Acordei ofegante completamente assustada. Pesadelo. Me sentei na cama rapidamente passando a mão pelo meu rosto. Estava chorando também. Ótimo. Meu pai parou assustado na porta com um taco de baiseboll na mão, entrou no quarto olhando para todos os lados preocupado, até que parou seus olhos em mim, olhos inchados, rosto molhado pelas lágrimas e olhos esbugalhados, ele deve ter percebido que não era nada pois relaxou os ombros sentou no meu lado na cama enquanto eu me deitava novamente e botava a cabeça em seus joelhos.

– Pesadelo – murmurei entre a voz embargada.

– Eu sei – ele disse – Já passou, vamos dormir – falou passando a mão entre meus cabelos, não perguntou que pesadelo foi ou algo assim, apenas me fez dormir, como um bom Charlie faria.

Acordei novamente dessa vez não era madrugada e agora eu podia me levantar para meu primeiro dia de aula.

Tomei um banho bem quente me fazendo relaxar e esquecer um pouco do frio que fazia lá fora. Sai fiz minha higiene e coloquei minha roupa uma calça escura, uma bota de couro velho sem salto, casaco de couro e uma blusa de linha na cor preta, justa e de mangas cumpridas. Desci e preparei um chá para colocar na garrafa térmica, meu pai já estava na mesa e me deu bom dia.

Peguei alguns morangos na geladeira minha mochila e coloquei tudo dentro. Comeria no intervalo mesmo.

Charlie desceu e fomos em direção ao carro. No caminho precisei respirar fundo, eu odiava pensar que sim, eu estava nervosa, muito, não era boa em fazer amigos nem em conversar, poderia ficar na minha, como sempre fiz, mas esse ano as coisas estavam diferentes e Charlie já havia pedido que eu tentasse fazer amigos. Recomeçar.

– Não vai dar certo – respirei fundo e olhei pra ele que se dividia entre olhar interrogativamente pra mim e em prestar atenção na estrada- Você sabe... isso de fazer amigos.

– Tudo bem, não fique nervosa. Vai dar tudo certo, tenho certeza de que você não vai precisar nem mesmo se esforçar.

–Olha pai eu vou tentar, mas acho que não tem necessidade sei que você quer que eu tenha um amigo para desabafar, mas eu não preciso ok? Posso lidar com meus problemas sozinha.

– É muito mais fácil lidar com a queda quando tem alguém para te levantar filha – disse ele – Chegamos - falou parando o carro. Por sorte já que eu não sabia oque dizer sobre aquilo.

– Tudo bem, tchau pai - disse murmurando e deixando um selinho em sua bochecha.

–Tchau filha.

Desci e fui em direção à escola. Parei assim que percebi que não sabia aonde era a secretaria, precisava pegar meus horários.

– Ei, gatinha? – ouvi alguém dizer enquanto uma mão se espalmava no meu ombro direito e fechava no esquerdo, entrelaçando meu pescoço, tentei sair do aperto quando ele disse.

– Você é Renesmee Swan? – olhei melhor pro garoto, tinha olhos cor de avelã e era loiro, usava uma camisa social.

– Sim, e você quem é? – Puxei com mais força meu corpo e consegui sair do aperto. Ele riu e disse

– Erick Benson, seu guia por um dia.

– Guia por um dia - murmurei olhando para as paredes procurando algum tipo de sinalização sobre aonde poderia ser a secretaria. É não tinha.

– Você quer ir na secretaria? – afirmei com a cabeça- Beleza, é mais lá na frente vem comigo - disse ele andando na frente- agora posso te perguntar o porquê de você se chamar Renesmee?

– Não, não pode – falei tentando seguir caminho já que ele estava rindo alto e chamando muita atenção.

– Para de rir as pessoas estão olhando – Sibilei num tom baixo

– Elas não estão olhando para mim gata.

Gata, gatinha, ele gostava de animais.

E lá estava eu de novo, com o garoto sorridente e espaçoso com os braços novamente envolta do meu pescoço. Decidi ir com ele porque 1) eu não sabia aonde era a secretaria, e 2) eu estava em uma parte da vida de todo adolescente chamada ‘’socialização’’.

Assim que entramos na secretaria pedi meu horário a uma senhora de meia idade que usava óculos e era bem gordinha, tinha um jeito engraçada e fez meu humor dar uma levantada até tentar pronunciar meu nome umas três vezes e não dar certo, Erick já voltava a rir, quando eu fui corrigi-la calmamente.

– Re-nes-mee – falei separando sílaba por sílaba como se falasse com uma criança.

Quando ela me deu os horários consegui me livrar do Erick já que ele tinha aula de biologia e eu de história. Entrei na sala dei meu horário para o professor carimbar e sentei na terceira fileira, olhando pra janela. Aos poucos a sala foi enchendo e passar despercebida se tornou uma tarefa meio difícil. Cidade pequena. Nada pra fazer, muita gente para olhar.

