Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 61
Argumentos válidos, chantagens e cessões.


Notas iniciais do capítulo

Gente
Esses capítulos vão ser tensos MESMO e alguns mais curtinhos porque eu gosto desse arzinho de suspense
TÃO GOSTANDO DE VÁRIOS CAPÍTULOS NA SEMANA? To voltando a ter gosto pela coisa hein, se preparem que aí vem coisa.



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— E se fosse eu?! – perguntei, cruzando os braços – Se fosse eu você seria compreensiva assim? Ia arrancar meu couro!

— Ele não é meu filho.

Ok, argumento validíssimo. Suspirei, dando-me por vencida e sentei-me à cama. A reunião seria dali a alguns instantes e eu estava tentando esconder meu nervosismo. Sentei-me ao sofá ao lado de Gabriel, que se deitou sobre meu colo e se encolheu. Mordeu minha barriga e eu soltei um gemido, fazendo a atenção da sala se virar para o casal apaixonado se mordendo.

— Sua mãe não vem, Gabriel? – perguntou mamãe, fazendo-o recompor-se e sorrir amarelo.

— Meu pai, na verdade. Eles se divorciaram há um ano.

Mamãe assentiu e não prolongou o assunto. Não sabia muito daquilo, pois Gabriel e Thiago dificilmente falavam a respeito de sua mãe. Estávamos todos reunidos na sala assistindo quando chamaram os responsáveis (em 20 malditos idiomas) para comparecerem às salas correspondentes às reuniões de seus filhos. O pai de Gabriel e Thi ficou na mesma sala de mamãe. Estávamos todos confortavelmente deitados no sofá – eu e meus dois garotões – quando recebi uma mensagem.

Private Number diz: Seu namoradinho sabe oq eu você anda fazendo?

Froid diz: Cê tá levando isso de jigsaw meio a sério, Bê.

Private Number diz: Legal quando é com os outros, mas contigo nem tanto, né, princesa. Me encontra atrás da quadra de golfe em 10 minutos.

Tive vontade de rir, então percebi que o celular de Bernardo não estava com ele. J.A.R.V.I.S estava na tomada, carregando.

Sabe aquela agradável sensação de te embalarem à vácuo e tirarem todo o ar do mundo de seu alcance? Foi como eu me senti. Avisei aos garotos que já voltava e saí do apartamento, afetada demais pra comentar com alguém o que havia acontecido. Corri até atrás da maldita quadra e me sentei a um banquinho, abraçando os joelhos e esperando o estranho misterioso aparecer.

— Sabia que viria.

A voz era rouca. Fazia com que eu me sentisse num maldito filme de ficção. Onde eu era a mocinha que estava prestes a ir para o abatedouro. Tomei coragem pra me virar e então, lá estava ele.

O garoto era maravilhoso. Um corpo esguio, muito branco, com os cabelos negros e grandes olhos azuis piscina. Mais azuis até que os de Gabriel. Porém, olheiras profundas e roxas o contornavam como se o infeliz não dormisse há séculos. Sentou-se ao meu lado e pude sentir os aromas de entorpecentes, naftalina, algum remédio tarja-preta e um sabonete infantil (um tanto paradoxal, não?) misturarem-se quase que perfeitamente.

O afetado e perdido Nicholas.

— O que caralhos você sabe e o que caralhos você quer? – perguntei, seca. Por mais atraente – e estranho – que fosse, eu amava Gabriel.

— Eu sei de toda essa sua tramoia sádica pra cima da Lisandra. E acredite, Amanda, eu a idolatro por isso. E o que eu quero? Bom... Você.

— Mas como...?

— Seu amigo devia aprender a não deixar o celular dando sopa na sala de aula. – sibilou com um rastro de sorriso nos lábios rosados. – Muito menos desbloqueado. Com as conversas abertas no whatsapp. A gente descobre tanta coisa lendo o celular do melhor amigo da moça que se ama, Amanda, você não faz ideia.

— Você não ama ninguém – sussurrei, me afastando dele – Você é nojento.

— É exatamente o que seu amado mocinho cliché vai achar de você quando souber o que você fez por conta de um boato bobo. Você está atormentando a cabeça daquela garota, Amanda, e isso é tão sádico e nojento quanto eu.

— Mas...

Eu não tinha argumentos. Fitei as bolsas roxas debaixo de seus olhos, pra evitar me perder no azul dos mesmos. Não podia com olhos azuis. E os dele não me transmitiam a calmaria de Gabriel. Eram uma devastadora tempestade. Se os olhos de Gabriel eram uma imensidão oceânica que tinham o dom de me deixar serena, os de Nicholas eram um maldito tsunami que me faziam perder o ar. De uma maneira completamente... Claustrofóbica.

— O que você quer? – repeti.

— Você, Amanda. Larga daquele garoto que não te entende nem te conhece e parta pra decisão óbvia.

— Você? Você não é a decisão óbvia, seu doente.

— Não mesmo? Eu não quereria que suas conversas com o Bernardo vazassem por aí.

Ele mantinha um semblante tão tranquilo que me agonizava tentar decifrá-lo. Procurei, por um segundo, entender como caralhos eu atraía esse tipo de doença pra minha vida, e, por fim, cedi.

— É a mim que você quer? Ok. Só me dê um tempo pra conversar com o Gabriel.

— Sempre sensata, minha pequena.

Era incrível como aquelas palavras, saídas de outra boca que não a do meu garoto, não provocavam nenhuma reação em mim que não fosse desprezo. Vindo daqueles lábios tão bonitos e tão sujos, então, me traziam pânico.


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