Porra!

Leo queria poder xingar em voz alta.

Quando tudo estava perfeito, em um dos poucos momentos perfeitos de sua vida miserável.... Algum desgraçado vem para estragar tudo! Seja ele uma deusa Olimpiana, uma deusa menor, ou uma deusa primordial que ameaça destruir a vida de todos com sua vingança...

... Ou quem sabe uma semideusa.

Leo e Piper se viram rapidamente, assustados. E ao mesmo tempo ansiosos para ver quem iria estragar a vida deles dessa vez.

E, ao se virar, Leo tem a visão de uma Annabeth Chase totalmente perplexa deixar sua faca de bronze celestial cair na grama embaixo dela.

Ela os fita com os olhos cinzentos arregalados e inquietos. Talvez frustrados por não conseguirem entender o que está acontecendo, quando na maioria das vezes sabem tudo de ponta a cabeça. Ou, quando não sabem, descobrem em segundos. Com uma inteligência anormal.

Mas naquele momento, Annabeth está tão perplexa que nem seus neurônios de alienígena podem conseguir juntar as peças e entender o que está se passando.

Ela abre a boca para falar, e a fecha logo em seguida.

Piper sai correndo. Pega suas roupas na areia e corre na direção que fica o Bunker.

Leo fica com mais vontade de xingar ainda.

Ele sai da água. Vermelho. Não tinha ideia de como se explicar. Não sabia como encontrar palavras e falar alguma coisa que faça sentido em meio a toda aquela confusão.

Annabeth continuava com o cenho franzido e os olhos passando de confusão para raiva diversas vezes. Leo pega a própria camisa e a veste, evitando olha-la nos olhos ao máximo.

- O que está acontecendo? - ela finalmente consegue perguntar.

Leo se senta na grama. Na verdade seria melhor se ele dissesse que se jogou na grama. Como se caísse junto com o peso que levava nos ombros, esmagando-o contra o chão.

- Eu amo a Piper...

Ele não encara os olhos da garota, mas sabe que estão mais confusos que antes.

-... E ela me ama - completa.

- O quê? E Jason?

Leo levanta os olhos. Tinha que falar alguma coisa, mesmo que não conseguisse. Tinha que parar de fugir e de dar a si mesmo a velha desculpa: não me relaciono bem com forma orgânicas de vida.

Querendo ou não, ele era uma forma orgânica de vida.

- Jason é um intruso - fala, como se fosse mais um de seus pensamentos rancorosos - surgiu naquele ônibus escolar quando eu e Pipes já tínhamos uma vida. Nós... nós namorávamos e eu nunca amei alguém como a amo agora.

Annabeth tenta falar alguma coisa, talvez dar um esporro nele, mas Leo a impede:

- Imagine se, neste momento, Percy Jackson foi posto num ônibus escolar, do lado de uma garota estranha, bonita e poderosa que diz ser namorada dele. Você não se lembra dele. Mas então, lembra de tudo o que viveu com ele. E ele se lembra de você. Mas a garota é romana e eles não podem se separar, se não o destino do mundo e da profecia dos sete será descartado e tudo acabará em ruínas.

Annabeth está em silêncio, seus olhos se aquietando. Parece começar a entender o que estava se passando. Leo jura que viu uma lágrima cair de seus olhos cor de tempestade. Ela olha para o céu, para a constelação que Leo observava a alguns momentos atrás.

- Não seria nada legal - ela diz.

- Pois é... Não vai contar para Quíron, vai?

Ela sorri.

- Não.

- Nem pro Hedge?

- Não.

- Nem pro Jason?

- Vou contar para ninguém, Leo. Só acho que um relacionamento às escondidas não é uma coisa muito sábia.

- E que outra escolha temos?

Annabeth muda o peso de um pé para o outro.

- Digam a verdade a Jason.

Para Leo, o que ela disse foi o mesmo que: chutem o traseiro da minha avó e a chamem de vadia.

- O que? - ele esganiça.

- Você me ouviu, Valdez. Posso não confiar muito no Grace, mas o que sei sobre ele é que ele é exatamente como a irmã. E Thalia Grace foi uma das melhores pessoas que conheci. Acredite, conte para ele tudo. Explique. Ele lutará do nosso lado.

- Por que?

- Porque é o certo! Acha que ele gosta da rixa greco-romana? Você gosta?

Leo pensou por um tempo. Aquele rixa já estava dando no saco. Atrapalhando todos os planos que eles tinham de derrotar Gaia e os gigantes. Parece que essa rixa era um muro no meio do campo de batalha, impedindo um contato físico e quaisquer chances de vencer.

- Não - Leo responde.

Ela se senta do lado dele e pega a faca de bronze, que estava no chão.

- Agora imagine que você tem memórias implantadas de uma garota estranha que conheceu no ônibus. Ela é sua namorada. E, teoricamente, você já tem uma namorada em outro Acampamento.

Leo escuta, e rapidamente pensa em Reyna. A suposta ex-namorada de Jason.

- Você tem que continuar com essa garota estranha do ônibus para que uma profecia seja cumprida e tudo acabe bem. Sendo obrigado a viver longe da verdadeira amada...

Leo começa a ficar mal de verdade, porque era justamente isso que estava acontecendo. Ele nunca pensou que Jason poderia estar passando pela mesma coisa. E que talvez fosse exatamente angustiante.

Annabeth continua:

- Então, você recebe uma proposta. Poder viver com sua amada, terminar com a estranha garota do ônibus. E a única coisa que precisa fazer é não se rebelar contra os romanos. Coisa que você já não estava a fim de fazer.

Leo relaxa os ombros. Aceitaria a proposta imaginária na hora.

- Não vê, Leo? É exatamente o que ocorre com Jason. A "proposta" depende só de você e Piper...

- Acha que ele vai concordar?

- Sinceramente, eu concordaria. E você também. Ele pode ser romano mais ainda é mortal. Ainda tem fraquezas.

- Amar é uma fraqueza?

Annabeth ri com desdém.

- Pergunte a um deus e nem precisa aguardar resposta.

Leo sorri.

- Valeu, Chase.

- De nada - Annabeth se levanta, já ia embora quando se vira para Leo, seu tom censurador - e chega de encontros indecentes a esta hora no lago do Acampamento!

- Pode deixar, Sabidinha.

Annabeth sorri, e um resquício de melancolia passa por seu rosto antes dela se virar. Leo suspira, sempre quando você faz merda tem um filho de Atena para te ajudar e depois censurar pela merda feita.

Mas não tinha problema. Ele sabia o que tinha de fazer.

Se levantou da grama e foi procurar por Piper.