Entre Latidos E Xícaras De Chá escrita por ohhoney


Capítulo 1
Entre Latidos E Xícaras de Chá


Notas iniciais do capítulo

Sintam-se a vontade para ler o quarto capítulo da série, espero que gostem!



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         Com certeza ele era um dos jogadores mais baixos do campeonato; chegou a ser até confundido com uma criança. Apesar disso, era um titular em Teikou e jogava com a Geração dos Milagres.

         Kuroko Tetsuya media 1,68 metros e era conhecido como Jogador Fantasma. Em Tokyo, passeava com seu mais novo cachorrinho pela rua. Era domingo de manhã, ainda estava meio fresco e o chão estava úmido por causa da chuva do dia anterior. Kuroko levou seu cachorro até um parque próximo de sua casa.

         -Venha, Nigou, por aqui. – Kuroko chamou o cachorrinho na direção certa. Nigou era muito sapeca e distraído, quase sempre se perdia.

         Outro cachorro veio correndo até o garoto, e Nigou começou a latir. Era uma fêmea pequena, branca com manchas marrons na cabeça e corpo, olhos verdes. Ela corria alegremente, latindo e balançando o rabo. Parou quando viu Nigou, e deu um latido.

         -Lily! Lily! – alguém vinha gritando. A cachorrinha latiu de novo – Aí está você. Por favor, não corra mais assim, vai acabar se perdendo.

         Kuroko observou uma garota baixinha correr até a cachorrinha. Ela tinha cabelos curtos bem claros, quase cinzas, grandes olhos verdes, vestia uma saia preta e uma camiseta branca. Nigou agora balançava o rabo e latiu uma vez.

         -Ah, olá cachorrinho. Onde está seu dono? Está perdido? – a garota passou a mão na cabeça de Nigou.

         -Eu estou bem aqui.

         -Uh? – a garota ergueu o olhar, meio confusa. Ela se perguntava de onde vinha aquela voz. Ela viu uma cabeleira azul – Ah! Nossa, desculpe. Nem te vi aí. – e riu com vergonha. Levantou-se do chão, espanando os joelhos – Você é o dono dele? Que coisa mais fofa.

         -Sou sim. Esse aí é o Nigou e eu sou Kuroko Tetsuya.

         -Ah, muito prazer – ela sorriu – Acho que vocês já conhecem a Lily, né? Eu sou Chiba Mai.

         Nigou e Lily estavam se cheirando cuidadosamente. Kuroko soltou uma risadinha.

         -Vamos entrar ali? – Mai apontou para um cercadinho, onde havia um banco e muito espaço livre.

         -Vamos sim. Vem, Nigou.

         -Lily.

         Kuroko abriu a porta e os dois cachorros saíram correndo para dentro, pulando na terra úmida e latindo.

         -Nossa, está tudo cheio de lama... Eles vão ficar imundos. – Mai suspirou.

         -Não tem problema – Kuroko sorriu para ela – Venha, vamos sentar.

         O garoto guiou Mai pelo caminho enlameado, tentando ao máximo encontrar pedaços de terra secos para pisar. A garota escorregou e quase caiu, mas a mão firme de Tetsuya conseguiu segurá-la a tempo.

         -Obrigada – a garota corou.

         -Segure na minha mão.

         Kuroko foi levando Mai pela mão até o banco de madeira. Lá, eles sentaram lado a lado e ficaram observando os cachorros rolarem na lama, pulando um no outro, latindo alegremente. Ver sua cadela tão feliz fez com que um sorriso se abrisse nos lábios da garota.

         -Ela se parece muito com você. – Tetsuya observou – Principalmente os olhos.

         -O Nigou também se parece contigo – ela olhou fixamente os olhos do azulado e depois para o cachorrinho – Muito – e riu.

         Nigou veio correndo até os dois e pulou no colo de Kuroko, sujando toda a roupa dele.

         -Ah, Nigou, que coisa feia...

