- John, entendo seus motivos, mas não posso fazer isso. Não desse jeito... – seus olhos arregalaram de choque e eu nem tive tempo para argumentar.

- Anna, está dizendo que não quer morar comigo em L.A? – ele agora estava decepcionado e visivelmente chateado.

- Sim, estou dizendo que não quero casar com você e morar em L.A, não nestas circunstâncias. – disse encarando seu olhar de tristeza da maneira mais serena que pude.

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John ainda me encarava com um olhar decepcionado e chateado, não havia muito que eu pudesse fazer por ele. Não neste momento.

- Anna... Eu ach.. – ele começou a dizer mas eu levantei meu dedo interrompendo-o:

- John, Amor, não vamos discutir ou brigar. Nunca fizemos isso e não gostaria de começar agora. Vou expor meus motivos, já que você já expôs os seus... – ele apenas me observava e assentiu para que eu prosseguisse. – Eu te amo e você sabe disso. Mas acho que é precipitado nos casarmos agora. Ainda tenho um ano de colégio pela frente e aqui eu tenho nossos pais e a Claire. Como faremos lá? Você vai estudar e ficará por um período comigo, mas e quando tiver que estagiar? Ficarei mais sozinha do que com você e temos que pens...- ia prosseguir mas foi a vez dele me interromper.

- Já pensei nisso. Vou falar com Kevin, levaremos a Claire para fazer companhia a você. Nunca vi duas pessoas mais unidas que vocês duas... Dará certo! – disse me olhando de maneira decidida.

Estaquei, mais uma vez. “Como assim levar a Claire?” “Ela é mais velha que eu? Ela por um acaso já teve filhos?”. Minha mente praticamente gritava. John estava começando a me irritar com essa idéia maluca de me levar, grávida, com ele...

- John, mesmo levando a Claire... Não acho conveniente precipitarmos os planos dela e do Kevin! – ao ouvir minhas palavras, John ponderou por um segundo, aproveitei o benefício da dúvida e continuei. – E tem mais, meus pais que eu me case tão nova, mesmo te amando. E seus pais não vão autorizar que a Claire vá morar com o Kevin. Neste momento nós precisamos de estabilidade Amor! Vamos esperar até o bebê nascer e eu terminar o colegial... – falei com doçura e John esboçou um leve sorriso. – Eu não disse que nunca iria me casar com você, só acho que é melhor não por enquanto... – sorri de leve tentando decifrar seu olhar, espero tê-lo convencido de que eu o amo, mas que casamento e filho de uma vez só é demais pra minha cabeça.

- Bom, seus argumentos são válidos minha Pequena... – disse com um pequeno sorriso e um olhar levemente triste. – É que me preocupo muito com essa gravidez, não quero perder nenhum momento... Mas você está certa em não querer precipitar o nosso futuro e o dos nossos irmãos... Mas não sei o que fazer Pequena. – seu tom era levemente angustiado e meu coração se apertou.

- Eu sei que você quer estar presente, mas não vamos sofrer por antecipação meu Amor. Ainda teremos as férias de verão! Até você ir para L.A já estarei com quase seis meses de gestação.. E um ano passa voando, logo estarei em LA para cursar a faculdade e ficaremos juntos! Só teremos que ser pacientes... – ele me olhava com carinho, acho que compreendeu que meus planos o incluem e que eu quero estar com ele, mas preciso me preparar para isso.

- Vendo por esse lado, será melhor mesmo... Mas já aviso que farei o primeiro ano da faculdade mais concentrado em vocês dois do que nas aulas... – disse rindo baixo e eu não pude deixar de rir também. John tem o dom de deixar o clima mais leve e seu sorriso sempre me tranqüiliza.

- Está vendo? Tudo sairá como você quer, no fim seus desejos serão realizados e aí terá que me agüentar pelo resto da vida! – disse piscando pra ele, que sorriu e me abraçou sussurrando em meu ouvido:

- Aguentar você pelo resto da vida não será nenhum sacrifício! – meus olhos brilharam e nossos lábios se encontraram num beijo suave. De repente John interrompeu o beijo e riu quando protestei. – Mas agora está na hora da minha Pequena mamãe ir dormir! Amanhã temos aula e uma bateria de exames na parte da tarde!

Concordei meio a contra gosto, eu estava mais tranqüila com relação à gravidez e queria aproveitar mais a companhia de John, e em meio aos meus protestos ele me colocou pra dormir e foi embora com Claire.

