Colégio Interno escrita por Híbrida
O desfecho daquela noite não foi dos mais emocionantes. Os garotos se despediram de maneira mimimizenta de nós, voltaram aos seus quartos e nós logo adormecemos. Na manhã seguinte, fui acordada sendo violentamente chacoalhada por Chloe.
— Ô sua demente! – gritou – Levante dessa cama logo, que estamos atrasadas e você não vai achar a merda da sala sem mim!
Levantei, coçando os olhos. Vesti a primeira roupa que apareceu na frente, joguei um casaco grosso por cima e escovei os dentes, lavei o rosto e todas essas coisas que fazemos ao levantar. Após pegar uma maçã, fitei Chlo.
— Vamos logo.
Não havia acordado de bom humor. Aquele frio e névoa foram feitos para serem apreciados da minha deliciosa caminha. Eu mal enxergava o que jazia na minha frente, meus óculos se embaçaram e eu estava segurando fortemente o braço de Chloe para não me perder.
— Vamos, você está junto comigo e o Gabes.
— Você só pode estar brincando.
— Ah, não estou.
Saí resmungando loucamente e C ria que nem criança. Foi assim durante todo o caminho enevoado até a sala. Ela se sentou com um garoto muito loiro e com óculos maiores que sua cara.
— Pequena!
— Eu – resmunguei, rolando os olhos.
— Tá sozinha?
— Não está vendo Agenor, meu amigo imaginário,sentado nesta cadeira? Mas que falta de sensibilidade, Sr. Sobrenome difícil.
Acordo muito pior do que o normal. É impossível me aturar assim que acordo. O garoto sentou-se ao meu lado e passou o braço em volta do meu ombro.
— Você está insuportável, mas mesmo assim, eu te amo.
— Se você quer sentar aqui e quiser continuar tendo o seu Gabriel Jr, tire essa mão daí.
Ele assentiu assustado e abaixou a cabeça, segurando minha mão e a afagando levemente. Ignorei a sensação boa que aquilo me trazia e fingi que nem havia percebido a presença daquela mão sobre a minha. Ele sorriu e beijou minha bochecha. Quando o professor entrou na sala, arqueou a sobrancelha grossa e despenteada.
— Monsieur Casiraghi — disse, com um sotaque forte – Você não estava junto à menina Emily?
— Mas eu não queria deixar a garota nova sozinha, e...
— E eu?! – gritou “a menina Emily”
— Professor! – gritou Gabriel – Você nunca amou antes?
Era só o que me faltava. Bufei, colocando a mão sobre o rosto e apoiando os cotovelos na mesa. O professor soltou uma risada muito tímida, assentindo e abaixando a cabeça.
— Tudo bem.
— Mas e a menina Emily?! – gritei – Ela não pode ficar sozinha!
— Arranjaremos um par para ela, Mademoiselle Froidefond. Fique tranquila.
Assenti, batendo a cabeça na mesa inúmeras vezes. Gabriel colocou seu casaco sobre a mesa de mármore e me encarou.
— Você vai se machucar. E aceite, pequena, estamos destinamos a ficarmos juntos.
— Cale a boca.
— Tudo bem, se isso lhe fará feliz...
Ele ficou em silêncio durante todas as aulas, que passaram relativamente rápido, já que eram matérias que eu adorava: Duas aulas de História e uma de Francês.
— Podem ir – disse a professora.
— Vamos, pequena, vou lhe pagar o almoço.
Olhei pros lados, procurando Chloe. Mas não tive tempo nem de pensar no que estava acontecendo, já que Gabriel me puxou e saiu andando comigo até a lanchonete mais próxima.
— O que quer comer?
— Nada.
— Mentira! Ela é uma morta de fome! Está de mimimi!
Lá estava Thiago, me encarando com um sorriso zombeteiro nos lábios.
— Vocês me odeiam, não é? É de família? Pode falar.
— É amor demais!
Os dois, então, me abraçaram e me encheram de beijinhos nas bochechas. Empurrei ambos com os cotovelos e me sentei. Enquanto as crianças discutiam a respeito de algo que eu nem prestei atenção, levantei-me discretamente e caminhei até a mesa onde os meninos se encontravam. Henrique, Lucas e Gu sorriram e o último puxou uma cadeira ao seu lado.
— Senta aí, pequena. Cansou da família Casiraghi?
— Eles me dão nos nervos.
— De todos nós.
Assenti, apoiando a cabeça no ombro de Gu, que afagou meus cabelos e beijou o topo de minha cabeça. Com algum esforço, me levantei.
— Vou comprar alguma coisa pra comer.
— Com tantos cavalheiros a mesa, acha que vai levantar e buscar alguma coisa? Senta essa bunda gorda aí! – disse Henrique.
— Vocês são ridículos.
Eles riram e Thiago levantou-se pra buscar meu cappuccino. Apoiei o queixo no ombro e suspirei.
— E o que quer comer?
— Nada.
— Amanda, é você.
— Ok, croissants.
— Quantos?
— Dois.
— Dois é o caralho, é a Amanda. Traz cinco!
— Gustavo! – gritei, dando-lhe um murro.
Gus riu e me abraçou de lado, beijando o topo de minha cabeça. Quando Thiago voltou com minhas coisas, mordisquei um croissant.
— Quanto ficou?
— Nada.
— Por Deus – resmunguei.
— Mandie! Santo Deus, a minha menina evaporou! – Gabriel começou a gritar.
— Me escondam – sussurrei.
— Quer se camuflar?
Eu acho que não devia ter assentido, pois quando o fiz, Gustavo sorriu malicioso e inclinou-se pra cima de mim. E antes que eu pudesse perguntar Que porra é essa, ele selou seus lábios nos meus. Santo Deus, ele tinha gosto de halls. Fechei os olhos, segurando-o pelos cabelos da nuca e afaguei levemente. Então ouvi apenas um bufo de Gabriel.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!