         -Ele é tão fofinho! – Mai sorriu para o cachorrinho, e começou a acariciar a cabeça dele – Há quanto tempo você o tem, Tetsuya-san?

         -Não muito tempo, pra falar a verdade. – Kuroko olhou amorosamente para o animalzinho em seu colo, e Nigou deu um latido alegre – Eu o achei abandonado numa caixa de papelão no meio da rua, e imediatamente me apeguei a ele. Meus amigos do time de basquete acharam ele parecido comigo, então colocaram o nome de Tetsuya #2, ou Nigou.

         -Você joga basquete? Isso é tão legal! – Mai sorriu, surpresa. Ela era só um pouquinho mais baixa que Kuroko, então achava estranho um garoto tão baixo jogar basquete. Mesmo assim, ficou admirada.

         -Jogo sim – Kuroko riu – E você, Mai-san, há quanto tempo tem a Lily?

         -Nossa... Faz um tempinho já. – Lily veio correndo também, e jogou-se no colo da garota, manchando toda a blusa branca de lama – A mãe dela era a cadela da minha família, então eu vi Lily nascer, não foi? – e riu para a cadela, fazendo carinho na barriga dela – Fazem quase dois anos.

         Lily saltou do colo de Mai para o de Tetsuya, e começou a farejá-lo incansavelmente. Depois, deu uma lambida na bochecha dele.

         -Eca – Kuroko riu, limpando a baba com a camisa.

         -Desculpe – Mai sorriu sem graça enquanto puxava a cadelinha para seu colo de novo.

         Nigou pulou para o chão e saiu correndo latindo, então Lily foi atrás dele. Os dois se jogaram numa poça de lama e começaram a rolar de um lado para o outro.

         -Ah... Minha mãe não vai ficar feliz com isso – Mai suspirou, cruzando os braços.

         -Eles teriam que tomar banho mais cedo ou mais tarde, não é? Então é melhor deixa-los brincar por enquanto.

         Mai olhou para Kuroko. Os olhos dele era extremamente azuis, que nem seu cabelo. A garota sentiu suas bochechas começarem a ficar quentes enquanto olhava a íris do garoto. Ela estava meio hipnotizada pela cor. Desviou o olhar rapidamente, ajeitando nervosamente o cabelo.

         Kuroko quase riu com esse gesto nervoso. Ele sabia que não era exatamente popular com as garotas, principalmente por causa da sua falta de presença e carinha de criança. A altura e os traços suaves não facilitavam também; todo mundo sempre achava que ele era mais novo do que realmente é.

         -E-Em que time de basquete você joga, Tetsuya-san?

         -No da minha escola, Seirin.

         -Ah, você é de Seirin? Espera... Kuroko Tetsuya de Seirin... Por acaso você é amigo do Kise-kun?

         -Você conhece o Kise? – Kuroko ficou bem surpreso.

         -Claro! – Mai sorriu – Ele é da minha sala, ele fica dizendo que vai derrotar um tal de Kurokocchi de Seirin. Acho que é você, né? Se você joga basquete, deve ser você mesmo.

         -Então você é de Kaijo, Mai-san? Que legal – o azulado sorriu gentilmente.

         -Sim – a garota sorriu de volta.

         O papo entre Mai e Kuroko fluía muito bem. Tetsuya estava encantado pelo jeitinho tímido da garota, e Mai não conseguia parar de pensar o quão bonitos eram os olhos de Kuroko. Lily e Nigou agora perseguiam um ao outro, correndo entre as árvores e latindo. Os rabos chacoalhavam alegremente.

         -Nossa, olha a hora! – Mai espantou-se ao pegar o celular – Já faz quase uma hora que estamos aqui... Tenho que voltar cedo, Tetsuya-san. Desculpe.

         -Eu e Nigou já vamos também.

         Os dois se levantaram, e Kuroko ofereceu sua mão para a garota. Ela a pegou, e Tetsuya a apertou levemente enquanto guiava a garota pela trilha de lama. Mai escorregou, mas não caiu. Seus sapatos ficaram todos sujos.

