais chance do que meu pai um dia me deu!


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Notas finais do capítulo

POV JACK

Marlon entrou furioso batendo as portas da cabine.
— É isso? Durante meses ignora a garota, não troca sequer UMA PALAVRA e então decide joga-la ao mar!
— Se você não fosse filho de quem é, eu o mandaria para os tubarões por falar assim com o seu capitão.
— Vamos responda! Tinha dito que iria faze-lo mas achei que depois de meses tivesse desistido!
—Desistir? Ahhh não. Estava apenas encontrando o porto certo.
— Espera, o que ?
— Marlon, meu querido Marlon, ela VAI chegar ao porto, e não qualquer porto. E lá, vai aprender algumas coisinhas, como eu aprendi.
— Como voce sabe?
— Ora, porque vamos estar lá! Eu não perderia isso por nada - e abriu um sorriso, indo para fora da cabine e gritando- MARUJOS, TRAÇEM O CURSO PARA ...Tortuga.



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