O dia seguinte passou voando, fui para a escola e na parte da tarde fiz os exames solicitados pela Dra. Jenna. Os resultados ficarão prontos na sexta, e teremos uma nova consulta. John está empolgado e não pára de me paparicar. O tempo todo em que estamos juntos ele fica conversando com minha barriga, e quando ele não está por perto eu consigo ter meu momento “mãe e filho” com meu bebê.

A quarta e a quinta passaram voando também, mas fiquei feliz de não estar sentindo os sintomas mais chatos da gravidez, como os enjôos, então pude assistir aos treinos de John, Kevin e Claire. Devido aos olhares e cuidados extremos de John, algumas pessoas já estão desconfiando da minha gravidez, já que preferimos não contar para nenhum aluno, apenas o diretor e os meus professores foram avisados. Pela primeira vez desde os últimos meses John e Claire não ficaram para jantar conosco como sempre faziam. Os pais deles queriam conversar e pediram para que fossem pra casa. O jantar em família está sendo agradável e confesso que estava com saudades de ter momentos assim com meus pais e Kevin.

- Filha, tomou as vitaminas? – minha mãe me tirou de meus devaneios.

-Sim mãe, eu tomei. Não esqueço delas um dia sequer. – respondi sorrindo, afinal, eu estava sendo bem responsável quanto ao meu bebê e seguia à risca as recomendações da Dra. Jenna.

- Ótimo! Amanhã saem os resultados do exame não é? – ela perguntou e eu assenti enquanto terminava meu jantar. – Eu passo na escola pra te buscar e vamos buscar os resultados para irmos à consulta. –disse séria, “Epa! John não vai comigo?”

- A senhora vai me acompanhar junto com John? – perguntei sem pensar, ultimamente John se fazia muito presente, o que estava gerando certo incômodo em minha mãe.

- Não, ele tem treino e como o jogo final está muito próximo, ele não vai poder faltar... – minha mãe ia explicando quando Kevin cortou:

- É maninha, o técnico ficou muito incomodado quando ele tentou pedir pra faltar mais um treino. Se ele faltar sexta, não entra como titular no jogo... E como os olheiros da Universidade que tentamos bolsa estarão lá, é melhor não arriscar. – Kevin terminou de explicar e minha mãe continuou:

- Então quando o Kevin me contou eu liguei para Rose e disse pra ela conversar com o John. – ela parecia contrariada com alguma coisa, mas como ela não fez menção de falar, preferi esperar o momento certo de perguntar se algo está errado.

- Ok mãe, será muito bom ter sua companhia na consulta. Ah, de acordo com minhas contas, semana que vem completo três meses! – disse sorrindo e dessa vez ela desfez a cara meio amarrada e abriu um lindo sorriso.

- Filha... – meu pai que havia permanecido o jantar todo muito quieto agora puxava assunto. – Eu e sua mãe precisamos conversar com você... – sua expressão era séria e eu estava voltando a ficar apreensiva; olhei para Kevin e vi que ele também me olhava bem sério.

- Aconteceu alguma coisa? – eu já estava ficando aflita com tanto suspense. Eles perceberam meu nervosismo e se apressaram em me acalmar:

- Calma meu Amor... – disse minha mãe de forma suave. – Nós só queremos conversar com você a respeito de seu namoro com John... Eu e seu pai ficamos sabendo de certas medidas que ele andou tomando e ficamos incomodados... – minha mãe falava calmamente, mas podia sentir que o nível de chateação estava alto, assim como o do meu pai.

- Minha querida, eu e sua mãe tivemos uma conversa com John na segunda e nos falamos anteontem... – ele parecia bem chateado e comecei a ficar bem nervosa, dessa vez não iria me acalmar tão fácil. – Confesso que estamos chateados filha, não esperava que John fosse pedi-la em casamento antes de conversar conosco e com Rose e Carl. – eu olhava completamente surpresa, pensei que esse assunto já estivesse “resolvido”, afinal, eu recusei e expliquei meus motivos pra ele e achei que ele não seguiria em frente com isso.

