POV DAVID~~

     Já estávamos a duas horas na estrada. Aquilo já estava me enchendo, não encontramos nenhum lugar seguro na ultima semana, mas que droga! E pra piorar a situação Henry não calava a maldita boca, a minha vontade era de matá-lo, eu poderia fazer isso sem nenhuma dificuldade, já matei muitas pessoas e até hoje nunca me importei muito com isso. Fazia quase 1 mês desde que o mundo virou uma grande merda, agora pra onde quer que você olhasse tudo que conseguia ver era mortos caminhando. Sim, mortos caminhando. Isso era bem comum hoje. Ainda lembro de como era as coisas antes de tudo isso, e, pra falar a verdade era a mesma droga de sempre. Eu nunca fui santo, desde que me tornei adolescente já tinha passagens pela polícia, sempre pelas mesmas coisas...assalto, furto, assassinato...eu já estava acostumado com isso. Minha família nunca ligou pra mim, por isso quando eu completei 15 anos, depois de ser liberado mais uma vez da polícia resolvi não voltar mais pra casa, eu já estava de saco cheio daquela família ridícula que eu tinha. Passei anos nessa vida de crimes até que o Extermínio começou. Eu sabia que aqueles cientistas idiotas não conseguiriam achar a cura para o problema, por isso decidi cair na estrada, só que Thomas, Henry,Steven e Matt,alguns dos meus "amigos" resolveram vir também. Eles não eram exatamente meus amigos, eram apenas companheiros de celas, de roubo e tal.

     Thomas era o mais velho de nós, ele estava dirigindo, sempre sério olhando a estrada a sua frente. Ninguém sabia muito sobre o passado dele, mas sabíamos de uma coisa, ele era o mais perigoso de nós. Não se importava nem um pouco em tirar a vida de alguém...Não que eu me importasse com isso também, mas ele era frio. De verdade. Antes do Extermínio ele era pago pra matar pessoas, acho que por isso ele já havia se acostumado tanto. Eu trabalhava com ele fazia um bom tempo, ele era sempre perspicaz e ágil. E nunca falhava.  Henry era o mais imbecil de todos. Ele também ingressou bem jovem para a vida do crime, mas nunca matou ninguém, só trabalhava com drogas e tráfico. Era bem comum ver ele se drogando. Sinceramente, eu não me importaria nem um pouco se ele fosse devorado na minha frente por aqueles zumbis, eu acho que até iria rir da cara dele. Sorri com aquele pensamento.

    - Do que é que você tá rindo aí, David? - perguntou Henry, que aliás veio tagarelando a viagem inteira. Ele estava com um cigarro na boca, era mais jovem do que eu, na verdade ele era o mais novo de nós cinco.

    - Estava pensando em como seria divertido ver aqueles zumbis devorando você. - respondi indiferente, ainda com a cena dele sendo devorado na minha cabeça. Ele riu.

    - Vai se ferrar, David.- Ele respondeu, e jogou o que restou do cigarro pela janela do carro. 

     Steven e Matt estavam quietos no banco de trás junto com Henry. Os dois eram irmãos. Gêmeos para ser mais específico. Ambos foram para um orfanato quando eram crianças, mas fugiram logo depois de chegarem. Pelo menos foi o que eles disseram. Steven era o mais sério, ele era como Thomas, frio; matava com facilidade e, até mesmo sem motivo. Era quieto e não se irritava com facilidade, mas quando o provocavam ele matava sem hesitar, era um assassino nato. Já o seu irmão Matt era quase igual a Henry, era chegado nas drogas e não matava muitas pessoas; mas ele era inteligente, ele sempre arquitetou os planos dos nossos assaltos, era muito eficiente nisso. E, além do mais não costumava falar muito, o que o tornava melhor do que Henry. Steven e Matt são praticamente idênticos, ambos tinham cabelos castanhos e olhos escuros, além de terem a mesma altura, era muito difícil saber quem é quem. Mas tinha uma coisa que os diferenciava, Matt usava óculos quase sempre, só não usava quando saía para algum assalto ou festas. Além do mais ás vezes conseguíamos diferenciá-los só pelo olhar. O olhar de Steven era quase que de um psicopata, algumas pessoas tinham medo de ficar perto dele, mas nós não tínhamos. Não que ele fosse bonzinho conosco. Steven e cruel igual a Thomas. A única pessoa com quem ele não brigava era o seu irmão. Mas isso não era novidade, sempre brigávamos entre si, era muito normal. Ano passado tinha outro cara no nosso grupo, o nome dele era Peter, eu acho, nunca fui bom em decorar nomes. Ele era traficante e assaltante, e além do mais era um tremendo de um maluco imbecil. Todos do grupo o odiávamos, mas aturávamos ele. Peter era um típico folgado, não ligava pra ninguém e se achava o melhor. " Se achava, não se acha mais..."  pensei, me lembrando de quando eu mesmo o matei, dei vários tiros nele, nunca me arrependi. Afinal, não ia demorar muito para que outra pessoa o matasse, todos o odiavam.

