Nemunoki escrita por Liliaceae


Capítulo 1
Capítulo 1: Amai Kotoba - Doces Palavras


Notas iniciais do capítulo

Oks... Vamos ao que importa! Essa fic é um presente pra um, tenho a alegria de poder dizer, amigo aqui do Nyah! que me dá a honra de ler suas palavras! Portanto... Mesmo que na lista de personagens não haja o nome da Konan, nem do Nagato (se alguém achou, onegai, me avise!), essa é uma fic dos dois para ninguém mais, ninguém menos que o nosso querido Seshy-kun (Shyshymaru - http://fanfiction.nyah.com.br/shyshymaru)!!!Não chega nem aos pés das maravilhas que você escreve... Mas eu juro que me esforcei! Arigatou por me dar a chance de escrever algo novo pra mim e (espero) agradável pra você!Aishiteru Seshy-kun!!!



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1. Amai Kotoba – Doces Palavras


Quase dois meses e mal posso conter a vontade de chorar ao ler suas palavras pela milésima vez. Céus... E isso não é nem uma carta de abandono. Muito pelo contrário. Amor é tudo que encontro em cada linha escrita por você. Ah... Nagato... Sinto tanto a sua falta... Não sei se vou conseguir agüentar mais quatro semanas longe do seu cheiro, do seu jeito, do seu corpo... Por que, diabos, você tinha que escolher uma profissão tão complicada quanto a oceanografia? Meses no mar e nada além de espécies novas que as pessoas comuns mal conseguem pronunciar o nome e a saudade que me corrói aos poucos. Isso tem nome... Sadismo.

O som do telefone cortou o ambiente e me trouxe um sorriso aos lábios. Só podia ser você. Quem mais ligaria para alguém às 4 da madrugada? Estendi a mão para o criado-mudo e apanhei o aparelho, levando-o ao ouvido.


“Ás vezes no silêncio da noite,
eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado,
juntando
o antes o agora e o depois”

– Moshi-moshi? – digo sorrindo para o quarto vazio.

– Kamis... Por que eu ainda tenho esperanças de que vou te acordar? Não dorme mais, joou?[1]

– Eu bem que gostaria – respondi tranqüilamente – Mas falta alguém aqui.

– Yare... Também estou com saudades... – pude ouvi-lo suspirar pesadamente – Mesmo assim eu queria que você dormisse... Vai acabar doente.

– Algumas horas acordada não vão me matar. Aliás – ponderei levantando e caminhando para fora do quarto rumo à cozinha – Perdeu um pôr-do-sol e tanto... Além de uma brisa deliciosa...

– Pensei ter visto na previsão do tempo que ia chover... – ele afirmou confuso – Mais precisamente, uma tempestade...

– Exatamente... – ri, alcançando uma xícara no armário e colocando água na chaleira – O céu parece estar desabando... O pôr-do-sol foi realmente lindo... Logo depois as nuvens começaram a se unir e está chovendo desde aquela hora... Tenho certeza de que você ia adorar ver isso... – olhava pela janela a chuva caindo e os raios cortando o céu – Vai ser uma manhã linda.

– Como todas depois das tempestades... Como todas com você... – sabia que ele sorria do outro lado da linha.


“Porque você me deixa tão solto?
Porque você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho”


– Koi[2]... Quando você volta? – sabia a resposta, mas sempre tinha uma ponta de esperança dele dizer que estaria ali quando a chuva passasse.

– Daqui a um mês... Disse isso na última carta que lhe enviei...

– Eu sei... Mas queria que fosse brincadeira... Queria você em casa antes do nosso aniversário... – soei manhosa tentando convencê-lo a voltar antes do previsto. Talvez funcionasse.

– Okama... Sabe que nada me faria mais feliz do que estar aí... Mas nem tudo é do jeito que queremos – ele tentava me convencer num tom amargo, amargo como o chá que eu sorvia em pequenos goles – Estamos há umas 160 milhas[3] à oeste de Port Vila, a capital de Vanuatu[4]. Deixamos a Grande Barreira de Corais[5] ontem à tarde... Foi uma das coisas mais incríveis que eu já vi em toda minha vida!

