Gina Weasley estava nos corredores de Hogwats, andando sem nenhum rumo.

Estava totalmente desolada; Harry Potter e Cho Chang estavam namorando novamente. O "xodó" que Gina sentia pelo garoto famoso nunca passou despercebido para nenhum dos alunos. Sejam eles da Grifinória, Sonserina, Lufa-Lufa ou Corvinal.

Podia até mesmo ouvir as gargalhadas de Merlim ecoando em sua cabeça:

"QUIÁ QUIÁ QUIÁ! ELA ACHOU MESMO QUE TERIA ... QUIÁ QUIÁ... SORTE COM O FAMOSO HARRY POTTER! QUIÁ QUIÁ QUIÁ"

Queria mandar Merlim e sua consciência maldita calarem a boca. Queria mandar tudo e todos para o inferno. Se sentia totalmente inferior aos colegas e amigos de toda Hogwarts. 

Quando viu, estava no banheiro da Murta-Que-Geme. Bem em frente.

Ninguém estava chorando. Talvez até mesmo a Murta zombasse de sua cara se entrasse no banheiro para chorar. Podia ouvir também as risadas irritantes do fantasma da garota nos seus ouvidos enquanto ELA buscava consolo.

Mesmo assim, empunhou a varinha tremendo e escancarou a porta do banheiro. Sem olhar para trás, o olhar curioso de Murta, se trancou no primeiro box que viu.

Alguns minutos depois, alguém fora atraído pelo choro alto da garota. A porta escancarou-se de novo e Gina parou de chorar na mesma hora. Não ousou perguntar quem era.

-Quem está aí?!- uma voz grossa ecoou pelo banheiro.

Que cara burro, pensou a ruiva. Só um idiota responderia!

Gina ouviu passos do homem desconhecido ecoarem frios pelo chão do banheiro. Estavam se aproximando da porta fechada. Gina não sentia mais a presença estranha da Murta Que Geme, que por acaso, deixava o ar um pouco tenso quando estava por ali. Com o ar livre, a ruiva pensou que a fantasma teria deixado o banheiro por breves momentos.

-Alohomora!

A porta do box abriu. Gina empunhou a varinha com a mão trêmula. O homem encapuzado, um comensal da morte, sorriu friamente e tocou a Marca Negra em seu braço.

Gina arquejou e recuou para a parede do pequeno box. Apontou a varinha para o comensal:

-ESTUPEFAÇA! 

O homem foi lançado a vários metros. Gina saiu correndo e percebendo o mínimo sinal de que o homem ia se levantar, gritou:

-PETRIFICUS TOTALUS!

O homem ficou estatelado no chão, petrificado pela ruiva. Ela saiu correndo chorando mais que nunca. Entregaria o Comensal para Dumbledore, o único em que poderia lhe ajudar.

Ela sentiu como se sua felicidade - a única que lhe restava - estava indo embora. Sentia que o mundo não tinha o mínimo sentido.

Dementadores.

Tentou correr mas algo a derrubou. Um feitiço talvez. Ela caiu em cima do braço. Com certeza estava quebrado, ela sentia isso.

"Ótimo. Agora além de estar sem defesas tenho um braço quebrado. Maravilhoso", pensou. "Ouço até mesmo Merlim e suas gargalhadas histéricas tentando pioras meu dia!".

Alguém a pegou no colo. 

-Garotinha Weasley, então? O Ministério vai adorar ter uma traidora de sangue como você.- ele a observou melhor- Você é a tal Weasley, amiguinha da Granger, sangue ruim?

-Ela não é sangue ruim!- disparou com dor- Você que é um babaca!

-Eu não falaria isso, mocinha. 

-Você não manda em mim.

-Está com um braço quebrado. Não é capaz de produzir nem mesmo um mínimo feitiço, imagine os outros!- sua risada ecoou fria pelo corredor deserto.

-Mandou me chamar, Loucks?- uma voz fria e distante, mas medrosa, se aproximou.

Uma figura pálida e loura apareceu. Gina arregalou os olhos para Draco Malfoy.

-VOCÊ?! Eu deveria saber, Malfoy!

-Você á uma traidora de sangue como todos os seus irmãos, Weasley. Será que não pode dar um tempo? Ah, me esqueci, já levou mesmo um fora do Potter!- Draco riu, acompanhado de Loucks.

Gina agora tinha os olhos marejados. Ao perceber, Draco deu um sorriso cínico, mas parou de gargalhar.

-Me dá a garota. Eu a levo para a Mansão.

-Que?! Quero dizer, mas Senhor Malfoy eu...

-Está abusando da minha paciência, Loucks. Lembre-se, Belatriz é minha tia. Tenho a proteção dos meus pais e Snape é o mais chegado em Você-Sabe-Quem. E também conta como meu protetor. Dê-me logo essa traidora antes que todos se virem contra você!- Draco ameaçou.

-Muito bem. Tome.-sem tomar cuidado com o braço quebrado, Loucks derrubou Gina em cima de Draco.

Draco lançou um olhar de puro desprezo para a garota em seus braços. A ideia de levá-la não o agradava, mas Gina compreendeu em seu olhar que ele preferia levá-la consigo à Mansão do que deixá-la nas mãos do Comensal.

Ao saírem das vistas do homem, Draco a deixou no chão.

-Você é louca?! O que estava fazendo naquele banheiro?! Por que não estava com os outros na sala de aula?!- ele sussurrou friamente.

-Primeiro você não tem bulhufas a ver com a minha vida. E pelas calças de Merlim, como você é burro, Malfoy! Tenho aula vaga. Mas mesmo assim- ela o interrompeu quando o viu abrir a boca- Eu não iria descer. Tenho alguns... problemas.

-Com o Potter, suponho.- ele riu.

-Será? Eu já lhe disse que você não tem nada a ver com a minha vida! Me deixa em paz!- mesmo com dor, ela colocou a varinha sobre o queixo de Malfoy.

-Certo. Agora vem, tenho que te levar.- ele a pegou no colo fazendo uma careta. Ela estava pasma.

-Como assim me levar? Não é que.... Você não ia...?!

-Claro que não! Eu disse a ele para te levar até lá! Será que você não percebe que estou em apuros, Weasley?! Eu tenho que fazer isso, ou eles me matam.- tinha sofrimento em sua voz.

Gina perdeu o fôlego. 

-Eu vou te ajudar, Malfiy. Só confia em mim. 

Ele assentiu levemente. Sorriu. Era a primeira vez em toda a sua vida que Gina o viu sorrir verdadeiramente.

-Ajuda?- ele murmurou e ambos correram.