Entender

Eustass Kid viu o homem entrar no restaurante e ficou surpreso. Ele parecia satisfeito e até... Feliz? Fazia anos que não via Trafalgar Law, porém não esperava encontra-lo ali, em Sabaody, e com alegria pairando ao seu redor. As sombras debaixo dos olhos continuavam lá, a roupa era um tanto diferente do costume, uma camisa negra com o símbolo dos Piratas do Coração e uma calça jeans sem as manchas, mais os sapatos de sempre, as tatuagens, o cavanhaque, as costeletas, tudo estava lá, porém havia algo que originalmente não pertencia ao homem barbado. Um sorriso de felicidade, como se estivesse nas nuvens. Aquilo era algo que o ruivo não entendia. O moreno se aproximou, sentou-se à mesa sem sequer se importar em pedir licença e começou uma conversa:

- Faz anos, não, Eustass-ya?

- Com certeza, Trafalgar. – Ele respondeu com escárnio – Por onde andava? Afinal, você sumiu depois que Mugiwara se tornou Rei dos Piratas.

- Por aí. Posso não ser Rei, mas continuo sendo um pirata. – Um garçom chegou e Law fez seu pedido.

- Trafalgar, essa bebida é fraca. – Kid constatou com surpresa – O que foi, perdeu sua resistência contra o álcool ou isso o está impedindo de engravidar?

- Eustass-ya, eu prefiro mulheres, não jogo no seu time.

- Está me chamando de gay, maldito?

- Ah, percebeu? – Questionou com ironia.

- Idiota. – Eustass resmungou. Não iria guardar seu pouco bom humor com isso. O garçom chegou com o pedido – Nem dá para aproveitar com uma água dessas.

- Não posso ficar bêbado. – Traffy comentou, ainda sorrindo – Se ela descobre, sou um homem morto. – Deu um gole no líquido – Já estou me arriscando demais.

- Ela?

- Você é bem desinformado. – Ergueu a mão esquerda, deixando a aliança à mostra.

- V... Você se casou?!

- Fale mais alto, ainda não te ouviram em Alabasta.

- Eu não estou entendendo mais nada. Você era um dos mais temidos e agora tem medo de uma mulher? Aliás, quem, em sã consciência, casaria com você? Ela é uma reencarnação de Buda, certo?

- Eustass-ya, você fala de mim, mas já se olhou num espelho? Quem se casaria com um psicopata bizarro que nem você? A Bonney não conta.

- Não coloque essa rosada irritante na conversa. – O outro rosnou – Um dia, eu ainda vou matar aquele poço sem fundo!

- Boa sorte. – Bebericou mais o conteúdo do seu copo, até as portas do restaurante se abrirem de novo e um menininho de sete anos, uma cópia em miniatura de Law, entrar correndo.

- Papai! – Ela chamou e correu de encontro ao pai. Este apenas o pegou e colocou no colo.

- Opa. Yo, campeão. – O menino olhou um tanto apreensivo para o outro capitão, mas logo o pai o acalmou – Tudo bem, é só um velho amigo.

- Pai, eu vi uma tartaruga enorme! E ela falava! – O pequeno Trafalgar contou com os olhos brilhando – Falava tão bem quanto o Bepo ou o Chopper.

- É?

- Sim.

- E cadê sua mãe, Jean?

- Ela estava conversando com uma moça com cabelo cor de chiclete.

- Chiclete?

- É, chiclete rosa!

- Sei. E onde?

- Na frente do restaurante.

- Bem, vamos até ela. Está na hora de voltar.

- Agora nós vamos ficar no Sunny?

- Sim, eu prometi, não foi? – Tirou Jean do colo, levantou e dirigiu um último olhar ao ruivo – Até mais, Eustass-ya. – Segurou a mão do filho, se dirigindo à entrada do lugar, onde uma mulher de cabelo laranja esperava. Gata Ladra Nami.

- Então aquele sádico se casou com a navegadora dos Mugiwara? – Kid realmente não entendia como alguém como Trafalgar conseguia sorrir daquele jeito para uma mulher e um pirralho. Nem como eles pareciam tão felizes. Nem como saíram de mãos dadas. E, principalmente, como a simples ideia de ter uma família só sua poderia mudar alguém.

- Senhor? – O garçom voltou – Aquele senhor de agora pouco pediu para lhe dar a conta.

- Maldito Trafalgar Law...