         -Vamos, Lily, temos que ir agora!

         -Venha também, Nigou!

         Os dois cachorrinhos abaixaram as orelhas e vieram cabisbaixos até seus donos. Mai prendeu a coleira em Lily e os dois adolescentes mais os cachorros saíram pela rua.

         -Pra onde você vai, Mai-san?

         -Eu vou pela avenida e entro na rua 32.

         -Você mora perto da minha casa então. Moro na 35.

         -Sério? Que legal!

         Nigou parecia bem deprimido, e Lily abanava o rabo para ele. O cachorrinho tinha gostado de brincar com Lily. Tetsuya ia dizendo que iriam jogar contra um time muito forte na terça-feira e que estava ansioso, quando uma criancinha, de uns quatro anos, atravessa a rua correndo alegremente em direção ao parque. Lily latiu surpresa, e a criancinha se assustou, tropeçou e caiu no chão. Um choro alto começou a ecoar.

         -Meu Deus, você está bem? – Mai entregou a coleira de Lily nas mãos de Kuroko e correu até a criança, passando seus braços ao redor dela – O que aconteceu?

         Kuroko correu para ajudar também. Agachou perto de Mai e tentou ver o que havia de errado com a criança.

         -Ah, seu joelho... – Mai estalou a língua, esticando a perninha. A criança estava agarrada no braço da garota, chorando em alto e bom som – Não se preocupe, tá? Não foi nada demais. Onde está sua mãe? Vem aqui – Mai pegou o garotinho no colo e limpou as lágrimas dele – Você está perdido?

         -N-Não... Minha mamãe está ali – e apontou para uma banca de jornal.

         -Vamos até lá então. Consegue andar?

         O menininho concordou com a cabeça, ainda suspirando. Mai pegou na mão do garotinho, e mandou um olhar feio para Lily. A cachorrinha abaixou as orelhas e gemeu baixinho.

         Tetsuya ficou parado ali mesmo enquanto esperava que a garota voltasse. Ele achou que Mai não poderia ficar mais legal, mas pelo visto se enganou. Ela era exatamente o tipo de garota que Kuroko gostava: gentil; que gostava de animais; com um sorriso bonito; mais baixa que ele; discreta; e calma. Pelo visto, ela gostava de crianças também. O azulado até perdeu o fôlego.

         -Tetsuya-san? – Mai perguntou algumas vezes, achando que o garoto parecia meio distraído. Riu levemente, pegando a coleira de Lily das mãos dele.

         -Ah, me desculpe, Mai-san. – ele corou.

         -Tudo bem, vamos?

         -Vamos sim.

         E os dois continuaram caminhando pela rua até a casa de Mai.

         -E só por causa disso, você vai ficar 10 minutos no cantinho do castigo, viu Lily? Por ter assustado o garotinho.

         Lily resmungou, ainda de orelhas baixas. Chegaram na frente de uma casinha amarela bem simpática. Algumas flores cresciam nos vasos nas janelas.

         -Obrigada pela companhia, Tetsuya-san.

         -Não há de quê.

         -Escute, não quer entrar e tomar um chá? – Mai encarou os olhos de Kuroko – Sempre me falam que o chá que faço é ótimo.

         -Hm, pode ser. Só não posso demorar muito.

         -Sem problemas!

         Mai virou para a porta, sentindo um calor estranho subir pelas costas. Destrancou e entrou, tirando a coleira de Lily.

         -Não se esqueça que você está de castigo, hein? – disse para a cachorrinha – Entre, Tetsuya-san. Fique a vontade.

         -C-Com licença. – Kuroko murmurou enquanto entrava pela porta, surpreendendo-se com o cheiro de flores que preenchia o ar da casa. Era bem leve e doce.

         -Pode sentar – Mai apontou para o sofá – Vou colocar a água para ferver e já volto. E você – ela virou-se para Lily – No cantinho por 10 minutos. Depois disso pode brincar com Nigou.