      Saí de meus devaneios, tinha outras coisas para me preocupar, precisávamos de um lugar seguro, é só isso que me importa. E eu não me importo em massacrar qualquer grupo que se por em meu caminho pra isso. Nosso grupo era forte. Tínhamos armas e comida, só faltava um lugar para nos fixarmos.

      Ainda era de manhã, tínhamos um longo dia de procura pela frente.

      - Merda, a gasolina tá acabando! - reclama Thomas, visivelmente irritado.

      - Talvez tenha gasolina na cidade vizinha, já estamos chegando lá.- respondo.

      - E qual é o nome dessa cidade? 

      - Bowling Green. 

      Mais alguns minutos se passaram quando finalmente chegamos a cidade.

      - Vamos parar aqui e ir atrás de mais gasolina. Melhor continuarmos amanhã, essa cidade é grande e vamos perder muito tempo indo atrás de gasolina.- disse Thomas, parando o carro perto de uma casa abandonada. Todos concordaram, Thomas sabia o que dizia.

      - Até que enfim vou poder dormir um pouco. - começou Henry.- Essa viagem me deixou exaus...

      Ele não terminou de falar. O som de um tiro bem longe o fez calar a boca.

      - Um tiro! Será que tem outro grupo por aqui?- perguntei.

      - O som não foi muito alto, se tiver mesmo um grupo aqui em Bowling Green estão a quilômetros de distância.- diz Matt, limpando ambas as lentes do óculos.

      - Não importa se tem ou não um grupo aqui em Bowling Green, se estiverem em algum lugar seguro, não ficarão lá por muito tempo, amanhã vamos fazer uma visita pra eles, mas hoje temos que encontrar gasolina.- diz Thomas.

      - Isso pode levar o dia todo.- responde Henry, desanimado.

      - Então é melhor começarmos logo.- responde Thomas, encerrando o diálogo.

      Parece que amanhã o dia vai ser longo. Finalmente vamos ter alguma ação, já tava sentindo saudade de atirar em alguém vivo.

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      POV HAYLEY~~

    William mantinha um expressão séria no rosto, todos aos poucos voltavam as suas atividades. Já fazia alguns minutos desde que William disparou a arma. Bryan e Joe começaram a andar em direções opostas, cada um seguindo seu caminho. Vi Joe se afastando, fui na direção dele:

    - Joe espera! - eu grito. Ele para e vira na minha direção.

    - obrigado. - eu digo, meio ofegante por correr até ele.

    - de nada. Tem certeza que vai querer ir amanhã até a cidade?- ele pergunta.

    - Tenho sim.

    - Tudo bem então, tem que tomar cuidado. Estou indo pra casa, sei que Jennie viu a briga e vai me encher de perguntas. Você não vem?

    - Não posso. Meu turno ainda não acabou.

    - Tudo bem. Se o Bryan aparecer de novo e fizer alguma coisa com você, me avise, não me importo em dar outra surra nele. - disse Joe, com um sorriso brincalhão no rosto, já tinha me esquecido daquele sorriso, era lindo. Sorri também.

    - Pode deixar. Até mais Joe.

    - Tchau Hayley.- ele diz, seguindo pelo rua em direção a casa em que morávamos com Jennie.

    Voltei a subir a plataforma da esquerda. Já havia me acostumado com a mesma paisagem morta que eu via todos os dias. Fiquei ali, esperando algum morto passar. Não havia nada. Estranho. William havia disparado um arma, já devia ter aparecido algum zumbi. Não pensei naquilo por muito tempo. Meus pensamentos se voltaram para Joe. Ele disse que daria outra surra no Bryan só pra me proteger. Pensei em tudo que conversamos ontem á noite. Será que ele estava dizendo a verdade? Será que ele não amava Melanie? Será que ela o beijou? Comecei a pensar nas possibilidades. Tudo se encaixava. Sorri com tal pensamento, talvez ele ainda goste de mim. Talvez. Expulsei todos esses pensamentos da minha cabeça. Não tinha tempo pra isso agora, eu precisava me concentrar na viagem até a cidade. Agora além de me preocupar com os zumbis que querem me devorar, tenho que me preocupar com Bryan e sua paixão por mim.Suspirei.

      " É, parece que amanhã vai ser um dia longo..."