Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 49
Ciúme, DR e reconciliações




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Alguns minutos passaram-se antes de o sinal tocar. Gabes me deu a mão e caminhamos até a sala. Sentei-me e apoiei a cabeça no braço, que jazia apoiado sobre a mesa. O clima pesado entre nós dois era praticamente palpável e eu sabia onde aquela discussão chegaria. A briga de hoje tinha nome, sobrenome, um belo par de olhos castanhos miúdos.

— Quer conversar? - perguntei, entediada.

— Você não comentou que seu amigo vinha pra cá - disse, com desdém.

— Não falo com ele todos os dias e o Bê quis me fazer uma surpresa - disse, como se parecesse óbvio. Não pareceu convencê-lo - Ah, qual é, Gabriel, deixa de coisa! - protestei, agora um pouco alterada - Você realmente acha que eu poderia vir a ter alguma coisa, qualquer coisa sequer, com o ex da Bruna?

Ele passou um tempo calado e eu preferi não saber sua resposta. A desconfiança de Gabriel me irritava de uma maneira que ele simplesmente não fazia ideia. Suspirei tentando não me exaltar e o fitei de canto de olho.

— Não vai dar pra gente namorar com toda essa desconfiança.

Ele me encarou, visivelmente alterado. Na verdade, seus olhos praticamente relampearam. Nunca havia os visto daquela forma em mais de dois meses de convivência. Ele soltou uma risada irônica e me encarou.

— Você quer dizer que do nada aparece um bosta qualquer e você decide que não dá pra conviver com a porra do ciúme que você vem convivendo a quase dois meses e quer mesmo que eu acredite que os nossos problemas não têm sido por causa dele? Não fode, Amanda!

Não sei se Gabriel lembrava que estávamos em aula, ou lembrou-se de falar português. Mas sei que agora a sala toda sabia que tínhamos uma merda de um problema de relacionamento e a professora de Geografia, uma velhinha que provavelmente já habitava a Terra na época da Pangeia, nos encarava assustada. Acho que nunca teve de lidar com uma discussão de relação no meio de sua aula sobre os Alpes, mas aquilo a havia assustado de verdade. Suspirei, entediada.

— Me desculpe por isso - sussurrei - Ainda que não seja minha culpa que meu namorado seja um completo débil mental. Se a senhora permitir que eu troque de lugar, creio que a aula continuará sem maiores interrupções.

A senhorinha apenas assentiu e eu tirei minhas coisas de cima da mesa de Gabriel, jogando-as em qualquer outra. Nem olhei quem estava ao meu lado, porque tudo o que eu faria dali em diante seria tirar um longo cochilo. E depois da aula, mais um longo cochilo.

O sinal para o intervalo tocou e eu me levantei. Não olhei pra trás e sabia com quem almoçaria hoje: sim, senhoras e senhores. O motivo de todo o estardalhaço. Por quê? Para irritar Gabriel? Não, o mundo não gira em torno daquela bunda maravilhosa.

O fato é que quando eu estava nervosa, tipo, de verdade, quando eu brigava com Caio, Pietro ou até com meus pais, era o Bernardo que estava lá. Bernardo que sabia me fazer rir independente da situação. É do Bernardo que eu senti falta durante todos esses dias. Eu simplesmente precisava de um tempo com ele e não vejo nada de mau nisso!

— Amanda, volta aqui - disse Gabes, segurando meu braço com força desnecessária - Nós precisamos conversar.

— Se você não tirar essa porra dessa mão de mim agora, eu vou gritar.

Ele me soltou e me virou pra si. Encarou-me por alguns instantes e, mais uma vez, perdi-me na imensidão oceânica de seus olhos azuis. Como não fazê-lo? O babaca tinha o par de olhos mais lindos que eu já havia visto desde... Sei lá, desde sempre. Bufei, secando uma maldita lágrima que caía do meu olho e o encarei.

— Eu amo você - sussurrei - Eu te amo de verdade, mas eu não aguento esse seu ciúme doentio! Isso é insano, Gabriel, eu não sei lidar com isso. Não quero aprender, nem vou. Se é isso que você é, me desculpa, mas eu não sei se a gente tá fazendo a coisa certa estando juntos.

— Tá terminando comigo? - disse ele, numa voz falha, fazendo com que meu coração se quebrasse em milhões de pedacinhos. Era como... Destroçar um pacote de Doritos.

— Se você não consegue mudar e não consegue controlar esse ciúme maldito, sim, Gabriel.

Minha voz saiu muito mais firme do que eu esperei, o que me deixou levemente contente. Gabriel pigarreou e mordeu o lábio tão fortemente que quase senti o gosto de seu sangue.

— Eu não posso prometer que vou mudar de um dia pro outro, Amanda. Eu sou possessivo, quando você me conheceu eu já era assim.

— Isso é um adeus? - sussurrei.

— Mas - ele disse, me fazendo sorrir boba - Eu poderia tentar por você.

Abri o maior sorriso que pude sem que minhas bochechas rasgassem e pulei em seu colo, fazendo-o abrir o enorme sorriso que eu tanto amava. Mordi seu lábio superior e logo após o beijei.

— Como eu poderia viver sem isso, afinal? - sussurrou, entre o beijo.

— Não poderia, você me ama demais pra isso - disse, largando-o e beijando seu queixo.


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