         Lily, cabisbaixa, caminhou até perto da janela e deitou numa folha de jornal num canto, choramingando. Nigou abaixou as orelhas também.

         -Depois vocês brincam, Nigou. – Kuroko passou seus dedos pelas orelhas de seu cachorro.

         Nigou simplesmente ignorou seu dono, e foi até Lily. Deitou ao lado dela em silêncio. Kuroko não pôde deixar de sorrir com o gesto. Estava olhando para uma foto de Mai quando a garota entrou.

         -Ah, olha que coisa – a garota riu – Nigou, seu danadinho... Tudo bem, vai. – sentou-se ao lado do azulado.

         -Como seu cabelo está grande nessa foto, Mai-san. – Kuroko mostrou o porta-retratos à garota.

         -Nem me fale...

         -Porque cortou?

         -Ah, sei lá – Mai pegou as pontas de seu cabelo e analisou-as – Resolvi inovar, sabe? Faz bem de vez em quando.

         -Entendi.

         -Mas pretendo deixar crescer de novo – sorriu envergonhada.

         -Eu gosto assim – Kuroko tirou uma mexa da frente dos olhos da garota – Fica bonito, ressalta o seu rosto – corou enquanto dizia aquilo.

         -A-Ah... Obrigada – ela sentiu as bochechas pegarem fogo.

         Ficou silencioso por uns instantes, o suficiente para que ficasse desconfortável.

         -Eu vou ver a água. Espere um pouquinho, sim?

         Mai levantou-se rapidamente e foi para a cozinha. Ela não sabia explicar porque suas mãos tremiam tanto. Kuroko tentava achar uma explicação para o suor excessivo em suas costas e mãos. Nigou olhava curioso para seu dono. Mai tirou a água do fogo e fez o chá, que começou a cheirar na casa inteira. Kuroko adorou o cheiro.

         -Prontinho! – Mai entrou sorrindo, segurando uma bandeja nas mãos. Duas xícaras brancas soltavam fumaça. Cada um pegou a sua – Açúcar? Adoçante?

         -Açúcar está bom.

         E os dois continuaram conversando. Mai liberou Lily, e os dois cachorrinhos voltaram a latir alegremente pela casa. Foram brincar no jardim enquanto Kuroko e Mai terminavam seus chás. Enrolaram mais um pouco, até que o azulado disse que já tinha que ir embora. A garota não sabia explicar porque ficou tão chateada, e tudo o que Kuroko mais queria era ficar conversando com ela.

         -Vamos, Nigou! Tá na hora de ir! – Kuroko chamou pela janela, vendo os dois cachorros rolarem pela grama. Nigou parou e começou a latir para o dono.

         -Tudo bem, Nigou! Você pode vir brincar com Lily sempre que quiser! – Mai colocou a cabeça para fora da janela e gritou também. A garota e o garoto seguiram para a porta – Apareça mais vezes, Tetsuya-san. Eu e Lily ficaremos muito felizes!

         -Tudo bem, a gente se vê então. Dê tchau para a Mai-san, Nigou.

         O cachorrinho latiu alegremente, abanando o rabo. Lily pulou no colo de Kuroko e lambeu-lhe a bochecha, sujando ainda mais a blusa do garoto. Mai acenou de novo, já querendo encontra-lo mais uma vez.

         Todos os dias, às 5:30 da tarde, Mai e Kuroko se encontravam na pracinha, e deixavam Nigou e Lily brincarem a vontade. Todos os dias, às 6:10, iam tomar chá na casa da garota. Todos os dias, às 6:40, Kuroko voltava para casa, já esperando pela tarde do dia seguinte. Na opinião do azulado, Mai fazia o melhor chá de todos. E, por causa de Tetsuya, a garota preferiu deixar os cabelos curtos.


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Notas finais do capítulo

Comentem, deem sua opinião ♥

Obs: esse é o quarto capítulo da série. As histórias não são interligadas, então sinta-se a vontade para ler os outros fora de sequência. O próximo capítulo sairá em breve! ^3^