A Irmandade escrita por Severus101


Capítulo 1
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

FINALMENTE! O quinto capítulo da minha fic.
Peço desculpas a todos pela demora
Boa leitura!

—S



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Acordei com uma dor de cabeça excruciante em uma sala escura. A luz do lado de fora entrava pelas pequenas fendas da porta de aço. Pelo ar gelado podia-se notar que era ampla. Eu estava sentado numa cadeira que parecia bem confortável com as mãos amarradas na parte de trás. Do meu lado, apesar do ambiente estar escuro, eu vi a sombra de um homem na mesma situação em que eu estava, mas ele estava usando uma máscara que cobria seu rosto por completo. Atrás dele estava o homem que eu encontrei no beco sem saída exatamente em sua posição de costume: mãos nos bolsos do casaco e cabeça baixa, mas deu para notar que estava sem a boina e sem os óculos. De repente as luzes se acenderam, lançando um clarão de arder os olhos. Um grande computador, como aqueles que fazem cada interruptor e aparelho eletrônico da Vault 101 funcionar, estava na nossa frente, com a bandeira de Betsy Ross com um “E” no meio das estrelas pendurada logo acima da tela.


– Olá senhores – a tela do grande computador acendeu, mostrando apenas o rosto de um senhor de terno, cabelos grisalhos e um sorriso traiçoeiro – Meu nome é John Henry Eden, presidente da Enclave e logo dos Estados Unidos.



– Você é um computador? – disse, me debatendo por causa da dor de cabeça.



– Não, Sr. Anderson. – respondeu ele – Eu não diria exatamente um “computador”. O termo politicamente correto é Inteligência Artificial.



– Certo... – assenti, olhando ao redor da sala.



– Devo lembrar que é impossível qualquer tentativa de escapar desta sala, Sr. Anderson. – disse ele como se tivesse lido meus pensamentos. – Há vários atiradores de plasma nesta sala que seriam capazes de reduzir você e seu cúmplice a simples e microscópicos grãos de poeira.



– Cúmplice? – perguntei. – Do que está falando?



– Não se faça de tolo, Sr. Anderson. Está claro que ele é seu cúmplice, especialmente quando vocês dois usam a mesmas peças de roupa.


Olhei para o homem ao meu lado e notei que ele usava um jaleco por cima de um macacão com um “101” no bolso da frente. Ele estava recuperando os sentidos. O homem misterioso atrás dele avançou para retirar a máscara, ele também cortou as cordas que prendiam nossas mãos e voltou para sua posição normal: mãos nos bolsos do casaco e expressão severa.


– Muito obrigado, Coronel Autumn. – disse o supercomputador.



– Disponha senhor – respondeu ele com uma saudação militar e saiu da sala.



– Muito bem, senhores Anderson, o aviso sobre as armas ainda está valendo. Se chegarem perto da porta ou tentarem alguma coisa contra mim, vocês se tornarão grãos de poeira. – a expressão no rosto no computador se tornou severa.


O homem finalmente acorda e vira-se para mim


– Filho?



– Pai! – respondi – O que está havendo? E como pode me deixar sozinho dentro da Vault 101?



– É uma longa história, filho. Espero que me perdoe. – disse meu pai, torcendo o jaleco e respirando, ofegante.



– Permita-me explicar a longa história, Sr. Anderson. – interrompeu o supercomputador – É de seu conhecimento que seu cúmplice, digo, seu pai, fugiu da Vault 101. Mas o senhor sabe o porquê?



– Não. – respondi



– Exatamente. Você não sabe, do contrário não teria perguntado. – senti uma vontade de pegar um taco de basebol e bater nessa pilha de sucata quando ela disse isso. Já não bastava o Butch com isso, e agora esse computador?– Antes mesmo de você chegar ao mundo, existia um projeto chamado Projeto Purificação, que foi abandonado pelo seu pai logo após seu nascimento. Então a fuga aconteceu. Ele veio para a Capital continuar o progresso do projeto.



