Enquanto o Sol se Pôr escrita por murilo


Capítulo 4
Uma Curiosa Noite de Chuva


Notas iniciais do capítulo

reviews são bem vindos ~ =*

a fic taa cada vez pendendo prum lado que estou gostando, ta fluindo de um jeito bom ! Espero que gostem também...
uun ! aceito sugestões, e agradeço !



beeijo, boa leitura ! (LÊ ATÉ O FIIM)



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Começava a cair alguns pingos de chuva quando finalmente chegamos em frente à casa do Rodrigo. Era bonita, um pouco menor que a minha, de janelas grandes e um jardim bem espaçoso. Na varanda havia uma pequena criança, de talvez não mais que dois anos, tentando comer a cabeça de uma boneca. Era uma menininha, loira. Linda... Acreditaria se Rodrigo me dissesse que fosse a sua miniatura.

            _Essa é minha irmã, Pauline! – Ele disse passando a mão sobre a cabeça da garota

            Eu nuca fui de gostar de crianças, ela não seria a primeira. Mas eram realmente adoráveis aqueles cachinhos loiros sobre a testa. Me sorriu, e eu sorri de volta. Pulamos as suas perninhas e entramos pela porta. A luz da sala estava acesa, iluminando um sofá escuro, e um homem adormecido, bem à vontade. Era o Rodrigo, com menos cabelos.

            _Meu pai. –Ele sussurrou para mim, antes de apontar as escadas com a cabeça

            O pai não era dos mais novos, devia ser muito mais velho que o meu, e um pouco mais gordo. Tinha uma expressão bem rude, mesmo dormindo, daquelas que te deixam temeroso em responder aquele tipo de pessoa. A mãe, que eu não avistei, devia estar na cozinha... ou em algum outro lugar.        

            Fomos direto ao quarto do Rodrigo. Me lembrei das coisas do meu pai ali, era tudo bagunçado, fora do lugar. Alguns cadernos, folhas, copos, pulseiras... até pedaço de árvores eu havia encontrado ali, do lado de algumas dezenas caixinhas azuis de comida japonesa.

            _Agora você conhece o meu mundo! – Ele sorriu me olhando, esperançoso que eu dissesse alguma coisa

            _É... muita coisa! – Eu comentei, reparando os pôsteres espalhados pelas paredes, eu demoraria anos pra arrumar tanta bugiganga parecida

            Era estranho. Mas era divertido, porque era bem a cara do Rodrigo. E ali, ele ficava ainda mais a vontade, como se fosse preciso, ele sempre estava à vontade.

            Ele deitou na cama, e em algumas revistas espalhadas por ela, admirando as estrelas pregadas no seu teto:

            _Elas brilham no escuro!

            _O que?

            _As estrelas... brilham no escuro. Apaga a luz!

            Eu fui até a porta e apaguei. Era bonito de se ver, aqueles pontos verdes fluorescentes no teto. Parecia mesmo com as estrelas de verdade, só que um pouco maiores e mais verdes. Olhei-as por alguns instantes... dava até vontade de conta-las, mas eram muitas, e...

            _São 127 ! – O Rodrigo me disse, eu assustei

            _Eu estava... engraçado, você pensou junto comigo! – Eu respondi, gargalhando um pouco

            Ele respondeu logo:

            _Estamos em sintonia! – E riu-se também

            Foi quando irrompeu de lá debaixo, uma voz grave, muito grave, que mudou radicalmente a expressão de Rodrigo.

            _Rodrigo! – Devia ser o pai _ Vem calar a boca dessa menina!

            Tinha de ser, eu sabia que ele havia de ser tão grosso. Eu não era um adorador de crianças, ele era muito menos. O Rodrigo se levantou, como se a cama o tivesse empurrado.

            _Me espera aqui. -  Ele me disse, correndo à porta

            Eu procurei algum lugar à beira da cama para me sentar, avistando as estrelas verdes. Encostei a minha cabeça na parede dos pôsteres, e fique calado, só pensando. Era engraçado como que as coisas mudavam assim, tão rápido. Há algum tempo eu ficava daquela forma ali, sentado, parado, pensando... sozinho. Não havia Rodrigo, muito menos Maria. Não havia casas novas, conversas, as risadas, estrelas no teto, casas nas árvores, acompanhado. Eu era vazio, de amigos, de experiências. Não que estes dois dias tivessem me mudado muito, mas me traziam um sentimento novo, tão bom. Eu estava feliz de estar ali, naquele quarto àquela hora. Sorri, no escuro. Era a primeira vez que eu ria, por pensar na minha vida, já me sentia como o Rodrigo, sempre sorrindo por tudo.

            De repente a luz do quarto se acendeu, e aquela figura apareceu na porta, Rodrigo, e Pauline nos seus braços. Sorriam, os dois.

            _Merda! Merda! – Era Pauline quem repetia, balançando os bracinhos, como se dissesse a palavra mais bonita do mundo

            Estranhei, mas Rodrigo logo falou:

            _É o que ela escuta o tempo todo! Ela não é culpada. É uma das dez palavras que meu pai sabe falar... – Era irônico, mas parecia até sério demais

            _Merda! Merda – E esticava o braço pro meu lado, fingi que não via, ela ainda repetiu mais umas cem vezes enquanto eu estava ali pelo quarto

            A chuva caiu, sem medo, do outro lado da janela, e o Rodrigo colocou Pauline no chão.

            _Vai brincar, lindinha! – E ela saiu se arrastando pro lado de uns tênis, a gente mal sabia que agora ela comeria era o cadarço

            O som dos pingos da chuva na janela era engraçado. Uns leves, outros mais pesados... Fui olhar pela janela, Rodrigo me acompanhou. O céu já estava coberto pelas nuvens, e a água cobria cada pedaço da rua, como uma capa transparente. No fim da rua algumas mulheres corriam, protegidas em um único guarda chuva.

            O Rodrigo me mostrou onde ficava a lanchonete da comida japonesa. Era na esquina, atrás de umas árvores, e também onde Maria morava. Dali também ele disse onde ficava uma sorveteria que, segundo ele, era a melhor da cidade.

            _Você quer? – Ele me disse

            _Sorvete? – Eu tinha que deduzir as frases incompletas dele

            _É! – Respondeu passando a mão mais uma vez pelos cabelos loiros _Eu adoro flocos. E você?

            _Merda! Merda! – Pauline socava minha canela

            Caímos na risada, que virou uma crise de risos.

            _Eu prefiro chocolate! – Respondi secando o canto dos olhos

            Saímos do quarto bem rápido, Pauline, carregada por Rodrigo, e foi deixada no sofá da sala, junto ao seu pai. Era perturbador o fato de aquele homem fingir que eu não estivesse ali. Ele não me olhara, um segundo sequer, eu me senti invisível.

            _Onde ta aquela sua mãe? – O homem resmungou palitando os dentes com uma das mãos

            Rodrigo, respondeu, desanimado:

            _Ela teve que sair, foi comprar algumas coisas...

            _Essa hora da noite? Ela ta é aprontando... Ela ta achando que eu sou bobo! – Ele agora começara a gritar _Mas eu não sou não! Que merda!

            _Merda... merda.

            Rodrigo me puxou pelo braço em direção à porta, não tolerando mais a cena.

            _Tchau! – Eu disse, tentando ser simpático

            Ninguém me respondeu, a não ser Pauline:

            _Oi! Merda...

            Saímos correndo na chuva...

 


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Notas finais do capítulo

capitulo 5 em andamento ~ mandem revieew, pliiz !



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