Colégio Interno escrita por Híbrida
Era novembro, e o inverno em Genebra castigava.
Só por causa de uma festinha íntima para uns amigos - 1500, mais ou menos -, papai conversou com os pais de Pomme e decidiu que seria uma boa ideia nos deportar pra um colégio de freira do outro lado do planeta. Misto. E podre de caro.
Eu não estava feliz.
Isso porque estudando em Cotia, eu tinha os melhores amigos do mundo e podia dar as melhores festas que o Brasil todo já viu. Era a vadia da escola, e amava isso: Froidefond, a abelha-rainha, sempre acompanhada por sua fiel escudeira, prima e melhor amiga, Bruna Pommepuy.
Só não entendo o que nossas mães pretendiam nos mandando para o mesmo internato. Acham, provavelmente, que isso pode nos educar, sem causar a revolta que sabiam que causariam nos separando.
Porém, juntas, sempre vai acontecer alguma coisa. E eu, pelo menos, estou disposta a ser expulsa daqui o mais breve possível.
— Mandie? – sussurrou Pomme, me encarando.
— Late - soltei, rindo.
Bruna arqueou a sobrancelha. Era bem provável que eu estivesse dispersa em meus pensamentos, de novo. Isso acontecia com uma assustadora frequência: eu fitava o vazio e praticamente falava sozinha em minha cabeça.
Bruna me chacoalhou.
— O quê? – resmunguei.
— Pare com isso, me assusta!
— Desculpe – disse, fazendo beicinho.
— Tá, tanto faz– Bruna revirou os olhos – Vamos?
Assenti. Fui guiada por ela até o carro que nos levaria até a escola. Ao entrar, encostei-me em seu ombro e adormeci: algum tempo depois, fui despertada por uma brecada violenta do veículo e os empurrões de minha suposta melhor amiga, retirando-me de cima de si.
— Ok, e agora?
— É a hora em que as pessoas descem do carro com suas bagagens e deixam o motorista levar o carro embora.
— Ahh – exclamei, fitando o nada. Bruna rolou os olhos – Não faz assim, você sabe que não acordo bem.
— Amanda, você nunca está bem.
Assenti com a cabeça, rindo baixinho, e abri a porta. O chofer tirou as nossas malas, levando-as para dentro.
— Merci — exclamei, sorrindo.
— De rien, mademoiselle Froidefond.
Estávamos tentando caminhar com aquele monte de malas pelo campus, o que era muito difícil, já que este jazia um tanto escorregadio por conta do gelo. Apenas para facilitar nossa vida, uma bola de golfe me atingiu.
— Tudo bem. Eu vou respirar fundo, contar até dez... Não vou deixar que isso me abale. Já tenho problemas o suficiente.
— Respira fundo, menina, você vai acabar explodindo – disse Pomme, recuando com medo.
Então, o dono da bola resolveu vir atrás dela.
— Pardon — sussurrou, tentando não me encarar.
— Não é o máximo, Bruna? A primeira pessoa a falar conosco nesta internatinho de merda ser um garotinho tonto que joga golfe no gelo?
— Vocês são brasileiras? – exclamou, sorrindo.
Pronto. Porque não basta ser um garotinho medíocre que joga golfe no gelo. Tem que ser brasileiro e entender o que eu falo!
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