UMA NOITE DE AMOR NA RUA FLEET

CAPÍTULO ÚNICO

O vento frio corria pelas ruas de Londres, porém o ar abafado da loja de tortas mantinha-se ainda presente. Nellie preparava mais um de seus “bolos caseiros” enquanto observava outro gole de gim ir à garganta de Sweeney. Como sempre, ela mantinha os seus apaixonados olhos vidrados nele, depois ofegava e os revirava voltando para a sua invenção catastrófica de carne.

– Sra. Lovett – suspirou Sweeney, agora dando uma terrível mordida em uma terrível torta de pura gordura. –, não seria melhor a senhora ajudar-me em meu negócio?

– Como querido? – Questionou enquanto matava mais uma das baratas pouco gordas que por em cima do balcão andavam vez ou outra.

– Bom... Não tem sido muito produtivo tirar as cabeças das pessoas e jogar no porão. – Disse Sweeney, certamente achando isso pouco estranho. – Sabe, eu tenho que tirar os cadáveres depois e então pensar em algum lugar para jogá-los sem que todo esse resto de gente perceba, principalmente o Turpin.

Nellie recuou, aos tropeços.

– Então... – Continuou ele, interessado. – Que tal você usar a carne desses cadáveres em suas tortas? Até que as pessoas poderiam gostar e seu negócio tornar-se algo grande. – Ele sorria cada vez mais.

– Ah, não sei. Aqui, beba isso. – Interrompeu-se a si própria servindo cerveja a Sweeney. – Acho tudo muito confuso. É carne humana. E se as pessoas não gostarem?

– Bom... Existe um jeito para tudo. – Confirmou ele.

– Tudo bem então. – Concordou. Talvez estivesse com tanto sono e tão cansada que mal pôde pensar em uma desculpa esfarrapada. Não que as desse constantemente, mas era a única escapatória.

Sweeney subiu para a barbearia. Nellie pôde ouvir os seus passos pouco gritantes. As luzes foram apagadas. A Sra. Lovett andou rapidamente até a poltrona de seu falecido marido e lá ficou a se confortar. Alguns instantes depois a porta fez um barulho fino, um cheiro de rum invadiu a pequena sala. Era o Sr. Todd.

– Sabe Sra. Lovett... – Disse ele soluçando. – Estive pensando, e até que a senhora tem me ajudado muito.

– Claro... – Disse ela, sorrindo com satisfação.

– Eu... Eu te amo Nellie.

– Está sobre o efeito de álcool, não? – Questionou estranhando-o.

– Sim... É... Não. – Disse ele, enquanto andava até a poltrona de forma troncha.

Nellie suspirou alguma coisa e jogou-se contra ele. Os seus lábios encontraram-se momentaneamente e lá, bem ali, os dois começaram. Sweeney deslaçou o espartilho rapidamente e a apertou o máximo que pôde. Sentir o seu corpo tocar-se com o dele era tão bom, principalmente quando este o pegava com suas mãos densas e pesadas. O Sr. Todd acabou por rasgar o tão gasto vestido. A Sra. Lovett mantinha-se apenas com roupas íntimas, as quais mais tarde foram retiradas. Sweeney que parecia perder o efeito do álcool a cada instante que passava, continuava, mais instigante. Ele acariciava o macio seio de Nellie enquanto esta aproveitava o momento que mais tarde, quem sabe, poderia ser deixado em branco.

Sua boca encontrou-se com a dele novamente. Sweeney ia cada vez mais em baixo. A Sra. Lovett até gemeu por alguns instantes. Pararam. Já era manhã. Nellie recolhia o tecido de seu vestido enquanto o Sr. Todd se reclinava na poltrona. Ela subiu e pôs rapidamente um vestido florido e bem apertado. Sweeney havia desaparecido. A preocupação ficou para trás quando ela apenas foi para o balcão preparar mais tortas de carne.

Instantaneamente, ele apareceu. Brilhando de limpo.

– O que houve ontem à noite? – Perguntou ele.

– Nós nos amamos, Sweeney. – Confirmou a Sra. Lovett com seu lindo sorriso de quando parecia ter boas recordações, este raramente era visto.

– E continuaremos com isso?

– Quem sabe, quem sabe...

O Sr. Todd aproximou-se de Nellie e nela tascou um beijo sedutor, este ficou selado por todo o dia, aliás, por toda a manhã, ela sabia o que viria mais tarde, e aquilo, definitivamente, era melhor que qualquer beijo.

ARTHUR C.