– O que é esse Projeto Purificação afinal? – perguntei



– Você se lembra do trecho da bíblia que sua mãe mais gostava? – lembrou meu pai, colocando a mão sobre meu ombro



– Apocalipse 21:6: “Eu sou o alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. A quem tiver sede, darei de beber gratuitamente da fonte da água da vida.”



– Lembro, mas o que um trecho bíblico tem a ver com esse projeto?



– Esse projeto era o desejo e ambição meu e da sua mãe. Por isso ela gostava desse trecho. Era o desejo de alguns outros cientistas também, meus colegas de trabalho antes de eu ir para a Vault 101. O objetivo desse projeto é só um: purificar as águas da região.



– Mas se o objetivo é a purificação, o que estamos fazendo aqui presos numa sala com um computador? – perguntei



– Sr. Anderson, obviamente você quer saber os meus motivos. Então permita-me explicá-los – o rosto na tela tomou uma expressão neutra – Eu mandei que capturassem você e seu pai porque, para a reconstrução desse grande país, eu preciso da total colaboração de vocês dois.



– E o que seria? – perguntou meu pai, perturbado e sentando-se na cadeira.



– Seu objetivo é purificar as águas, o meu é purificar o país. – um tipo de abertura surge logo debaixo da tela com um grande frasco contendo um líquido azul. – O objeto à sua frente é um frasco contendo o vírus VEF modificado. Só o que peço é que o usem no processo de purificação.



Meu pai já me falou antes sobre o VEF vírus nas aulas particulares de medicina, significa Vírus da Evolução Forçada, em mínimas doses é capaz de fazer os músculos crescerem em questão de minutos, em altas doses pode transformar um humano em algo do tamanho de um caminhão. Era algo perigoso, inclusive se misturado com radiação. Poderia transformar uma pessoa nesses zumbis que passam na TV.



– Mas nós não sabemos as consequências para os humanos! – gritou meu pai – Tem ideia do que o VEF pode fazer?



De longe o alarme do lugar onde eu estava começa a soar, a porta de aço era a prova de som, pela pequena janela de vidro, que estava aberta, podíamos escutar o soar do alarme, seguido de uma voz nas caixas de som: “Atenção senhores! Atirem nos prisioneiros recém-chegados e em qualquer paladino que aparecer ao primeiro sinal. Esta é uma ordem direta.”. A porta de aço inexplicavelmente se abriu e a tela no supercomputador mostrava o rosto com sua expressão natural, juntamente com a inscrição “ATIVANDO MÓDULO DE AUTODESTRUIÇÃO” Eu e meu pai trocamos olhares rápidos, dizendo mentalmente “Vamos embora logo daqui!” um para o outro e fugimos dali.



– Senhor Autumn, agradeço por sua lealdade e saiba que foi uma grande honra servir com você. Mas, sinceramente, não pensei que fosse tão longe. – disse o supercomputador, num tom severo, quase humano.



– Como se você pudesse pensar, máquina. – respondeu a voz das caixas de som, com desprezo.



Eu e meu pai mal cruzamos o corredor e já sentimos nossa primeira explosão de perto, fora as explosões das experiências em Laboratório que davam errado. Mas nessas nós sobrevivíamos, o mesmo não podia ser dito por nossos cabelos e sobrancelhas, que logo se desfaziam em cinzas. Mas aquilo era diferente. A explosão mesmo vinda por detrás da parede, fez com que o corpo meu e do meu pai se atirassem no chão. A dor em minha cabeça aumentou ainda mais por eu cair justamente com o ponto onde mais doía no chão. Não fosse meu pai ali para me ajudar eu levaria dias para levantar do chão e seria consumido pelas chamas do incêndio que estavam ardendo naquela hora. Corremos e cruzamos vários corredores até chegarmos do lado de fora.