Certamente havia um sorriso bobo e infantil nos lábios dele. Eu também estaria, afinal, não é todos os dias que nos deparamos com um Patrimônio Mundial da UNESCO com a chance de admirá-lo e estudá-lo. Aquela bendita Barreira era um dos sonhos de consumo de Nagato desde os tempos em que terminamos a faculdade e fomos ambos trabalhar no SIO[6].

– Às vezes eu me pergunto... Por que eu, uma bióloga promissora da CSU[7], tinha que me apaixonar por um nerd que prefere ficar meses no num barco cheio de homens fedendo a peixe ao invés de passar seus dias lecionando, como um doutor bem remunerado do instituto de pesquisas oceanográficas da Toudai[8] deveria fazer?!

– Kamis... Você conseguiu colocar metade do meu currículo numa só frase! – ele exclamou divertido – Bem... Deixe-me ver... Talvez porque a caloura/promissora bióloga que eu conheci numa aula expositiva intercursos em La Jolla[9] no meu terceiro semestre da faculdade e cai na besteira de convidar para um jogo de basquete nosso contra aqueles tapados da UCSD[10], seja, na verdade, uma nerd meio pilhada que adora passar os dias enfurnada num laboratório analisando um pedacinho de DNA, ao invés de sair pro mundo e aproveitar um pouco de ar fresco.

Caímos na risada. Relembrar os velhos tempos sempre trazia um gosto especial pra nós dois. Um gosto nostálgico de lembranças e desejos... Alguns realizados – como o nosso retorno ao Japão – e outros que eu ainda queria realizar...


“Não sou nem quero se o seu dono,
é que um carinho às vezes cai bem
Eu tenho meus segredos e planos,
secretos,
só abro pra você, mais ninguém”


– Tudo bem... Se for pra ficar me lembrando do pior erro que cometi até hoje, serei obrigada a descontar na mesma moeda!

– E qual é seu pior erro? – ele pergunta ainda rindo.

– Deixe me ver... Ter dado bola pra você? – soltei com um pouco de sarcasmo.

– Ahhh... Desse jeito eu vou acabar magoado! – ouvi-lo rir tanto era, sem dúvida, um modo de matar as saudades – Por que você é tão malvada comigo?

– Por que você me abandona aqui em troca de um monte de bichos estranhos e molhados.

– E você me troca por um monte de bactérias em cultura.

– Digamos que a personalidade delas é mais estável...

– Tá me chamando de esquentado?

– Vai dizer que não é?

– Não sou não! Sou só um pouco temperamental... – a falsa inocência que a voz dele transmitia era, no mínimo, hilária.

– Um pouco? – provoquei.


“Por que você me esquece e some?
E se eu me interessar por alguém?
E se ela de repente me ganha?”


– É sim senhora! Agora vamos deixar disso e vamos ao que realmente importa – alternou a voz para um tom sério que me deixava louca – Por que não pega um avião e vem me encontrar?

– Tá de brincadeira, não?

– Nunca falei tão sério. Não vou poder deixar a expedição e voltar para Tokyo agora. Acabaria perdendo o patrocínio da pesquisa inteira e você sabe como isso é complicado de se conseguir.

– Hai. Sei muito bem itoshii[11]... – respondi desanimada – Mas, do mesmo modo, você sabe que não posso largar o trabalho no JST[12]... Tudo está começando a caminhar e minhas pesquisas finalmente estão tendo os resultados esperados. Largar tudo agora seria...

– Loucura, eu sei... – suspirou – Estamos num beco sem saída... Ou melhor... Só tem uma saída...

– Mais um mês longe...

– Um mês... Não é tanto tempo assim... – acho que ele dizia mais para si do que para me fazer acreditar – Acho que vamos ter que nos contentar com esses telefonemas e as cartas...

– Itoshii... Não sei se consigo... – sussurrei sentando-me no sofá e abraçando os joelhos.