– Ok galera eu sei que vocês acabaram de voltar das férias e vai ser preciso um pouco de paciência da minha parte para fazer vocês prestarem atenção, mas me ajudem por favor - disse o professor. Ele era magro tinha a pele morena cabelo cacheado e curto por volta dos trinta e pouco, parecia um daqueles professores legais e esportivos.

– Ótimo, alguém pelo menos olhou pro livro de história nessas férias? – foi preciso apenas um segundo pra que toda a turma começasse a rir.

– Tudo bem vou entender isso como um não - falou fazendo uma careta de desgosto.

Se virou para escrever algo no quadro quando um rapaz entrou na sala. Depois disso não consegui entender mais nada do que ele falava, pois o garoto mais lindo que eu já tinha visto estava ali bem diante de mim, entrando na sala, usando uma calça jeans escura meio desbotada e uma blusa de frio com um casaco de couro marrom escuro por cima.

O professor se virou e pegou o horário que ele entregava

– Atrasado já no primeiro dia Sr. Black?

– Não vai acontecer de novo professor – falou ele com uma voz rouca.

– Claro, igual no ano passado? disse o professor.

– Exatamente – falou com um sorriso de deboche, se virou para a turma procurando lugar e parou com os olhos em mim. Me olhou fixamente me fazendo corar (pela segunda vez só naquele dia)e se sentou na fileira oposta a minha.

– Bem agora vamos começar a aula.

A aula transcorreu levemente se não fosse por sentir um par de olhos negros e profundos a me sondar. Assim que a aula terminou arrumei o material e rumei para fora da sala rapidamente, nem se quer olhei pra trás.

– Ei Renné, quer sentar comigo e uns amigos hoje no intervalo?

– Claro, porque não? –disse tentando ser simpática.

Depois de conversar com Erick no corredor, fui para a próxima aula, sociologia, a aula foi normal, nenhum ‘’garoto mais lindo já avistado’’ para tirar minha atenção, assim que o sinal tocou saí da sala e fui para o refeitório.

– Ei Renesmee – disse Erick sorrindo e apontando para um lugar vazio na mesa as pessoas na mesa se viraram e eu me sentei. Tinha gêmeas loiras idênticas, uma morena e um rapaz moreno no canto.

– Ei, Renesmee não é? O Erick não para de falar em você – disse a garota morena tinha a pele clara e usava óculos, olhos grandes e castanhos - Meu nome é Abygail mas pode me chamar de Aby

– Prazer Aby, pode me chamar do que quiser menos de Rê.

–Pode deixar, não vou te chamar de ''Rê'' – disse rindo e apontou para cada uma das gêmeas – Dandara e Jordana ( eu só precisava me lembrar que Dandara usava óculos e Jordana não) E esse é o Miles– e apontou para o rapaz moreno do canto que pegou minha mão e beijou dizendo:

– Charmante petite amie* – Olhei meio desconfiada pra ele mas mesmo assim disse ‘’idem’’ enquanto Erick ria – Não liga não ele é Frânces- falou Erick fazendo uma careta– Só não caia no charminho francês dele.

– Pode deixar, eu não costumo cair em ''charminhos francês'' - disse tirando a minha mão da de Miles que parecia querer socar a cara de Erick. O almoço correu bem conversei com todos, Aby disse que amava fotografia respondi que também gostava, inclusive que tinha uma Polaroid e uma de rolo que era da minha avó, gostava mais das de rolo por serem mais detalhadas e terem seu toque especial no acabamento e no foco. Dandara entrou em uma conversa sobre uma festa que ia ter amanhã a noite e todos começaram a comentar sobre ela.

– Você vai Renné? Perguntou Dandara

–Não gosto muito, e também não fui convidada

– Isso não é problema, todos da escola foram convidados, qual é você tem que ir, é nova na escola e vai ser mais fácil para se enturmar.

– Bem eu vou pensar, até amanhã eu vejo se consigo ir.

O sinal tocou e fomos para as aulas. O resto do dia transcorreu bem. Quando as aulas acabaram fui para o estacionamento com a Aby mechendo no meu celular para esperar Charlie, em um momento ela levantou a cabeça olhando sobre meu ombro e deu um sorrisinho olhando para mim.

– Ora ora ora, se não é o Black te secando.

– Oque, quem? – disse confusa querendo me virar.

– O morenão, ainda não conheceu?

Então um Flashback do moreno da primeira aula da manhã

– Sei quem é – disse meio nervosa com a situação - Ele ta me olhando?

– Se olhar matasse, você já estava à sete palmos daqui – disse rindo enquanto minha curiosidade me atingia como tapas na cara, queria me virar, pensei enquanto ouvia uma buzina.

– Acho que é seu pai.

– É ele sim, até mais Aby.

– Até

Me virei para ir para o carro, mas não sei antes dar uma boa olhada no moreno que agora me encarava com um sorriso torto.