De acordo com as fotos históricas que eu gostava de ficar olhando, mais ou menos datadas em 2012, 2013, por ai, estávamos perto da grande Jefferson Memorial, foi fácil reconhecer por causa do grande monumento a Washington. Do lado esquerdo, um parque onde todo mundo ia para brincar com o cachorro, relaxar com as crianças e tudo mais. Mas agora, só havia ali restos de paredes e uma grande cratera, com várias formigas gigantes fazendo seus ninhos. Saímos do bunker e a luz do sol das quatro da tarde bate com toda força nos nossos olhos. Alguns muitos metros de onde estávamos vimos um pequeno exército usando armaduras pesadas com o “E” rodeado por estrelas nas costas brigando com sujeitos grandalhões e verdes, usando armaduras feitas de placas e para-choques de carro. Nós corremos até o monumento e ali paramos para descansar um pouco.



– Essa foi por pouco. – disse meu pai, amarrando o cadarço das botas.



– Mas o que diabos acabou de acontecer? – perguntei, enxugando o suor do rosto.



– Para falar a verdade filho, nem eu mesmo sei. – respondeu meu pai, se levantando.



Infelizmente não podíamos descansar. Um pequeno grupo de três mercenários desarmados e bem treinados surgiu e logo partiu para cima de nós. Meu pai, bom, apesar de ser de meia idade, não tinha ideia de como ele fez isso. Ele simplesmente deu um salto para trás, acertando um chute bem no rosto de um dos mercenários, ele desmaiou, então sobraram dois. Um deles foi logo para cima de mim, me jogando no chão. Ele pulou para cima e tentou me estrangular com as mãos, que tinham a mesma força de uma chave inglesa. Meu pai chutou seu mercenário para frente e foi logo para tirar o outro de cima de mim, não deu tempo de agradecer, pois seu mercenário já partiu novamente para cima do meu pai, dessa vez com socos, e o meu ainda deitado no chão e xingando. Corri para mais perto do monumento e me encostei na sua parede, meu mercenário correu a toda velocidade em minha direção, com um soco inglês com pequenas garras apontadas para meu coração e, num movimento rápido, desviei e ele cabeceou a parede. Geralmente nos filmes a parede quebra nessas horas, mas aconteceu o contrário: a parede estava intacta, mas o mesmo não podia ser dito pela cabeça do meu mercenário. Fui correndo ajudar meu pai, que foi imobilizado por uma chave de pescoço. Tentei o clássico “cutuque duas vezes e dê um soco”, mas minha mão doeu muito na parte do soco. O mercenário só foi empurrado alguns centímetros, mas foi suficiente para que ele largasse meu pai. Ele tentou dar um soco em mim, mas acertou o ar por causa de meu rápido desvio, meu pai concentrou toda a força nos braços e o empurrou para mim, eu o acertei com uma joelhada e ele cai inconsciente no chão.



– Como você faz essas coisas? – perguntei



– Antigamente eu fiz algumas experiências em laboratório, e eu mesmo era a cobaia. – respondeu ele – Acho que uma delas fez com que eu aumentasse meus reflexos. Mas daí...



Meu pai foi interrompido por um barulho de tiro, vindo de trás dele. O tiro acertou suas costas. Ele lentamente caiu no chão, ajoelhado. Fiquei paralisado de medo enquanto lágrimas brotavam de meus olhos. Atrás vi uma silhueta bem familiar: a de um homem com mãos no bolso, casaco comprido e boina. Era o coronel que me capturou.



– Pai! Não! – gritei e tentei acordá-lo varias vezes em vão



O coronel se aproximou e me chutou no peito, apontando a arma para mim.



– Você sabe o que é insanidade, garoto? – perguntou ele, apontando a arma para mim – É fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes. Mas eu particularmente não acredito muito nisso. Por anos eu cacei este homem deitado ao seu lado e várias vezes tentei acabar com sua vida, mas eu nunca tive sucesso. Mas hoje, eu finalmente consegui.



– Mas por que? – gritei, mesmo com a voz fraca.



– Porque este tal Projeto Purificação interfere nos meus interesses. – respondeu ele - Eu o adverti várias vezes também, mas de nada adiantou. Você e seu pai perderam, garoto. Te vejo na próxima vida.



E o único barulho que escutei foi o de outro tiro antes de eu me apagar por completo.



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Notas finais do capítulo

Trágico, não?
Já estou fazendo o 6º cap.
Espero que tenham gostado

Até!

—S



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