– Consegue sim okama. Você sempre foi forte... Também a mais persistente que conheço. Isso tudo foi escolha nossa... Nossos sonhos... Temos que continuar.

– Eu sei... Mas às vezes... Isso me deixa muito...

– Calminha aí minha linda! Tá muito cedo pra começar com desaforos! – ele ria alto me deixando vermelha, ainda que não pudesse ver – Preciso ir okama... – o pesar em sua voz era nítido – Volto a te ligar assim que puder.

– Certo...- respondi resignada – E nada de ficar ‘nadando’ atrás de sereias atiradinhas...

– Sim senhora! Etoo... Cuide-se e, onegai, descanse...

– Hai, hai... Vou tentar... Mesmo que seja difícil com você longe... Aishiteru.

– Mo anata wo aishi... Sayounara[13]... – disse ele desligando.

Desliguei o aparelho e fiquei no sofá por mais alguns instantes. A chuva caia forte lá fora, sem sinal de dar trégua. Acho que, ao menos dessa vez, não haveria bonança tão cedo.


“Quando a gente gosta é claro que a
gente cuida.
Fala que me ama só que é da boca
pra fora
Ou você me engana ou não está
madura
Onde está você agora?”


[1] Rainha, doçura.

[2] Abreviação de koibito, namorado.

[3] Algo em torno de 296,32 Km. Uma milha náutica equivale a, aproximadamente, 1,852 km.

[4] É um país da Melanésia (do grego "ilhas dos negros", é uma região da Oceania, no extremo oeste do Oceano Pacífico e a nordeste da Austrália, que inclui os territórios das ilhas Molucas, Nova Guiné, ilhas Salomão, Vanuatu, Nova Caledónia e Fiji), e ocupa o arquipélago das Novas Hébridas. Tem fronteiras marítimas com as Ilhas Salomão, a norte, com o território francês da Nova Caledónia, a sul, e com Fiji, a leste.

[5] A Grande Barreira de Coral é o maior recife de coral do mundo, com uma extensão de cerca de 2300 km, situada junto à costa nordeste do estado australiano de Queensland.

[6] Scripps Institution of Oceanography (às vezes chamado SIO, Scripps Oceanography ou apenas Scripps) em La Jolla, Califórnia, é um dos maiores e mais antigos centros para a pesquisa de ciências do oceano e da terra, estudo, treinamento e serviço público no mundo. Milhares de pesquisadores realizam pesquisas científicas com a ajuda de um navio de pesquisa oceanográfica e de laboratórios na orla marítima.

[7] A Universidade do Estado da Califórnia (em inglês, California State University) é um sistema de universidades estadunidense situado em Los Angeles, no estado da Califórnia, e em outras cidades do mesmo estado. É o maior sistema escolar universitário dos Estados Unidos da América, tendo 23 campi, entre os quais, a California State University Sacramento (onde, como na maioria das universidades, há o curso de ciências biológicas) e a San Diego State University (onde há um curso de oceanografia).

[8] Abreviatura comumente usada para designar a Universidade de Tóquio (東京大学, Tōkyō Daigaku, abreviado como 東大, Toudai).

[9] É uma rica estância balneária localizada na cidade californiana de San Diego.

[10] Trata-se da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD) foi fundada em 1959, é uma extensão da Universidade da Califórnia (UC), em La Jolla.

[11] Querido.

[12] Japan Science and Technology (JST), é um centro de pesquisas biológicas localizado na cidade de Kawaguchi, província de Saitama, ao norte de Tokyo. Recentemente, firmou uma colaboração internacional para a pesquisa de células estaminais terapêuticas (células tronco) com o California Institute for Regenerative Medicine (CIRM).

[13] もあなたを愛し... さようなら... – Também te amo... Adeus/Até logo...



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Notas finais do capítulo

Música: Sozinho - Caetano VelosoBem... Seshy-kun me pediu uma KonaNa... Me esforcei e saiu isso que vocês acabaram de ver... Ao menos o primeiro cap... Era pra ser uma One, mas... Foi mais forte que eu e virou uma... Er... Uma 3-Shot... Se é que isso existe! =P



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