- Mas eu recusei o pedido pai... Expliquei pra ele que ainda é muito cedo e disse que preciso estar perto de vocês... – conforme ia falando a expressão de meus pais ia suavizando lentamente. Até Kevin interromper:

- Bom, segunda eu e ele conversamos na escola durante o almoço e ele me disse o quanto está preocupado com o fim das aulas e a ida pra UCLA.. – meus pais voltaram a ficar tensos e Kevin prosseguiu. – Eu entendo o lado dele! Pai, mãe; ele não quer se afastar de Anna e acompanhar a gravidez à distância... Ele até sugeriu que eu ajudasse ele a falar com Carl e Rose, ele pretende levar Claire conosco para ficar com Anna. – meus pais ficaram mais tensos ao ouvirem isso e Kevin se apressou em continuar falando – Mas eu disse que não queria fazer as coisas com Claire desse jeito, nós já namoramos a dois anos, mas ainda acho cedo morarmos juntos... – a expressão deles suavizou e eu só conseguia acompanhar a conversa em silêncio, curiosa pra saber onde queriam chegar com isso. – E ele disse que mesmo assim falaria com Anna, falou que entende meus motivos, mas que queria falar com ela. E então ele me contou na terça que Anna recusou o pedido por enquanto... Eu sei que vocês e os pais dele estão incomodados, mas ele esta sendo o mais responsável que pode... E vocês o viram nascer! – eu sabia que meu irmão não estava tentando convencê-los a concordar com o casamento, mas sim a pegarem leve com ele.

- Nós sabemos disso filho, mas conversamos seriamente com John e ele disse que está disposto a adiar em um ano a ida para a faculdade. Ele está decidido a não sair de perto da Anna e do filho. – meu pai disse mais calmo e com um certo orgulho na voz, no fundo ele reconhecia o esforço de John. – Mas nós achamos que é possível uma conciliação, eu quero deixar claro que não estamos impedindo o namoro ou o futuro casamento, amamos vocês e os apoiamos muito... Só queremos o bem de vocês e não que precipitem as coisas. –meu pai falava olhando pra mim de maneira terna e minha mãe sentou-se ao meu lado me abraçando.

- Eu sei pai.. –disse afagando as mãos de minha mãe. – Mas conversamos e estou firme em minha decisão, só peço que compreendam os esforços de John.. – falei olhando séria para minha mãe, que se apressou em se explicar:

- Minha filha, é claro que eu compreendo! Você não poderia ter escolhido um pai melhor para o seu filho e ele se comporta como um homem, assume suas responsabilidades.... Eu e Rose nos orgulhamos muito dele – disse sorrindo e afagando minhas bochechas. – E se eu e Rose o impedimos de ir até a consulta amanhã é porque estamos pensando em vocês. Ele precisa ter uma profissão para que possa arrumar um bom emprego, já que agora ele tem uma família. – eu ouvia as palavras dela e me emocionava junto com ela. – E também porque fiquei levemente enciumada, ele soube de tudo desde a suspeita e simplesmente está acompanhando tudo e eu estou ficando de lado.. – disse com um muxoxo e eu não pude deixar de rir, Kevin e meu pai também nos acompanharam rindo.

- Bom minha querida, agora que tudo está esclarecido, esperamos que contem sempre conosco. Somos sua família meu Amor. – disse meu pai me abraçando.

- Eu sei disso, e amo vocês! Bom, boa noite! – disse soprando beijos e subindo as escadas em direção ao meu quarto.

Fui ao banheiro e quando voltei me preparava para dormir quando meu celular tocou, sorri ao ver quem era e atendi me deitando na cama:

- Oi meu Amor – disse sorrindo.

- Oi minha Pequena! Como vocês estão? – não pude deixar de sorrir quando ele fez menção ao nosso filho.

- Estamos muito bem meu Amor! Ãh.. Minha mãe me disse que amanhã você não pode faltar no treino.. – disse meio triste, no fundo eu gostaria que John me acompanhasse.

- É... – disse meio triste. – Sua mãe e a minha conversaram comigo e acho que você já deve estar por dentro do assunto... Acho que agora preciso mesmo me dedicar aos treinos, eu quero muito aquela bolsa.

- Eu sei meu Amor, e tem meu total apoio! Bom, como você deve saber meus pais conversaram comigo e acho que seus pais também falaram com você...

-Sim Pequena, eles também falaram comigo e resolvi deixar a idéia do casamento pra daqui um tempo...

- É melhor mesmo, mas fique calmo, não vou sair correndo! – disse entre risos, ouvindo seu riso do outro lado da linha.

- Se você sair correndo eu vou atrás de você e te trago de volta! –ri da sua “ameaça”. – Bom Pequena, já está tarde e não quero que você durma mal... Amanhã nos vemos na escola! Beijos e boa noite. Te amo! – me derreti ouvindo sua declaração:

- Ok, meu Amor. Também quero que descanse, amanhã você tem treino! Boa noite e durma bem! Beijo, te amo! – disse desligando o telefone e indo, finalmente, dormir.